A Filosofia na Alcova

A Filosofia na Alcova Marquês de Sade




Resenhas - A Filosofia na Alcova


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Steph.Mostav 16/01/2022

Os infortúnios da virtude e as prosperidades do vício
[TW: estupro, pedofilia, tortura]

Com sua obra, Sade combate o idealismo sentimental de boa parte dos romances de seu século através da paródia. Suas críticas atingem em cheio a sociedade da época, principalmente através dos personagens virtuosos, que sempre sofrem nas mãos dos libertinos como suas vítimas. Assim como o prazer desses libertinos se dá através do sofrimento dos virtuosos, valores como virtude, sensibilidade e boa moralidade são sempre atacados em discursos nos quais as vítimas ocupam o lugar do "outro" e o discurso preponderante é sempre dos algozes, os libertinos.

"De modo geral, ocorre o seguinte nos romances de Sade: contam-se duas histórias paralelas (e complementares) que se cruzam, se entremeiam: a dos infortúnios da virtude e a das prosperidades do vício."

Eugénie, a protagonista do livro, é educada segundo os valores de todo bom libertino por seus preceptores e passa por um arco de corrupção ao longo do livro para tornar-se um modelo segundo o que Sade considera uma pessoa fiel à própria natureza, que não distingue as boas das más ações. Para isso, deve eliminar tudo que se interpõe entre ela e sua felicidade, que para Sade é a luxúria e a satisfação carnal.

"Nesse sentido, o que se vê em A filosofia na alcova é uma educação pelo avesso. Uma “deseducação” em que os costumes e a religião são desqualificados de suas funções seculares de tornar os indivíduos felizes. Não conseguiram, pensa Sade. Jamais conseguirão porque seus princípios estão assentados em bases falsas. Deus não existe e a virtude é uma quimera."

Não é para menos que essa educação sexual e filosófica, além de política, ocorre na alcova, localizada entre um ambiente de conversação, o salão, e o de amor, que é o quarto. Isso porque, além das peripécias sexuais do grupo, Eugénie também é ensinada dos valores morais que devem ser empregados pelos republicanos caso queiram que seu sistema político progrida e se mantenha.

"Para Sade, a consagração definitiva de um Estado revolucionário não é possível sem que a sociedade sofra uma radical transformação na qual a libertinagem dos costumes representa o principal motor. A moral, aqui, só faz sentido se orientar as ações humanas para uma felicidade que só se traduz pela prática das mais variadas formas de prazer e de crueldade, e pela realização de todas as fantasias do indivíduo."

O sistema sadiano depende do outro, o virtuoso, para que o libertino alcance a satisfação sexual e, portanto, a felicidade de acordo com sua noção de natureza. Quem visa o bem só alcança a alegria de maneira indireta, através do deleite do outro. Só quem manifesta seus relacionamentos através da crueldade egoísta pode alcançar o verdadeiro contentamento e é assim que se constrói a bipolaridade libertino/vítima.

"Tese central do pensamento materialista sadiano. Destruição em nome da transmutação ou do movimento perpétuo. O que autoriza a violência do libertino é, pois, um saber: uma filosofia da natureza. Assim, o assassino ajuda a natureza porque lhe fornece efetivamente a matéria-prima para as suas reconstruções. Prestando este “serviço” à natureza, ele participa ativamente da circulação geral das espécies no sentido de sua renovação energética. Nada se perde. Transmutação não é destruição."
Anne L. 17/01/2022minha estante
que resenha, amiga! Já quero ler


Steph.Mostav 17/01/2022minha estante
Achei o livro muito bom, só não funciona para quem é muito sensível porque as crueldades são muito explícitas e gráficas




