Alane.Sthefany 10/10/2022
A Arte da Guerra - Sun Tzu
É um ótimo livro, eu gostei bastante. Só recomendo para quem gosta de estratégias de guerra. Existem ensinamentos que dão de aplicar em nossas vidas, já outros, são próprios para a guerra mesmo, que é a intenção do livro.
Não entendi o motivo do livro ser tão mal avaliado, além de ser um clássico, tem ótimos ensinamentos e estratégias. O livro cumpre com o proposto e com maestria.
Essa leitura me fez recordar até mesmo do livro "O Príncipe", de Nicolau Maquiavel. ??
[...]
"Conhece teu inimigo e conhece-te a ti mesmo; se tiveres cem combates a travar, cem vezes serás vitorioso.
Se ignoras teu inimigo e conheces a ti mesmo, tuas chances de perder e de ganhar serão idênticas.
Se ignoras ao mesmo tempo teu inimigo e a ti mesmo, só contarás teus combates por tuas derrotas."
"A guerra deve ser a última solução. Os combates, quaisquer que sejam os resultados, têm sempre um gosto amargo mesmo para os próprios vencedores. Só se deve travá-los quando não houver outra saída."
Trechos Preferidos ?????
Há um abismo entre a teoria e a prática.
Imaginamos os mais belos estratagemas quando estamos tranquilos em nosso gabinete e só fazemos a guerra na imaginação. Tudo muda quando estamos no terreno. Geralmente, o que presumíamos fácil revela-se tarefa impossível.
A doutrina engendra a unidade de pensamento; inspira-nos uma mesma maneira de viver e de morrer, tornando-nos intrépidos e inquebrantáveis diante dos infortúnios e da morte.
Esses conhecimentos te permitirão discernir, entre os príncipes que governam o mundo, aquele que ostenta mais doutrina e virtudes. Conhecerás grandes generais nos mais diversos reinos, de forma que poderás prever com segurança qual dos adversários será vencedor
Conhece o ponto forte e o fraco tanto dos que forem confiados a teus cuidados quanto dos inimigos.
Distribui recompensas com liberalidade, mas com critério. Não poupes castigos, quando necessários.
Conquistados por tuas virtudes e tuas capacidades, os oficiais colocados sob tuas ordens te servirão tanto por prazer quanto por dever. Eles se espelharão em teu exemplo; o exemplo deles servirá para os subordinados, e os soldados rasos, por sua vez, tudo farão para te assegurar o mais glorioso sucesso.
Estimado, respeitado, amado pelos teus, os povos vizinhos virão espontaneamente juntar-se aos estandartes do príncipe que serves, quer para viver sob suas leis, quer simplesmente para obter proteção.
Se teus inimigos forem mais poderosos e mais fortes, não os ataques.
Haverá ocasiões em que te rebaixarás, e outras em que simularás medo.
Finge ser fraco a fim de que teus inimigos, abrindo a porta para a presunção e para o orgulho, venham atacar-te em hora errada, ou sejam surpreendidos e derrotados vergonhosamente. Age de tal forma que teus inferiores jamais descubram teus projetos. Mantém tuas tropas sempre de prontidão, ocupadas e em movimento, para evitar que uma infame ociosidade as quebrante.
Finge desordem. Jamais deixes de oferecer um engodo ao inimigo para ludibriá-lo. Simula inferioridade para encorajar sua arrogância. Atiça sua raiva para melhor mergulhá-lo na confusão. Sua cobiça o arremeterá contra ti e, então, ele se estilhaçará.
Procura fortificar tuas alianças externas e consolidar tuas posições internas.
Quão lamentável é arriscar tudo em um único combate, negligenciando a estratégia vitoriosa, e fazer com que o destino de tuas armas dependa de uma única batalha!
Quando o inimigo estiver unido, divide-o. Ataca-o quando ele estiver despreparado. Irrompe onde ele menos espera. Tais são as estratégias da vitória.
A vitória é o principal objetivo da guerra.
