Um bonde chamado desejo

Um bonde chamado desejo Tennessee Williams




Resenhas - Um Bonde Chamado Desejo


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Flávia Menezes 18/05/2023

? VOCÊ ME TEM FÁCIL DEMAIS?
?Um Bonde Chamado Desejo?, do dramaturgo estadunidense Tennessee Williams, é uma peça teatral que estreou na Broadway em 3 de dezembro de 1947, e que se manteve em cartaz até 17 de dezembro de 1949, rendendo ao seu autor um Prêmio Pulitzer em 1947.

Foram muitas as adaptações feitas dessa peça, porém a mais famosa foi a do filme homônimo de 1951, dirigido por Elia Kazan, e que concedeu a atriz Vivien Leigh um Oscar de Melhor Atriz por sua interpretação de Blanche DuBois.

Trazendo temas fortes como à loucura, o suicídio, a violência doméstica, o abuso sexual, o alcoolismo e a homossexualidade, que era considerada um verdadeiro tabu naquela época, essa é uma peça considerada um clássico da dramaturgia universal, muito embora seu conteúdo possa trazer alguns desconfortos.

Antes de falar da história, acho importante trazer um pouco dos dramas pessoais da vida de Thomas Lanier Williams III, mais conhecido por seu pseudônimo de Tennessee Williams. Filho de um caixeiro viajante que passava mais tempo longe de casa, ele acabou sendo criado na casa dos seus avós maternos. O avô era um episcopal, e mantinha em casa uma vasta biblioteca, o que foi propício para o jovem Tennessee que por conta de uma saúde debilitada, compensava com as horas que passava ali seu impedimento de não poder ir à escola.

Recebendo uma educação refinada durante parte da sua infância, foi um choque para o garoto quando o seu pai resolveu retornar e arrumar um emprego em uma fábrica de calçados em St. Louis, levando sua família para viver novamente com ele. A vida simples ao lado de um pai amante de bebidas violento e jogador de pôquer, e de uma mãe quieta, porém bastante dominadora com seus filhos, em um apartamento apertado em uma cidade sem atrativos deixou marcas profundas em Tennessee. Especialmente quando a sua irmã mais velha começou a apresentar sinais de um transtorno mental, que a faria agir como uma eterna criança por toda a sua vida.

Anos depois, reprovado pela Universidade do Missouri, ao se mudar para Memphis, no Tennessee, para viver com o avô e trabalhar como biscate, foi que ele passou a acumular experiências de vida antes de receber uma bolsa de estudos da Fundação Rockefeller em 1940. São os seus dramas pessoais, e suas misérias existenciais que o inspiraram a escrever suas peças recheadas de personagens realistas e em situações cotidianas repletas de temas fortes, que fizeram de Tennessee Williams esse dramaturgo de grande sucesso e ganhador de muitos prêmios.

Falar sobre a vida do autor, é também falar de ?Um bonde chamado desejo?, pois as cenas mostram muito dessa experiência de uma vida simples e cheia de desventuras que Tennessee trouxe para o palco, de tudo o que viu e viveu, inclusive um dos seus personagens principais, Stanley (o marido de Stella, a irmã de Blanche DuBois) é o retrato do seu próprio pai.

De fato, Stanley é um personagem bruto, ignorante, insensível, e que após algumas doses de bebida libera todas as suas frustrações com alguma forma de brutalidade ou violência. Incluindo as agressões físicas à sua esposa Stella.

Antes de inserir meu comentário sobre o tema, eu gostaria de fazer um parêntese aqui para dizer que apesar da sensibilidade e seriedade que a questão da violência doméstica traz, é preciso olhar essa peça de 1947 com os olhos do passado e não do presente. Digo isso não para justificar ou amenizar a questão. Até porque não existe uma forma de justificar ou amenizar nada quando se trata de uma agressão física (nem mesmo a psicológica). Mas o que estou tentando dizer é que é preciso deixá-la vir à tona do jeito que ela é, porque existem outros elementos que a acompanham e que precisam ser vistos para serem compreendidos.

