Lili 23/05/2018A Boa TerraUm livro muito interessante, que aborda vários aspectos da cultura chinesa, em meados do século XX (suponho, pois a data não é claramente mencionada em nenhum momento). Acredito que seja um retrato razoavelmente fiel, pois a autora, apesar de norte-americana, foi criada na China, além de ser sinologista.
É doloroso ver a situação da mulher chinesa. Ela está bem abaixo dos animais, numa escala de importância para o "senhor da casa", seja ele quem for. Ela o serve, trabalha para ele, satisfaz seus desejos e se perder a utilidade é descartada. Não há compaixão ou compreensão em nenhum momento. Se ela for bonita, é um pouco mais bem tratada - enquanto a beleza durar. O-lan é o retrato do sofrimento e suporta tudo com resignação, pois tem ciência do pouco valor que tem a sua vida. Enfim, é revoltante.
Quanto a outros aspectos, achei bonita a relação do lavrador com a terra, é uma necessidade para ele estar perto de sua terra e ele não se desfaz dela em nenhuma hipótese. É de se refletir que hoje em dia ninguém tenha tanto apreço por nada, que só se pense em bens de consumo e dinheiro, sem que haja uma verdadeira vocação, qualquer que seja ela. Já imagina-se que os filhos dele podem ter dificuldades financeiras, por não darem nenhum valor à sua grande fonte de renda e por gastarem sem conhecer o valor do dinheiro.
Achei a narrativa interessante, bem (não sei se é bem a palavra) imparcial. Meio sem emoção, como se ela quisesse apenas descrever algo que viu, sem julgamentos ou enaltecimentos.
Recomendo muito este livro, por ser uma história interessante, pela narrativa diferente, e para conhecer um pouco mais das raízes chinesas.