Tratando-se de tomar uma cidade, apressa-te em sitiá-la, concentra nisso todas as tuas forças. Precipita-te. Se falhares, tuas tropas correm o risco de ficar muito tempo em campanha, o que será uma fonte de funestos infortúnios.
(...)
Informados do estado dramático em que te encontras, teus inimigos emergirão lépidos, arremeterão contra ti e te esmagarão. Embora até então tenhas sido respeitado, doravante tua reputação estará maculada. Apesar de já teres dado mostras brilhantes de valor, o último revés apagará toda a glória acumulada.
Sobressai-se em resolver as dificuldades quem as resolve antes que apareçam.
Imita a vigilância, a diligência, o entusiasmo e a tenacidade das formigas.
Sun Tzu diz: No comando dos exércitos há sete males cruciais:
I. Executar cegamente ordens tomadas na Corte, segundo o arbítrio do príncipe, sem se ater às circunstâncias.
II. Tornar os oficiais confusos, despachando emissários que ignoram os assuntos militares.
III. Misturar regras próprias à ordem civil e à ordem militar.
IV. Confundir o rigor necessário ao governo do Estado e a flexibilidade que o comando das tropas requer.
V. Dividir a responsabilidade.
VI. Disseminar a suspeita, que engendra a desordem: um exército confuso conduz à vitória do inimigo.
VII. Aguardar ordens em todas as circunstâncias. Isso equivale a esperar autorização de um superior para apagar o fogo: antes que a ordem chegue, as cinzas já estarão frias. No entanto, está escrito no código que se deve consultar o inspetor nesse assunto! É como se, ao edificar uma casa na beira de uma estrada, fôssemos pedir conselho aos passantes: o trabalho ainda não estaria terminado.
Para vencer os inimigos, cinco circunstâncias são necessárias:
I. Saber quando combater e quando bater em retirada.
II. Saber lidar com o pouco e o muito, segundo as circunstâncias.
III. Compor habilmente suas fileiras.
Mênsio diz: ?O momento oportuno não é tão importante quanto as vantagens do terreno; e tudo isso não é tão relevante quanto a harmonia das relações humanas?.
IV. Preparar-se, prudentemente, para afrontar o inimigo potencial. Não prever, dando como pretexto a inferioridade do adversário, é o maior dos crimes.
Estar preparado, independente de qualquer contingência, é a maior das virtudes.
V. Evitar as ingerências do soberano em tudo que executar, para a glória de seus exércitos.
Esses são os cinco caminhos da vitória.
Conhece teu inimigo e conhece-te a ti mesmo; se tiveres cem combates a travar, cem vezes serás vitorioso.
Se ignoras teu inimigo e conheces a ti mesmo, tuas chances de perder e de ganhar serão idênticas.
Se ignoras ao mesmo tempo teu inimigo e a ti mesmo, só contarás teus combates por tuas derrotas.
(...) só se pode ser vencido por erro próprio e que só se atinge a vitória por erro do inimigo.
A garantia de nos tornarmos invencíveis está em nossas próprias mãos.
Tornar o inimigo vulnerável só depende dele próprio.
Conhecer os meios que asseguram a vitória não significa obtê-la.
A invencibilidade está na defesa; a possibilidade de vitória, no ataque.
Quem se defende mostra que sua força é insuficiente; quem ataca mostra que é abundante.
A arte de manter-se na defensiva não iguala a de combater com sucesso.
Os generais hábeis na defesa devem esconder-se no âmago da terra. Os que querem brilhar no ataque devem elevar-se aos céus. Para colocar-se na defensiva contra o inimigo, é preciso esconder-se no seio da terra, como os veios d?água que não se sabe de onde manam e cujas ramificações são insondáveis. Assim, ocultarás todas as tuas diligências e serás impenetrável. Aqueles que combatem devem elevar-se nas alturas; ou seja, devem combater de tal forma que o universo inteiro vibre com o estrépito de sua glória.
(...) com segurança, ousavam prever a vitória ou a derrota, antes mesmo de terem dado um passo para conquistar a primeira ou evitar a última.