Dito isso, eu queria ressaltar que a menos que alguém aqui tenha vivenciado uma agressão física e carregue marcas que fazem com que qualquer introdução ao tema seja um gatilho, não existe qualquer profundidade nas cenas que traga um desconforto. Esses temas mais sensíveis são trazidos de uma forma mais discreta, dando apenas a ideia do que ocorreu.

Isso me fez refletir sobre uma conversa que tive esses dias com a minha irmã gêmea, onde discutimos como no passado os seriados costumavam trazer temas importantes, tais como esse da violência doméstica, porém de uma forma mais leve, e ao final do episódio sempre havia uma resolução do caso (com uma moral da história). Essa abordagem trazia menos desconforto, e ainda assim, promovia a discussão nos fazendo pensar no assunto de forma eficaz.

Na atualidade, esses temas sensíveis são tratados de forma tão nua e crua, expondo a violência em seus tons mais cruéis, que acaba por ter um efeito oposto, e ao invés de sensibilizar, termina por dessensibilizar o espectador. O que igualmente acontece com o excesso de livros sobre terror psicológico e violência. Nessa overdose de exposição à violência, acabamos nos acostumando com ela a ponto de começar a achar que tudo é normal. E por favor entenda: nenhuma forma de violência, seja ela física ou psicológica, deve ser vista como normal!

No clássico ?Footloose? de 1984, uma das personagens principais, Ariel Moore, em uma de suas cenas recebe uma bofetada no rosto pelo namorado enciumado com a proximidade que ela vem mantendo com o garoto novo, Ren McCormack, que resulta em um corte feio que deixa seus lábios sangrando. Já na versão (remake) de 2011, essa foi uma das cenas cortadas.

O que mostra o quanto agredir fisicamente alguém é tratado com muita seriedade nos dias atuais. E ainda assim, é preciso ter consciência de que mesmo com as leis criadas (que são falhas), e muitos outros esforços, o número de casos de violência contra a mulher não reduziu, mas só aumentou. E mesmo que tenhamos em mente a questão de que antigamente muitos casos não eram denunciados, o número de casos de feminicídios na atualidade são muito altos. O que indica que as relações entre homens e mulheres enfrentam muitas crises que precisam ser analisadas mais a fundo para se chegar ao ponto em que possa ver o que está causando tudo isso.

Agora? voltando à peça de Tennessee Williams, existe um ponto da violência doméstica de Stanley que insere outro tema bastante sensível do qual não me estenderei muito, mas quero apenas ressaltar aqui: a relação de retroalimentação entre a violência e a codependência.

Quando o efeito da bebida começa a passar, e Stanley vai se acalmando, em momento algum ele sente o peso de suas atitudes. Ele não mergulha nas consequências dos seus atos, nem na seriedade deles. Mas ele se dá conta de que não pode viver uma vida longe de Stella, sua esposa, porque o amor entre eles realmente existe (menos que inadequado, ainda é amor). O que o faz ficar desesperado para trazê-la de volta a todo custo. E ela? Ela volta.

Existe um jogo de sedução entre o extrapolar de Stanley e a forma como depois ele busca pela esposa como se ela fosse o ar que ele respira. E é aí que a codependência se instaura, e Stella até mesmo justifica os atos do marido para a irmã, Blanche. Rotular uma mulher como ela, como ?mulher de malandro?, é ainda mais perigoso do que se possa pensar. Porque nessa relação absurda, existe o aprisionamento daquele que carrega dentro de si questões muito mais complexas do que só o de aceitar o que não deveria.

Mas como eu disse, é algo profundo e complexo demais para conseguir trazer rapidamente nesta resenha. Por isso é que eu deixo aqui uma dica de um livro que fala sobre o assunto de uma maneira bem simples, chamado ?Codependência Nunca Mais?, da autora Melody Beattie.

