Ludmilla Silva 02/02/2020“O amor é um trajeto infinito numa estrada sinuosa. Não é possível enxergar tudo sobre a outra pessoa de uma vez só.”Decepção. Se eu pudesse descrever a minha experiência com este livro a palavra seria essa. Eu criei uma expectativa muito grande para esse segundo livro pois li o primeiro “Lágrima” e amei bastante a narrativa e acreditei que havia bastante potencial para esta história também, principalmente, porque envolvia toda a mitologia de Atlantis, e outro motivo de eu ter criado expectativa foi em função da autora, Lauren Kate, sei que ela não escreve livros excepcionais, extremamente marcantes, como Tolkien, G.G.Martin ou algo do tipo, mas sei que ela se destaca no que se propõe a fazer, isto é, criar um lindo romance dentro de um mundo de fantasia e ficção. “Fallen” a sua saga mais famosa é justamente conhecida por ter uma trama e um romance marcante, eu como adoradora de livros YA (Young Adult) amei a saga e o mínimo que eu esperava era que esse segundo livro seguisse o mesmo estilo da primeira saga, o que não aconteceu.
Pensei que talvez o motivo do segundo livro ter sido tão mal escrito seria pelo fato dele ter sido um dos primeiros livros da autora, mas depois de pesquisar, descobri que era um dos livros mais recentes da mesma, escrito logo após a saga “Fallen”, por isso a decepção foi maior. Na verdade, o que eu senti foi que a autora teve uma ideia no primeiro livro, se propôs a continuar a narrativa daquela primeira história e quando chegou no segundo livro ela decidiu complementar ainda mais aquela mitologia, e resolveu inventar coisas sem sentido com o mundo por ela mesmo criada, o que para mim não deu certo, já que nessa tentativa de inovar, a história acabou se tornando confusa, maçante e desconexa. Senti que era outro livro, completamente diferente do anterior.
A descrição do lugar e dos personagens estava muito confusa, em muitos momentos eu não entendia o que estava acontecendo, onde eles estavam, o que eles estavam fazendo, e como o personagem se encontrava, eu não entendi se foi a escrita da autora, ou a tradução brasileira, só sei que isso me incomodou demais e quase me fez desistir da história, apenas não desisti pois estava curiosa para ver como toda a história iria se desenrolar. Outro ponto que me incomodou bastante foi o objetivo deste livro, eu juro que não entendi por completo até agora, as ações da protagonista pareciam, em muitos momentos, extremamente forçadas e não faziam sentido nenhum.
No primeiro livro eles explicaram a história dos Atlantis x Semeadores. Explicaram que os objetivos dos Semeadores era impedir a Linhagem da Lágrima de chorar pois isso poderia trazer de volta Atlantis e explicaram também que os Atlantes queriam que houvesse a Ascenção de Atlantis para eles voltarem ao mundo. Ainda no último livro a Eureka chorou, destruiu o mundo e praticamente trouxe Atlantis de volta, agora neste livro ela ficou o tempo todo correndo atrás de Atlas/Brooks para destruí-lo, o que não fez sentido nenhum para mim, pois ela não explicou muito bem o motivo dele precisar morrer, não explicou direto o motivo de Atlantis não poder ressurgir, não explicou direto a origem dos Semeadores (que eram basicamente os protagonistas do primeiro livro) e nunca explicou como a Eureka poderia reverter tudo que ela fez antes. A autora explicou pobremente a trama, a motivação da personagem e o objetivo da história, ela explicava apenas quando era conveniente para a continuação da narrativa, o que deixou tudo pior e confuso.
Os primeiros capítulos foram maçantes, a descrição dela nadando continente inteiro foi confusa e ruim, a forma como ela encontrou Solon tão facilmente também não fez sentido. O arco dela com Solon foi outro que não fez sentido algum, as Bruxas avisavam que ele deveria preparar ela para o seu destino, mas ele não fez absolutamente NADA. Eles ficaram lá vários capítulos e basicamente nada aconteceu, ele não deu praticamente nenhuma dica nova, e morreu sem ajudar ela, então para mim a estadia dela lá não fez sentido. E tudo ficou mais confuso lá, como por exemplo, a tal das Bruxas que se alimentavam de insetos, a Cat ter virado uma bruxa que nem elas só por causa das abelhas (?), a chamada peculiaridade, os poderes dos personagens, que foi algo bastante forçado que só apareceu porque era conveniente para a trama, os clãs que viviam dentro da caverna, a caverna de Solon em si, que mais parecia um palácio e uma floresta, o Ovídio, o robô que sugava almas e outros. A autora inventou aqui tanta, mas tanta coisa que tudo começou a perder sentido, para mim não tinha motivo nenhum para tudo aquilo estar acontecendo.
