O País do Carnaval

O País do Carnaval Jorge Amado




Resenhas - O país do Carnaval


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Flavio.Vinicius 01/04/2023

O PAÍS DO CARNAVAL
Este livro foi escrito em 1931, quando o Brasil vivia o início da posteriormente intitulada Era Vargas, época de revoluções e contra-revoluções, retratadas por Jorge Amado na obra. O autor, então com 18 anos, já fala sobre ideologias e abordagens filosóficas diversas, dentre elas o comunismo, que, no livro, aparece como uma dentre outras, para personagens que procuram por um fim, ou seja, um caminho para a Felicidade. Os personagens discutem e se questionam: estaria a Felicidade em ser religioso? Ou em perseguir o sonho burguês de família e prosperidade material? Ou a Felicidade seria alcançada com o ceticismo? Ou pelo comunismo e a esperança na humanidade?

O livro impressiona por ter sido escrito por um jovem de apenas 18 anos, já demonstrando várias qualidades literárias, embora, diante do restante da obra amadiana, possa ser considerado como um dos livros menos interessantes do autor. Inclusive, Jorge Amado chamou O País do Carnaval (1931), Cacau (1933) e Suor (1934) de "romances de aprendiz de romancista".

O texto segue alguns parâmetros do romance do seculo XIX, lembrando o estilo de Eça de Queirós. Porém, já com alguns traços que marcam a obra amadiana, sobretudo pela busca do jeito de falar do povo brasileiro.

Dentre os personagens, incluem-se prostitutas, jornalistas desonestos e moradores pobres de pensões. O personagem principal, Paulo Rigger, é um herdeiro rico que volta ao Brasil cheio de preconceitos, após uma temporada de estudos na Europa. A meu ver, Paulo Rigger é usado por Jorge Amado para criticar a frivolidade e os preconceitos da elite brasileira da época.
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Luiza.Rufino 04/04/2022

Nunca tinha lido nenhuma obra desse autor. Gostei da forma como que ele escreve e gostei da leitura. E agora estou em uma crise será que a felicidade realmente existe ou é uma ilusão? Enfimmmm valeu a pena !!
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Jeniffer Geraldine 26/05/2016

O País do Carnaval
Em 1930, ainda com 18 anos, o baiano Jorge Amado (natural de Ilhéus) escreveu seu primeiro livro intitulado O País do Carnaval. Na época, Jorge havia saído da Bahia para cursar Direito no Rio de Janeiro. Mesmo tão novo, Amado escreveu uma obra inteligente, crítica e que retratou as inquietações de vários jovens dos anos 30.

Em O País do Carnaval, o baiano Paulo Rigger volta ao Brasil após sete anos estudando Direito em Paris. Durante o seu tempo de estudos, Paulo tornou-se boêmio, blasé e aprendeu a apreciar as coisas boas. Passeava entre os grande salões e os cabarés. Mas apesar de tudo isso, ele era insatisfeito. Vivia em busca de algo porém não sabia o que era. Antes de voltar para Bahia, Rigger passa um tempo no Rio de Janeiro justamente na época do Carnaval.

Logo na chegada no Rio de Janeiro, Rigger encontra uma realidade totalmente diferente de Paris mas que ainda não reconhecia como Brasil. No Rio, a crise de identidade aflorou. Paulo não se reconhecia brasileiro, mas também não se considerava um europeu. E buscava entender o Brasil e a si mesmo, em meio ao Carnaval, a chamada festa democrática, em que todos se misturam, cantam, dançam e são felizes, e esquecem a situação crítica do país e seus cidadãos.

