Galveston

Galveston Nic Pizzolatto




Resenhas - Galveston


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Bruno Malini 15/05/2023

Até que é interessante, embora os diálogos, por vezes, sejam um pouco cansativos. Começa bem, mas esfria. O personagem principal não cativa.
Artthur0 17/05/2023minha estante
O problema desse livro é que ele não é o True Detective haha


Bruno Malini 17/05/2023minha estante
Kkkk verdade


Arrobamimiu 10/06/2023minha estante
Nossa, sim! Comecei o livro hoje e vou terminar com a força da curiosidade, porque pelo personagem principal... sinceramente.




valter davi 13/01/2020

Mais perdido que cego em tiroteio
Assim, eu entendi mas não entendi. Mas consegui tirar uma conclusão desse livro: todo roteirista que escreve um livro acaba colocando muita coisa do seu trabalho para construir a narrativa e isso acaba com o livro. é isso.
@pedro.h1709 13/01/2020minha estante
Entendi, mas não entendi muito kk


valter davi 13/01/2020minha estante
kkkkkk nem sei mais viu




spoiler visualizar
Markarroni 13/11/2019minha estante
Eu tive uma interpretação semelhante à tua. Esse livro é bem reflexivo.


Jaine.Rosa 13/11/2019minha estante
Para mim esse livro foi uma grande surpresa. Bom saber que tivemos parecer semelhantes.
Ainda não suporto a Rocky, mas paciência. kkk




Ryllder 13/09/2015

Sublime!
Não tem como ler este romance sem fazer um paralelo com o seriado True Detective.Nic Pizzolatto,criador da série e autor deste Galveston,consegue manter uma qualidade absurda nas duas linguagens.Quem assistiu as duas temporadas de True Detective conseguiu perceber a excelência do roteiro.Neste romance,que é o primeiro de Pizzolatto,tive a chance de verificar que o homem realmente consegue explorar de forma magnífica seus personagens,transformando situações aparentemente bobas e corriqueiras em momentos sublimes.Os diálogos e descrições são colocados de uma forma tal que nada ali é gratuito ou sem importância.Um romance policial existencialista com toques Noir:"Conheci caras assim a vida inteira, caipiras idiotas presos a um estado de permanente ressentimento. Torturam animais pequenos, crescem e dão surras de cinto nos filhos e destroem suas caminhonetes dirigindo bêbados, descobrem Jesus aos quarenta anos e começam a ir à igreja e a sair com prostitutas".Que Pizzolatto tenha uma carreira longa e produtiva,nos brindando com livros e seriados de qualidade
Joislan 15/09/2015minha estante
Esse trecho que colocou parece que está descrevendo o Personagem do Woody Harrelson em True Detective. Muito massa. Vou começar a ler agora.




Ricardo 08/10/2018

Muito bom, A jornada do anti-herói Ray é contada de uma forma crua e cruel, assim como foi a vida do protagonista. Confesso que fiquei sensibilizado com a história de vida de Ray e da Roxy, dois desajustados que o destino fez questão de cruzar. Termina de uma forma não convencional, melancólica, mas não menos humana.

Daria uma adaptação para o cinema.
Brina DeFur 22/11/2018minha estante
Saiu a adaptação, vou assistir agora!




Drics 04/08/2015

Galveston, um romance policial com viés existencial
Olhando a bagagem de Nic Pizzolatto, eu sabia o que esperar de Galveston ao me deparar com a premissa: um matador de aluguel com câncer terminal no pulmão. Sacou?

Publicado originalmente em 2010 e trazido pela Intrínseca mês passado (junho/2015), Galveston traz alguns aspectos da série da HBO, destaques para a história envolvente e melancólica e para a escrita crua e dura.

Personagem bruto, porém de carne e osso; escrita dura, história orgânica, livro intenso, introspectivo e viciante.

Com pouco mais de 230 páginas, o livro é dividido em 5 partes, alternando eventos que ocorreram no passado (ano de 1987) com o presente de Roy (20 anos depois, ano de 2008).

Narrado em primeira pessoa, temos uma relação mais profunda com Roy Cady, que apresenta dualidades ao leitor: sua história no aspecto de "condenação" em paralelo à "redenção"; e sua humanidade ora dolorida, ora empática. O autor não tem uma narrativa completamente niilista por conta disso, o texto tem ar de poesia cruel - se é que posso assim dizer - é ágil, direto e com diálogos marcantes.