Outra coisa que para mim foi extrema forcação de barra foi o romance/triângulo amoroso do livro. Primeiro que todo esse amor que ela sentia pelo Anders não fazia muito sentido já que a autora não teve tempo NENHUM para desenvolver o relacionamento dos dois. Eu adoro os dois, acho eles lindos, e shippava bastante no primeiro livro, mas isso foi até uma crítica minha a narrativa anterior, eles não passavam muito tempo juntos, neste livro aconteceu basicamente a mesma coisa, eles nem se conheciam, devido a toda confusão da narrativa eles não tiveram muito tempo a sós, então o jeito que ela descrevia o amor deles, a forma que se sentia por ele parecia bastante forçada para mim, como se servisse apenas para criar empatia quando ela deixasse ele no meio do livro. O amor intenso de Anders por ela parecia compreensível já que a autora estabeleceu lá no primeiro livro que ele conhecia ela desde pequena e era apaixonado por ela a anos, mas o amor intenso e forte de Eureka por ele não fez sentido já que eles basicamente nem se conheciam e já que, aparentemente, ela estava apaixonada pelo melhor amigo, Brooks.
E a questão do Brooks foi outra que me incomodou bastante também. Ela querer salvar o amigo de Atlas é compreensível, mas toda a melosidade que a autora criou para justificar isso foi feita de forma falsa para mim, ela se utilizava de flashbacks para justificar o amor intenso e romântico que Eureka tinha pelo Brooks, o que acredito que acaba por contradizer o primeiro livro já que ela não via o Brooks dessa forma e já que tinha certa confusão pelos seus sentimentos. No final a autora até utilizou esse amor que ela sentia por Brooks para salvar a humanidade, o que para mim foi forçação de barra maior ainda. Acredito que se a autora tivesse desenvolvido bem o romance dela e de Anders, e tivesse feito sua motivação, perante a Brooks, ser uma motivação voltada para a amizade de anos que eles tinham, seria bem melhor. Mas ela resolveu optar por um triângulo amoroso extremamente mal desenvolvido.
A autora simplesmente jogou os Semeadores fora, eles eram uma das partes mais importantes do primeiro livro, de toda a mitologia, aí ela esqueceu eles e quando os trouxe de volta foi apenas para os matá-lo de forma simples e medíocre. Toda essa ideia de a Eureka ir para o Marais foi interessante, mas desenvolvida de forma simplista demais, assim como a forma de salvar a humanidade, fazer o contrário, chorar lágrimas de alegria (uau!). A parte que a Eureka mata a mulher do clã, foi também, sem sentido, já que a personagem NUNCA mostrou traços de vilania ou maldade perante outras pessoas. A autora resolveu mudar a linhagem dela, transformar ela, momentaneamente, em uma pessoa ruim, para depois não usar essa informação e desenvolver a personalidade boazinha da personagem como antes.
Atlas foi um vilão fraco, que não passava medo, e não trazia emoção a história, assim como a Delphine, que não serviu para nada, além de trazer Brooks de volta e ajudar na forçação da história. A ideia de Atlas de União de pessoas com robôs foi horrível, ruim demais. O Ovídio que serviu de casulo para almas deveria ter uma única função: ajudar Eureka e no fim acabou não fazendo nada disso. O final eu odiei demais, ela ter que possuir Atlas para fazê-lo chorar não fez sentido??? A Eureka que era da Linhagem da Lágrima porque ela não chorou ela mesmo e trouxe o mundo de volta? Novamente, sem sentido. A Delphine e o Brooks depois possuindo Atlas foi pobremente escrito, aquilo não deveria ter sido tão fácil, não foi fácil para Eureka. E no final ela lembrando de Brooks, chorando e salvando o mundo foi fácil demais, ela se sacrificou no final e novamente não fez sentido para mim.
Para mim o livro é repleto de defeitos e falhas, eu poderia indicar estes defeitos e falhas em cada capítulo de tão ruim e de tantos que existe. Acredito que a autora se confundiu demais e escreveu algo terrível, e digo isso pois sei que Lauren Kate é uma ótima autora, ela fez um trabalho incrível com “Fallen” e com “Lágrima”. Acredito que se ela tivesse planejado mais, tivesse seguido mais o rumo do primeiro livro, isto é, a mitologia dos Atlantis x Semeadores x Livro do Amor a história seria ótima. Mas ela quis inventar muita coisa, justificar coisas que não precisavam ser justificadas e forçar elementos que não se encaixavam na história e por causa disso acabou se perdendo completamente na narrativa. Eu não gostei mesmo, e isso, para mim, é algo bem raro pois eu adoro esse tipo de livro e não precisa ser algo muito extraordinário para me encantar.
Eu dei 2 estrelas por consideração aos personagens e a história construída no primeiro livro. Para não ser muito dura a história eu admito que teve pontos que gostei bastante, o fato de os Semeadores envelhecerem quando se apaixonavam pelas meninas da Linhagem da lágrima, a origem de Anders, a história do Livro do Amor e outros. Mas para mim foram poucos os fatos positivos, e os fatos negativos se destacaram mais e destruíram a história e a animação que eu ainda tinha. A Lauren Kate poderia ter feito melhor, não entendi porque esse segundo livro foi tão ruim. Eu honestamente não recomendo o livro, a menos que você tenha curiosidade para saber como termina a história da Eureka, recomendo o primeiro pois ele é realmente bom, mas este não pois ler este livro foi uma experiência maçante e decepcionante.