"Sentia, entretanto, que a capital da República não era Brasil. Tinha muito das grandes cidades do universo. E essas cidades não são cidades de países, são cidades do mundo. Paris, Londres, Nova York, Tóquio e Rio de Janeiro pertencem a todos os países e a todas as raças." (pag 23)

Na Bahia, Rigger passa a frequentar um grupo de intelectuais que estavam na mesma situação que ele – todos buscavam o sentido da existência e a felicidade plena na vida. Esse grupo era formado por: Pedro Ticiano, o mais velho e cético de todos e que não acredita no amor; Ricardo Braz, funcionário público e que “tinha uma grande sede de amor”; A. Gomes, jornalista, diretor de revista e ambicioso; Jerônimo Soares, ingênuo e sem grandes pretensões na vida; José Lopes, o mais estranho de todos. Sentia que não realizaria coisa alguma na vida. Todos eles eram céticos demais, o que deixou a busca pela felicidade torturante e os tornou infelizes.

"Aquela amizade chegara a ser uma grande consolação para suas vidas. Sentiam-se amparados uns pelos outros. Ajudavam-se e juntos procuravam a finalidade das suas existências. Depois de ter aprendido, com Pedro Ticiano, todas as atitudes céticas, eles começaram um combate à dúvida. Queriam alcançar o fim. Sim, diziam, havia um fim na vida." (pag 35)

Através das ações e diálogos dos personagens podemos refletir sobre política, ética, nacionalismo, niilismo, religião, filosofia, machismo e convenções sociais. O livro O País do Carnaval é considerado pelo jornalista e escritor José Castello, no posfácio disponível na edição da Companhia das Letras (2011), como um romance de deformação, “no qual Jorge se desvia da educação que recebeu da família e das expectativas paternas para se afirmar como sujeito”. No livro, Paulo Rigger está em busca do seu lugar na vida. Ao mesmo tempo em que se considerava uma pessoa moderna, continuava preso por convenções sociais e políticas da época, e aos preconceitos morais. E esse conflito também era vivido por seus amigos. Sendo que cada um tentava traçar o seu caminho em busca do sentido da existência.

Eu tinha uma ideia totalmente diferente desse livro. Nunca passou pela minha cabeça que ia encontrar um romance de deformação. Pensei que Jorge fosse comentar realmente sobre o carnaval. Mas o Carnaval aqui é apenas um elemento crítico e irônico utilizado pelo autor.

"Eu quisera intitular este romance de “Os homens que eram infelizes sem saber por quê”, mas a gente tem vergonha de certas confissões. E fica-se vivendo a tragédia de fazer ironias.
Os defeitos deste livro são a minha maior honra." (Jorge Amado, 1930)

O País do Carnaval é um romance sobre os jovens de 1930 que ainda dialoga com os dias atuais. Mudam-se os cenários, os personagens, e a busca por um lugar no mundo segue dentro de vários outros jovens. E vale lembrar, como disse o próprio Jorge Amado, “o fracasso das tentativas não é prova da sua inutilidade”. (pag 13).

site: http://jeniffergeraldine.com/amandojorge-o-pais-do-carnaval/
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Antonio Maluco 04/12/2023

Carnaval
O livro conta histórias de vários personagens que são os brasileiros e baianos que moram na Bahia e sua rotina de vida e diversão
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Cheiro de Livro 30/06/2016

País do Carnaval
Esse ano Jorge Amado faria 100 anos. Teremos um ano de muita comemoração e muito se falará sobre a obra do escritor baiano. Como muita gente meu primeiro contado com a obra de Amado foi no colégio, “Capitães de Areia” era leitura obrigatória e lembro que me diverti bastante lendo sobre meninos de rua em Salvador. Depois disso tentei algumas vezes ler outros romances dele, mas nunca conseguia passar da página 10. Acabei adquirindo uma pinimba inexplicável com Jorge Amado.

Como uma forma pessoal de homenagear um dos escritores brasileiros mais conhecidos aqui e fora do país resolvi tentar mais uma vez. Comecei pelo seu primeiro romance “O País do Carnaval” publicado na década de 1930. A edição que peguei na estante aqui de casa é da década de 1960 e está meio caindo aos pedaços, ela junta os três primeiros romances de Jorge Amado (“Pais do Carnaval”, “Cacau” e “Suor”).

