Ilusões perdidas

Ilusões perdidas Honoré de Balzac




Resenhas - Ilusões Perdidas


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Lucas 24/03/2018

Perdendo-se em Paris: A hipocrisia e a futilidade de uma sociedade em mudança
Victor Hugo, Alexandre Dumas, Jules Verne, Émile Zola, Marcel Proust, Henri-Marie Beyle (Stendhal)... Em pouco mais de um século (entre o final do século XVIII e o início do século XX), a França produziu para o mundo esta coletânea de autores históricos, só citando os principais. Mas dentre todos estes há ainda um que não foi citado, justamente porque o seu nome e a sua obra devem ser direcionados a um plano superior. Trata-se de Honoré de Balzac (1799-1850), o autor da maior descrição de uma sociedade feita com bases literárias, a chamada A Comédia Humana.

Oriundo de uma família com boas condições financeiras, Balzac sempre concebeu a sua literatura como algo que direcionasse o olhar crítico para grandes problemas da época, especialmente os relacionados à moral e aos costumes. Tendo vivido durante o período da Restauração Francesa (de 1814 a 1830, com o retorno da Monarquia dos Bourbon), ele pode constatar in loco as mazelas de uma sociedade que se baseava na ostentação e nas fortes desigualdades sociais. Toda a obra do autor possui esse tipo de escopo narrativo, de uma forma mais acentuada ou não: Eugénie Grandet (1834), O Pai Goriot (1835) e A Mulher de Trinta Anos (1842) são alguns dos trabalhos famosos de Balzac que tratam, respectivamente, de questões como avareza, valores familiares e importância do casamento.

Esta prática é um dos pontos que o diferencia dos seus contemporâneos literários franceses. Sem se ater ao romance puro e simples, Honoré usava sua escrita, fundamentalmente, para desnudar uma sociedade corrompida, marcada por rotulações e jogos de interesse escusos. Não que os outros autores mencionados não fizessem isso: Victor Hugo (que era amigo próximo de Balzac, tanto que Ilusões Perdidas foi dedicado a ele) detalha como poucos o caráter da miséria e das desigualdades, em seu inesquecível Os Miseráveis (1862), fazendo de uma forma romanceada o que Balzac faz de uma maneira mais crua. A diferença é que Hugo descrevia toda uma sociedade e suas mazelas com um viés que servisse para a redenção dos seus personagens, ao passo que Balzac tinha como preocupação expor e detalhar essa sociedade em suas fraquezas e contradições, sem se ater à eventual necessidade de um desfecho moralizador ou não. A comparação entre os dois, contudo, deve se restringir apenas a estes detalhes mais rasos. Os estilos narrativos são totalmente diferentes: Balzac era mais pontual em suas digressões, tinha uma escrita mais arrastada e com traços naturalistas e fornecia um ângulo psicológico bem completo, característica essa que será comentada mais a frente.

Um segundo ponto que coloca Balzac num patamar especial em relação aos outros grandes autores franceses foi a sua extensa produção literária, capaz de fazer com que ele "enfileirasse" livros e obras menores sucessivamente. Quando tinha por volta dos trinta anos de idade, e já com uma infinidade de trabalhos publicados, ele resolveu que iria agrupar todos os seus romances, os já publicados e os que seriam produzidos dali em diante, em uma única obra, A Comédia Humana. Acabou virando uma "enciclopédia" da França, que detalha a sociedade do país no século XIX em vários segmentos (estudos de costumes, cenas da vida privada, cenas da vida provinciana, entre outros). O resultado disso foi uma obra colossal, de 95 romances e outros trabalhos menores que não foram concluídos antes de sua morte. Ilusões Perdidas (lançado em partes, entre 1837 e 1843) assume um papel central dentro d'A Comédia Humana porque é o romance mais extenso da vida literária do autor, bem como um dos seus mais famosos. Sua extensão, todavia, não é meramente física: Balzac aqui fez demonstrações detalhadas da psicologia dos personagens, o que é outra característica que o diferencia dos outros autores mencionados e faz da obra um livro longo e profundo.

