Luiza 15/11/2022
"Será que não é melhor que algumas coisas permaneçam encobertas?”
Comecei a ler “O gigante enterrado” com as expectativas no céu, por ser uma fantasia (um dos meus gêneros favoritos) do Kazuo Ishiguro (autor de um dos meus livros favoritos — “Não me abandone jamais”). Infelizmente, a leitura não correspondeu ao meu hype, e o maior problema foi o ritmo da narrativa.
Os personagens principais são Axl e Beatrice, um casal de idosos que vive numa vila na Grã-Bretanha medieval. O casal decide partir numa jornada para visitar o filho, que mora na aldeia vizinha.
Só que tem um problema: eles estão perdendo a memória, assim como todos ao seu redor, devido a uma misteriosa “névoa”. O livro é cheio de metáforas e símbolos, a exemplo dos três principais personagens que acompanham o casal protagonista: um garoto pré-adolescente, um jovem guerreiro e um velho cavaleiro, simbolizando a passagem do tempo. o ciclo da vida, etc.
O livro é MUITO lento, porque a narrativa acompanha o ritmo dos protagonistas idosos: eles andam devagar, param várias vezes para descansar e repetem as mesmas conversas. Sei que isso é intencional e que faz parte da subversão que o autor fez na narrativa clássica de aventura, que geralmente conta com heróis jovens e ágeis. Mas saber disso não deixa a leitura menos maçante rs.
Por outro lado, uma coisa que gostei é que quase nada é literal ou objetivo na narrativa, abrindo margem para muita interpretação. O final do livro é lindo demais, super poético. Outros momentos da obra também geram reflexões interessantes, principalmente sobre o papel da memória na construção da identidade individual e coletiva do ser humano.
Se a leitura não fosse tão lenta chata sofrida massacrante travada, eu daria as duas estrelas que faltam pra chegar na nota máxima.