bobbie 30/12/2021
Esperava mais, embora não saiba exatamente o quê.
Dando prosseguimento ao título da minha resenha, e às poucas impressões compartilhadas durante a leitura, confesso que adquiri este livro quando estava no processo de: 1) Lendo Dracul, "a origem de Dracula", co-escrito por um dos herdeiros de Bram Stoker a partir de anotações de seu antepassado; 2) Relendo Dracula, o clássico; 3) Lendo contos mais ou menos conhecidos sobre a lenda de vampiros. Enquanto isso, escapou-me à mente que Joe Hill é filho de Stephen King (e, se fosse possível não ser avisado pela capa do livro sobre o seu autor, eu poderia piamente ter acreditado que quem escreveu este livro fora o próprio pai, tamanha a semelhança do estilo dos dois). Enfim, eu esperava algo completamente diferente, embora não saiba o quê. O romance trata de uma criatura com mais de 100 anos que rapta crianças para uma terra imaginária chamada "Terra do Natal", fruto de sua própria criação mental, tudo com o louvável intuito de "salvar" as crianças dos males do mundo e das agruras da vida adulta, e de uma menina, Vic, que tem o poder de, com sua criatividade, criar portais para viagens rápidas para lugares distantes ou inexistentes na realidade como a conhecemos quando deseja encontrar alguma coisa. Em uma dessas viagens, Vic cruza o caminho de Manx - aquele centenário "bem-intencionado" - e tem uma experiência muito traumática. Depois disso, cresce para se tornar uma adolescente problemática e uma mulher adulta atormentada por vários fantasmas de seu passado traumático, tem um filho, até que Manx retorna de sua suposta morte para sequestrar o filho de Vic. A trama demora a engatar (e alguns leitores menos pacientes podem, sim, abandonar a leitura), enquanto segue por caminhos previsíveis: sim, o leitor que ficar até o final será regalado com uma trama mais veloz, ágil e envolvente, mas nada disso esconde o fato de que qualquer um já saberá: como, onde e quando o livro vai acabar. O clímax é previsível e não tem erro: você vai acertar. A fórmula da redenção da protagonista é batida: é óbvio que Vic está em uma viagem rumo ao amadurecimento, tanto físico como mental, mas isso não evita que Manx e seu fiel assecla sejam personagens um tanto quanto... bobos. Fica a impressão de que a trama foi pensada para assustar (e fazer rir) as criancinhas. Certo, não nego que Hill consegue prender a atenção do leitor no último terço do livro, mas isso não chega a importar muito. No final, fica o gosto de uma leitura bem elaborada, sim, não se pode negar isso (ainda que eu tenha voltado várias vezes com uma nítida impressão de que houve alguns pequenos buracos no texto, coisas mínimas, como um cigarro que aparece do nada, ou surge aceso novamente quando tinha acabado de ser apagado), mas boba e rasa. As 4 estrelas são porque eu sei o quão difícil deve ter sido sustentar as 600 páginas desse romance enquanto no desempenho do ofício de escritor.