Ilusões Perdidas, cuja história se passa nos primeiros anos da década de 1820, se debruça sobre a trajetória do poeta e cronista Lucien de Rubempré, que deve ser encarado como um dos protagonistas d'A Comédia Humana, como o leitor perceberá. Era um jovem promissor que vivia em Angoulême, pequena cidade francesa distante cerca de 500 quilômetros de Paris. Irmão caçula de Ève, ambos órfãos de pai, era ambicioso, muito estimado pela irmã e pela mãe, compondo uma família com várias dificuldades financeiras. Enquanto frequentava o liceu da região (escola que hoje equivale ao Ensino Médio), acabou construindo uma boa amizade com David Séchard, o primeiro personagem a ser descrito em detalhes na obra. Séchard acaba "herdando" a tipografia do pai (dono de uma avareza assustadora) e com isso traz Lucien para trabalhar com ele em seu empreendimento. Logo de cara, o leitor percebe a força que a avareza e a ambição possuem quando são elementos que definem a essência de um indivíduo. Não se respeitam valores morais e laços familiares: tudo é válido para que se conquiste uma posição social superior ou um acúmulo exagerado de riquezas.

Dentro desse olhar mais nefasto que a narrativa provoca, é importante que se cite a respeito da Sra. de Bargeton, figura feminina mais execrável de Ilusões Perdidas. Rica e fascinada por artes poéticas, ela e Lucien acabam se aproximando, o que causa no protagonista um deslumbramento que o faz abandonar os valores morais que possuía e que já eram frágeis. No entanto, por viverem no interior, distante dos "costumes parisienses", a paixão mútua pela poesia que ambos sentiam não podia ser compartilhada ao contexto em que viviam, o que, junto com outros fatores interessantes, acaba por conduzir todo o núcleo narrativo da história para Paris, a partir da segunda parte da obra.

Assim, nesta primeira parte Balzac delineia os principais traços do livro: a contraposição entre interior x cidade e a força que aspectos abomináveis como ambição, cobiça, luxúria e arrogância possuem para degradar o caráter de um indivíduo. Lucien, que antes da Sra. de Bargeton tinha o sobrenome do pai, Chardon, adota informalmente o sobrenome mais nobre da mãe, de Rubempré (o "de" nos sobrenomes era sinal de nobreza). É ridicularizado por isso, o que aguça o seu desprezo contra os que o rodeiam. Ao se ver como alguém superior, que é incompreendido por uma sociedade "atrasada", vê em Paris a possibilidade de ser bem-sucedido em qualquer campo literário (poesias, crônicas, peças teatrais, etc.). E o título do livro já é bem claro no que diz respeito ao desfecho desses projetos que Lucien mantinha.

No contexto parisiense, é desnecessário detalhar toda a trajetória de Lucien, a fim de que se evitem spoiler's: vários personagens surgem, exercendo diversos tipos de influência sobre o protagonista (vale citar Daniel D'Arthez e Étienne Lousteau, que viram amigos de Lucien). Balzac acaba conduzindo a sua narrativa para um campo na qual ele era muito íntimo: a impressão de jornais e livros, na qual o autor chegou a trabalhar durante a sua vida. Mas ao fazer isso, não se atém apenas às meras questões técnicas que envolvem a publicação de uma "folha": ele adentra em meandros muito obscuros que ressaltam a influência que o dinheiro e status social possuem em notícias diversas, bem como em crônicas e críticas teatrais e literárias, que é onde a narrativa mais se desenrola. Até mesmo Lucien, já desinibido no que diz respeito ao conflito ambição x valores morais, mas do alto da sua ingenuidade, se assusta com os acordos e trocas de favores escusos que a imprensa da época era capaz de endossar. Naquele tempo, a mídia (não neste conceito, mas dentro da mesma lógica) já era vista como uma poderosa ferramenta, capaz de destruir reputações ou idolatrar demônios. E fazia isso alimentada por favores financeiros. Em um tempo atual onde se discute tanto a idoneidade do que é noticiado nos mais diversos meios, o autor acaba ressurgindo com força.

Ao descrever com detalhes a vida do provinciano Lucien na maior metrópole da França, Balzac recorre a uma minuciosa análise da consciência do personagem, em seus momentos de dúvida, revolta e desespero. Aqui, o leitor apaixonado por literatura clássica se deparará com pequenos traços niilistas que Fiódor Dostoiévski (1821-1881) tão bem exploraria cerca de três décadas mais tarde, em obras como Memórias do Subsolo (1864) e Crime e Castigo (1866). A incerteza, aliada a uma descrença geral, faz com que, em momentos muito breves, Lucien passe por momentos de confusão e contradição. Não é errado dizer que Dostoiévski levou isso em conta nas suas obras pós-prisão, já que é sabido que Honoré lhe provocou certa influência em sua vida como escritor. Mais que a semelhança com o autor russo, contudo, percebe-se em momentos pontuais uma grande carga narrativa de naturalismo, o que acaba sendo o principal ponto de diferença entre Balzac e Victor Hugo.