Difícil, talvez, seja classificar o livro em um único gênero. Galveston tem uma inegável atmosfera noir, elementos de literatura criminal e desenvolve a trama para uma reflexão filosófica de forma sútil. Pra mim, um prato cheio.

Depois de toda a intensidade do personagem Roy Cady e sua história, a última frase do livro me deixou olhando pro nada por uns 10 minutos. Fiquem curiosos ou leiam.

site: http://redatorademerda.com.br/2015/08/resenha-galveston-nic-pizzolatto/
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Literatura Policial 18/08/2015

Sim, temos uma trama policial em mãos, do tipo brutal, crua, hardboiled
Romances policiais não são os melhores lugares para se buscar esperança. Por lá, as pessoas são mortas, traídas, barbarizadas, e o crime parece ser o grande motor que faz o mundo girar. Bem, talvez na vida aconteça o mesmo, mas ancoramos nossas esperanças na certeza de que o mal que enxergamos nos romances policiais fique exilado naquele terreno baldio da literatura. Isso nos dá algum alento e seguimos vivendo.

Mas por que essa ladainha pseudo-filosófica no início desta resenha? Afinal, “Galveston” não é nenhum tratado sobre a moralidade humana e talvez até se possa duvidar de sua condição como romance policial. Bem, a natureza da minha preocupação está no fato de que, com “Galveston”, Nic Pizzolatto (Editora Intrínseca) nos oferece uma chance preciosa para pensarmos o bem e o mal numa perspectiva bastante crua. Não se trata de realismo, mas talvez de um certo derrotismo. O que pode nos levar a um cinismo perigoso, quase niilismo, aquela tentação de não acreditar em nada, e com isso, permitir que tudo se faça.

Mas vamos com calma.

Pra começo de conversa, estamos tratando de um elogiado e premiado livro de estreia deste que vem sendo aclamado por público e pela crítica como um nome promissor da narrativa policial. Se você não ligou o nome à pessoa, Nic Pizzolatto é o criador e roteirista da série True Detective, da HBO. Em suas primeiras duas temporadas, a atração chamou a atenção ao apresentar duplas de investigadores desajustados, perversidade nas cenas dos crimes, crueza nos diálogos e nenhuma falsa esperança. Pizzolatto não poupa o público e não doura pílulas. Se for para levar um soco na boca do estômago, que assim seja.

Em “Galveston”, reconhecemos essa mesma disposição, o que me parece uma tremenda demonstração de respeito com o leitor. A ideia é simples. Roy Cady é um capanga que escapa de uma emboscada armada pelo próprio chefe. Daquele banho de sangue, arrasta consigo uma jovem prostituta, e juntos, fogem de New Orleans para Galveston, no litoral do Texas. Passam por bares imundos, hotéis decadentes, estradas cheias de sujeira e perigo. Encontram escroques de todo tipo e se metem em encrencas, enquanto tentam fugir de uma certeza: virão atrás de Roy para terminar o serviço.

As páginas avançam e o leitor percebe que ali ninguém presta mesmo. Ninguém. As vidas são cheias de fracassos, abandonos, perdas e danos. Todos carregam seus cadáveres, e todos querem sobreviver, mesmo que seja à base de cotoveladas. Isso cria um clima permanente de tensão, que o autor alimenta na medida certa. Para isso, a narrativa oscila entre o presente e vinte anos atrás, com maestria, sem tropeços. Como isso se dá de forma alternada nas seções do livro, o leitor vai se preparando para retornar ou avançar no tempo, o que lhe garante uma falsa sensação de controle da situação. Nada. Em qualquer um deles emergem das páginas as facetas carcomidas de uma realidade que não deveria se sustentar, não se tivesse um pinguinho de dignidade. Nada ali dura muito. Os personagens parecem não ter medo de perder o que têm, talvez porque sequer percebam o que trazem consigo e que poderiam considerar conquistas.

Roy é um tipo estranho, pouco confiável. É alto, cabelos compridos, chapelão e botas de caubói. Os caras do bando até o apelidaram de Big Country por causa desse jeitão caipira. É durão, castigado pela vida e que não espera ir muito longe. Seus pulmões estão sendo devorados por um câncer e o mundo não é nem um pouco gentil com ele. Apesar disso, tem lá no fundo, no fundo mesmo, seus valores. O leitor fica ao seu lado o tempo todo, mesmo quando ele pratica os atos mais desprezíveis e injustificados. Mesmo quando marcha decidido para o abismo. Mas que raio de herói é este?