“País do Carnaval” mostra um grupo de amigos intelectuais em Salvador na década de 1920. Paulo é o nosso guia nesse mundo, um jovem educado na Europa que volta ao Brasil com desejo de se envolver na política. É um livro sobretudo sobre a desilusão. Paulo e seus amigos estão sempre falando sobre a busca da felicidade, criticando tudo e todos no Brasil e são incapazes de encontrar um rumo para as próprias vidas.

O carnaval abre e fecha o romance, a festa das ruas, a marchinha e a alegria de se brincar o carnaval são vistos por Paulo como um sinal do atraso. Mesmo olhando a festa popular como uma manifestação menor ele é envolvido por ela, pela música e por toda a alegria das ruas. Nesse primeiro romance Jorge Amado não se aprofunda muito nos temas, parece mais um ensaio do que ele queria escrever, retratar da sociedade brasileira na primeira metade do século passado.

Para um escritor que ficou muito conhecido por suas mulheres (Tieta, Gabriela, Teresa, Dona Flor), os personagens femininos são muito fracos e quase insignificantes na história. As mulheres aqui servem para aumentar a desilusão do protagonista ou para completar um quadro, mas não são ativas no desenrolar da trama. Elas entram e desaparecem de cena com facilidade e não tem lá muita importância no todo.

Esse primeiro romance de Jorge Amado não é um grande romance, tem um quê de ensaio para o que ele ainda iria escrever. Jorge faria 100 anos em agosto, no meu intuito de homenageá-lo tentarei dedicar mais tempo a sua obra. O próximo item da minha lista são suas mulheres. Quem sabe assim minha inexplicável pinimba com esse escritor não acaba.

site: http://cheirodelivro.com/pais-do-carnaval/
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regifreitas 25/02/2017

Iniciado ontem (24/2) e concluído hoje. Este, segundo as resenhas que li, foi o primeiro livro do autor, escrito aos 18 anos. Talvez por conta disso, de ser o livro de um autor ainda iniciante, ainda não pleno de sua técnica, tenha sentido a mão um pouco pesada na escrita. Achei os personagens meio estereotipados e as discussões filosóficas não me convenceram muito – além de serem repetitivas. A crítica social, embora existente, também é muito diluída ao longo do texto – pelo menos eu esperava um pouco mais nesse sentido, principalmente por conta do título da obra e pelo histórico do autor. E o diálogo final, entre o protagonista Paulo Rigger e José Lopes... panfletário ou ingênuo? Deixou um gostinho de vazio!
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Bela Libório 03/03/2017

Para ver minha opinião, fotos e mais detalhes, acesse a resenha no blog! Link no fim desse texto:

"Garotos passavam, apregoando os jornais da tarde: ‘ Noite, olha o Globo, Diário...’ ‘Diário, Noite, Globo.’ ‘O discurso do deputado Francis Ribeiro. A campanha presidencial. O Carnaval que vem aí... O Carnaval... Noite...’ Na rua a multidão acotovelava-se numa grande alegria. Entulhava as casas de negócios comprando fazendas e enfeites. Era o Carnaval que se aproximava. Rigger disse:
- O Brasil é o país do carnaval.
José Augusto acrescentou:
- E dos grandes homens! E dos grandes homens...”

- A história:
Era 1931 e Paulo Rigger estava de volta ao Brasil, seu país de origem, depois de sete anos morando na Europa e estudando Direito. Ele foi recebido de volta com as multidões e efervescência do Carnaval, o que só colaborou com sua estranheza ao voltar ao seu país e não encontrar-se mais ali.

“Paulo Rigger andava na rua, ao léu. Sentia-se um estranho na sua pátria. Achava tudo diferente... Se aquilo lhe acontecia no Rio, que seria na Bahia, para onde iria residir em companhia da sua velha mãe?... Poderia, conseguiria viver? E sentia uma grande nostalgia de Paris...”

Já em Salvador, o jovem começa a frequentar um grupo de intelectuais e é aí que começamos a fazer parte das suas rodas de conversa, cujos temas são os mais diversos: política – o Brasil passava por várias transformações na época -, religião, literatura, filosofia, ética, amor. Com um sentimento de que o país estava cada vez mais incompreensível, os amigos reuniam-se e insistiam em procurar um sentido para a vida e o caminho que os levaria à felicidade.

