Ju Oliveira 05/03/2015Somente ano passado tive o grande prazer de conhecer a escrita de John Boyne. E fatalmente, foi amor à primeira vista. Li O pacificador, Fique onde está e então corra e O Palácio de inverno, que pra mim foi um dos melhores livros que já li na vida! Então quando a Companhia das Letras anunciou o lançamento de A casa assombrada, seu novo livro, fiquei muito empolgada e corri para lê-lo.
Eliza Caine sempre foi muito apegada ao pai. Desde a morte da mãe, durante o seu parto, os dois viveram um para o outro. Então, com a morte inesperada do seu adorado pai, Eliza vê o mundo desabar aos seus pés. Sem conseguir permanecer na casa onde viveram felizes por tantos anos, onde tudo fazia lembrar-se do pai, os livros de Dickens, sua coleção de livros sobre entomologia, o cheiro de seu cachimbo pela casa, Eliza decide abandonar tudo e partir. Sozinha no mundo e sem dinheiro, ela se depara com um anúncio de jornal, onde oferecem vaga para governanta. A função seria cuidar de crianças em Gaudlin Hall, uma propriedade no condado de Norfolk.
Mesmo sem ter maiores detalhes sobre o emprego, Eliza parte para Norfok. Logo ao chegar em Gaudlin Hall, ela percebe que há algo muito errado. Quem a recebe na mansão é uma menina, Isabella, de apenas 12 anos e seu irmão Eustace, de 6 anos. Eliza fica perplexa ao constatar que não há nenhum adulto vivendo na mansão, ninguém para tomar conta dos irmãos Westerley. Sempre que citava que era a nova governanta dos Westerley, os moradores do povoado mudavam imediatamente, a evitando, mudando de assunto, ou a tratando com desdém. Eliza busca respostas com o advogado da família, que cuida de todos os assuntos relacionados aos irmãos. Só o que ela consegue descobrir é que os pais das crianças não estão disponíveis no momento.
Coisas estranhas e sinistras começam a aterrorizar Eliza, ela tem certeza de que alguma força maligna está presente naquela casa. Acidentes inexplicáveis começam a lhe acontecer e ela percebe que, o que quer que seja que esteja perambulando por aquela casa, só quer fazer o mal a ela própria, não às crianças. Eliza agora vai fazer o que estiver ao seu alcance para abandonar aquela casa assombrada, mas não sem antes proteger aquelas crianças indefesas.
Como em todos os livros seus que já li, John Boyne me fez entrar no clima da história logo no começo. O clima frio e chuvoso de Londres, as várias citações às obras de Charles Dickens (que me fez desejar muito conhecer), me transportaram para o ano de 1867. A narrativa tem um ritmo bem linear, chegando até ser lento em alguns momentos, mas nada que faça perder o encanto pela trama. Mesmo sendo uma história de fantasmas, não achei tão assustadora. Mas imagino que tenha sido exatamente essa a intenção do autor.
Consegues imaginar uma história de terror onde você possa se emocionar? Pois nas hábeis mãos de John Boyne isso é possível. Há toda uma história de tragédia e dor por trás do batido tema “fantasma”. A personalidade das crianças é muito bem construída, tanto falando sobre a sensibilidade e carência de Eustace quanto na frieza e maturidade de Isabella. Eliza também é uma personagem sólida, que mesmo enfrentando o seu luto, se preocupa com o bem estar de crianças que acabou de conhecer. Gostei muito da história, do clima todo e principalmente do desfecho. Leitura indicada. Leiam!
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