Milla 18/12/2012Um protagonista peculiarQuantos livros você já leu que têm como cenário a Índia? (por favor, indique nos comentários). Para mim este é o segundo. O primeiro, é lógico, foi Sua resposta vale um bilhão (foi digno de leitura e releitura).
Já faz uns seis meses que comprei este livro e estava adiando a leitura por preguiça, de repente, quando peguei Thrity Umrigar nas mãos, não quis mais largar.
O contexto do livro é um casamento; todos os moradores do Wadia, um prédio de classe média localizado em Bombaim foram convidados. Como é de praxe, a convivência ensina a amar e odiar e são estas relações que conhecemos ao longo do livro.
Em cada capítulo, vamos conhecendo uma família e, embora o livro tenha poucos capítulos, não é cansativo. No fim, não dá para dizer quem é o personagem principal, cada um teve sua história de perdas e ganhos.
O casamento é de Mehernosh, filho de Jimmy e Zarin. Jimmy é um advogado formado em Oxford, que perdeu os pais quando era criança num acidente de trem e, após ser enxotado de uma casa para outra, foi acolhido por um tio solteirão que morava no Wadia. No início, a adaptação foi bem complicada e até quando o rapaz volta formado da Inglaterra, apesar de ser um bom advogado, ele começa a perder sucessivas causas, mas é quando ele conhece Zarin que tudo começa a prosperar e ele alcança o sucesso profissional.
Um dos convidados, aliás, o último a chegar é Rusi, um sonhador frustrado, dono do próprio negócio, casado com Coomi. Rusi perder o pai bem cedo e cresceu, cheio de expectativas, com sua mãe no Wadia. Apesar de todos os planos, ele nunca obteve muito êxito. Seu casamento com Coomi é um fracasso e talvez a única coisa boa que tenha acontecido em sua vida seja o nascimento de Binny, sua filha que casou e foi morar em Londres.
Se eu falar de todos os outros, vou me prolongar muito e contar todo o livro, mas estes são dois exemplos do que podemos encontrar no Wadia: gente que prosperou ou não, gente feliz e gente amargurada. A narrativa é isso: uma construção dos personagens, mas eu achei muito bom. Ela falou sobre várias vidas diferentes, pessoas com perspectivas e frustrações. Pessoas humanas com sentimentos e ressentimentos; vidas entrelaçadas que ora somam, ora subtraem.
E, logo no início, percebemos que talvez seja o próprio edifício o personagem principal. O Wadia é o palco e o expectador, é o ponto para onde convergem estas vidas, é o fio que une a teia.
Se recomendo? até duas vezes.