“Ambos não estavam satisfeitos com a própria vida. Ambos sentiam a necessidade de algo que não sabiam o que fosse, algo que lhes faltava. Eles chegaram à conclusão de que se vive para qualquer coisa superior. Qual seria ela?”

Nessas discussões, cada um compartilhava o que achava que seria esse tão desejado caminho: Ricardo Braz dizia que a felicidade estava no amor, Jerônimo Soares acreditava estar na religião, Paulo Rigger estava mais para o lado de Ricardo e José Lopes ficava na dúvida. Enquanto isso, Pedro Ticiano, cético, dizia que se deve viver por viver, não ficar à procura de coisa alguma.

Entre diálogos bem elaborados e reflexivos, somos apresentados a algumas situações pelas quais os brasileiros passavam na época e à eterna busca desse grupo pelas respostas.

site: http://www.letitbela.com/2016/03/resenha-o-pais-do-carnaval-amandojorge.html
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Candido.Miguel 07/01/2022

Um estrangeiro no seu país
Um grupo de intelectuais em busca pela felicidade é a forma mais facil de descrever o romance de estreia de Jorge Amado.
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Thiago275 11/02/2018

Como encontrar a Felicidade?
O País do Carnaval é o primeiro romance escrito por Jorge Amado. No livro, acompanhamos a trajetória de Paulo Rigger, um filho de fazendeiro que passa anos em Paris e volta ao Brasil cheio de esperança de ser grande, conhecido, realizar-se por aqui.

Ele chega ao Rio de Janeiro em pleno Carnaval e logo a estranheza com seu próprio país aparece. Paulo já não se reconhece mais como brasileiro, os costumes do povo não são mais os seus, ele se acha superior a tudo e todos. Habilmente, no entanto, Jorge Amado mostra, na parte mais significativa do livro, que Paulo era mais brasileiro do que gostaria.

Já na Bahia, Paulo faz amizade com um grupo de homens, capitaneado por Pedro Ticiano, todos céticos como ele e que se acham superiores a tudo. A grande questão para esse grupo é: qual o sentido da vida? O que é a felicidade? Como encontrá-la?

E grande parte do livro se passa com as discussões sobre isso. Para uns, a felicidade pode ser encontrada no amor e no casamento. Para outros, na religião. Outros ainda confiam que é na filosofia e no saber que o homem pode ser feliz. Outros acreditam apenas no dinheiro e no poder. E Pedro Ticiano, o mais velho e mentor dos demais, defende que a felicidade é uma coisa que não existe. Uma ilusão em que apenas os homens inferiores, cretinos e ignorantes, acreditam.

"Felizmente, somos infelizes", esse é o lema de Pedro Ticiano e que ele tenta ensinar aos demais. No entanto, ao longo do romance, cada um dos membros do grupo, contrariando seu mentor, vai em busca daquilo que para eles é a felicidade. Se a encontram ou não, deixo o julgamento para quem leu.

No fim, Paulo Rigger decide retornar à Europa. Passaram-se dois anos. É Carnaval novamente e aquela festa mundana, em que tudo é permitido, em que as convenções sociais são esquecidas (convenções a que o próprio Paulo, a despeito de seu ceticismo e toda a sua "cultura", se agarra), em que o povo esbanja alegria e "felicidade", parece a Paulo tão estranha e distante como no dia em que ele chegou.

Fiquei com a impressão de que Jorge Amado quis nos mostrar que, apesar de todas as nossas dúvidas, de toda a incerteza da vida, de todo o futuro desconhecido que se abre diante de nós, de uma coisa devemos estar certos: quarenta dias antes da Páscoa, haverá Carnaval.

O País do Carnaval é um romance de busca. Mostra personagens frustrados com a irrelevância de suas vidas tentando encontrar sentido em suas parcas existências.

