Resenhas - Antes do Baile Verde

fer 07/01/2023

muiito bem escrito, chocante e inteligente. um livro, que repito, complexo e várias vezes difícil de se situar, mas que traz umas cenas muito reais e bem feitas, que quando a gente entende, nos marca!!! amei demais ler mais ainda dessa autora. literatura da melhor qualidade. ??

Alexandre Kovacs / Mundo de K 30/08/2015

Lygia Fagundes Telles - Antes do Baile Verde
208 páginas - Lançamento original 1970, reeditado pela Companhia das Letras em 2009.

Seleção de dezoito contos escritos entre 1949 e 1969, hoje todos clássicos da literatura nacional que justificam porque Lygia Fagundes Telles foi agraciada com o Prêmio Camões 2005 e que merecem muito bem ser incluídos em qualquer antologia universal. A inspiração dos textos está na sensibilidade do olhar que revela os impasses da existência nas grandes cidades, a solidão compartilhada no desgaste dos casamentos falidos, o isolamento da vida em uma sociedade injusta e desigual ou o a perda das ilusões na busca da felicidade a qualquer preço, enfim, todos os pequenos dramas anônimos da classe média. A construção de cada narrativa é um exercício de originalidade onde Lygia vai esboçando com virtuosismo e sutileza as motivações e intenções dos personagens, sempre priorizando uma abordagem psicológica em detrimento da ação. Mas como realizar a mágica de captar a essência do homem que, segundo a própria autora é indefinível: "Por mais que tente você não consegue defini-lo totalmente. O ser humano é inalcançável, inacessível e incontrolável".

Em "Os Objetos", Miguel e Lorena mantêm um diálogo desconexo com base em uma série de objetos que fazem a ligação entre passado e presente, um globo de vidro que é um peso de papel sem utilidade mas que parece uma bolha de sabão ou uma bola de cristal, uma adaga na forma de meia-lua de prata, mas "para que serve uma adaga fora do peito?" e assim sucessivamente os objetos servem como ponto de apoio à autora, ajudando a conduzir e revelar os detalhes da narrativa até o final surpreendente e não conclusivo que deixa o leitor sem fôlego. O que, por uma associação com a "adaga", me lembra agora uma citação de Isaac Babel sobre o bom final de um conto: "Nenhum ferro pode penetrar no coração humano de maneira tão gélida como um ponto colocado no momento exato". Lygia sabe fazer isto muito bem.

No conto que empresta o título ao livro, "Antes do Baile Verde", a autora revela a sua trama através de contrastes. Enquanto as duas protagonistas, Tatisa e a empregada da casa Lu, preparam a fantasia de Tatisa para o baile de carnaval, colando lantejoulas na saia para formar uma constelação desordenada, o pai de Tatisa agoniza no quarto ao lado entre a vida e a morte. As duas acompanham da janela a passagem do rancho e a alegria da festa repleta de música e movimento enquanto discutem as probabilidades da morte do pai de Tatisa, justamente naquela noite. Será que a consciência da filha a impedirá de participar do baile e acompanhar os últimos momentos do pai moribundo? Outra aula de literatura imperdível.

Lygia presta homenagem ao estilo de Edgar Allan Poe com o ótimo e mórbido "Venha Ver o Pôr do Sol" onde Ricardo e Raquel, um casal de ex-namorados, resolve se encontrar em um cemitério abandonado à pedido de Ricardo sob o pretexto de um último encontro de despedida. Aos poucos vai se descortinando através dos diálogos precisos e também de pequenos sinais no comportamento de Ricardo as suas verdadeiras intenções de vingança, principalmente quando convida Raquel para entrar no seu jazigo de família. O leitor percebe aos poucos que, apesar do título e do início romântico, não haverá um final feliz para este casal.

Mas é com "O Menino", conto que encerra esta antologia, que percebemos toda a riqueza do arsenal criativo da autora. Um menino vai ao cinema com a bela mãe de quem se orgulha, uma situação simples e de segurança afetiva, mas as intenções do conto são muito mais complexas e, para isso, Lygia descreve uma série de transformações no pobre protagonista que passa de criança a adulto em poucos momentos, numa grande confusão emocional, ao presenciar sinais do adultério da mãe no conforto da sala de projeções. Ele percebe "a mão pequena e branca, muito branca" da mãe pousar "devagarinho nos joelhos do homem que acabara de chegar". A brutalidade da revelação e a quebra da inocência e confiança do filho são narrados em etapas até o retorno à casa e o encontro com o pai "feio e bom" na cadeira de balanço, lendo o jornal. Mais um final que dá um nó na garganta.

"O texto de Lygia prima pela unidade, pela densidade, pela extraordinára dignidade que confere à língua portuguesa, mesmo quando trata de temas ou situações sórdidas, perversas, violentas. Ler Lygia Fagundes Telles, para quem é dado a esses requintes, traz o prazer da descoberta da beleza, da sonoridade e da expressividade." - Caio Fernando Abreu

Larilee 05/01/2021

Coletânea de contos
Antes do baile verde é um livro que reuni o total de 18 (dezoito) contos, que na minha percepção pode definir que todos têm um tom meio sobrenatural ou fantástico.
Os contos que eu mais gostei foram às pérolas, o menino e venha ver o pôr do sol.

Gabrielle 28/01/2021

Sensível nos mínimos detalhes...
Antes do baile verde é uma coleção de contos da autora Lygia Fagundes Telles.

