@dnihbook 12/01/2023Horror? Vivemos, assim como sonhamos- sozinhos??
Em meados da década de 1870, o rei Leopoldo XX da Bélgica passou a promover supostas expedições humanitárias e científicas para ?civilizar os selvagens? que habitavam o Congo.
No entanto, o monarca apenas explorava o país. Essa exploração era realizada por meio de crueldades com os habitantes nativos, que morriam de fome, de doenças e por excesso de trabalho, ou sofriam torturas, estupros e massacres perpetrados pelos europeus.
No ano de 1890, o polonês Joseph Conrad desceu o rio Congo como capitão de uma embarcação a vapor. A experiência viria a marcá-lo pelo resto da vida.
Ao chegar no Congo, Conrad encontrou apenas o horror em suas diversas facetas. Ele rompeu o contrato de três anos e retornou à Inglaterra depois de apenas seis meses.
Mais que simplesmente um relato de viagem, Coração das Trevas é uma obra metafórica, simbólica, que durante todo o século gerou interpretações psicanalíticas, políticas, filosóficas, de estudos de gênero, culturais e pós-coloniais.
Seu estilo vivaz, exuberante e revolucionário o transformou em um clássico moderno, um dos livros mais importantes do século XX.
Além disso, Coração das Trevas foi também uma das primeiras denúncias do genocídio belga. Não por acaso, décadas depois o diretor Francis Ford Coppola se inspiraria nele para narrar as tragédias da Guerra do Vietnã, no filme Apocalypse Now (1979).
A edição especial da DarkSide® Books é enriquecida pelas belas ilustrações de Braziliano Braza, e conta ainda com os Diários do Congo, nos quais Conrad se baseou para a escrita do romance, um ensaio de Virginia Woolf sobre o autor, e um posfácio do pesquisador Carlos da Silva Jr., no qual ele discorre sobre os resquícios coloniais que persistem ainda hoje.
Como todo clássico digno desse nome, Coração das Trevas é um daqueles livros que sempre projetam luzes sobre as sombras incessantes que nos espreitam.