Márcia 03/10/2010Longas caminhadas regadas a chá.
É no título que se resume esse livro. "Solstício de Inverno" poderia ter sido escrito na pequna cidade esconcesa que ilustra, tamanha a familiaridade que a autora parece manter com o lugar.
Rosamunde Pilcher possui uma maneira delicada e minuciosa de escrever - como se houvesse passado anos a fio da sua vida aprendendo, pois, diferentemente de em "Os Catadores de Conchas", essa característica não me pareceu tão natural.
O livro é na verdade, um primor para leitores pacientes e sensíveis para com histórias passivas.
Em Solstício de Inverno Rosamunde cria vários personagens, cada um com uma vida distinta dos outros e que, a priore, nada têm em comum - a não ser algum parentesco muito distante, no caso de alguns. Essas vidas, comuns, com algumas cicatrizes curadas ou doloridas ainda, outra com uma ferida aberta recentemente, jovens, adultos, idosos, se veem empurrados por um motivo ou outro para um mesmo lugar: uma casa antiga, abandonada a muito tempo numa pequena cidade nos confins da Escócia. Junto com o gelo que cobre Creagan, os sentimentos são postos a prova e as barreiras derretem.
Um resumo simples, visto assim, lindo.
Os personagens possuem, apesar de algumas trajédias, no todo, vidas comuns. São pessoas comuns passando por coisas comuns. Logo, o livro é comum. A sensação de quando se está lendo, é de estar parado no tempo, sem emoções. É possível se afeiçoar aos personagens - que são cativantes e reais -, apenas isso. O livro não tem grande emoção; não surpreende; não leva o leitor além das dunas escocesas.
A sensação é de estar parado no tempo, num lugar lindo, gelado e com barris de chá.
Não é perda de tempo ler histórias calmas, ganhar experiência através das vidas comuns de personagens bem-feitos e reais.