Aqui, já temos um vislumbre do que seria a futura obra de Jorge Amado. O autor já fala sem pudores da sexualidade (inclusive entre pessoas do mesmo sexo), do jeito brasileiro, da cultura baiana. Também, já no finalzinho, o escritor dá mostras de sua simpatia ao comunismo, corrente ideológica a que se filiaria no futuro.
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Mario Miranda 08/04/2018

“- A felicidade só está ao alcance dos medíocres e dos cretinos.”
Das três primeiras obras de Jorge Amado - O País do Carnaval, Cacau e Suor - este foi o que mais me agradou. Apesar de ter sido escrito quando o autor ainda tinha 18 anos, nota-se uma preocupação a mais com a composição de uma narrativa, com uma articulação melhor da história. Não é, definitivamente, um Romance Social, como ficaria marcada a primeira geração das obras de Amado.

O País do Carnaval narra a história de Paulo Rigger que voltando de Paris após os estudos, retorna ao Brasil em terra de algo. Algo? O próprio personagem não sabe. Reúne-se num grupo de amigos que não sabem o quê buscam, não possuem razão para sua vida.

Esta falta de sentido da juventude, típica do pós primeira guerra, seria como a juventude de Hemingway, Fitzgerald, Joyce, se definiriam como uma geração perdida, sem sentidos para sua existência. Personagens que buscam no dinheiro, nas mulheres, na fama, uma justificativa que jamais chega à suas vidas.

O livro apresenta entre seus personagens, Pedro Ticiano, um teórico que busca influenciar toda a juventude a qual Paulo Rigger está inserido. É um personagem em constante mutação, permanente insatisfação. É um Bázarov ou Rudin, de Turguêniev, um Raskolnikov ou Karamazov, de Dostoiévski. Um niilista.


site: https://www.instagram.com/marioacmiranda/
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Rafael 03/01/2019

Jorge Amado aos 18 anos
Romance de deformação, segundo José Castello, eis aqui a. busca eterna pela felicidade e o propósito da existência. Amado já entendia grandes questões sociais do Brasil quando ele ainda estava maduro, aliás, nem hoje ele esta. Por isso talvez, esse livro seja tão atual...
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Vem pra Nárnia 10/03/2021

Boemia e humor sarcástico
Resenha:
O país do carnaval - Jorge Amado.
Companhia das Letras @companhiadasletras
Olá narnianos!
Hoje venho trazer para vocês a leitura do meu primeiro clássico desse ano!
Estou muito empolgada para ler pelo menos um clássico por mês.
Para o mês de fevereiro, só poderia ser uma história como essa, cheia de carnaval!
Mas não pense que a história seja leve só por causa do título, pelo contrário! É cheia de questões sociais e filosóficas que me fizeram dar um nó no cérebro!
Até agora estou analisando a vida, a filosofia e o jeito de ser desses homens, que vamos acompanhando no decorrer da história, principalmente a vida de Paulo Rigger, um jovem brasileiro que resolve voltar à sua terra natal, vindo da França, onde estudou e "aproveitou a vida", em busca de respostas para a felicidade.
Ele chega bem na época do carnaval e fica encantado com tanta alegria em um povo sofrido, explorado, mas que ainda leva a esperança em ser o " país do futuro".
Todos os seus amigos estão em busca da tal felicidade. Mas o que é ser feliz? O nos traz felicidade?
Será que ela está no casamento bem sucedido? Na religião? Na própria filosofia? No sucesso financeiro? Na política socialista?
Ou será que ela não existe e temos que aceitar sermos escravos da dúvida, como dizia Ticiano? Um cético convicto?
Será que a vida não tem sentido e quanto mais ficamos sábios, mas ficamos tristes com ela? Será que a literatura nos faz sermos diferentes?
São tantas perguntas! Kkkk
Se você gosta de filosofia com uma pitada de humor sarcástico (característica própria desse autor) vai gostar muito de ler esse livro!
O mais incrível de tudo é que Jorge Amado escreveu tudo isso com dezoito anos, em 1930!
Ele acreditava na literatura como forma de rebeldia e revolução humana, quebrando paradigmas e a forma romântica de escrever da época.
Ele traz a verdade nua e crua!
Leitura muito necessária!
Amei!
Vem ler clássicos comigo!
Bjs e até mais!
#opaisdocarnaval
#jorgeamado
#classicosdaloteratura
#lendoclassicos
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Jeff.Rodrigues 25/08/2019