Ângelo Von Clemente 20/04/2014

Palavras não tenho que descreva tamanha infâmia.
Obra condiz inteiramente com a fama de seu referido autor, sendo ela considerada por muitos como uma de suas mais ''leves'' no que diz respeito a depravação. Pessoalmente eu NÃO ACONSELHO tal leitura a absolutamente ninguém, salvo estudantes de psicologia e semelhantes áreas, pois a referida obra apresenta um conteúdo verdadeiramente bárbaro, mesmo se analisada sobre um ponto de vista critico e dentro de seu respectivo contexto histórico. Rogo aos leitores que pretendem ler tal obra somente por curiosidade que se desfaçam imediatamente de tal desejo, pois que o conteúdo aqui apresentado é inapropriado desde a primeira página. Não sou defensor do puritanismo, tampouco sou provido de preconceitos religiosos como muitos poderão supor pela resenha que aqui apresento, isto é algo que quero esclarecer antes de tudo. Para os leitores curiosos tentarei resumir os temas abordados nesta obra, arriscando-me assim a faze-lo de forma artificial... O autor nos faz querer crer a todo o custo que a perversão e a imoralidade são características inatas a todo o ser humano e respectivamente a natureza, ao decorrer de sua narrativa ele faz aberta e feroz apologia ao crime em todas as suas formas imagináveis, podendo citar dentre elas: O estupro, o assassinato, o infanticídio o parricídio, a sodomia, o roubo, a pedofilia e dentre outras variadas formas de depravação humana.
Analisando bem a vida do autor não resta dúvidas acerca do motivo de seus incontáveis anos de carcere e em instituições psiquiátricas (Perdoem-me a forma de me expressar, mas és um verdadeiro asno imbecil aquele que vier defender-lhe a moral, cousa que ele desdenhosamente se orgulha de nunca ter tido ao decorrer de toda a sua vida)De minha parte somente tenho a dizer: Acho realmente uma pena que tal individuo não tenha desfalecido na prisão da Bastilha.
De fato o Marquês de Sade era um homem cuja mentalidade se encontrava muito a frente de seu tempo, e que em suas obras geralmente são abordadas questões ideológicas e criticas demasiadamente relevantes até certo grau, tendo também em uma possível tentativa de defesa sua a questão do contexto histórico. Apesar das questões morais e filosóficas levantadas em suas obras, não pude eu compreender a que se atribui a suposta genialidade do ''diviníssimo marquês''
Ignorância em demasia de minha parte, dirão os árduos defensores desse ''filosofo brilhante e incompreendido''
Não querendo desmerecer a estes últimos, muito pelo contrário, visto que a opinião de cada um deve ser devidamente respeitada.
O que pretendo ao realizar esta resenha é justamente expor aqui os meus pensamentos, e espero não ter problemas ao faze-lo.

Gostaria enfim de concluir o meu raciocínio com uma pequena advertência, e com alguns poucos trechos da obra para que os leitores possam melhor apreciar em que me baseio para dar tal opinião.

Primeiro a advertência:

Aos seres sensíveis, verdadeiramente humanos e dotados de um sentimento raro denominado empatia: Rogo-lhes de toda a alma que jamais tenham a curiosidade de folhear algo que seja da autoria deste autor, visto que o conteúdo abordado em suas obras é extremamente pernicioso e pode chocar espíritos puros e desavisados.

Aos estudantes do ramo da psicologia e leitores interessados em se aperfeiçoar no estudo do comportamento humano em geral: Desejo-lhes prudencia e acima de tudo estomago para desbravar as obras deste individuo tão contraditório. Garanto-lhes que aqui terão um vasto conteúdo para ser analisado acerca do funcionamento da mente de um maniaco depravado e extremamente perturbado que se utiliza avidamente do sarcasmo e da ironia no intuito de realizar criticas sociais que imediatamente perdem o valor (dentro da minha concepção, que os senhores podem interpretar como bem entenderem) graças a demência de quem as tenta solidificar.

Poderia eu prolongar muito mais a discussão acerca da presente obra e de respectivo seu autor, entretanto acredito que tal coisa não seja necessária, visto que eu me tornaria por demasiado repetitivo em minha analise. Aceito de bom grado o esteriótipo de ''você não compreendeu o sentido da obra ou não soube interpretar o autor'' Em minha defesa digo unicamente que me prestei a algo que muitos não tem a coragem de fazer; A de expor minhas opiniões sem medo da critica.


Para finalizar tenho aqui alguns trechos que mais chamaram minha atenção e mais me indignaram na presente obra aqui discutida, muitos dos quais eu uso como fundamentação para as minhas criticas:

-

''Em uma palavra, ouso sustentar que o incesto deveria ser a lei em todo o governo cuja base fosse a fraternidade


''É, entretanto, absolutamente certo que o estupro, ação tão rara e tão difícil de provar, prejudica menos ao próximo que o roubo. Esta
invade a propriedade, aquele limita-se a deteriorá-la. Que podereis responder ao autor do estupro quando ele lhe provar que o mal que praticou é, de fato, bem medíocre, pois ele não fez nada mais que colocar o objeto de que abusou no estado em que logo seria colocado pelo casamento ou pelo amor?''


