Resenhas - Homens Sem Mulheres

Aguinaldo 29/03/2016

homens sem mulheres
São sete histórias curtas, sete contos. A solidão e a dificuldade de entendimento entre as pessoas aparecem em todos eles. "Homens sem mulheres", o título de um dos contos, dá nome ao livro. Todavia esse título induz o leitor a erro, já que não são apenas homens sem mulheres que povoam os contos de Haruki Murakami. O certo seria talvez dizer que seus protagonistas, homens ou mulheres, são pessoas notavelmente solitárias, pessoas vocacionadas para a solidão. Em "Drive my car" um ator contrata uma motorista, pois está com sua carteira de motorista suspensa, impedido de dirigir seu carro. Ele confessa a ela a experiência que teve ao se aproximar (e de certa forma consolar do luto) o último dos amantes de sua mulher, já falecida. Em "Yesterday" um rapaz lembra de como um grande amigo seu insistiu para que ele se envolvesse com sua namorada, não como um teste de fidelidade, mas como um exercício de desapego. Muitos anos depois ele reencontra essa garota e eles falam deste curioso amigo. Em "Órgão independente" um sujeito conta como um médico conhecido seu literalmente morreu de amor, ainda na meia idade, após anos de hedonismo e vida organizada. Lembra muito um livro de Somerset Maugham que li há décadas, mas com alguns papéis trocados. "Sherazade" conta os sucessos de uma pessoa impedida de sair de casa que recebe semanalmente a visita de uma faxineira com quem também faz sexo. E é depois do sexo que ela conta a ele cativantes histórias de sua juventude onde se misturam vigília, memória e sonho. "Kino" é a história de um rapaz que se reinventa administrador de um bar após perder o emprego e a mulher que o traía. Ele passa a receber a visita de um cliente que parece entender suas necessidades e seu destino melhor do que ele mesmo. Por influência deste cliente ele decide partir numa viagem de autoconhecimento."Sansa apaixonado" é uma invenção interessante, uma brincadeira sobre o destino do personagem de Kafka após sua metamorfose. Gregor Sansa acorda novamente humano e conversa com uma garota lasciva que foi contratada por seus pais para instalar uma fechadura em seu quarto. "Homens sem mulheres" começa quando um sujeito é acordado no meio da noite pelo marido de uma antiga namorada dos tempos do colégio (amorada com quem não mantinha contato há décadas). A única informação que esse marido dá a ele é que essa namorada tinha acabado de cometer suicídio, notícia que leva o sujeito a elaborar uma teoria sobre os porquês das mulheres se afastarem inapelavelmente dos homens. Os contos são inventivos e sem aquelas distrações algo surreais, excessivamente mágicas ou artificiais dos demais livros de Murakami que já li. Cada um dos contos não precisa de desfecho ou continuação. São peças inusitadas, com algo de perturbador escondido nelas, que geram, a partir do bizarro no caráter e nas ações dos personagens, múltiplas interpretações.
[início: 04/03/2016 - fim: 18/03/2016]
"Homens sem mulheres", Haruki Murakami, tradução de Eunice Suenaga, Rio de Janeiro: editora Objetiva / Grupo Prisa, 1a. edição (2014), brochura 15x23,5 cm., 238 págs., ISBN: 978-85-7962-438-4 [edição original: Onna no inai otokotachi ( (Tokyo: Bungeishunju Ltda.) 2014]

site: http://guinamedici.blogspot.com.br/2016/03/homens-sem-mulheres.html

DêlaMartins 22/04/2023

Contos não são "a minha praia", gosto de histórias mais longas com mais "meio", mas gosto de Murakami e resolvi mudar um pouco. "Homens sem mulheres" reúne 7 contos sobre homens que perderam uma mulher sempre com um rastro de algo incompleto. São contos que retratam a solidão e o sofrimento desses homens, das formas mais estranhas e doidas, como Murakami sempre apresenta suas histórias. Alguns se curam, outros se afundam, mas todos passam por processos difíceis e fora do que chamamos de normal.

