Fabio Pedreira 14/02/2018Uma obra prima da fantasia Não existe começo nem fim. Desde o começo do tempo que as sombras e a luz se enfrentam, a roda do tempo gira e, a cada era, um novo confronto se inicia. Mas, dessa vez, a roda tece um destino diferente que pode mudar o destino de todo o mundo. E no meio disso estão três garotos fazendeiros do pequeno povoado de Dois Rios, situado no canto mais remoto ao sul do mundo.
Rand, Mat e Perrin veem seus destinos completamente mudados de um dia para o outro, sem nem desconfiarem o motivo. A única que pode ajudá-los é uma desconhecida que se encontra na estalagem do povoado. Moiraine Sedai, uma Aes Sedai, aquela que toca o poder único, e que junto com seu guardião, Lan, são os únicos que sabem o que está acontecendo, mesmo que não totalmente.
Para completar, nessa caminhada se juntam a eles Egwine, uma garota de Dois Rios que busca sair em uma aventura, Nynaeve, conhecida também como a Sabedoria, um tipo de curandeira da vila, e também temos Tom, um Menestrel que conhece muitas coisas de suas viagens pelo mundo. Juntos todos eles passarão por dificuldades inimagináveis, enfrentando Trollocs, Desvanecidos, Guardiões da Luz, Amigos das Trevas, etc, quase todos criaturas a serviço do Tenebroso, a criatura da sombra que está em busca dos rapazes para acabar com a Roda do Tempo e o tempo em si e assim dominar o mundo em trevas.
Esse livro na minha opinião é uma leitura mais que obrigatória para qualquer um que goste de fantasia, e não só para eles, mas para qualquer um. Uma fantasia completa com um mundo extremamente vasto e uma mitologia incrivelmente grande e bem desenvolvida. Vejo muita inspiração em O Senhor dos Anéis, vários personagens, locais ou criaturas me lembraram passagens da obra de Tolkien, mas não se preocupem, pois tudo aqui é feito de uma forma muito original, o mundo que Robert Jordan criou é único.
Por isso essa é uma leitura que deve ser feita sem pressa, desfrutando cada página, pois a quantidade de informações e termos são enormes, e olhe que esse é apenas o primeiro livro de uma serie de 14. O Olho do Mundo é um livro bastante introdutório, feito para se entender toda essa mitologia que ronda a obra, mas para ajudar todo leitor, no fim do livro existe um glossário que explica muitos dos termos caso você esqueça do que se trata.
Mas, apesar de introdutório, a obra é completa, você encontra momentos de ação, tensão, humor, reflexão e tudo mais. A escrita de Jordan, apesar de ser bem descritiva, não chega a ser tão maçante como a de Tolkien, por exemplo. Mas as letras pequenas do livro podem cansar um pouco o leitor, por isso eu repito, é uma obra para se ler sem pressa, com calma, absorvendo as informações com cuidado.
Os personagens do livro são muito bem trabalhados, sejam eles principais ou figurantes, você consegue se identificar com uns, se irritar com outros, é muito fácil se conectar com cada um deles. A única personagem que, pelo menos até o momento, achei mais fraca foi Egwene. A garota não faz muito por merecer sua atenção. E isso infelizmente vai até contra um fato muito interessante desse livro e que gostei bastante, que é o fato de que todas as mulheres, sejam elas principais ou figurantes são muito fod** (me perdoem a palavra).
De acordo com a mitologia, apenas as mulheres podem tocar o poder único, quando os homens fazem isso, eles acabam ficando loucos. Essas mulheres são as Aes Sedai. Imagine o mago mais forte que você conhece... Agora dobre ou triplique seu poder e você terá conhecido uma. Moiraine é uma delas, e as coisas que ela faz nesse livro é de se aplaudir às vezes.
Mas não só pelo poder as personagens são conhecidas aqui, mas também pela sua personalidade. Todas as mulheres do livro tem personalidades fortes, bem desenvolvidas. Um exemplo é que em Dois Rios os homens fazem sempre uma reunião para decidir o que vão fazer com a vila, mas se o conselho das mulheres não aprovar, eles podem reclamar a vontade que não vão fazer nada. A única que infelizmente, até agora, pelo menos, não faz tanta diferença assim é Egwene. Mas vamos ver, ainda temos 13 livros pela frente.
De todos os personagens o que se tornou meu favorito foi Perrin. No decorrer da trama todos vão amadurecendo de uma forma fluida, e Perrin é um deles. Suas passagens no livro, em um certo tempo, se tornam bem interessantes, e as mudanças causadas nele devido ao poder único me fizeram gostar bastante do personagem. Não vou dizer o que, mas digo que suas mudanças me lembram muito algumas coisas de As crônicas de gelo e fogo.
Agora vem o lado ruim da coisa. E não estou falando do livro, mas da situação em que a série se encontra. Como eu já disse antes, a série consta de quatorze livros, e a Intrínseca, por enquanto, só lançou os cinco primeiros. Esse primeiro volume hoje em dia é praticamente impossível de se conseguir (Intrínseca já relançou, porém com um preço alto ainda), porém, a editora, depois de um apelo enorme dos fãs de fantasia e uma campanha no Facebook, se comprometeu a fazer uma nova tiragem do primeiro volume e avisou que lançará ainda este ano o sexto livro, porém, sem previsão nenhuma para os próximos. Então, você leitor de fantasia, não deixe esse livro ser descontinuado, compre-o, faça sua parte para que, assim, a série possa continuar e a editora veja que nós nos importamos com ela. E, vai por mim, vale muito a pena.
Mas, eu poderia continuar falando do livro aqui por um bom tempo, todavia, acho que o principal eu já passei. Comecei o ano com o pé direito, favoritando logo na primeira leitura do ano. Recomendo demais a obra, leiam-na com calma, sem pressa, se conectem com os personagens e entrem nesse mundo incrível criado por Robert Jordan e sua mente fantástica. Se vocês se arrependerem, podem me cobrar.
Obs: Parece que já tem uma série de TV sendo desenvolvida. Espero muito que seja algo alá HBO, mas que seja o que a Roda do Tempo tecer.