Passando de Stella para a irmã Blanche, esta última me lembrou muito a Holly Golightly, a protagonista de ?Bonequinha de Luxo?. Ambas possuem a mesma sensualidade da mulher frágil, desprotegida, bem feminina e que se esconde atrás da máscara da mulher elegante, refinada, com seus vestidos e jóias, para manter longe dos olhares das pessoas com quem convive, um passado vergonhoso cheio de mistérios e traumas.

Tanto Truman Capote quanto Tennessee Williams ressaltam essa excentricidade da mulher como algo atraente, até mesmo sensual, que envolve os homens de tal forma que elas se tornam objetos do desejo masculino. Muito embora, especialmente nesta peça, seja evidente que todo esse comportamento ?exótico? da Blanche venha de um transtorno psicológico que tem em suas raízes situações traumáticas vivenciadas por ela quando ainda era apenas uma adolescente, ainda assim esse desequilíbrio parece exercer uma forma de atração.

O que eu senti enquanto lia, e me vinha à mente a figura de Holly Golightly, é que possivelmente essas mulheres revelavam muito da fantasia masculina da época. Como as pin-up, elas eram mulheres que encarnavam um personagem, cujas características principais era ser extremamente frágil, feminina, porém sempre sedutora, misteriosa.

Elas não eram mulheres reais e normais, que expunham com exatidão o que sentiam ou pensavam. Por isso mesmo que parte desse desequilíbrio era até mesmo sexy, atraente, porque fazia parte da encenação de uma fantasia em que uma mulher poderia até resistir, mas que ao final acabaria sempre cedendo às vontades dos homens. Fosse por bem, ou por mal.

Não me baseio aqui a um estudo profundo sobre o caso, mas é só uma observação, porque Blanche me lembrou muito de Holly Golightly, e acredito fielmente que Truman Capote nem tinha Blanche Dubois em mente, quando desenvolveu uma das personagens femininas mais icônicas que existe.

E também não estou aqui fazendo nenhuma apologia à questão dos homens serem vistos como predadores. Estou falando unicamente do desejo e da atração sexual. Por isso que reforço o caráter de que essas mulheres eram menos reais, e mais um personagem criado para atrair os homens. Porque em momento algum elas são unicamente passivas. Isso precisa ficar bastante claro, porque existia uma troca nesse jogo de interesses e de sedução.

Ler ?Um Bonde Chamado Desejo? foi uma experiência repleta de comoção, mesmo nos momentos mais difíceis, porque como eu disse anteriormente, é preciso deixar que a trama aconteça como deve acontecer. Sem julgar, ou se indignar, para que tudo seja sentido em seu extremo até que se apodere de nós, e possamos fazer parte de cada um desses personagens, sentindo como se pudéssemos ouvir o seu coração bater, tudo o que se passa em cada um deles, antes de tirarmos as nossas próprias conclusões.

Eu não esperava me apaixonar tanto assim pela escrita tão intensa quanto a de Tennessee Williams, mas ao final, eu sentia a vontade de mais, e muito mais mesmo desse dramaturgo que sabia como levar para o palco ?A vida como ela é?.
Emerson Meira 18/05/2023minha estante
Linda resenha Flávia! ???? Achei interessante. Vou colocar na lista de leitura ?


Flávia Menezes 18/05/2023minha estante
Obrigada, Emerson! É uma leitura que vale a pena. Espero que goste!


xoxoanalu 19/05/2023minha estante
eu adorei sua resenha!! amei ler essa peça, e assim que li fui assistir a adaptação! (foi uma experiência incrível). adorei cada parte que você escreveu, e adorei mais ainda que ?comparou? a blanche com a holly (ainda preciso ler bonequinha de luxo, só assisti o filme várias vezes) ?


Flávia Menezes 19/05/2023minha estante
Aaaah Luiza, que bom que você gostou! Essa é uma peça incrível, não é mesmo? E agora você me deixou muito curiosa pra ver o filme! ?? Sobre ?Bonequinha de Luxo?, super te incentivo a ler, porque o filme é perfeito, e tendo visto e já imaginar os personagens como no filme? é melhor ainda!


Ana Sá 20/05/2023minha estante
Gostei da resenha desde o título! :) Obs.: adorei saber da irmã gêmea! ??


