Robson 05/02/2014Uma ótima premissa, um péssimo desenvolvimentoCoitada das bruxas, elas não tem dado tanta sorte assim, ultimamente todos os livros de Bruxas que eu pego ou a personagem é chata, ou a história é chata, ou é tudo junto e misturado que no final fica ruim, e aqui não foi diferente... eu e o Robson do Perdido em Palavras lemos em conjunto e achamos que as bruxas merecem mais...
Pois é, concordo com tudo que a Andy disse. O livro nos promete uma aventura repleta de magia, mistério e uma provável guerra entre a sociedade e as bruxas, mas ao contrário disso, li apenas incontáveis mimimis da personagem principal e seu dilema para arrumar um casamento e proteger suas irmãs.
O plot era bacana, mas colocar três protagonistas boas é difícil, quando a gente consegue uma já devemos dar graças a Deus, e aqui a protagonista é a Cate, ela tadinha, precisava mesmo era de um homem, nossa, que guria amargurada com a vida e que irritava as irmãs, tudo não pode, tudo ela grita, ela simplesmente não cativa. Suas irmãs – Maura e Tess, vão quase pelo menos ritmo, acho que das três só salvamos mesmo a Tess, ela é aquela que é observadora e apesar de ser a mais nova, era a mais sensata delas. Porque ela não foi a protagonista? Por quê?
As personagens do livro não ajudam em nada, exceto em alguns momentos de glória em que elas começam a caminhar e a questionar tudo aquilo a sua volta. Mas isso não dura muito, da mesma maneira rápida que a autora desperta esses lampejos nas personagens, ela desanda tornando tudo monótono e irritante. Assim como a Andy, as duas irmãs mais velhas não me agradaram em nada, creio que se Tess fosse a protagonista, as coisas fluiriam melhor.
A autora deu uma vacilada com a questão de localização de datas, aliás no inicio do livro a gente não sabe exatamente em que ano estamos, a autora não comenta e fica com a fala de Nova Londres para lá e para cá... teve momentos que pensei que poderia ser distopia, afinal essa coisa de Nova na frente sempre remete à isso, mas com bruxas e as vestimentas, entendi que era no passado, mas o jeito que a autora falou de outros países como Dubai e outros destinos exóticos, até porque sabemos que no lado Oriental do mundo as mulheres são desvalorizadas e não podem muitas coisas, e a autora colocou como se elas pudessem tudo. Aceitaria se fosse no futuro, mas no passado ficou forçado...
Exatamente!! Essa coisa de ser um “romance histórico” não funcionou, pois a autora cria um governo opressor, com inúmeras características distópicas e acaba se perdendo nessa coisa de tempo. Ela se contradiz com os padrões da época, incluindo coisas que só vieram acontecer recentemente.
A história tem uma narrativa que se arrasta, o enredo não flui, é como se você lesse, lesse e não saísse do lugar, é muito blábláblá por parte da protagonista e um detalhe mega feio, como a narrativa é em primeira pessoa, a gente só ‘enxerga’ pelos olhos da protagonista e a mesma não conta nada das coisas, ela cita nomes de outras meninas que são jogados, só depois de algum tempo que ela volta e diz que são primas, rivais ou afins... falar nome de personagem só por falar não nos ajuda em nada para entender a história.
A autora dá voltas e mais voltas em sua narrativa, enchendo páginas e mais páginas com coisas desnecessárias e que não acrescentam nada à história. Em raros momentos a autora se liga ao real foco da história e nos dá algumas poucas informações sobre o que está acontecendo, como as coisas vão ser e qual o grande mistério que envolve as três irmãs. A autora diz ter escrito um livro de bruxas, mas a magia raramente nos dá o ar da graça, na maior parte do tempo só existe a questão da tal cerimonia de intenção e a proteção das irmãs.
O clima vem mais do mesmo o livro inteiro, o único capitulo que temos um giro é o 10, lá temos algumas revelações mega importantes e diferentes, inclusive eu pensei que depois desse capítulo pudesse ter um novo rumo, mas nada... voltou a ser a mesma coisa, a mesma coisa chata e arrastada.
Como eu já havia dito, a autora lança alguns lampejos de esperança de que a história irá começar a fluir, mas isso não dura muito tempo. No capítulo 10 (o mais interessante) temos bastante revelações e coisas que realmente importam para a história. 5 capítulos antes de terminar o livro a autora começa a lançar informações e mais informações sobre o enredo, tornando tudo muito óbvio, mas creio que isso tenha dado um up no livro.
O gancho para o segundo livro foi bem esperado, depois do capítulo 10 (a revelação) e com a tal profecia a gente começa a entender que realmente as irmãs da profecia são as três e até sabemos quem vai brigar com quem.
O cliffhanger deixado pela autora é muito bom, apesar de deixar tudo muito óbvio sobre o segundo livro. Como disse acima, ela começa a jogar tudo em nossa cara, mas de uma maneira que deixa as coisas bem claras. Eu definitivamente esperava muito desse livro, mas acabei me decepcionando bastante com ele.
Uma pena o livro ter perdido o seu potencial, como dito antes, ele tinha um ótimo plot, tudo para ser ‘O’ livro de bruxas, mas muitos erros e o pior, uma narrativa fraca e arrastada não ajuda muito. Pensando seriamente se lerei o livro 2, vou ver o que acontece para decidir.
Os livros sobre bruxas estão em falta no mercado editorial, são poucos publicados e raros os realmente bons. Esse é mais um, onde a autora tinha uma premissa ótima em mãos, mas acabou desenvolvendo-a de forma muito errada, através de uma narrativa seca e mecânica, impossibilitando a conexão leitor/personagem. Que fique claro aqui que sou um amante incondicional de bruxas e com certeza lerei Amaldiçoadas apenas por isso.
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http://www.perdidoempalavras.com/resenha/resenha-dupla-enfeiticadas-cronicas-das-irmas-bruxas-1-jessica-spotswood/