Resenha publicada no Leitor Compulsivo
O Brasil, eternamente profetizado como o país do futuro. Um tal futuro que, apesar das idas e vindas da história, nunca chega. Esse Brasil de promessas recebe jovens vindos da Europa, rebentos que lá foram estudar, se atualizar e agora retornam trazendo um misto de expectativas e dúvidas. O que a terra pátria tem a oferecer? O que é possível esperar do país do futuro que ainda respira ares coronelistas e oligárquicos? Há, de fato, futuro na terra onde a única coisa que se leva realmente a sério é o carnaval?

Em seu romance de estreia, escrito aos dezoito anos, Jorge Amado nos apresenta uma história repleta de questionamentos e desdobramentos bem diferentes dos que vão marcar pra valer sua obra. O País do Carnaval carrega uma sátira que vai se repetir e se tornar mais ácida em obras futuras, contudo traz uma história que beira o drama e passa longe do estilo que consagrou o autor. Um grupo de jovens “perdido” por Salvador em busca de respostas para questões tão filosóficas quanto complicadas. São poetas e jornalistas, homens que carregam a cultura que falta à massa do país que procura o caminho desenvolvimento. Um grupo que se reúne em torno da produção de um jornal, que segue conselhos de um consagrado, mas já pouco influente cronista, e que segue de bar em bar atrás de um sentido para tudo que os rodeia.

Protagonizado por Paulo Rigger, filho de fazendeiro que voltou dos estudos na França, O País do Carnaval percorre através dos dramas de seus personagens o drama de um Brasil que não desengata. As desilusões amorosas, financeiras, políticas e religiosas que cada um enfrenta são, em grande parte, metáforas daquilo que o próprio país tem diante de si. Mesmo que o próprio autor deixe claro na abertura que se trata apenas de um romance sobre “homens em busca do sentido da existência”, é impossível não associarmos ao momento de tensão em que o Brasil vivia. Um país em busca de um sentido. Avançar e olhar para a frente ou se manter preso às amarras do passado?

Em muitos aspectos, e isso chega a ser um pouco assustador, algumas passagens do livro mostram-se extremamente atuais. Há certas frases que soam proféticas ou poderiam ter sido escritas por um Jorge em plena atividade em 2019.

“O Brasil é o país verde por excelência. Futuroso, esperançoso… Nunca passou disso… Vocês, brasileiros, velhos que já foram e rapazes que são a esperança da Pátria, sonham o futuro. ‘Dentro de cem anos o Brasil será o primeiro país do mundo’. Garanto que aqueles detestável cronista Pero Vaz de Caminha teve essa mesma frase ao achar Cabral, por um acaso, o país que viera expressamente descobrir. ”

A galeria de personagens em O País do Carnaval não é tão rica como veremos nas obras futuras do autor. Apegado aos conceitos e dúvidas que permeiam as vidas desses jovens, Jorge não se preocupou em desenvolvê-los tão bem como virá a fazer. Mesmo assim, a baianidade exala seus aromas e temperos a cada página.

A saga de Paulo Rigger vai terminar no mesmo ponto em que começou. Olhando para o Cristo Redentor ele parte com tantas dúvidas quanto no dia em que desembarcou. Ao longe, a folia toma conta das ruas cariocas e, oitenta e oito anos depois da publicação, ainda nos questionamos se há, de fato, futuro na terra onde a única coisa que se leva realmente a sério é o carnaval.

site: http://leitorcompulsivo.com.br/2019/07/20/resenha-o-pais-do-carnaval-jorge-amado/
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