Flávia Menezes 20/05/2023minha estante
Ana, obrigada!!! E pois é?tenho uma Cloninha. ?




Carla.Floores 06/12/2023

"O oposto da morte é o desejo."
No berço do blues é onde se passa essa trama, e não poderia ser diferente porque é o próprio blue.
Aquela atmosfera boêmia, de brigas, lutas, bebedeira, música, farra, amargura.
De um jeito sutil, sem deixar nenhum movimento explícito, Tennesse traz à tona assuntos pesados como sexualidade, transtornos psicológicos (até porque o cara estudou psicanálise), solidão, marginalidade, pressões sociais, questões raciais, tabus e outras questões.
"Sua delicada beleza deve evitar a luz forte. Há qualquer coisa em relação às suas maneiras e às suas roupas claras que lembra uma mariposa."
Blanche, que já foi uma menina terna e confiante, foi enganada, ludibriada, abusada e com isso criou um mundo fantástico de como as coisas deveriam ser. Portanto, ao se deparar inevitavelmente com a realidade nua e crua, ela se frustrava ou tentava desesperadamente "fazer de conta" que era de outra forma.
Pra quem a vê sob a perspectiva de Stanley, pode achar que ela é só uma menina mimada, cheia das frescuras, dissimulada, mentirosa, aproveitadora.
Stella finalmente percebe o estado mental da irmã e Eunice (a sensata) a conforta e encoraja.
"A vida tem de continuar, não importa o que aconteça, você tem de ir em frente."
"Eu não quero realismo. Eu quero magia."
"Uma mulher culta, inteligente e de boa educação pode enriquecer a vida de um homem. Beleza física é efêmera. Um bem transitório. Mas a beleza do espírito e a ternura do coração - e eu tenho tudo isso - não se podem tirar, ao contrário, elas crescem."
Assisti ao filme, por acaso, e gostei demais. Não só pela engenhosidade narrativa, que não aprofunda muito em nada mas se mostra tão intensa, como também pela fotografia que é linda, com umas tomadas e closes lindos de morrer.
E depois do fiasco que foi assistir ao filme de "A Leste do Éden" depois de ter lido o livro, pensei que aqui também pudesse ter ficado algo pra trás. Só que não! O filme é extremamente fiel ao livro.
No posfácio do livro há tantas outras peças de Tennesse que se tornaram filme e eu não conhecia, com explicações do pano de fundo da vida de Tennesse em cada criação, o que fez a compra do livro valer ainda mais à pena.
Eduardo1685 06/12/2023minha estante
Cativante! Sem dúvidas entrou na minha lista de leitura.


Carla.Floores 06/12/2023minha estante
Que bom Eduardo! Te garanto, vai te cativar profundamente.


Vania.Cristina 06/12/2023minha estante
Outro autor que tenho vontade de conhecer. Ótima resenha, Carla!


Regis 13/12/2023minha estante
Seu resenha está maravilhosa, Carla! ???
Eu também adorei esse livro e o filme é um verdadeiro primor.


Carla.Floores 13/12/2023minha estante
Vindo de você Regis, sinto-me mais que honrada! Fico feliz que gostou! Tem razão, o filme é excepcional! Eu amo demais!




spoiler visualizar
Rafa 24/06/2013minha estante
Isaah, amei a resenha que você fez, ela é muito boa, tão boa que até me interessei pelo livro, e que não vejo a hora de lelo >///<


Isaah Capriolli 24/06/2013minha estante
kkkk ' obrigado rafa!
que bom que gostou *-*
calma calma, amanhã você vem aqui em casa e eu te empresto o livro.
Saudades já.


Rafa 24/06/2013minha estante
Ok ok >.<
Né >.


