Thiago 20/04/2022
Uma crítica nonsense
Este livro é completamente diferente de tudo o que estamos acostumados com Agatha Christie. Sem muitos spoilers, não há um crime a ser desvendado, um assassino a ser descoberto, ou uma investigação a ser realizada.
A obra se reveste de uma trama semi-investigativa - ou de semi-suspense - para ser uma grande crítica a vários movimentos revolucionários da época (fim da década de sessenta, início da década de setenta), especialmente os jovens/estudantis. Mesmo que a crítica que ela faça tenha fundamento (e, pelos argumentos dela, tem), a construção é muito ruim, fazendo com que o livro não sirva como um dos grandes romances que apresentam críticas socio-políticas (vêm à mente "As Vinhas da Ira", "O Sol É para Todos" e "A Revolta de Atlas").
Em alguns momentos (e como uma defesa de uma autora tão criativa e com tamanho domínio da escrita), o livro soa como propositalmente doido, num estilo quase (guardadas as proporções) de "As Aventuras de Alice no País das Maravilhas". É mencionada a figura do bobo da corte, o que costuma ser um motivo em situações de extremo caos, uma voz de lucidez.
Contudo, infelizmente, não conseguimos ter a certeza de que o objetivo foi esse mesmo ou se a ideia foi simplesmente realizar a crítica de qualquer forma. É um livro que os fãs da autora lerão para completar suas coleções, mas não agrega mais do que isso.