Não acreditavam que os elogios derrisórios, como ?corajosos?, ?heróis? ou ?invencíveis?, fossem um tributo que tivessem merecido. Atribuíam seu sucesso ao cuidado extremo que tinham em evitar o menor deslize.
Não cometer erros significa que ? faça o que fizer ? o general hábil conquistará a vitória. Ele conquista um inimigo já derrotado. Nos planos, jamais um deslocamento inútil; na estratégia, jamais um passo em vão.
Um exército vitorioso ganha antes de ter deflagrado a batalha; um exército fadado à derrota combate na esperança de ganhar.
Eles não permitem que as tropas mostrem uma confiança demasiado cega, uma confiança que degenera em presunção. As tropas que sonham com a vitória são tímidas, presunçosas ou debilitadas pela preguiça. Ao contrário, aquelas que, sem pensar na vitória, exigem o combate, são tropas enrijecidas no trabalho, aguerridas, destinadas a vencer.
A vitória não é senão o fruto de um cálculo exato.
Depois de uma primeira vantagem, não esmoreças nem dês a tuas tropas um repouso precipitado. Empunha a espada com a mesma rapidez de uma torrente que se precipita de um despenhadeiro. Que teu inimigo não tenha tempo sequer de se dar conta do que está ocorrendo.
Possuem verdadeiramente a arte de bem comandar aqueles que souberam e sabem potencializar sua força; que adquiriram uma autoridade ilimitada; que não se deixam abater por nenhum acontecimento, por mais desagradável que seja;
que nunca agem com precipitação; que se conduzem, mesmo quando surpreendidos, com o sangue-frio; que têm habitualmente nas ações meditadas e nos casos previstos antecipadamente, e agem sempre com a rapidez, fruto da habilidade, aliada a uma longa experiência. Assim, o ímpeto de quem é hábil na arte da guerra é irrefreável, e seu ataque é regulado com precisão.
O potencial desse tipo de guerreiro é como o dos arcos retesados. Tudo verga sob seus golpes, tudo é derribado. Como um globo que apresenta perfeita esfericidade em todos os pontos de sua superfície, eles são igualmente resistentes em toda a parte; em todos os pontos, sua energia é a mesma. No auge de uma confusão e de uma desordem aparente, sabem conservar uma disciplina de ferro.
Fazem brotar a força no seio da fraqueza. Despertam a coragem e a determinação no meio da covardia e da pusilanimidade.
Sem ser visto, vê; sem ser ouvido, ouve. Age em silêncio e tem em suas mãos o destino dos inimigos.
Que o inimigo nunca saiba como pretendes combater, nem como vais atacá-lo, ou defender-te. Ignorando tuas intenções, o inimigo fará grandes preparativos, tentará fortalecer-se de todos os lados, dividindo as forças, e isso o levará inevitavelmente à derrocada. Pois, preparando-se na vanguarda, sua retaguarda ficará vulnerável. Preparando-se na retaguarda, sua vanguarda se debilitará. Preparando-se à esquerda, sua direita ficará vulnerável. Preparando-se em todas as direções, ficará vulnerável em todas elas.
O exemplo dos valentes é suficiente para encorajar os covardes.
I. Sonda os planos do inimigo e saberás qual estratégia será coroada de êxito e qual está fadada ao fracasso.
II. Perturba o inimigo e faz com que ele revele seus movimentos.
III. Descobre a disposição tática do inimigo e faz com que ele exponha seu local de batalha.
IV. Coloca-o à prova e descobre onde sua força é pujante e onde é deficiente.
V. A suprema tática consiste em dispor as tropas sem forma aparente. Então, os espiões mais penetrantes nada podem farejar, nem os sábios mais experientes poderão fazer planos contra ti.
VI. Estabeleço planos para a vitória segundo essas táticas, mas o vulgo tem dificuldades em compreendê-las. Todos são capazes de ver os aspectos exteriores, mas ninguém pode compreender o caminho segundo o qual forjei a vitória.
VII. Jamais repitas uma tática vitoriosa, mas responde às circunstâncias segundo uma variedade infinita de métodos.
Pela simples análise do comportamento dos inimigos pode-se concluir pela sua vitória ou sua derrota. Repito: se quiseres atacar primeiro, não o faças antes de examinar se tens tudo para triunfar.