Para mim, Lygia é profunda e tem o perfil de mecher com o íntimo de seus leitores, com textos intensos, as vezes vicerais.

Nesta edição temos 18 contos da autora. Histórias diferentes mas semelhantes na capacidade de nos fazer pensar e sentir principalmente nos pequenos detalhes.

As vezes você é surpreendido por um final surpreendente. Outras vezes você vai ficar esperando por mais daquela história. Outras, ainda, o conto não vai fazer sentido nenhum no momento, mas vai te fazer pensar futuramente quando você se encotrar em um situação parecida...

Lygia fala do dia a dia, da realidade, da vida!

Brenoae 11/02/2021

Já havia lido outros contos da Lygya e posso dizer que ela é perfeita

Bella :) 17/02/2021

diferente
contos expressivos, detalhistas e completamente misteriosos
autora te obriga a observar os detalhes e te coloca num completo suspense ao final de cada conto.
muito interessante e escrita cativante

Cami 05/03/2021

Lygia para a vida!
Nesse livro de contos, Lygia nos leva a refletir sobre questionamentos, inseguranças e desejos do "ser" humano.

Luluzinha 25/04/2021

Sinceramente, totalmente sem palavras para esse livro de contos da Lygia Fagundes. É impressionante a forma como ela manipula nossos sentimentos, e se utiliza de temas sutis e problemáticos para perpetuar a nossa mente com pensamentos longínquos. Meus contos preferidos são: Os objetos, Antes do Baile Verde, Apenas um Saxofone, A Janela, A Ceia e O Menino

Aline Oliveira 28/09/2021

Favoritei!
Antes do Baile Verde é um livro composto por contos de Lygia Fagundes,
que mexeram com meu psicológico, fiquei super pensativa após a leitura de cada um, tentando entender o que se passava, e também imaginando o que seria depois pra cada personagem.
logo de inicio o conto "Objetos" me deixou pasma...
eu ri de alguns e fiquei em choque com outros.
Essa mulher é maravilhosa!

Apaixonada por essa leitura, ??
amei a experiência de conhecer sobre Lygia Fagundes na LC do @Valerumlivro com a Taty.

Thami 21/10/2021

Lygia incrível!
Muito positivamente surpreendida pelos contos da Lygia: uma autora muuuito plural, consegue vestir-se da pele de indivíduos diferentes, consegue descrever sem descrever ambientes, tensões, climas no ar? impressionada! Diferente de tudo que já li!

Edivania 29/01/2022

Uma experiência diferente.
Nunca tinha lido um livro de contos e foi bem diferente. Ficou aquela vontade de saber o fim de cada conto, aquele desejo de ter mais o que ler de cada um...
Lygia F. Telles foi sábia demais ao escolher esses contos para fazer parte da obra definitiva de "antes do baile verde".

livi123 20/03/2022

Lygia neste livro consegue nos fazer rir, ficar curiosos, ter uma certa inquietação e até mesmo sentir arrepios como no conto "Venha ver o pôr do sol".
Ela consegue nos transportar com a perfeita descrição dos ambientes e até sentir o desespero de alguns personagens, nos deixa com gosto de quero mais naqueles contos que tem final aberto.
Uma parte do posfácio de Antônio Dimas consegue descrever perfeitamente a experiência de ler estas obras:
'Fique esperto. Porque, quando você menos espera, as unhas retráteis aparecem e, logo depois delas, o risco na carne, o filetinho de sangue escorrendo. Nada muito profundo, mas o suficiente para incomodar na hora e por tempo extenso, cravadas na memória. O suficiente para se lembrar que, nas próximas vezes, você não deve se aproximar tão desguarnecido e confiante, porque o bote pode vir, quando menos se espera, não se sabe de ontem. A cada aproximação, um aprendizado, independente do conto que você escolha.
Fique esperto! Não confie no ron-ron de Lygia Fagundes Talles'.

Denise 12/11/2022

Eu caí nas garras de veludo da Lygia
Primeiramente, queria dizer que o que me fez amar o livro de forma completa, não foram os contos; foi o posfácio. Chega a ser estranho até dizer isso, porquê de fato, teve alguns contos que não entendi completamente... Parecia que faltava alguma coisa, uma peça importante.. e foi apenas quando li o posfácio que tudo se encaixou perfeitamente. E foi aí que aconteceu o xeque mate para mim. Foi aí que percebi o quanto a escrita dessa mulher é minuciosamente planejada em tudo. Ela dói porque toca na ferida. Nem se importa se a ferida cicatrizou ou não, ela deixa sangrar. Os contos que mais gosto é aqueles que contém a desilusão humana, seja na própria existência como no outro. Na auto sabotagem. Em sermos humanos e nossos erros estarem escancarados.
Simplesmente genial. Não há dúvidas que Lygia é de fato, a dama da nossa literatura.

nico 08/01/2023

muito bom
adoro esses contos, me vejo sempre relendo eles e achando novos significados e coisas escondidas. são tão diversos e refrescantes, amei.

Alexandre249 12/01/2023

Meu primeiro livro da Lygia
Gostei da maioria dos contos. Densidade, profundidade em alguns ...outros bem misteriosos. Alguns mais introspectivos.
O texto oscila, o que motiva a avançar na leitura.
Interessante, vou ler mais Lygia.