Pri | @biblio.faga 24/01/2020
Confesso que estava apreensiva em me aventurar nas terras desconhecidas do imaginário do brilhante Gabriel García Marquez, não porque eu duvidasse de sua mais que reconhecida genialidade, o medo era não estar a par da tarefa, mas o desafio literário veio muito bem a calhar, inclusive porque satisfez a minha imensa curiosidade de conhecer esta obra, decorrente do fato do livro ter sido enviado pela TAG em dezembro de 2015 - curadoria de Suzana Herculano-Houzel.
Sobre o livro:
Em 1992, em Cartagena das Índias (Colômbia), Gabo concluiu a obra “doze contos peregrinos”, e no prólogo, nos comunica que as histórias reunidas nesta obra – escritas, perdidas, descartadas, encontradas e reescritas ao longo de 18 anos, portanto, peregrinas – têm como tema comum a presença de um personagem latino-americano vivendo em território europeu.
A escrita de Gabo é simples, acessível, mas também magistral, de um brilhantismo e fluidez invejáveis.
Você não lê os contos, você os devora, e eles ecoam em você, por exemplo, você nunca mais esquecerá os ventos evocados pela palavra “tramontana”, rs.
Além disso, a intimidade com que narra chega a ser desconcertante; admito que me vi compelida a pesquisar a veracidade dos acontecimentos e a existência dos personagens, especialmente nos contos em que a narrativa é em primeira pessoa – característica que apenas associava ao escritor argentino Jorge Luís Borges.
Outro ponto que me chamou atenção foi à voz dada aos indivíduos mais velhos (como nos contos “Maria dos Prazeres” e “Dezessete ingleses envenenados”), destruindo, portanto, a leda crença de que os “mais vividos” não têm mais nada interessante a se viver.
Destaco, por fim, os meus contos favoritos: “A Santa”; “Me alugo para sonhar”, “Só vim telefonar”, e "O rastro do teu sangue na neve".
Recomendadíssimo!
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