No momento de deflagrar a ação, perscruta os olhares de teus soldados.
Atenta a seus primeiros movimentos. Pelo entusiasmo ou pelo temor que ostentarem, conclui pelo sucesso ou pela derrota. A primeira atitude de um exército prestes a iniciar o combate é reveladora. Certos exércitos conseguiram retumbantes vitórias, mas teriam sido derrotados caso a batalha tivesse acontecido um dia antes, ou algumas horas depois.
As tropas devem ser comparadas à água corrente. Da mesma forma que a água que corre evita as alturas e se precipita nas planícies, assim um exército evita a força e ataca a fraqueza.
Se a nascente for elevada, as águas correm rapidamente. Se estiver ao rés do chão, seus movimentos são imperceptíveis. Ao se deparar com algum vazio, a água o preenche assim que encontra qualquer escoadouro que a favoreça. Se encontrar lugares cheios, tenta naturalmente espraiar-se em outros locais.
Ao percorrer as fileiras de teu exército, se notares algum vazio, preenche-o.
Se encontrares superabundância, reduz. Se perceberes algo alto demais, abaixa.
Se houver algo excessivamente baixo, eleva.
Ao longo de seu curso, a água molda-se ao terreno onde corre. Da mesma forma, teu exército deve adaptar-se ao terreno onde se move. A água sem queda não pode correr; tropas mal conduzidas não podem vencer.
O general hábil tirará partido de todas as circunstâncias, inclusive as mais perigosas e as mais críticas. Sabe manipular não somente o exército que comanda, mas também o dos inimigos.
As tropas, quaisquer que sejam, não têm qualidades constantes que as tornem invencíveis. Os piores soldados podem transformar-se, revelando-se excelentes guerreiros.
Segue esse princípio. Não deixes escapar nenhuma oportunidade. Os cinco elementos não se encontram sempre juntos, tampouco são igualmente puros. As quatro estações não se sucedem da mesma maneira a cada ano. O alvorecer e o poente não estão sempre no mesmo ponto do horizonte. Alguns dias são longos;
outros, curtos. A lua cresce e decresce e nem sempre é brilhante. Um exército bem comandado e bem disciplinado imita todas essas variedades, apresentando-se multifacetado, em função das circunstâncias e dos inimigos.
É preciso estares perto quando o inimigo acredita que estás longe; teres uma vantagem real quando o inimigo pensa ter-te infligido algumas perdas; te ocupares de algum trabalho útil quando ele acredita que estás paralisado no repouso, e usares todo tipo de diligência quando ele só percebe em ti morosidade. Assim, logrando-o, poderás atacá-lo quando ele menos espera, e sem que ele possa reagir.
A arte de utilizar o perto e o longe consiste em manter o inimigo afastado do lugar que escolheste para teu acampamento, e de todos os postos que te parecem relevantes. Essa arte consiste em afastar do inimigo tudo o que lhe poderia ser vantajoso, e em aproximar-te de tudo o que te poderia trazer alguma vantagem.
Antes de te engajares num combate definitivo, é preciso que o tenhas previsto e te preparado com muita antecipação. Nunca contes com o acaso.
Inimigo surpreendido é inimigo meio vencido.
Evita movimentos inúteis. Quando decidires enviar algum destacamento, que seja sempre na esperança, ou melhor, na certeza de uma vantagem real.
Não permitas que nenhum soldado temerário abandone as fileiras para provocar, sozinho, o inimigo. Raramente tal homem volta são e salvo. Perece pelo vulgo, pela traição ou fulminado pelas tropas.
I. Conhece o terreno. Se estiveres em lugares pantanosos, passíveis de inundação, cobertos de espessas florestas, cheios de desfiladeiros, inundados, desertos e áridos, ou seja, em lugares onde não poderás obter reforço com facilidade, e onde não terás nenhum apoio, tenta sair o mais rápido possível. Procura instalar tuas tropas em lugar espaçoso e vasto, de onde possam se retirar facilmente e onde teus aliados possam, sem dificuldade, aportar-te a ajuda providencial.
