Silvana Barbosa 12/06/2015As invasões bárbarasAlgumas autoras isolam seus personagens de romance , e a história toda gira exclusivamente em torno do casal , sem amigos ou familiares , como se o mundo fosse só eles dois . Sempre que leio algo assim , acho inverossímil . Ninguém é tão só que não tenha um vizinho , amiga , irmão , ou mesmo uma tia de consideração com quem trocar ideias ou desabafar . Ou , sei lá , até um gato velho com cara pensativa .
Pois bem , o diferencial em "Promessa de amor" é que não há isolamento nenhum , não mesmo . A mocinha Rachel tem 2 melhores amigas , e o mocinho Carter tem uma grande família , e até uma cadela de estimação .
E não é só uma graaaande família , não . É uma família muito presente . Presente até demais . Pra complicar esta família agregou também algumas ex-namoradas do Carter . E tanto a família como as "amiguinhas" são muito sem noção do que significa privacidade . Logo que Rachel conta sobre sua gravidez ao Carter , uma destas "amigas" ouve a conversa (deliberadamente) e de imediato pega o telefone e espalha o fato pra família do moço .
Eta , povo fofoqueiro...
Daí começam as cobranças .
Mamãe , irmãs , cunhados , e certamente papai lá no túmulo , começam a pressionar para que haja um casamento entre os futuros pais . O fato deles mal se conhecerem , e a gravidez ter acontecido por acidente na única noite que passaram juntos , não conta , bem entendido .
Os nossos heróis tentam se entender , mas é um pouquinho difícil com a pressão familiar , o bebê a caminho , e a falta total de vontade de se comprometer de ambos protagonistas . Além disso , não há uma só vez em que Rachel e Carter consigam sair juntos sem que uma ex do rapaz apareça . São MUITAS garotas , parece filme antigo do Elvis Presley ! E elas são inconvenientes que dói .
Se a Rachel fosse real , certamente fugiria correndo deste garanhão e sua família invasiva necessitada de semancol , mas ela tem dificuldades de fugir do gostosão que é pai de seu neném .
O Carter é gente boa - e bom no lepo-lepo , lógico - e por essas razões as antigas namoradas ainda se derretem por ele , e se acham na obrigação de se apresentarem à namorada "oficial" dele . Mesmo Rachel não sendo exatamente a "oficial" , já que não oficializaram nada , e nem tenham esta pretensão . Eles "fingem" um compromisso para agradar a todos .
No entanto o convívio e a química que há entre eles aprofunda a relação , mesmo que eles não saibam muito bem o que fazer com isso , já que afirmaram várias vezes que "Não querem casar" .
E o livro fica meio num jogo de gato-e-rato , onde parentes e amigos dão opiniões e empurram um para o outro , até o esperado final feliz , que achei ter chegado de forma muito abrupta .
A parentada amorosa ao invés de dar a sensação de acolhimento , acabou me parecendo apenas grudenta demais . E o romance aqui não me convenceu .
Enfim ... a autora desta vez errou um pouco a mão .