Todo este caráter de afronta à moral e aos bons costumes acaba conduzindo à secular questão da corrupção, que não é um mal exclusivamente brasileiro e existe desde os primórdios do homem racional. A verdade que fica é que Balzac concorda com a tese de que a corrupção é apenas uma consequência de uma série de outras práticas, íntimas ou não, que, quando realizadas com naturalidade, provocam uma corrosão social capaz de derrubar o que se entende por moral e honestidade. Tudo começa quando o indivíduo é imbuído de males universais, como a arrogância, a renegação a familiares, ao esquecimento de sua origem, ao ódio, a vitimização exacerbada, a eterna sensação de estar sendo incompreendido pelo mundo; mas também deriva da burocracia exagerada, de um judiciário que atende apenas a interesses financeiros, de alianças obscuras entre ricos e ambiciosos... Estes e outras dezenas de aspectos, fielmente citados na obra, constroem a pessoa que corrompe e se deixa corromper. Assim, Balzac faz entender por meio de exemplos que a corrupção nunca será extirpada de qualquer sociedade, e que ela é dirimida de baixo para cima e de dentro para fora, e não o contrário.

Ilusões Perdidas é um romance que sintetiza bem todas essas questões morais, relacionadas especialmente a uma sociedade hipócrita e vaidosa. É, por isso, um livro que ajuda a desnudar uma França que não pode ser apenas resumida pela sua formidável capital: o seu interior abriga estas mesmas frivolidades, mas também guarda em seu leito belos exemplos de bondade e inocência (coisa que chega a irritar, especialmente o núcleo familiar de Lucien). Ao dissecar o interior de sua pátria, Balzac conferiu à posterioridade uma obra de validade universal, cuja narrativa soará atual para todo o sempre: um livro sobre a crua e imutável realidade social, onde quase sempre não há espaço para contos de fada e finais felizes.
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Isabela Capetti 02/02/2018

"Um grande escritor é um mártir que não morrerá"
Balzac é bem descritivo em relação aos lugares e personagens, então o livro é bem extenso. Não é uma leitura rápida e nem para iniciantes. Para compreender a profundidade dos diálogos, que são muito interessantes, é necessária uma certa maturidade do leitor e capacidade reflexiva. Acompanhar a trajetória de Luciano de Rubempré, como cada ilusão foi sendo perdida e como a personalidade do jovem poeta não não permite que ele aprenda as lições da vida, nem acredite nos conselhos dos amigos, é uma atividade interessante para refletir sobre o comportamento humano.

Segue um dos trechos mais interessantes dentre os vários questionamentos sobre talento que há no livro:

"O talento é uma entidade moral que tem, como todos os seres, uma infância sujeita a várias doenças. A sociedade repele os talentos incompletos como a natureza eliminas as criaturas fracas ou mal conformadas. Quem se quer elevar-se acima dos homens deve preparar-se para a luta, não recuar, diante de dificuldade alguma. Um grande escritor é um mártir que não morrerá."
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Tecocesar 27/05/2017

Uma obra prima.
Quando terminei de ler, achei que o livro havia sido escrito mês passado. Quem não conhece alguém iludido, sonhador e ingênuo como Luciano? Que acha que tudo vai dar certo? que obterá o sucesso tão logo comece a produzir? Todos os personagens são facilmente ligados a pessoas que conhecemos.
Luciano é aspirante a escritor e a poeta. Conhece uma linda mulher da sociedade e eles se apaixonam?. Entretanto, a moça é casada e de "casta" superior a de Luciano. Uma fofoca da relação entre eles é disseminada e surge a oportunidade de ambos viajarem a Paris, para que a moça invista na carreira de Luciano e eles possam viver uma vida de amantes. E é aí que as ilusões começam a se perder.
A história pode ser contada de forma detalhada ou resumida. Não importa. É impossível em uma resenha ilustrar a escrita de Balzac, a forma como ele descreve o desprezo, a ganância, o ego, a esperança, e os outros sentimentos,
são incomparáveis.
Sugiro uma edição que tenha notas de rodapé escritas por Paulo Ronai. Balzac faz diversas referência a outros autores e a outros personagens da Comédia Humana, e, com as explicações de Paulo Ronai, fica mais fácil de entendê-las.
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Gláucia 21/04/2017