Interessante, embora a maioria das histórias gere uma curiosidade não esclarecida sobre o enredo ou contexto. Esse é meu problema com contos - pouco desenvolvimento dos personagens ou contexto. Mesmo assim, uma leitura que prende, como Murakami sempre faz.

juli.txt 19/02/2023

Tp o livro nn foi ruim, mas o fato d q eu demorei mais de 4 meses p terminar ele eh meio preocupante

svrrichard 05/03/2022

É o segundo livro do autor que leio e estou próximo de concluir que não é para mim.

Dividido em sete contos, sempre com histórias envolvendo mulheres, como o próprio nome já diz, sinto que gostei de uns dois, somente.

Sua escrita é sempre muito detalhada, mas o estilo do autor envolve finais vazios, histórias sem fim e definitivamente isso não funciona para mim, que amo desvendar histórias.

Em um dos contos do livro, 'Kino', o autor constrói todo um mistério para que o conto termine de forma abrupta, resultando em meu quase desespero e total descontentamento.

Não tenho muito mais para comentar, provável que eu leia mais um dos livros do autor e conclua se devo ou não continuar tentando.

Vanessinha 04/03/2022

Abandonados ou traídos
O livro apresenta 7 contos de homens sofredores abandonados ou traídos. O autor retrata sobre essas desilusões e deixa um final meio inconclusivo no último conto.

Christofaro 27/03/2021

Um compilado de contos agridoces
Em "Homens sem mulheres" temos um compilado de contos de Haruki Murakami.
O autor japonês nos apresenta contos que envolvem um lado misterioso das relações entre homens e mulheres.
Entre amores sinceros, mas amargos, e paixões viscerais efêmeras, as mulheres que cruzam os caminhos dos diversos protagonistas são sempre passageiras, mas que deixaram marcas profundas em cada um deles.

julia 04/12/2023

Gostaria parabenizar a mulher que traumatizou tanto o murakami ao ponto de fazer ele escrever esse livro

tati_loverock 25/08/2019

Homens sem mulheres é mais um livro do Murakami que tive o prazer de ler. E com certeza se trata de mais um livro interessante, a escrita dele é definitivamente viciante, não dá pra parar a leitura uma vez que começa. Gostei de todos as histórias, algumas mais e outras menos. Estou acostumada a ler a histórias mais longas dele, mas essas curtas são tão boas quanto as outras.

Camila Gimenez 12/02/2022

Você vai ser um dos homens sem mulheres
Desde que abri "Minha querida Sputnik" pela primeira vez, não consegui me afastar mais dos livros do Murakami. Pegando o embalo do Oscar (que tem um filme japonês baseado em um dos contos desse livro indicado em várias categorias, incluindo melhor filme), decidi ler essa antologia.

São contos que retratam muito bem o estilo do autor, os contos tem aquela atmosfera onírica, personagens com profundidade, uma coisa meio surreal.
Sete contos sobre, bem, homens sem mulheres. São contos que me trouxeram uma sensação de solidão, como se algo na vida daqueles personagens faltasse. Todos os narradores são homens e sofrem de alguma forma por conta das mulheres, que ou os traíram, iludiram, abandonaram, ou os próprios homens possuem alguma incapacidade de viver com elas. Mas ainda assim elas são idolatradas, admiradas, são a gravidade e o ar desses homens. E isso fica bem claro no último conto, que dá título ao livro.

Irei me estender apenas sobre o conto "Kino". Esse conto foi meu favorito. Um homem, Kino, encontra sua esposa na cama com um colega de serviço. Decide então abandonar tudo e abre um bar, meio escondido, onde pode tocar sua coleção de discos de jazz. Esse conto traz elementos que lembram 1Q84 e uma ótima reflexão sobre a solidão e nossos sentimentos.