Os puristas poderão contra-argumentar: se em “Galveston” todos ou quase todos são bandidos, se não temos um detetive clássico tentando fazer justiça, e se Roy foge da verdade sobre os motivos da sua armadilha quase mortal, não temos aqui um romance policial. Cadê a investigação?

Mas Nic Pizzolatto alcança seus resultados tomando caminhos insondáveis. Coloca uma fauna abjeta num habitat insalubre, cercada de condições de disputa pela sobrevivência. O oposição ancestral está lá. Mas o bem e o mal se apresentam igualmente lambuzados de graxa. Aos poucos, as atitudes dos personagens é que vão desmanchando essa opacidade. É assim que entrevemos um fiapo de esperança, que não chega a ser uma capacidade de redenção, mas já é alguma coisa.

Reviravoltas na trama, violência, um homem enfrentando seus demônios internos, um final eletrizante. Sim, temos uma trama policial em mãos, do tipo brutal, crua, hardboiled. Há muita testosterona no ar. A poeira cobre os móveis. O uísque desce rascante na garganta. O cigarro amarela os dentes e os nós dos dedos. O cinismo dá as cartas, e o niilismo tenta espiar quem está com as mãos mais cheias. Descansar em paz é apenas para quem abotoa o paletó? Olha, você sabe desde as primeiras páginas que “Galveston” não vai terminar bem. Mas talvez o furacão que se aproxima da cidade sopre frescor em nosso rosto, afastando para longe essas eternas certezas.

* Leia mais resenhas no site *

site: http://literaturapolicial.com/
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alineeess 12/03/2024

Sem passado. Sem futuro. Sem nada a perder
A história é bem complicada. E vai se desenvolvendo alternando entre o passado e o presente. Não é o tipo de livro que eu curto, mas é bastante interessante.
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Michael Douglas 01/10/2015

Escolhas Irreversíveis
Este, trata de um ser predestinado a morte de perfil rijo, feroz e carnal, e as vezes ilógico. As escolhas permeiam sua vida de forma violenta, tornando-se a condenação de seu corpo, alma e mente, que por volta e meia vem e lhe batem a porta, quando não a face, ou ainda a mente de maneira cruel.
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Orlando 24/11/2015

GALVESTON | PRIMEIRO ROMANCE DE NIC PIZZOLATTO ECOA TEMAS CAROS AO CRIADOR DE TRUE DETECTIVE
GALVESTON | PRIMEIRO ROMANCE DE NIC PIZZOLATTO ECOA TEMAS CAROS AO CRIADOR DE TRUE DETECTIVE

Cidades incomuns, pessoas solitárias e marginais, ambientes estranhos com sombras densas e um silêncio perturbador, fluxos de consciência e revisões constantes sobre o passado histórico, questionamentos existenciais, pessimismo latente, violência quase constante, solidão, melancolia, vazio existencial e constante busca por sentido e direção, a figura paterna e protetora em xeque… esses e alguns outros tantos temas caros a Nic Pizzolatto, criador da aclamada série True Detectiv,e estão presentes em seu primeiro romance, uma mistura de Noir com faroeste moderno cheio daquela penumbra onipresente de pessimismo, desilusão e autodestruição tão comuns aos personagens do autor.

Galveston (Gálvez-town ou Gálveztown, em homenagem a Bernardo de Gálvez y Madrid, o conde de Gálvez), a cidade que empresta seu nome ao romance de Pizzolatto é uma cidade costeira do estado do Texas – EUA, situada na Ilha Galveston. A cidade tem uma origem bem interessante: é o primeiro assentamento europeu construído por aquelas bandas por piratas para auxiliar a República do México no combate contra a Espanha nos meados do século XIX, claro, tomada de pequenas tribos indígenas que por lá viviam bem antes.

Entre outras importâncias, Galveston também foi um dos principais portos para a Marinha do Texas durante a Revolução e, mais tarde, serviu como a capital da República do Texas. Nos anos de 1900 Galveston perdeu muito de sua força devido a devastação sofrida em decorrência do Grande Furacão de Galveston que, além dos estragos estruturais e inundações, causou algo em torno de 6000 a 12.000 mortes, o que acabou resultando posteriormente em um grande plano de contingência que originou a barreira litorânea que cerca parte da ilha. Não foi a última vez que a cidade se viu ameaçada pelas forças da natureza devido a sua localização, mas o avanço do tempo e das tecnologias meteorológicas evitaram outras tragédias piores ao longo dos anos.

