Gui Silva 07/01/2023
"Psicose" e suas artimanhas para enganar o leitor
Não é de se espantar que um livro como Psicose, o qual deu origem ao filme dirigido pelo espetacular Hitchcock, fosse ter uma boa narrativa e história. Apesar de já ter assistido ao filme, consegui ter uma leitura fluida e agradável. Isso porque é um livro que foca muito mais no que está acontecendo e no desenvolvimento psicológico de Norman Bates, do que em descrições sensoriais e memórias, como, por exemplo, acontece nos livros do autor Stephen King.
Psicose consegue ser uma leitura rápida e não apresenta muitos gatilhos gráficos. O autor brinca de esconder diversas informações e criar expectativas de suspense quando é dado ao leitor uma informação que alguns personagens não sabem. Além disso, o modo como ele constrói a relação de Norman e a Mãe é impressionante, apesar de não ser tão fantástica.
No entanto, essa escassez de detalhes e informações, apesar de serem úteis durante boa parte da leitura, em determinado momento pode acabar confundindo. Um exemplo disso é o clímax, que passou tão depressa que mal pude imaginar o que estava acontecendo, caso não tivesse assistido ao filme. Por esse motivo, sugiro que o livro e o filme sejam usados como obras complementares, tal como Coraline, apesar de suas diversas diferenças.
Recomendo para todos que gostam de suspense e terror psicológico. Essa obra nos traz a sensação de estar a bordo de um cruzeiro que atravessa o oceano mental de Norman Bates. E, por mais que não tenha uma construção precisa do ambiente e dos personagens, é uma leitura que vale a pena ser feita, principalmente naqueles dias de chuva em que você só precisa "comer" um livro de vez - e, de fato, esse livro é muito fácil de ser digerido.