Dessa 27/09/2016minha estante
Amei teu comentário, rsrs. Também sempre senti a química entre o Stanley e a Blanche, só que diferente de ti não romantizei a cena em que ele a carrega e interpretei o seguinte: Stanley a estuprou ( oh céus... =( )! Claro que a narração não foi explícita então só nos resta imaginar qual versão foi a verdadeira, se fizeram de comum acordo ou foi estupro, mas como torcia para os dois ficarem juntos prefiro acreditar no que tu acreditou, na primeira opção. =) A propósito, tu já viu o filme? Deve ter visto e se apaixonado ainda mais, claro! =D *_* Marlon Brando lindo, gostoso e maravilhoso na pele do cafajeste sexy e Vivien Leigh divando com todo o seu talento em uma atuação que ganhou o Oscar mais que merecidamente. Marlon e Vivien tiveram química, física, biologia e todas as matérias! ^^ s2


Lukhas.Leal 16/05/2024minha estante
Ele estuprou ela na verdade, não tem nada de romantico nisso




Regis 09/05/2022

Uma peça trágica.
Uma história simples e trágica, que ao fim me deixou melancólica e com um sentimento de impotência.
Os subterfúgios de Blanche, para fugir de sua trágica realidade, as grosserias e brutalidades de Stanley, e a passividade e submissão de Estella me deixaram horrorizada. Esse livro me transportou para a realidade feminina de 1940 e me sufocou com a atmosfera pesada e desbotada de um tempo em que as mulheres ou se submetiam ou acabavam como Blanche.
"A passividade de Estella diante do que foi feito a Blanche me enojou".
Tennessee Williams conseguiu em pouquíssimas cenas me transportar para a sociedade decadente do pós guerra, e me senti sufocar junto com os personagens.
Foi uma ótima leitura. Recomendo.
Cleber 09/05/2022minha estante
O
Adorei a resenha????


Regis 10/05/2022minha estante
Obrigada Cleber. Essa leitura mexeu comigo.


DANILÃO1505 04/06/2022minha estante
Parabéns, ótimo livro




Manuela 25/02/2014

Sobre desejos.
O roteiro de Tennessee Williams foi a minha primeira experiência direta com textos teatrais - não incluindo Shakespeare - e, devo dizer, adorei.

Reporta um espaço de tempo dos personagens, penso que especialmente de Blanche, uma professora de literatura inglesa, a personalidade mais enigmática da trama, cujo nariz em pé impele uma postura de quase repulsa à vida pequena e de poucas posses em que permeia a vida de sua irmã Stella e seu marido Stanley. Stella, por sua vez, é a típica esposa subjugada aos anseios do marido, um homem duro, cujo tom ácido é presente no decorrer de todas as linhas.

No período em que Blanche aparece à casa da irmã, a fim de passar uma temporada de "descanso", nos leva ao seu enigma que reside naquilo que ela diz ser para aquilo que de fato é, e é esse o viés que decorre toda a trama até seu desfecho final.

É o personagem de Stanley o que mais me impressiona. Talvez pela leve vilania, pelo aspecto cru, pela dureza do álcool e da vida. Um homem que não se deixaria ser "passado para trás".

Tennessee cria personagens com personalidades bem construídas, sendo possível perceber, ao longo do fluído texto, as minúcias de cada um. Outras figuras compõem a estória, cuja cena final desponta para uma quase tragédia. Até o momento não sei dizer para que lado do muro desci, creio que apenas entendi que até mesmo a crueldade pode ser poética.

A edição que chegou às minhas mãos, comprada no estante virtual, é de 1976 e se inicia com uma pequena biografia do autor. A partir dela é possível entender a dureza e o olhar cru que ele tem em relação à sociedade. As descrições de Tennessee são relatos cinzas de um mundo e das relações sociais estabelecidas. Especificamente em "Um bonde chamado desejo", meu único contato com o autor, é possível perceber a tristeza e melancolia que emanam dos personagens, cujas características, geralmente, se destoam de qualquer "herói" literário - são quase sempre bêbados, grosseiros, loucos.

É um retrato da vida, sem a coloração rosada dada geralmente pelos romances.