Atualmente Galveston é uma cidade focada no turismo, indústria de finanças e comércio de suporte aos visitantes como hotéis, alimentação e diversão. Parece um bom lugar para se viver, visitar ou morrer por lá…

Quando True Detective fez sua magistral estreia, os holofotes e radares apontaram em direção a Pizzolatto. Com um texto denso, personagens pesados e carregando sobre os ombros fardos ainda mais densos e pesados, o roteirista, produtor e auxiliar de edição que habita a mente de Pizzolato pontuou uma virada no segmento de séries imprimindo um ritmo lento, sim, mas com conteúdo de sobra para tragar com a força de um buraco negro o telespectador para dentro de seu universo depressivo, onírico e misterioso.

Ao aliar seu primoroso texto com a direção intimista e detalhada de Cary Joji Fukunaga (Não à toa diretor do primeiro longa do Netflix, Beasts of no Nation – AQUI), Pizzolatto permitiu que sua série True Detective derramasse sobre o telespectador uma Louisiana silenciosa, oprimida e ao mesmo tempo opressora em sua atmosfera de cidade caipira sufocada por uma neblina quase ininterrupta, por seus moradores retraídos, por sua vegetação estranha e claro, por um universo de referências diversas, sobretudo as que diziam respeito ao cultuado livro O Rei de Amarelo e toda a mitologia ao seu redor como a cidade de Carcosa, por exemplo.

Além das locações inquietantes, True Detective trazia em cena um elenco estelar fazendo o seu melhor. A dupla de protagonistas, claro, roubava a cena com facilidade extrema, mas o elenco de apoio não deixou em momento algum desnível em relação aos astros Matthew McConaughey e Woody Harrelson que, em seus respectivos dramas pessoais, contaram uma história dentro de outra história durante os oito episódios da primeira temporada da série.

Eis aí outro trunfo do texto de Pizzolatto: histórias sobre outras histórias… tudo contado por um ou mais pontos de vista de modo que o quebra-cabeça, mesmo montado num plano, na verdade seja a forma de um prisma multifacetado que, ao se virar as faces rapidamente se perceberia um pedaço completo e coeso do todo, mas ainda assim um único pedaço, então, girando-se esse prisma como se fosse um tipo de peão é que o todo poderia ser comtemplado a partir da sobreposição das faces do prisma através do movimento acelerado da rotação. Você começa em um ponto, dá a volta completa através do giro, contempla a totalidade se sobrepondo rapidamente e retorna ao ponto inicial para dar outros tantos giros até ter a completude da história formada em sua mente.

Falo isso porque é importante entender a estética de um autor, seus temas de interesse, seus textos e subtextos como uma totalidade. Pizzolatto trabalha sua narrativa em camadas diversas, o fluxo de percepção dos personagens acaba por influenciar a percepção do espectador (no caso da série) e do leitor (no caso do livro). Com uma narrativa de tom intimista e confessional, Pizzolatto dá voz ao sentimento dos personagens através da fala direta e na força da ambientação que ganha vida ao refletir os múltiplos estados de espírito dos que nele transitam.

True Detective já deixava isso bem claro: o mundo é vivo e expõe seus sentimentos assim como as pessoas o fazem, esse mesmo mundo também é um espelho que reflete as energias que emanamos na cor do por sol, no movimento das nuvens, na poeira das estradas, no silêncio das florestas e ruínas. O espaço é um personagem a mais na obra de Pizzolatto que fala e reflete a percepção dos personagens humanos e claro, dá o tom de melancolia e decadência onipresente.

Se os personagens estão cansados, desgastados, fracos ou deprimidos, cada lugar reflete tudo isso: o clima, a cor do solo, a neblina, a poeira do asfalto, o papel de parede de algum motel de beira de estrada… tudo reflete esse fluxo constante de coisas se esvaindo, de percepção latente de algum tipo de memória universal que faz todos nós entendermos quando algo não está bem apenas pela percepção sensorial do que nos cerca. Clima, tempo, espaço, sentimentos… tudo é uma coisa só.