*Menção honrosa para "Samsa Apaixonado", onde Murakami inverte a história de Kafka e nosso personagem acorda metamorfoseado em Gregor Samsa.

Tatiane 29/02/2020

Excelente leitura
"Homens sem mulheres" é o primeiro livro que leio de Murakami. Os contos são muito distintos entre si. Todos, porém, têm em comum o tema das relações humanas, mais especificamente relações entre homens e mulheres, seus medos, suas frustrações, seus desentendimentos, suas traições...

A escrita de Murakami flui com naturalidade, pelo menos é a impressão que tenho pela tradução. Chamaram-me atenção a presença de um narrador que me pareceu ser o mesmo, ao menos, em duas das histórias e a tentativa, volta e meia, de o autor conduzir o narrador a tentar convencer o leitor de que os acontecimentos se baseavam em fatos reais.

Em vários contos, percebe-se uma visão deturpada do papel da mulher na sociedade. Ela seria a grande culpada das desilusões amorosas dos homens ou do fim dos relacionamentos. Em "Órgão independente", por exemplo, há construção até de conceitos sobre a mulher. Vale muito a leitura (não preconceituosa, mas crítica).

Vários contos mexeram bastante comigo, mas o último, que dá nome ao livro, me remeteu muito ao olhar de Betinho sobre Capitu. É uma belíssima história sobre um dos mais devastadores sentimentos destruidores de uma relação: o ciúme.

(A Partir daqui há breve SPOILER deste último conto.)

Murakami cria um narrador que demonstra uma dor doentia, mas a culpa disso é da mulher que o abandona. Não há, entretanto, chance alguma de sabermos a versão dela, até porque a história se inicia com a notícia inusitada de seu suicídio. Lembra-me, de certo modo, Dom Casmurro, de Machado de Assis. Capitu é condenada ao exílio, sem direito à voz. Tudo o que resta é a fidedignidade do que o narrador expõe. Afinal, os marinheiros estão aí para justificar...

Essa história nos faz refletir sobre os diversos modos de violentar uma mulher. E o suicídio pode, também, ser o resultado de um feminicídio moral. O narrador assume, mesmo sem querer, a sua culpa. Já são 3 ex-namoradas suas que se suicidaram. Alta taxa. Uma coincidência?! "Possívelmente" não.

José Vitor 28/02/2023

You showed me colors, you know i can't see with anyone else
Fui atrás desse livro depois de ver o angustiante filme "drive my car", baseado não somente em um dos contos do livro mas possivelmente de todos os outros reunidos nessa obra.

homens sem mulheres discursa e reflete sobre o amor dentre suas inúmeras formas, sobre a perda, a solidão e a amizade inerte as relações humanas. um livro extremamente reflexivo e sarcástico em sua maneira, como no conto "Samsa Apaixonado", que me fez abrir um sorriso ao perceber o caminho que o autor estava percorrendo ao inverter o clássico "Metamorfose" de Kafka ( que sei agora ser um autor de bastante interesse do Murakami ) fazendo a criatura do livro original acordar no corpo de Gregor Samsa, descobrindo o viver e conviver humano.

o conto que fecha e dá nome ao livro "homens sem mulheres" com certeza foi meu favorito, uma história sobre a morte, o luto e a perda de um homem que colocou toda sua frustração e amor numa única mulher, mulher essa que ele passa a ver em todos seus relacionamentos subsequentes, não talvez por culpa mas com certeza por amor.

os outros contos não conseguiram me entreter tanto assim, mas foi interessante ver as pequenas referências usadas para o filme, interessante também que todos os nomes das mulheres são inventados pelos narradores, apenas aquelas que eles não foram apaixonados possuem seus nomes "reais" expostos, mostrando a diferença de tratamento e carinho e a forma como o amor flue e difere da paixão nos diferentes tipos de relações.