II. Evita, com extrema atenção, acampar em lugares isolados. Se a necessidade te obrigar, só permaneças o tempo necessário para escapulir. Toma rapidamente medidas eficazes para safar-te de forma segura e ordenada.
III. Encontrando-te em lugares afastados de fontes, riachos ou poços, onde dificilmente encontrarás víveres e forragem, não demores para fugir. Antes de levantar acampamento, observa se o lugar que escolheste está abrigado por alguma montanha, que te colocará a salvo das surpresas do inimigo.
Verifica as vias de acesso, e se tens as facilidades necessárias para conseguir víveres e outras provisões. Em caso positivo, não hesites em tomar posse do terreno.
IV. Encontrando-te em um campo de morte, busca o combate. Chamo de lugar de morte esses ermos onde não há nenhum recurso, onde se definha inelutavelmente pela insalubridade do ar, onde as provisões minguam sem esperança de serem repostas; onde as doenças começam a grassar no exército, prenunciando grandes flagelos. Se te encontrares em tais circunstâncias, precipita-te em deflagrar o combate. Asseguro-te que tuas tropas se mostrarão intrépidas no combate. Morrer pela mão do inimigo lhes parecerá suave em comparação com todos os males que as atormentam.
V. Se, por acaso ou por erro, teu exército se encontrar em lugares inóspitos, cercado de desfiladeiros, onde o inimigo facilmente poderia colocar emboscadas, de onde seria difícil fugir em caso de perseguição, onde poderiam interceptar teus víveres e armar ciladas nos caminhos, evita com cuidado atacar em tal terreno. Mas, se o inimigo te encurralar em semelhante local, combata até a morte. Não te contentes com uma pequena vantagem ou com meia vitória. Isso poderia ser um engodo para te fulminar por completo. Permanece de sobreaviso, mesmo depois de obteres todas as aparências de uma vitória completa.
VI. Sabendo que uma cidade, por menor que seja, está bem fortificada e tem munições e víveres em abundância, evita sitiá-la. Se só fores informado da situação depois de começado o cerco, não te obstines em prossegui-lo.
Corres o risco de ver todas as tuas forças fracassarem contra essa praça, e serás constrangido a abandoná-la vergonhosamente.
VII. Não desprezes nenhuma pequena vantagem que puderes obter de forma segura e sem nenhuma perda. Essas pequenas vantagens, quando negligenciadas, geram prejuízos irreparáveis.
VIII.Antes de pensar em conseguir alguma vantagem, compara-a com o trabalho, a fadiga, as despesas e as perdas humanas e de munições que ela poderá ocasionar. Avalia se poderás conservá-la facilmente. Só depois de ponderar é que te decidirás a aproveitar ou a abandonar tal vantagem, guiando-te por uma sábia prudência.
IX. Nas ocasiões em que for necessário tomar imediatamente uma decisão, não esperes as ordens do príncipe. Se tiveres que desobedecer ordens recebidas, não hesites, age sem medo. A principal intenção do príncipe que te colocou à frente dos exércitos é venceres o inimigo. Se ele tivesse previsto as circunstâncias em que te encontras, certamente tomaria a decisão que queres tomar.
Essas são as nove variáveis ou nove circunstâncias principais que devem te engajar a mudar o comando ou a posição de teu exército, a mudar a situação, a ir ou vir, a atacar ou se defender, a agir ou permanecer em repouso. Um bom general não deve jamais dizer: Aconteça o que acontecer, farei tal coisa. Irei lá, atacarei o inimigo, sitiarei tal praça. Somente as circunstâncias devem ditar a conduta.
É preciso que saiba distinguir as vantagens verdadeiras das falsas; as perdas reais das aparentes (...). É preciso que saiba empregar corretamente certos artifícios para enganar o inimigo, e se mantenha sempre alerta para não ser enganado.
Se não quiseres ser esmagado pela infinidade de trabalhos e sofrimentos, prepara-te sempre para o pior. Trabalha sem cessar para prejudicar o inimigo.