Ilusões Perdidas - Honoré de Balzac
As 3 partes que formam essa obra foram publicada originalmente como 3 livros diferentes entre os anos de 1835 a 1843 e nesse ano essas partes foram reunidas num único livro.
A primeira parte (Os Dois Poetas) começa em Angouleme província francesa e seremos apresentados ao protagonista, o jovem Lucién Chandour de Rubempré e seu amigo David Séchard, tipógrafo. Lucién é poeta e sonha brilhar como grande escritor mas percebe que a província não abarca tanta grandeza. Bancado pela mãe, irmã e seu amigo vai para Paris a fim de iniciar sua busca por um lugar ao sol. Essa primeira parte tem como foco a vida de David, tipógrafo sonhador sem nenhum tino para os negócios que já começa endividado por um contrato totalmente desvantajoso proposto por seu avarento pai.
Na segunda parte (Um Grande Homem de Província em Paris) acompanharemos a trajetória de Lucién em Paris e temos aqui um retrato magistral da sociedade parisiense e seu jogo de vaidades e de interesses. Torna-se amigo de um grupo de poetas idealistas chamado Cenáculo, escritores que sonham com uma literatura pura, onde descobre que o caminho para o sucesso será longo e áspero. Resolve encurtar o caminho e, numa espécie de traição torna-se jornalista o que é tratado praticamente como uma prostituição de seus ideais, de seu talento. É o começo do fim.
Balzac descreve todo esse submundo em todos os aspectos e todas as carreiras envolvidas num eterno e cruel tráfico de influências, troca de favores onde Lucién passa a ser simples peça de manobra.
Na terceira parte (Os Sofrimentos do Inventor) Lucién, totalmente derrotado pelo rolo compressor da sociedade parisiense, retorna para Angouleme a fim de compartilhar a miséria na qual se encontra sua família e seu amigo David e para a qual ele contribuiu fortemente.

Já estou quase na metade desse monumento literário que se chama A Comédia Humana e esse aqui foi o melhor que li; fui tomada do início ao fim por essa narrativa cheia de amargura e desilusão. Balzac on the fire com o meio jornalístico. Nunca mais lerei uma crítica literária sem um mínimo de desconfiança.
Marta Skoober 21/04/2017minha estante
Boa resenha, Gláucia!


Gláucia 21/04/2017minha estante
Marta vice lei esse?! Excelente!!


Gláucia 21/04/2017minha estante
Marta você leu esse?! Excelente! Obrigada ?


Marta Skoober 21/04/2017minha estante
Li, gostei bastante. Mas não para a galeria de favoritos.
Adorei sua resenha!


Gláucia 21/04/2017minha estante
Obrigada Marta! O livro me inspirou, não tem como sair ruim


Aécio.Paula 26/04/2017minha estante
Fazendo releitura. Muito boa a resenha, parabens




Theodoro.Rusenvar 26/01/2016

Um livro inesquecível
Não se pode ler Balzac sem antes ler sua obra prima. Se isso ocorrer, não teremos ideia da real genialidade desse autor francês do século XIX, discípulo de Walter Scott e um dos criadores do naturalismo/realismo. Esta obra é obrigatória a todos aqueles jovens sonhadores que almejam o sucesso literário. O livro mostra a história de um jovem poeta e as facetas do desejo do sucesso megalomaníaco, assim como suas consequências. A inocência, o amor platônico, os desejos pueris e os golpes do destino que atingem aqueles que não estão preparados para lidar com qualquer tipo de sucesso. O livro começa lento e cheio de detalhes, mas ele se liberta na sua metade e a leitura flui fantasticamente.
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Felipe 15/06/2015