Disto isto, Galveston é Pizzolatto percorrendo quase que passo a passo essas impressões estéticas para contar a história de Roy Cody, matador de aluguel, 1,90m de altura, cabelos compridos, chapéu e botas de cowboy, calça jeans. Qualidades que lhe valeram o apelido de Big Country. Por vezes chamado de cobrador, ou seja, o cara que vai dar aquela prensa escrota e pesada em quem deve algum dinheiro ou favor a um gangster ou mafioso local, no caso o manda-chuva em questão é o polaco Stanislaw “Stan” Ptitiko. Roy descobre que, além do chefe estar tendo um caso com sua namorada, Carmen, seus dias estão contados como “cobrador” por dois motivos: o primeiro é ser portador de um câncer de pulmão em estado avançado, o segundo é que Stan, o chefe, quer Roy fora do ramo e, para tanto, arma uma tocaia para o Big Country.

O que deveria ser uma tocaia para eliminar uma pequena pedra no caminho acaba por se tornar uma pequena chacina reversa. Os assassinos contratados para eliminar Roy são mortos e o matador de aluguel foge… só que o serviço de tocaia era uma jogada dupla: apagar Roy e ao mesmo tempo queimar um arquivo que continha informações importantes sobre as operações portuárias de Stan em Nova Orleans.

Na casa do sujeito estavam duas garotas de programa: Vonda e Rocky… Vonda não voltou a ver a luz do dia novamente, mas Rocky, por um motivo diverso, acabou saindo da enrascada toda com vida e ao lado de Roy, acabou entrando num problema maior ainda e numa fuga ao melhor estilo “road movie“. Fuga essa que Roy empreende em direção a cidade de Galveston, local de seu passado que guardas boas lembranças, sobretudo as de um amor perdido e até hoje latente no coração do surrado “cobrador”.

Durante todo seu processo narrativo, Pizzolatto dá voz ao Big Country. Narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista de Roy, Galveston vai na direção intimista que marca o texto e as obras de Pizzolatto. Temporalmente dividido entre o futuro de Roy e seu passado na ocasião da fuga, o livro muda rapidamente entre esses dois momentos da vida do matador deixando para o processo narrativo apresentado ao leitor a tarefa de ligar os dois pontos: Roy em fuga, em dúvida constante sobre como “carregar” a jovem Rocky consigo de um lado; do outro um Roy envelhecido, cansado, cheio de cicatrizes e cego de um dos olhos se ocultando entre velhos alcoólatras em Galveston…

Entre esses dois pontos do espaço-tempo o matador busca se reconciliar consigo mesmo, ajudar Rocky e sua irmã Tiffany, reencontrar um amor do passado e sair disso tudo ainda um tanto vivo para aproveitar o tempo que o câncer lhe dará. Brilhantemente construído passo a passo, o livro nos guia por uma amontoado de escolhas erradas, pressa, medo, urgência por soluções imediatistas, mas que possam garantir algum futuro nos quilômetros de estrada que estão sempre sendo percorridos para lá e para cá.

Mais do que uma história do matador de aluguel que busca a si mesmo e de algum tipo de redenção, Galveston é um obra sobre o tempo e o espaço, é uma obra sobre pessoas apegadas às próprias histórias e, de certa forma, eternamente ligas ao passado histórico de forma irreversível, situação essa que, ali pelas últimas páginas do livro, o leitor terá compreendido em sua totalidade. A indivisibilidade do ser em relação a um determinado local no espaço que habitou e a um momento no tempo em que viveu…

Mais alto e magro, com cabelos longos, Roy Cody lembra bastante Ray Velcoro da segunda temporada de True Detective
Com um estilo de prosa alternando entre o intimista e o extremamente subjetivo, o texto de Pizzolatto parece um mixe da prosa crua de Cormac McCarthy em Onde os Fracos não tem vez com a prosa intrincada e subjetiva de Antônio Lobo Antunes em Ontem não te vi em Babilônia. Com a diferença que Pizzolatto se reporta muito a um estilo que ecoa suas predileções Noir misturadas com um tanto de Faroeste moderno que pega bem aquele lance “caipira beira de estrada“, com motéis de passagem e bares country servindo cervejas enquanto toca algum folk de fundo (quer algo mais americano que isso?)

O autor também não se furta de usar sua língua ferina para criticar a sociedade como um todo a partir dos vários tipos sociais que cruzam o caminho do Big Country: os pequenos mafiosos, os caipiras do interior dos EUA, as garotas de programa, as velhas senhoras conservadoras, os maridos machistas e covardes, pais ou padrastos que que estupram suas filhas ou enteadas na ausência de esposas promíscuas e relapsas afogadas por casamentos falidos, viciados em drogas em busca de “só mais uma picada”, os pequenos ladrões que alimentam uma cadeia de negócios enraizadas no American Way of Life.

