Lídia 18/01/2015Apenas imagineSe você ainda não ouviu falar sobre Malala Yousafzai, com certeza esteve vivendo nas cavernas nos últimos anos. Com apenas 17 anos, a paquistanesa é a pessoa mais jovem laureada com o Prêmio Nobel da Paz (partilhado com Kailash Satyarthi, um ativista indiano dos direitos das crianças) além de ser conhecida como a garota que desafiou o talibã. Mas poucos são os que conhecem como ela realizou tal feito.
Uma das facetas da nossa sociedade é pintar personalidades como Malala com um “quê” de super-heróis. Como se todas as pessoas que lutassem pelos direitos civis tivessem nascido sabendo exatamente o que fariam, que mudariam o mundo. Apesar do subtítulo um tanto pretensioso, “Malala - A Menina Mais Corajosa do Mundo” aborda a história de Malala de uma forma completamente diferente, mais humana, quase sob uma perspectiva infantil. Logo no primeiro capítulo mergulhamos em seu mundo e conhecemos uma menina que, antes de pretender se levantar contra um sistema extremamente opressivo, queria apenas fazer o que toda criança no mundo deveria ter o direito: estudar.
Com uma narrativa suave, Viviana Mazza nos transporta para uma terra cheia de novas cores, sabores e costumes. Você meio que se sente como a própria Malala, caminhando pelas ruas de Mingora envolta em seu saadar enquanto caminha para a escola, evitando olhar no caminho para a Praça de Sangue. Tendo como base uma série de documentos e reportagens, a autora romantiza a história de Malala, tornando para o público mais jovem (e por que também não para os mais velhos?) compreensível o incompreensível: como um povo inteiro deixou-se subjugar por um regime radical que vai completamente contra aquilo que prega, e como uma garotinha foi brutalmente punida por isso.
Apenas feche os olhos por um minuto e imagine a coisa mais simples e básica do seu dia-à-dia. Como ir à escola (que você detesta, porque você não gosta de acordar cedo ou porque simplesmente tem preguiça); assistir a um filme ou simplesmente ouvir o CD de uma banda que tanto gosta. Até mesmo fazer a barba ou ir ao mercado. Agora imagine que todas essas coisas tão básicas e tão insignificantes se tornem proibidas, e que o simples ato de executá-las é encarado como uma afronta ao governo. E se você continuar afrontando-o, vai ser punido, ter o rosto queimado por ácido ou executado; seu corpo ficará exibido durante dias em praça pública para servir de exemplo para que os outros não façam o mesmo. E não estamos falando de nenhuma distopia. É uma história real. E só de pensar nisso é capaz de fazer o coração de qualquer ser humano se condoer.
Simples, porém riquíssimo, “Malala - A Menina Mais Corajosa do Mundo” é o tipo de livro que todas as pessoas deveriam ler e guardar em seu coração para sempre. Talvez só assim nossa geração — e as futuras — evitariam cometer o mesmo erro.
Ei, você aí que fica reclamando porque tem que ir à escola, já parou para pensar que tem gente que se arrisca para ter os mesmos direitos que você?
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