Os generais que brilhavam entre os antigos eram homens sábios, previdentes, intrépidos e afeitos ao trabalho. Tinham sempre os sabres à mão.
Jamais presumiam que o inimigo não viria, estavam prontos para qualquer eventualidade.
Não investiam contra o inimigo quando sabiam que este estava preparado. Atacavam pelo lado mais fraco, quando suas tropas estavam indolentes e ociosas.
Devo te prevenir contra cinco defeitos que, embora pareçam inócuos, são perniciosos e representam obstáculos funestos que derrotaram a prudência e a bravura mais de uma vez.
I. O primeiro é o entusiasmo excessivo em afrontar a morte, atitude temerária que se honra com o nome de ?coragem?, ?intrepidez? e ?valor? mas, no fundo, só merece o de ?covardia?. Um general que se expõe sem necessidade, como se fosse simples soldado, que parece buscar os perigos da morte, que combate e manda combater até o limite, é um homem que merece morrer. É um homem precipitado, incapaz de encontrar recursos para safar-se de um mau momento. É um covarde, incapaz de sofrer o menor revés sem se frustrar, acreditando que tudo está perdido, se não sair exatamente como planejara.
II. O segundo perigo é o cuidado exorbitante em conservar a vida. Acreditando-se necessário ao exército inteiro, o general dá mostras de covardia. Não ousa, por essa razão, abastecer-se às custas do inimigo. Tem medo de tudo, até da própria sombra. Hesita à espera de uma ocasião mais favorável.
Perde a que aparece, não toma nenhuma iniciativa. Mas o inimigo, que está sempre à espreita, aproveita-se, fazendo com que um general assim temeroso perca toda a esperança. O adversário o enredará, lhe interceptará o abastecimento e o fará perecer pelo amor demasiado que tinha em preservar a própria vida.
III. O terceiro perigo é a cólera. Um general que não sabe se controlar, que não tem império sobre si mesmo, e se deixa arrebatar pela ira ou pela cólera, será ludibriado pelos inimigos. Estes o provocarão, lhe armarão mil emboscadas que sua irascibilidade impedirá de reconhecer, e nas quais infalivelmente cairá.
IV. O quarto perigo é a excessiva suscetibilidade.
Um general não deve se ofender de forma intempestiva e despropositada. Por querer reparar a honra apenas levemente ofendida, corre o risco de perdê-la irremediavelmente.
Deve dissimular. Não deve se desencorajar depois de alguns fracassos, nem acreditar que tudo está perdido porque cometeu algum erro ou sofreu algum revés.
V. O quinto perigo é a complacência ou a compaixão desmedida em relação aos soldados. Um general que não ousa punir, que fecha os olhos para a desordem, que teme que os seus soldados estejam sempre vergados sob o peso do trabalho, não ousando, por essa razão, impor-lhes novas tarefas, é um general fadado ao fracasso. Os subordinados devem sempre ser punidos.
É preciso que sofram provações. Se quiseres tirar partido do serviço dos soldados, mantém-nos sempre ocupados, não permitas que fiquem ociosos.
Pune-os com severidade, mas sem rigor excessivo. Ministra castigos e trabalho, com discernimento.
Um general hábil evita todos esses defeitos. Sem procurar desesperadamente viver ou morrer, deve conduzir-se com prudência e coragem, segundo as circunstâncias.
Se há justas razões para se encolerizar, que o faça, mas não imite a ferocidade do tigre.
Que ame seus soldados e os poupe, mas com moderação.
Deve saber reparar seus erros, quando tiver a infelicidade de cometê-los, aproveitando todos os erros do inimigo e induzindo-o a cometer outros.
Se estiveres longe, o inimigo estará perto. Se fugires, o inimigo te perseguirá e talvez caia nos perigos que acabas de esquivar.
Se tuas tropas parecem pobres, carecendo algumas vezes até do necessário, além do soldo ordinário, distribui algum dinheiro, mas evita ser muito liberal.
Geralmente, a abundância de dinheiro é mais funesta do que vantajosa, mais prejudicial do que útil. Pelo abuso a que se presta, torna-se fonte da corrupção e matriz de todos os vícios.