Que fique claro ao leitor desavisado, Pizzolatto não critica esse ou aquele tipo social, o autor apenas usa o expediente de elencar seus atores de forma micro para disparar contra o macro. Não é contra a prostituta que a crítica é feita, não é ao caipira brucutu que a crítica é feita; a crítica é feita contra o sistema social que permite que essas pessoas acabem sendo sufocadas por uma estrutura que não permite saídas viáveis, a crítica é contra a estrutura totalizante em volta de todos nós e que na maioria das vezes acaba jogando às margens todos aqueles sem força para superar a correnteza.

"Conheci caras assim a vida inteira, caipiras idiotas presos a um estado de permanente ressentimento. Torturam animais pequenos, crescem e dão surras de cinto nos filhos e destroem suas caminhonetes dirigindo bêbados, descobrem Jesus aos quarenta anos e começam a ir à igreja e a sair com prostitutas."
(Roy Cady)

Com uma história simples, porém não simplória, narrada em primeira pessoa alternando entre dois momentos cruciais da vida do protagonista Roy Cady, Pizzolatto não entrega uma obra irrepreensível ou perfeita, mas com absoluta certeza seu fluxo narrativo, além de característico, é inteiramente coeso em si mesmo. Você percebe que há uma constante na qualidade textual e que ela está sempre guiada pelo fluxo de percepção dos personagens projetando no ambiente suas aflições e deste ambiente refletindo de volta aos personagens que, por sua vez, rebatem tudo isso de para o leitor.

Mais uma vez percebe-se que é grande a habilidade de Pizzolatto em trabalhar tipos comuns, simples e banais a partir de suas próprias angustias. Ainda assim, mesmo sendo pertencentes aos tipos comuns e banais, seus personagens estão cheios de camadas e nuances históricas assim como qualquer ser humano real. Pizzolato trabalha muitíssimo bem a forma com que seus poucos personagens vão se desenvolvendo e acima de tudo, o modo como vamos nos entrelaçando com suas histórias e os caminhos e escolhas que fizeram. Lá pelas tantas, próximo do final o autor redige uma sequência de ações que beira a angustia para o leitor: o incerto está diante dos protagonistas, a violência é crua, o fluxo de sensações se adensa com as descrições diretas do que está acontecendo e fica impossível não se afligir e se preocupar com o destino daquelas pessoas fictícias já tão sofridas e penalizadas.

Personagens cuja história está acorrentada a um local e a um momento específico no tempo
No fim de tudo, Galveston é uma ode ao fracasso, aos derrotados, aos incapazes de superar suas histórias pregressas e realmente recomeçar suas vidas. Mesmo as poucas boas qualidades dos protagonistas não são motivos para celebração: a beleza da juventude de Rocky não vai durar para sempre, não há futuro na prostituição e nas drogas, Roy está fadado ao temor do câncer a qualquer instante, senão for isso serão os homens de Stan Ptitiko em sua cola, não há futuro. Mesmo os momentos felizes nas brincadeiras das praias da cidade que dá nome ao romance é perceptível o fracasso inerente ao destino daquelas pessoas. Se há redenção, ela parece que não está nas escolhas feitas de imediato, nem nos planos para o futuro.

Galveston não é um livro perfeito, mas reflete facilmente aquele frescor de primeiro livro, aquele escrito sem tantas amarras e afetações e, por isso mesmo, é um livro fluído, ágil, cheio de uma crueldade pouco planejada e dotado de um ritmo narrativo que parece ser montado quase que de um só fôlego. Rápido e imersivo, Galveston é uma daquelas obras que poderia ficar à sombra de True Detective, que seria sempre conhecido como “o livro do criador de True Detective“, eu mesmo padeci desse vício ao começar a ler a obra e quando comecei a escrever esta resenha ainda antes de concluir o livro (foi fundamental registrar algumas impressões da leitura sem conhecer o desfecho dela). No entanto, mesmo percebendo ali no texto tantas recorrências de temas e do estilo narrativo de Pizzolatto, fui fisgado por um livro sensível, por personagens extremamente humanos e por isso mesmo cheio de falhas e escolhas tolas, essa humanização toda foi um ponto alto no material. Lá pelos meados do livro já havia me desprendido da associação com a obra maior do artistas e percorrer o caminho até Galveston se tornou aquele prazer de conhecer algo novo, mas que mantém aquela certa atmosfera de conhecimento e reconhecimento.

