Thamyres Andrade 07/02/2017Lágrimas e mais lágrimasRetomei a leitura de "A estrela que nunca vai se apagar" depois de alguns meses. Até tinha começado antes, mas acabei deixando de lado devido ao cansaço que estava me provocando.
Esther é uma criança linda. Esther é nerd e adora correr e saltar. Esther sorri com os olhos. Esther descobre, aos 12 anos, que tem câncer.
Nesse livro temos acesso às memórias da adolescente que inspirou John Green a escrever "A culpa é das estrelas", Esther Earl. Os capítulos dividem-se entre fragmentos do seu diário, depoimentos de amigos, trechos escritos pelos pais e algumas fotos do dia a dia da jovem.
Durante toda a leitura acompanhamos gradativamente o avanço da doença de Esther, desde a descoberta dos fluidos nos pulmões até sua morte, em 2010.
Acredito que algumas dezenas de páginas poderiam ser descartadas tranquilamente. Não que não fossem relevantes, mas chegou um momento em que os depoimentos se tornaram um tanto repetitivos ou extensos demais. E, na ânsia de querer voltar pras melhores partes, eu pulava alguns deles. Se não fizesse isso, provavelmente teria cansado de novo e abandonado a leitura.
Eu não sei se estava preparada o suficiente pra esse livro - e, sinceramente, não sei se um dia consideraria estar.
Os capítulos em que ela relata no diário sua rotina e as transcrições das cartas enormes que escrevia pros familiares em datas comemorativas são os mais engraçados. Mesmo carregando algo tão pesado dentro de si, a menina gigante não deixa o bom humor de lado e faz piada de tudo.
Essa leitura não me deu tapas. Foram socos mesmo. E fortíssimos.
Quantas vezes acordamos de mau humor, praguejamos em plenas segundas-feiras ou vivemos desmotivados devido ao trabalho que julgamos excessivo?
Quantas vezes somos pessimistas e não enxergamos saída pra aquele problema que consideramos ser o maior do mundo? Quantas vezes esquecemos - ou deixamos - de dizer às pessoas à nossa volta que as amamos?
Inúmeras.
Esther nos mostra, da forma mais simples possível, a preciosidade da vida e o quanto somos tolos perdendo tempo com reclamações corriqueiras e sem sentido. Ela nos faz querer ser melhores. Nos faz querer abraçá-la e não soltar mais.
Estava tão envolvida que, quando senti que sua morte se aproximava, comecei a ficar tensa. No momento em que Wayne, o pai, começou a relatar seu último dia de vida, em parágrafos carregados de sentimento, era como se o meu coração estivesse sendo esmagado pouco a pouco por um martelo. Conforme ele ia contando a forma como Esther se foi, lágrimas desciam sem parar do meu rosto. Sim, eu chorei horrores, molhei as páginas e fiquei com o nariz mega entupido. Nunca chorei tanto lendo uma história antes.
Um nó grosso se formou instantaneamente na minha garganta e, mesmo enquanto relato isso, horas depois, ele ameaça voltar.
Precisei dar uma pausa, respirar fundo, olhar pro teto pra então continuar, já completamente despedaçada.
Esse é o tipo de narrativa que nos faz questionar tudo a nossa volta, o motivo de determinadas coisas acontecerem da maneira que acontecem.
Com os olhos ainda molhados me encaminhei pro fim da leitura, que trazia mensagens positivas de pessoas próximas à ela.
A obra em si é muito bonita, a diagramação impecável. Dá pra perceber o carinho com que foi editada e publicada.
"A estrela que nunca vai se apagar" não apaga mesmo. Ela brilha, mesmo após quase 7 anos. E, acredite ou não, ainda te torna um trilhão de vezes mais humano. Gratidão, Esther.