Biia Rozante | @atitudeliteraria 04/09/2017MaravilhosoQuando Jocelyn se mudou para a Escócia, tudo o que tinha em mente era a necessidade de recomeçar, deixar para trás seu passado dolorido. E essa foi a melhor decisão que tomou, foram quatro anos de tranquilidade, calmaria e segurança. Entretanto, uma nova mudança será necessária, sua melhor amiga, a pessoa com quem dividia o apartamento se mudou e apesar da fachada durona e de gostar da solidão, não gosta exatamente de se manter sozinha o tempo todo, por essa razão está à procura de uma nova pessoa para dividir a casa e para sua felicidade ela encontra o lugar perfeito na rua Dublin Street. Só que nem tudo sai exatamente como ela gostaria, Ellie sua nova locatária é uma jovem que erradia luz, alegria, vitalidade, com uma família incrível, um irmão mais velho que é puro pecado e que ao contrário de Joss que sempre se mostrou repelente a relações interpessoais, ama abraços, conversas e envolvimento, levando-a a duelar contra sentimentos pelos quais tanto lutou para evitar.
Joss é escritora, ela ama observar as pessoas e tenta captar a sua volta qualquer atitude ou movimento que possa servir de inspiração para seus personagens. Forte, determinada e independente, está sempre se esforçando para alcançar seus objetivos e jamais hesita diante dos desafios. Como meio de melhorar sua renda, ela também trabalha como garçonete algumas vezes na semana, mas a verdade é que gosta de se manter ocupada, deste modo não precisa pensar, sentir, ficar sozinha. Tudo sobre essa mulher é uma grande incógnita, um mistério que vamos desvendando com o passar dos capítulos, mas uma coisa é clara desde o principio, a dor constante que carrega em seu coração. Dor essa que causa ataques de pânico, fobia social, pesadelos e um milhão de regras a fim de evitar envolvimento emocional, qualquer tipo de ligação que possa gerar preocupação e por fim ser capaz de machucá-la.
“Eu queria criar alguma coisa bonita no lugar de toda a feiura.”
Joss é uma força da natureza. Eu costumo dizer que a perda atinge cada pessoa de maneira única e o modo como cada um lida com isso também se mostra muito particular. E seu passado marcado por elas a tornou uma mulher arisca, que aceita o contato físico mas não o emocional. Joss passou anos reprimindo sua dor, sem jamais a encarar, enfrentá-la, vivê-la da maneira adequada para então ser capaz de superar e seguir em frente, e quando se depara com uma nova realidade, com uma família que a acolhe e a faz se sentir cuidada e tão bem recebida... é como se uma avalanche de emoções desabasse sobre sua cabeça, fazendo com ela reviva cada momento feliz e doloroso que já precisou lidar. E é óbvio que o resultado é desastroso, pois Joss não sabe lidar com o amor, com o carinho, com a afeição, ela não sabe como ser cuidada, mimada, abraçada e viver tudo isso é como sofrer um curto-circuito.
“— Você é uma boa pessoa, o que faz com que o fato de não confiar em ninguém seja difícil para quem se importa com você.”
DUBLIN STREET me surpreendeu da primeira a última página se revelando uma leitura oposta a que eu estava esperando encontrar. Mais que um romance, o livro fala de pessoas, de transtorno de estresse pós traumático, de amizade, de vida. Aqui nos deparamos com uma personagem sobrecarregada por sua dor, que tenta a todo custo deixá-la escondida e que por consequência acaba afastando a todos que tentam se aproximar. Entretanto, mesmo com toda teimosia, ela encontra pessoas que conseguem enxergar aquilo que ela tanto tenta ocultar. E uma dessas pessoas especiais é Braden, um profissional brilhante, um homem dedicado, com senso de proteção, de cuidado, que ama desafios e que não se assusta facilmente, ele sabe o que quer e vai atrás disso com todas as armas e artimanhas que puder usar a seu favor. O que tornou o romance tão bonito é que nada acontece de uma hora para a outra, tem consistência, provocação, sedução, amizade, companheirismo e nós vamos acompanhando cada passo na torcida.
“— Você sabe, é incrível que eu tenha conseguido me espremer dentro do escritório com seu ego idiota e gigante ocupando todo o espaço.”
Outro ponto que me encantou na leitura foram os personagens secundários que trouxeram leveza e alívio cômico, mas que também proporcionaram densidade na trama. Eles não estão ali apenas fazendo figuração, muito pelo contrário, eles têm histórias para contar, coisas para viver e nos encantam tanto quanto os protagonistas.
É difícil resenhar a obra pois é complicado falar de seu enredo sem soltar spoiler ou deslizar deixando que as emoções falem mais alto que tudo. DUBLIN STREET possui uma carga emocional muito grande, mas se engana quem pensa que isso a torna uma leitura triste, pois a autora foi sagaz na maneira como desenrolou o enredo, proporcionando ao leitor uma leitura divertida, com diálogos inteligentes, tiradas sarcásticas, cenas espirituosas e muita sensualidade. Como mencionei anteriormente, o livro surpreende por ser diferente do que sempre encontramos, então caros leitores, se prepare para rir, chorar, vibrar, torcer, sofrer e refletir. Uma leitura altamente viciante, envolvente e marcante.
O livro faz parte de uma série, entretanto você não precisa se preocupar pois tem final. É que cada obra aborda um casal diferente, o que não minimiza em nada minha ansiedade e necessidade de ler todos os livros. Por isso, vou ficar aqui na torcida para que a Editora LeYa seja boazinha e publique logo os demais.
Demorei mais consegui – DUBLIN STREET -, faz parte do #DesafioAL2 e foi indicação da Diana Medeiros do blog Meu Vício em Livros. Diana, muito obrigada por ter escolhido uma obra tão linda.
site:
http://www.atitudeliteraria.com.br/2017/06/resenha-dublin-street-samantha-young.html