Minhas impressões

A história que é dividida em 3 atos, conta com David que herda de seu pai avarento sua tipografia num contrato duvidoso, e casa com Eve irmã de Lucien. Esses tres personagens são os centrais da trama. Enquanto David vai em busca de menos custo para fabricar o papel, Lucien é um jovem poeta sonhador que procura nada mais que um lugar ao sol, e para isso é preciso começar de algum lugar, então ele conheçe a aristocrata a senhora de Bargeton e por ela se apaixona. Com mil promessas de um futuro melhor, a segunda parte do livro mostra Lucien se mudando para Paris e então começam as iluões do jovem poeta.
O livro fala sobre como a pessoa vale pelo que tem e não pelo que é, o famoso dito popular "Quanto é ou vale?" E constantemente somos avaliados pelo "povo" vamos assim dizer, além de avaliar o que tem, também é observado os trajes que usamos, se são de grife e se estamos usando corretamente. Não basta só ter uma roupa de marca tem que saber usar.
Não parece ser novidade para ninguém, mas como o autor descreve é de um realismo impressionante, pois para o personagem Lucien poder se destacar dentre os demais, ele é jogado num emaranhado de intrigas, conspirações. O que talvez vá incomodar o leitor são a variedades de personagens, mas tudo há uma razão de ser, todos tem seus interesses e para consegui-los eles não pensariam duas vezes em ter de passar por cima, principalmente de alguém inexperiente como Lucien.
E finalizando a terceira parte fala sobre os sofrimentos de David e sua tipografia não muito diferente de Lucien, os seus concorrentes querem acabar com seu negocio a qualquer custo e não mede esforços até ve-lo destroçado completamente. Enfim é basicamente isso, para que voce tenha "um lugar ao sol" é preciso ter posses, riqueza, ter influencia, e ser influente, a fim de que se tenha um destaque para que se possa sobreviver a essa sociedade cheia de artimanhas.
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Caroline 13/06/2015

As ilusões perdidas de Lucien
O "Ilusões Perdidas" veio parar em minhas mãos por um acaso. Nunca havia pensado em ler Honoré de Balzac e confesso que as quase 900 páginas da obra me causaram um certo espanto, justamente por ser um terreno desconhecido.
Balzac é bastante descritivo e me fez conhecer o espírito de cada personagem. A forma com que ele mostra alguns sentimentos - a ambição, o desejo, a corrupção, a inveja, entre outros - conduz toda a história. É envolvente.
Tudo se passa na França do século XIX. Lucien Chardon é um jovem sonhador. Na província de Angoulême, onde vive, é considerado um rapaz de espírito, digno de admiração. Sua mãe, sua doce irmã, Ève, e o seu amigo David Séchard acreditam em seu talento e se sacrificam para que Lucien cresça. É em Angoulême que Lucien conhece a senhora de Bargeton e por ela se apaixona. Aqui cabe um adendo: se apaixona também pelo status que ela lhe proporciona. Ela, encantada pelo rapaz, o leva para Paris, a fim de respirarem novos ares.
Em Paris, tudo muda. Lucien é ofuscado pelos outros rapazes da cidade. E é a partir de então que o jovem Lucien trava uma batalha para se destacar e sobreviver na sociedade parisiense. O rapaz tenta publicar suas obras e percebe que não é tão fácil se destacar no meio literário. Persuadido, acaba entrando no universo do jornalismo onde artigos não são mais do que mercadorias. Os hábitos dos parisienses, por sua vez, também são moldados conforme as circunstâncias
É incrível como podemos relacionar uma obra que começou a ser escrita em 1830 com as relações sociais de hoje. A descrição da sociedade parisiense (e provinciana também) de Balzac é um prato cheio para todos os que vivem nessa sociedade cheia de artimanhas.

site: vivendo-o-dark-side.blogspot.com
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Cinti 22/02/2015