Nath @biscoito.esperto 19/02/2023

"Se um dia, por alguma razão, não sei qual, me tirassem desta vida de repente, me arrancassem todos os privilégios, fazendo com que minha existência fosse reduzida apenas a um número, quem eu seria?".
"Homens sem mulheres" é meu segundo livro do desafio Relendo Murakami, e também é o nome do meu conto menos favorito desta coletânea. Minha teoria é de que os demais contos simplesmente não tinham nomes bons o suficiente para serem o título deste livro, por isso temos o que temos.

Ainda assim, o nome "Homens sem mulheres" define bem o que encontramos nestes contos. Cada história é sobre algum homem que se desencontrou de alguma mulher.

🚘 "Drive my car" é um conto narrado em primeira pessoa por Kafuku, um ator quase famoso que se tornou melhor amigo do homem com quem sua esposa o traía. Após ser pego dirigindo embriagado, ele contrata a misteriosa motorista Misaki.

🎵 "Yesterday" é a história de Tanimura e seu amigo excêntrico Kitaru. Kitaru namora Erika, mas eles acabam dando um tempo. Com medo de que Erika namore outros rapazes, Kitaru pede que Tanimura seja o namorado dela, pois ele confia no amigo.

💀 "Órgão independente" é a história de como o bem-sucedido cirurgião plástico Tokai acaba padecendo do famoso "mal de amor".

✏️ "Sherazade" é o nome fictício da amante do nosso protagonista. Sempre que eles fazem amor, ela lhe conta uma história doida de sua vida. Por exemplo, na sua vida anterior, Sherazade era uma espécie de enguia.

🥃 "Kino" acaba de se separar de sua esposa e decide abrir um bar. Ele observa atentamente os frequentadores de seu estabelecimento, até que coisas esquisitas começam a acontecer.

🦗 "Samsa apaixonado" é a história do inseto que um dia acordou e percebeu que havia se transformado em Gregor Samsa. A famosa fanfic kafkaniana.

🧍‍♂️"Homens sem mulheres" é a história de um homem que descobre que três de suas ex-namoradas cometeram suicídio. A única coisa que elas têm em comum é que namoraram com ele em algum momento de suas vidas.

site: www.nathlambert.blogspot.com

Mateus 31/12/2020

Flui bem, mas não dá vontade de voltar a ler ao parar
É um livro que flui bem, sem compromisso, assim como os relacionamentos apresentados nos contos,
E, ao final (calma, não é spoiler, eu acho), dá sempre uma impressão de que o conto parou no meio, sem final ou que a gente não entendeu direito

Sobre os contos
Samsa apaixonado foi o que mais salvou o livro! Gostei da referência ao Kafka. Mas poxa.. que mania de não terminar nenhum conto, foi o que mais torci para que terminasse desse um fim, triste ou feliz não importa. kkkk

Ele pegou o espírito certinho do personagem original do Kafka, em alguns momentos dava pra imaginar que foi o próprio que escreveu (considerando leituras traduzidas, claro).

Leonardo.Braga 03/01/2024

É interessante aqui como o Murakami trata conceitos fundamentais da experiência humana, como a solidão e o abandono, de uma forma extremamente palpável, mas é impossível desvencilhar o desencadeamento dessas sensações da figura feminina, o que arrasta o autor pra uma área delicada. Como se houvesse uma necessidade dissimulada de propor um maniqueísmo moral da razão, o autor não poderia escolher nenhum outro lado se não o de seus personagens masculinos, padrão repetido até o fim, tornando a experiência um tanto desconfortável.

Destaque pro conto Kino, que possivelmente brilharia mais à parte de uma antologia questionável.

Paula.Tsukide 30/12/2021

Fala com o coração
Murakami é fantástico em sua escrita neste livro: fala em contos, às vezes sem contexto, nem começo nem fim.

Ele fala com o leitor através do coração, da emoção. Não te dá pistas do que é de verdade, mas fala com subjetividade. Simplesmente te faz pensar sempre que acaba um conto e inicia outro.

Foi meu primeiro livro dele, e já me apaixonei pelo autor.