Não vou dizer que vai ser fácil sobressair aos holofotes de True Detective quando se trata do público em geral, mas com certeza absoluta Galveston tem méritos de sobra como romance que mistura uma série de outros estilos literários para se compor ao lado dos temas que são caros ao seu autor.

Que Pizzolatto mantenha essa naturalidade e esse frescor narrativo de seu primeiro livro… aguardemos o que as estradas reservam para autor e personagens.


Ficha Técnica e Sinopse
No mesmo dia em que é diagnosticado com câncer no pulmão, o matador de aluguel Roy Cady pressente que o chefe, um agiota e dono de bar que é o mandachuva em Nova Orleans, quer vê-lo morto. Conhecido entre os membros da gangue pelo nada afetuoso apelido de Big Country, por causa do cabelo comprido e das botas de caubói, Roy desconfia de que o serviço de rotina para o qual foi enviado possa ser uma emboscada. E de fato é. Mas consegue inverter os papéis e, após um banho de sangue, escapa ileso.

Além de Roy, só há mais uma pessoa viva no local, uma mulher, e num ato impensado ele aponta uma arma para a cabeça dela e a leva consigo na fuga em direção à cidade de Galveston – uma decisão imprudente e sem volta. A mulher, uma prostituta de 18 anos chamada Rocky, é jovem demais, durona demais, sexy demais – e certamente trará para Roy problemas demais.

Alternando passado e presente, Galveston é um thriller impregnado com o melhor da atmosfera noir. Uma narrativa ágil, permeada de diálogos marcantes e construída com o máximo de tensão, prova do inegável talento literário de Nic Pizzolatto.
(Editora Intrinseca)

Formato(s) de venda: livro, e-book
Tradução: Alexandre Raposo
Páginas: 240
Gênero: Ficção
ISBN: 978-85-8057- 650-4
E-ISBN: 978-85-8057-651-1
Lançamento: 09/06/2015

site: http://www.pontozero.net.br/?p=8189
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Filipe 23/12/2015

O passado não é real. É apenas uma daquelas ideias que você pensa que é real
Galveston é um livro que a princípio lhe vende uma ideia errada. O nome de Nic Pizzolatto, e a questão de frisá-lo (como estratégia de marketing) como um dos criadores da série True Detective (afinal o nome Galveston em si não desperta interesse) além de algumas referencias ao livro como “um grande thriller noir” e coisas do tipo parecem se referir mais a True Detective do que propriamente a esse Galveston, que de fato possui tais elementos, mas como plano de fundo a obra.

“O passado não é real. É apenas uma daquelas ideias que você pensa que é real. O passado não existe, garota”.

Já que na verdade o livro é uma verdadeira de uma porrada do começo até sua última linha. Uma porrada na boca do estômago, diga-se de passagem, escrita de maneira brilhante por um surpreendente Nic Pizzolatto, agora também autor. Mergulhando o personagem central, Roy, em um mundo cinzento da depressão, Pizzolatto faz questão de transformar Galveston em um “road-book”. Tudo está presente: as descrições das estradas, personagens que surgem e desaparecem, mas acima de tudo, uma enorme imersão no mundo de Roy e sua convivência com as diversas situações que aparecem ao seu redor e que devem ser lidadas pelo protagonista.

“Tentei conceber como seria não existir, mas não tinha imaginação para tal.”

Na trama acompanhamos Roy, conhecido como Big Country (por causo de seu cabelo comprido e botas de cowboy) que descobre uma doença terminal em seu pulmão. Neste mesmo dia Roy já começa a relatar as consequências daquela doença em sua vida, como também dos interesses de seu chefe, Stan, que lhe ordena um serviço que na verdade parece uma grande emboscada.
O que de fato acontece, mas Roy consegue sobreviver, e após um confronto sanguinolento, escapa ileso. Além do protagonista só há mais uma pessoa viva no local, uma mulher (Rocky), e num ato impensado ambos acabam fugindo em direção à cidade de Galveston.

