Ro 16/01/2021
Eu me enxergo em você e tenho medo
O que você faria se acordasse em um belo dia e descobrisse que tudo o que você desejava na vida lhe foi dado e é seu? Você já não precisa mais estudar, trabalhar, se exercitar, preparar o seu alimento e até mesmo o sono é algo já não tão necessário. Parece um sonho, não é? Mas o que o C. Clarke nos mostra neste livro é o quão caótica pode ser a realidade em que os homens não possuem mais objetivos de vida.
Narrado em terceira pessoa, acompanhamos as perspectivas de alguns humanos a partir do momento da chegada de seres extraterrestres na Terra. Somos apresentados ao medo inicial, a irracionalidade, o desejo de expulsar os intrusos e a sensação de falta de liberdade. Entretanto, no decorrer do tempo as pessoas percebem que os aliens (cuja aparência eles não conhecem), não parecem querer destruir a humanidade. Muito pelo contrário, eles buscam ajudar a humanidade a solucionar alguns dos seus problemas, como a guerra, a fome e a miséria, por exemplo.
Os fatos descritos no livro compreendem um espaço temporal de mais ou menos 150 anos. E, por essa razão, não temos um@ protagonist@ para acompanhar. O que dificulta um pouco a leitura e tira um pouco a identificação do leitor com a obra. Mas, por outro lado, perceber a verossimilhança nas ações humanas pós-aliens e todos os conflitos identitárias, religiosos e ideológicos nos faz imaginar como nós reagiríamos em pleno século XXI caso recebêssemos visita igual.
O fim da infância é de fato um livrão. Mas não segue os clichês com os quais estamos acostumados quando se trata de invasão alien na terra. Esse é um livro muito mais profundo, de questionamentos internos e estruturais da humanidade.
No mais, leiam o livro e me digam aí se o Jan também é o fav de vocês.