Queria Estar Lendo 28/12/2017
Resenha: A Ascensão das Trevas
Em a Ascensão das Trevas, lançado pela Editora Seguinte que enviou um exemplar para a resenha, Morgan Rhodes mostra o poder em cada personagem que criou e a direção épica em que a história se encaminha.
É visível assim que se começa a ler o quanto a escrita da autora evoluiu, os pensamentos e ações dos personagens estão muito mais naturais, a narrativa mais fluída e continuada. Se antes eu ia lendo como se por partes, frase por frase e tentando juntá-las na minha cabeça, agora eu já leio automaticamente, na imaginação.
É no início desse terceiro volume que começo a compreender Jonas e sua vontade insaciável de vingança e de se rebelar contra o Rei e todos aqueles que contribuíram para tanto sofrimento em sua vida e de outros do reino onde morava, Paelsia, também o mais pobre dos três reinos do continente de Mítica. Ele perde tudo, a vida que tinha, simples mas boa, seu irmão, seus pais e agora, lhe resta muito pouco a não ser a própria motivação e a força que faz para seguir em frente todos os dias, criando um possível plano, mantendo em mente o que precisa fazer para libertar a todos.
"Mas os fatos era inegáveis – e Lucia tinha sido criada para valorizar fatos e verdades acima de tudo. Apenas duas pessoas além dela mesma conheciam a localização do cristal da terra antes de descobrirem que havia sido roubado."
Também entendi algumas das ações anteriores do personagem, como ele estava tão cego e louco pela raiva e desejo de vingança que não conseguia pensar direito em mais nada além de matar o Rei Gaius, Lorde Aron e Magnus a todo custo, mesmo que isso o levasse à morte. No segundo livro, Lysandra era quem o refreava com a ajuda de Brion, agora que uns estão mortos e outros presos no castelo, não sobrou muito para Jonas, a não ser um aliado muito improvável, mas que é tudo o que ele tem. Assim, ele pareceu adquirir uma calma maior, um poder de pensar e refletir antes de agir, sabendo que é a única maneira de salvar seus amigos e a todos. Por causa disso, passei a gostar muito do personagem, pois nesse terceiro livro ficou mais claro de compreendê-lo e enxergar suas motivações e sentimentos.
Já Cleo, antes uma princesinha mimada e metida, agora uma futura rainha muito inteligente e estrategista. Ela é muito, muito esperta e isso reflete em todas as suas ações, falas e planos para o futuro. Ela está usando tudo o que tem, mesmo que sejam máscaras que cria para andar pelo palácio e tentar passar despercebida. Se tornou uma personagem muito forte, na qual sinto orgulho facilmente.
Magnus também demonstra uma boa evolução, pois antes era o príncipe herdeiro sofrido e com um amor não-correspondido e que queria superar as expectativas do pai para si, mas não conseguia. Com o tempo ele foi se tornando mais inteligente e calculista, agora sabendo de verdades sombrias sobre o próprio pai e tendo mais noção de si mesmo e daqueles que o cercam. Muitas coisas acontecem com Magnus e ele passa a enxergar mais claramente, se tornando mais destemido e ambicioso.
É nesse livro que o lado sombrio de Lucia, mostrado já no segundo volume, começa a se alastrar. No segundo, vemos a menina adquirindo esse lado, lutando contra ele mas sem saber ao certo como controlá-lo. Em A Ascensão das Trevas, Lucia já sabe mais sobre seus poderes, a profecia que gira em torno dela e o quanto os elementia estão afetando seu lado humanizado. Ela está cada vez mais poderosa e também, percebendo que nem todos que estão ao seu lado são seus amigos. Lucia se tornou uma personagem muito, muito interessante, em nada com a princesa doce e ingênua do primeiro livro. E essa é uma das coisas que mais gosto na autora, ela está sabendo lidar com a transição dos personagens de forma natural e não forçada como em muitas outras histórias.
Muitas coisas inesperadas ocorrem nesse livro, e história toma rumos que eu não poderia imaginar quando comecei a conhecê-la. A leitura é muito rápida e assim que finalizei já estava ansiosa para o próximo. O que a autora está criando é algo muito grande e surpreendente, esse universo se apresenta cada vez maior e mais cheio de possibilidades. Posso dizer que ela está suprindo minhas expectativas, e em alguns pontos, até superando-as. Só devo confiar que os últimos livros da série serão ainda melhores.
Ainda assim, é fácil ver que a autora tem mais facilidade com os personagens antigos, pois nos novos percebo que ela comete alguns erros que já cometeu com esses antigos, o que dá a entender que precisa de um pouco de prática para saber mais sobre sua própria criação e sua maneira de agir. Outros personagens, novos no segundo livro, como Lysandra e o ponto de vista do Rei Gaius, já estão bem melhores.
A cada volume as capas surpreendem mais! Esse tom de roxo com o dourado deixou ela muito bonita e chamativa, sem falar que sempre há algo relacionado à história. Como em A Primavera Rebelde, a narrativa é super fluída e rápida, e você lê o livro rapidinho (e pede por mais). Agora, estou no aguardo dos próximos volumes para saber o futuro de Mítica e desses personagens que estão cada vez melhores.
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