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Há anos "Um bonde chamado desejo" passeia pelo meu imaginário - e, ao fazer a lista de livros a serem lidos para contemplar o mês de fevereiro do Desafio Literário 2014, ele me caiu como luva. Explico. Logo nas primeiras cenas de "Todo Sobre Mi Madre", dirigido por Pedro Almodóvar, Esteban e Manuela vão assistir a essa peça, cujo cartaz, de vermelho brilhante como o próprio diretor, se pinta em uma parede do teatro. O filme é o meu amante desde 1999, ano de seu lançamento, e essa cena, principalmente pelos fatos que se seguem, nunca saíram de minha cabeça.

Apesar disso, não imaginava que gostaria tanto da crueza de Tennessee Willians, da dureza em suas palavras, a exposição de sua visão "da vida como ela é", numa dimensão um tanto quanto Rodrigueana.

Michelle Gimene 25/02/2014minha estante
Estou louca para ler esse livro, Manuela. Sempre tive curiosidade, que aumentou depois que assisti "Blue Jasmine" (que guarda muitas semelhanças com essa obra do Tennessee Williams). O fato de você mencionar o Nelson Rodrigues é mais um indício de que vou gostar. :)


Manuela 25/02/2014minha estante
Ainda não vi "Blue Jasmine" Michelle, tenho um pouco de trauma de Woody Allen - desde... desde sempre, rs - mas está na minha lista de "próximos" antes do Oscar, o que significa dizer que ESSA SEMANA! Eu gostei muito do livro, mas do que imaginei que gostaria, e é leitura de poucas horas.




Maiara.Alves 21/06/2021

Fazia tempo que eu não pegava uma peça de teatro para ler. Quando terminei de ler "Um bonde chamado desejo", do autor estadunidense Tennessee Williams (de uma tacada), lembrei de como é agradável acompanhar o ritmo das composições para o teatro.

Blanche DuBois, moça refinada, filha da aristocracia decadente do Sul dos Estados Unidos, vê-se no desamparo e é obrigada a ir morar com a irmã Stella que é casada com Stanley Kowalski, um operário grosseirão, num bairro pobre de New Orleans.

O desenvolvimento dos personagens é o ponto forte do livro, e há um clima de tensão que permeia o livro todo. O passado de Blanche vai vindo à tona simultaneamente ao acirramento das diferenças conjugais.

É uma peça belíssima e muito bem escrita que merece ser lida. Recomendo muito.
Cristian 28/06/2021minha estante
Muito boa a sinopse, parabéns!


Maiara.Alves 29/06/2021minha estante
Obrigada!




17/09/2009

Não gostei
Pelo que ouvi falar deste livro me decepcionei bastante, é uma leitura boba, achei ele muito vago. Uma mulher que derrepente aparece na casa de sua irmã, sendo que nunca tinha ido nem visita-lá depois de casada, vai ficando na casa dela e se mostra cheia de problemas. Critica bastante e se desentende com o marido de sua irmã, não sai muito disso. Achei um tanto chato.
Syl 01/02/2012minha estante
Lô, você deveria tentar ler de novo. A sua percepção foi rasa e não atigiu ao simbolismo contido por trás daqueles personagens.




Giovanna1533 19/07/2023

Sou apaixonada por essa peça, li no meu curso de artes cênicas e tive o prazer de interpretar a Blanche. Todos os personagens são complexos e cativantes, eu amo muito essa história, apesar de não ter um final feliz é uma literatura obrigatória para amantes e estudantes de teatro.
Sua amiga 11/02/2024minha estante
queria ter feito teatro, q legal q vc pode ter essa experiência?




Aline 17/02/2010

Personagens ótimos...
A história é interessante, mas o que realmente me chamou atenção nesse livro (ou melhor, nessa peça) foram os personagens. Cada um deles, principalmente Blanche e Stanley, foram muito bem construídos.