Como perder as ilusões em Paris!
Nossa história começa com o velho e avarento Séchard, que na volta de seu filho de Paris, onde tinha ido estudar, resolve se aposentar e cuidar de suas vinhas numa casa no campo. Mas avarento como é usurpa o direito do filho sobre a herança deixada pela mãe e passa sua velha tipografia já quase falida para o filho num regime de sociedade, onde só o pobre David trabalha e tem que repassar ao pai uma parte.
David é um jovem de coração grande que perdoa todas as doidices do pai vendo nele apenas um velho cansado e analfabeto que fez todo o possível para educar o filho. Muito agradecido leva uma vida difícil tentando manter a tipografia que tem uma concorrente muito forte, mas que sem ele saber o mantém mesmo capenga para não ter uma outra concorrência mais dinâmica e criativa de um novo dono.
Um dia David conhece um jovem poeta de nome Lucien Chardon e além da grande amizade que nasce entre eles David acaba por apaixonar-se pela irmã de Lucien, a adorável Éve Chadon. Lucien muito mimado por sua mãe e sua irmã tinha como pai um boticário que já havia morrido e do qual tinha muita vergonha porque não tinha procedência nobre como a mãe que era uma Rubempré. Esse jovem ambicioso tinha por ideal ascender na sociedade e adquirir o direto de fazer parte da nobreza.
Então viu essa oportunidade surgir quando apaixonou-se pela Sra. de Bargeton, que apesar de casada tomou Lucien como seu protegido. Porém Lucien tinha um inimigo desconhecido, du Châtelet também apaixonado por Louise, a Sra de Bargeton. Du Châtelet fará de tudo para afastar Lucien e armará uma situação escandalosa para tentar separá-los. Contudo Louise que não é boba nem nada, manda o marido para a casa do pai em uma fazendo próxima e se manda pra Paris, deixando um bilhete para Lucien encontra-la no meio do caminho e viverem seu grande amor na capital. No entando Du Châtelet que cuidou para que ninguém desconfiasse da armação do escândalo, se faz de amigo do casal e também vai para Paris. Lá ele faz questão de mostrar o quão diferente são os mundos de Châtelet e Louise do de Lucien o que faz com que ela comece a desdenhar do pobre jovem. Lucien também não fica para trás vendo que há mulheres e senhoras mais bonitas, elegantes e poderosas que a Bargeton. No entanto é Louise que aconselhada por Châtelet coloca Lucien de escanteio.
Lucien se sente traído e acaba ficando na miséria em Paris. Para sobreviver ele vai tentar vender suas obras. Nesse meio tempo David acaba por casar-se com Éve em Angouleme e passa por um bom aperto por ter que mandar algum dinheiro de emergência para Lucien em Paris.
Na capital o jovem poeta vai conhecer Daniel Arthez e através dele um grupo de amigos poetas, escritores e afins. Mas influenciado pela vontade de vingança e pela má companhia que arruma fora do grupo do Cenáculo, de um jornalista de nome Lousteau, acaba por entrar para o jornalismo, que na época era muito mau visto pelos artistas porque não tinham escrúpulos ao destruir ou elevar a reputação de qualquer um de acordo com seus desafetos. Usavam o jornalismo das mais diferentes formas para conseguir seus objetivos.
E o jovem e ingênuo Lucien achando que com seu talento podia ser o melhor dentre todos, acaba por embarcar numa vida de esbanjamento sem limites, e vai conhecer o sucesso e reconhecimento e depois a rejeição e a miséria.
Balzac é um pouco menos prolixo que Victor Hugo, mas tem uma ironia afiada. Nesse livro ele vai desmascarar a vileza do jornalismo que se fazia na França, as picuinhas políticas, os ardis da sociedade. Vai mostrar como as pessoas de boa índole e talento perdem suas ilusões para uma sociedade cheia de vícios e ambições desmedidas e dificuldade de continuar com suas convicções puras em meio a tanta falsidade, corrupção, vaidades...
O que me irritou um pouco no livro foi o final, que apesar de não ser dos piores para os mocinhos, deixou os vilões sem nenhuma punição, pelo contrário até que se deram bem. Mas no geral é uma ótima obra, um pouco arrastada no começo quando o autor situa o leitor na sociedade, como ela funciona e quem são seus personagens, mas que depois deixa o leitor ansioso, exasperado, indignado, temeroso... enfim desperta diversos sentimentos em relação aos seus personagens. Realmente uma grande obra.
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Joana 02/10/2014

Sem dúvida que este é o melhor Balzac de toda sua vasta produção literária!
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João 29/07/2014

É um livro importante de Balzac.
Lucien de Rubempré é uma personagem bem construída e é fascinante (e convincente) a descrição do ambiente literário da época
Proust considerava esse livro como o melhor de Balzac. Concordo com Proust.
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Wilton 08/01/2013

História contada com muita competência. Lucien, um anti-herói é singularmente simpático e leva o leitor a torcer pelo seu sucesso. Além disso, o livro é uma viagem ao século XIX e seus costumes. A linguagem, plena de imagens interessantes, ultrapassa a barreira do tempo, tornando-se acessível ao leitor do Século XXI.
ju.clara 13/04/2017minha estante
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Carla Reverbel 08/01/2013

Editora Abril dois volumes
O início é meio arrastado.
Afinal, é o famoso tijolão.
Balzac é descritivo.
Lá se vão as páginas...
Mas, neste calhamaço está um dos meus personagens favoritos e com os quais me identifico bastante: o jovem, iludido, instável, ingenuo escritor Lucien de Rubempre.
Balzac é genial.
As personagens evoluem, amadurecem, se transformam dentro do romance.
Amo este livro.
Recomendo- mas tem que degustar, ter paciência.
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Fabi 26/01/2012

Retrata a sociedade parisiense do século XIX, mas alguns princípios e atitudes se aplicam até hoje, pois o homem continua com os mesmos defeitos.
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