Escrito em primeira pessoa, Galveston é suficientemente capaz de despertar uma incrível imersão do leitor ao mundo de Roy. Suas cicatrizes emocionais são a cada página escancaradas e desenvolvidas de forma eloquente por um Pizzolatto absolutamente seguro da história que conta. Um thriller? Porque Roy foi traído por Stan? Porque Rocky estava lá? Galveston insere um tom existencial a um cenário coberto de expectativas, situações cruas e inesperadas e até certo ponto cruéis com o leitor. E uma boa dica que ofereço é procurar saber o menos possível sobre a plote do livro, que neste caso pode estragar boa parte da experiência de leitura e algumas escolhas interessantes da narrativa do autor.

“Ônibus e carros passavam lentamente, e a luz do dia refletia nos vidros e nas calotas. Por trás dos meus óculos escuros, parecia que eu estava no fundo do mar e os veículos eram peixes. Imaginei um lugar bem mais escuro, mais frio, e os peixes se tornaram sombras.”

A cada página nos confrontamos com a ideia central de Pizzolatto: Todos esses questionamentos objetivos pouco importam. O importante do livro é lidarmos com os temores de Roy, seu passado, seu futuro, o imenso peso que este sente em cada passo, em cada dia que se passa. E Rocky, na verdade, surge como uma figura de redenção para Roy, como se ambos dessem as mãos e partissem para uma estrada em busca da salvação conjunta.

Mas afinal o que de fato significa salvação? Sobreviver? Ou viver?

site: www.cinemmaster.wordpress.com
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Silvio 31/12/2015

Nic Pizzolatto ficou famoso pelo roteiro da ótima primeira temporada da série True Detective (exibida pela HBO) e o seu primeiro romance não poderia deixar de gerar altas expectativas.

Não há como negar o talento de Pizzolatto em construir personagens desajustados, envolvidos em tramas ágeis e cruas em que não há mocinhos ou bandidos (assim como culpados ou inocentes). Mas Galveston deixa a impressão de que quanto mais ele quer se distanciar dos clichês das ficções policiais de hoje, mais suas histórias se parecem (demais até) com os romances de seus mestres Raymond Chandler e Dashiell Hammet.
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Victor 07/02/2016

Galveston - Our Brave New Blog
RESENHA COMPLETA NO LINK

"Os personagens são o foco da trama e a relação entre Roy e Rocky (péssimo nome, aliás) é bem feita, complementada pela narração em primeira pessoa feita pelo assassino, que além de deixar você desconfiado da veracidade do relato, joga elementos da personalidade dele furtivamente para poder brincar com a visão que você está tendo através dos olhos dele."

site: http://ourbravenewblog.weebly.com/home/galveston-por-nic-pizzolatto
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Our Brave New Blog 25/02/2016

RESENHA GALVESTON - OUR BRAVE NEW BLOG
Quando vi a primeira temporada de True Detective minha mente mergulhou em diversas interpretações para cada detalhe posto na incrível trama criada por Pizzolatto. Foi algo tão incrível que tudo que eu queria naquela hora era ler a obra que inspira a trama, O Rei De Amarelo, e qualquer outra coisa de autoria do cara, que eu achava que só escreveria coisas geniais.

Foi assim que achei Galveston, o único livro do cara aqui no Brasil. Quem viu a segunda temporada de TD não deve estar achando o Nic essa coca-cola toda mais, e assim como a série, a minha opinião sobre Galveston é a mesma: comparado com a primeira temporada, é uma puta decepção, embora não seja ruim.

A história dessa bagaça é a seguinte: Um assassino de aluguel chamado Roy descobre que tem câncer e no mesmo dia entra numa tramóia louca em que o chefe dele manda o cara para uma armadilha. Só que o cara é muito Jack Bauer e se safa de boas, assim como acaba salvando uma prostituta que tava lá na hora e ambos têm que fugir das garras da máfia do chefe do Roy.

Os personagens são o foco da trama e a relação entre Roy e Rocky (péssimo nome, aliás) é bem feita, complementada pela narração em primeira pessoa feita pelo assassino, que além de deixar você desconfiado da veracidade do relato, joga elementos da personalidade dele furtivamente para poder brincar com a visão que você está tendo através dos olhos dele.

RESENHA COMPLETA NO SITE!!

site: http://ourbravenewblog.weebly.com/home/galveston-por-nic-pizzolatto
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Eclipsenamadrugada 12/09/2016

Nic Pizzolatto esse cara é bom no que faz, alem de escrever divinamente colocando as palavras exatas para cada situação, tudo sai redondinho, e não deixa espaço para previsibilidade, a todo momento temos surpresas excepcionais nada tenho contra sua magnificência. Uma história que não se consegue parar enquanto não acaba. Adorei...
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