Não mantendo uma disciplina rígida em teu exército, não punindo com rigor a menor infração, em breve deixarás de ser respeitado, teu prestígio se abalará, e os castigos que empregares em seguida, em lugar de coibir os delitos, só servirão para aumentar o número de culpados. Ora, se não és nem temido nem respeitado, se só usufruis de uma frágil autoridade, de que não sabes servir-te sem perigo, como poderás comandar um exército? Como poderás enfrentar os inimigos do Estado?
Necessitando punir, age rápido e à medida que as infrações ocorram.
Na guerra, a superioridade numérica isolada não confere vantagem. Não avances, contando apenas com a força militar. Um exército integrado pelos mesmos homens pode ser irrisório se comandado por determinado general, ou invencível se comandado por outro.
Um general que fracassar, por desconhecer esses estratagemas, se equivoca em acusar o Céu de sua infelicidade. Ele deve atribuir a si mesmo toda a culpa.
Em qualquer terreno que estiveres, deves considerar tuas tropas como crianças que ignoram tudo e não podem dar um passo por si sós. É preciso conduzi-las. Deves olhar teus soldados, repito, como se fossem teus próprios filhos. Tu mesmo deves conduzi-los. Assim, se tiverem que enfrentar o acaso, não estarão sozinhos, e só o enfrentarão depois de ti. Se tiverem que morrer, morre com eles.
Digo que deves amar todos os que estão sob teu comando como se fossem teus filhos. Entretanto, não os transforme em crianças mimadas. Eles se tornariam mimados se não os corrigisses quando merecessem. Embora cheio de atenção, de deferência e de ternura por eles, se não os dominares, eles se mostrarão insubordinados e reticentes em acatarem tuas ordens.
Quem é verdadeiramente hábil na arte militar efetua todas as marchas sem desvantagem, todos os movimentos ordenados, todos os ataques certeiros, todas as defesas sem surpresa, todos os acampamentos com critério, todas as retiradas com sistema e método. Conhece as próprias forcas e as do inimigo. Conhece perfeitamente o terreno.
Portanto, repito: Conhece-te a ti mesmo, conhece teu inimigo. Tua vitória jamais correrá risco. Conhece o lugar, conhece o tempo. Então, tua vitória será total.
Se te engajaste inadequadamente, evita fugir. A fuga causaria tua perda.
Perece em vez de recuar. Pelo menos, morrerás com bravura. Comanda com brio. Teu exército, acostumado a ignorar teus desígnios, ignora o perigo que o ameaça. Acreditará que tiveste tuas razões para agir como agiste, e combaterá com tanta disciplina e coragem como se estivesse longamente preparado para a batalha.
Se triunfares, a força, a coragem e a determinação de teus soldados redobrará. Tua reputação crescerá na mesma proporção do risco incorrido. Teu exército se acreditará invencível sob teu comando.
Por mais crítica que seja a situação e as circunstâncias em que te encontrares, não te desesperes. Nas ocasiões em que tudo inspira temor, nada deves temer. Quando estiveres cercado de todos os perigos, não deves temer nenhum. Quando estiveres sem nenhum recurso, deves contar com todos.
Quando fores surpreendido, surpreende o inimigo.
Para que servem a bravura sem a prudência; a coragem sem a astúcia?
A guerra deve ser a última solução. Os combates, quaisquer que sejam os resultados, têm sempre um gosto amargo mesmo para os próprios vencedores. Só se deve travá-los quando não houver outra saída.
Teus menores erros têm sempre nefastas consequências. Geralmente, os grandes são irreparáveis e funestos.
Informa-te de tudo, nada negligencies do que descobrires. Mas, tendo descoberto algo, sê extremamente discreto.
Sê vigilante e esclarecido. Mostra, no exterior, segurança, simplicidade e impassibilidade. Fica sempre de sobreaviso, embora aparentes serenidade. Desconfia de tudo, apesar de pareceres confiante. Sê extremamente secreto, embora pareças fazer tudo a descoberto.