'' A sodomia é um vício de organização e em nada contribuímos para semelhante organização. Desde a mais tenra data, há meninos que sentem essa inclinação e que nunca se corrigirão. As vezes é fruto da sociedade, mas mesmo nesse caso pertence à natureza; sob todos
os aspectos, é obra da natureza e em qualquer caso o que ela inspira deve ser respeitado pelos homens


''É, pois, superior às forças humanas poder provar que existe crime na pretensa destruição de uma criatura de qualquer idade, sexo ou espécie''


''Quem, senão a natureza, nos aconselha os ódios pessoais, as vinganças, as guerras, enfim, todas as causas de perpétuo assassínio? Ora, se ela nos aconselha é porque disso necessita. Como podemos, em conseqüência, nos supor culpados para com ela, se não fazemos mais do que segui-la? Já dissemos mais do que o necessário, para convencer qualquer leitor esclarecido, de que é impossível ultrajar a natureza com o assassínio.''


''A bondade não passa de uma fraqueza que a ingratidão e a impertinência dos fracos forçam sempre os que a praticam a se arrepender''


''Todos os homens têm, pois, um direito de gozo idêntico sobre
todas as mulheres. Não há, pois, um único homem que, em face das leis da natureza, possa ter sobre uma mulher um direito único e pessoal. A lei que as obrigará a se prostituir quando quisermos, nas casas de deboche de que falamos, e que as obrigará a frequentá-las caso a isso se recusem, que as punirá se faltarem um só dia, será, pois, uma lei das mais equitativas e contra a
qual não se poderá invocar nenhum motivo legítimo ou justo

(2) Não venham dizer que me contradigo, aqui; é que, depois de afirmar que não fartas o
direito de ligar a nós uma mulher, eu destruo esses princípios dizendo que temos o direito de constrangê-la; repito que tratamos do prazer e não da propriedade; não tenho direito de propriedade sobre uma carta forte que encontro em meu caminho mas tenho direito de
nela saciar minha sede aproveitando da água límpida que se oferece a meu destrate; assim também não tenho direito de propriedade sobre as mulheres mas, em função de meu prazer, posso constrangê-las a me satisfazerem caso queiram se recusar.''


''Um homem que desejar possuir uma mulher ou donzela poderá, pois, se estas justas leis vigorarem, intimá-la a comparecer a uma destas casas e lá, sob as visitas das matronas que regerão este templo de Vênus, ela lhe será entregue e terá que satisfazer, com humildade e submissão, todos seus caprichos, por mais estranhos e irregulares que possam ser; pois não há nenhum que não esteja no sistema da natureza, que ela não aceite. Teríamos que pensar na fixação das idades, é verdade. Sou de opinião que não se deve estabelecer nenhum limite; seria restringir a liberdade daquele que desejasse gozar uma menina, por exemplo. Quem tem o direito de comer o fruto de uma árvore pode, sem duvida, colhê-lo verde ou maduro, segundo as inspirações de seu gosto. Mas, objetar-nos-ão, há uma idade em que a saúde da jovem pode ser prejudicada pelas ações do homem. Esta consideração não tem nenhum valor: desde que me dais o direito de propriedade do gozo, este direito é independente dos efeitos que sua prática produz; é absolutamente indiferente que seu uso seja vantajoso ou prejudicial para o objeto que a ela deve se submeter. já não provei que é legal obrigar uma mulher a esse respeito e que, assim que ela desperte o desejo de ser possuída, deve submeter-se a ele, pondo de parte todo sentimento egoísta? O mesmo acontece com sua saúde. Desde que as considerações que se tenham a esse respeito possam destruir ou enfraquecer o prazer daquele que a deseje, e que tem o direito de dela se apropriar, este cuidado com a idade se torna inútil, porque não se trata aqui, absolutamente, de saber o que sente o objeto condenado pela natureza e pela lei à satisfação momentânea dos desejos alheios. Não se trata neste exame senão daquilo que convém a quem deseja. Mas nós restabeleceremos a balança''


P.S: Os trechos escolhidos são consideravelmente amenos se comparados com o restante do livro, e foram escolhidos quase aleatoriamente ao longo da leitura para dar uma noção geral da mentalidade do autor.
Keylla 28/12/2015minha estante
Adorei sua resenha. Muito coerente. Já tentei ler "OS 120 dias de sodoma" por duas vezes e acabei abandonando. Não dá.
Seguirei sua primeira advertência.