Gostei.
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Gabriela2968 23/03/2024

Surpreendente
Demorou um pouco para entender do que se tratava a história e para me engajar, mas a partir da metade ela engatou super bem!
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Juliana 31/08/2012

Um Bonde Chamado Tabu
Li numa tacada só, já que a obra mais prestigiada de Tennessee Williams é terrivelmente envolvente e bastante breve. Essa edição da L&PM acerta muito em estampar Marlon Brando na capa, afinal tanto Kowalski é lembrado por conta da grande atuação de Brando no teatro e no cinema, quanto Brando fez-se conhecido por tal papel - tornando-se, então, um sex symbol. Escrita no fim dos anos 40, a peça é pioneira por vários motivos, abordando temas que eram gigantescos tabus como homossexualidade, violência doméstica e o desejo sexual feminino. Com crueza, destrói quaisquer vestígios do sonho americano. Blanche simboliza as ilusões de uma aristocracia falida, enquanto Kowalski traz à tona a brutalidade sensual dos novos tempos. As cenas finais carregam uma crítica incisiva e - infelizmente - atual. Uma obra eterna.
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José Mailson 19/02/2013

Um Bonde Chamado Desejo, de Tennessee Williams [Cooltural]
Há algum tempo atrás, conversando com uma amiga eu tomei conhecimento sobre essa maravilhosa obra-prima. No entanto, nunca havia tido a oportunidade de lê-la. Um belo dia, num “livro secreto”, o meu presente foi este livro do qual falo, o qual passou imediatamente a ser um dos livros mais ansiados a ler. Não perdi tempo, li-o no dia seguinte, num único gole – como diz um colega.

Tennessee Williams tem uma escrita de fácil leitura embora possua um refinamento encantador, o que torna fácil reconhecer o caráter das personagens. Sua escrita contribuiu para as adaptações de suas peças ao cinema. Um Bonde Chamado Desejo é um dos mais famosos, pois trás junto consigo a imagem do Marlon Brando, em uma belíssima atuação. O autor ainda é conhecido por obras como Uma Rua Chamada Pecado, A Rosa Tatuada e Gata em Teto de Zinco Quente, junto com suas adaptações cinematográficas.

Leia mais e comenta: http://wp.me/pCGut-Ee
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Jeff80 28/05/2014

Uma obra brutal que beira sensualidade a insanidade.
Comecei esse livro sem expectativas, mas logo nas primeiras páginas fui submerso na trama. Todas as cenas (é uma peça teatral) se passam na pequena casa alugada de dois cômodos de Stanley e Stella, que vivem uma típica vida comum da classe operária americana dos anos 40/50, onde o patriarca é o chefe da casa e a mulher é submetida as regras dessa sociedade. Mas quando Blanche, irmã de Stella, chega quase que inesperadamente de mala feita e decidida a ficar, toda a vida do casal muda, pois, Blanche, uma mulher independente e com um passado obscuro não aceita as regras de Stanley e confronta toda sua virilidade. Ora achamos que ambos estão flertando, ora achamos que vão simplesmente se matar. Stella, fica no meio do fogo cruzado e a principal vítima dessa pequena guerra. No começo do livro, achei que a história iria tomar um rumo "sexual", pois Stanley é um homem rude e viril, dono de seu próprio mundo e Blanche uma mulher misteriosa e desinibida, e pensei que já tinha matado o final, mas a partir da metade a estória toma rumos surpreendentes que beiram a brutalidade, sensualidade e a loucura. Para quem gosta de histórias realistas sem maquiagens e fantasias, esta obra é perfeita. Um livro pequeno, mas que em todas suas páginas nos dá a certeza de que estamos dentro desses cômodos, ora amando ora odiando seus personagens que se materializam a nossa frente. Leitura mais que recomendada.

site: alicenascorrentes.blogspot.com.br
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Shirlei.Stachin 04/01/2016

Um Bonde Chamado Desejo
Um bonde chamado desejo é o retrato de uma sociedade decadente, personificada por Blanche DuBois, uma bela mulher que volta para a casa da irmã por não ter mais para onde ir. À beira da loucura, traumatizada e sofrida, ela entra em confronto com o mundo rude e viril do cunhado, Stanley Kowalski. Essa tensão, estabelecida entre o refinamento e a brutalidade, mostra uma família em ruínas num mundo conflituado, sem lugar para o amor e para a sensibilidade.
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