Samantha.Facincani 27/12/2023
A Detenção tem mais gente do que muita cidade.
Cara?. que leitura fantástica!
O primeiro livro ?Estação Carandiru?, pra mim, é o melhor de todos!
Nele, o Dr Drauzio Varella conta como foram os anos de trabalho voluntário que desenvolveu no local que já foi considerado o maior presídio da América Latina, vulgo Carandiru, nome dado por localizar-se no bairro homônimo da cidade de São Paulo. Dr Drauzio foi ao Carandiru semanalmente de 1989 até 2002, quando ele foi implodido, inclusive durante o massacre do Carandiru.
O livro traz a descrição da Casa de Detenção, como ela é organizada e como os detentos se organizavam para manter ?a ordem?. Existiam leis, as quais eram regidas por códigos não escritos, baseadas apenas no respeito e na disciplina. Ao longo de todo esse tempo que o Dr Drauzio teve de convívio com os presos e com funcionários, ele organizou palestras, gravou vídeos, fez uma HQ (O Vira-lata) e não fazia apenas um trabalho de combate e prevenção à AIDS, ele tratava também as doenças que assolavam a vida carcerária dos detentos de forma humana e digna.
Dois pontos interessantes que valem a pena serem citados: o primeiro é que Dr Drauzio deixou as falas dos presos exatamente como eles falavam, com suas gírias e expressões, tudo do jeito que ele ouviu; e o segundo tem relação com o dia do massacre, o qual é narrado no livro e nos deixa bastante pensativos sobre o papel da polícia e sua responsabilização pelo acontecido, incluindo o número elevado de mortes e a falta de preparo dos agentes que invadiram o local.
São histórias tristes e comoventes, que nos fazem pensar e refletir sobre a condição humana, e sobre como a sociedade encara a população carcerária, com uma visão diferenciada daquela que nos é dada pelos jornais e mídia, onde só ouvimos e são mostrados os casos isolados, as rebeliões e as represálias.
Com certeza é um livro para nunca se esquecer.