Garrit 08/04/2019minha estante
Vi o livro em promoção, e o autor sempre me despertou curiosidade. Agradeço por expor parte do conteúdo. Seguirei seu alerta e me voltarei para outros autores. Excelente resenha!




Andre.Crespo 08/08/2011

Quando a moral não tem vez
Marquês de Sade. Para muitos, esse nome é símbolo de tudo o que há de corrupto, sujo e indecente numa pessoa. Para outros, como eu, um exemplo de um homem atemporal, infinitamente a frente de sua época, e por que não, ainda mesmo da época atual. Sua enorme incompreensão até os dias de hoje demonstra isso.

Mesmo muito conhecido, Sade é pouco lido. E muitíssimo menos lido é esse "A Filosofia na Alcova". Neste livro, encontrei o Sade na forma que esperava: um crítico imperdoável e mordaz de valores retrógrados como a religião, a nobreza, o moralismo e todo o pudor hipócrita e besta da sociedade.

Calcando-se em uma prosa atraente e fluida, composta apenas de diálogos, Sade nos mostra como três pervertidos natos tentam - e aos poucos conseguem - converter uma garota ingênua, na flor da idade, numa perfeita meretriz, ou seja, numa puta, destruindo todos os ensinamentos errados que havia recebido de sua mãe.

Através de seus personagens, o Marquês destila os seus pontos de vista, atacando todo o tipo de hipocrisia, seja ela religiosa, moral ou política. Mesmo que em algumas partes ele caia no "discursismo", o Marquês consegue chegar a seu objetivo: destruir todo o tipo de falso ou verdadeiro moralismo que possa existir.

Dedicado aos "voluptuosos de todas as idades e de todos os sexos", como Sade diz em seu prólogo, "A Filosofia na Alcova" posssui diálogos poderosos, o que mantém o livro hilário em sua maior parte. É com maestria que o Marquês consegue destilar todo o seu saudável deboche de forma sadia, e claro, menos pornograficamente impossível.
Clio0 04/11/2011minha estante
Comparativamente, a pornografia de Sade dificilmente se equipararia a relatos de costume, ou mesmo ao atual modus vivandis. Após ler esse livro, fica-se claro que a polêmica de Sade deveu-se muito mais ao seu ataque social do que ao conteúdo erótico de seus escritos.




Debora 08/12/2009

Nojento.
André Luís 20/05/2012minha estante
Critica construtiva ainda vale...




Henrique 07/04/2014

A história é bem simples: um casal de irmãos (inclusive rola um caso entre os dois) trama uma emboscada para envolver sua visita, uma adolescente de 16 anos, num esquema em que serão ensinadas a ela, na teoria e na prática, as mais depravadas formas de desfrutar o sexo. Para servir de professor, eles solicitam os préstimos do indivíduo mais libertino, cruel, imoral, cínico e incrédulo, que conhecem.

A Filosofia na Alcova exige que você, durante a sua leitura, suspenda todos os seus bloqueios morais. Nesse livro, falava-se naturalmente de incesto, orgia, devassidão, sodomia, além disso, defende-se o ateísmo, pedofilia, assassinato, parricídio, infanticídio (entendido no sentido mais amplo e não no sentido estrito do código penal). Isso tudo no final do século XVIII, quando foi publicado! Imagina a repercussão à época! O livro é pesado até para os dias de hoje. Sentimos certo desconforto ao lê-lo. E dizem que não é o mais pesado, nem o mais cruel, do Marquês de Sade, hem!

A despeito do peso do tema, não deixe de ler o livro. A narrativa é fluida, o texto do Marquês de Sade é muito bom: ótimas metáforas, engraçado, dinâmico, elegante (apesar dos palavrões). Sou suspeito porque gosto muito do estilo de escrita do autor; até tento, nesse aspecto, me inspirar um pouco nele, e admito certa influência sua no meu estilo. E o sarcasmo fino e o senso de humor? Rio muito lendo suas obras.

E não pense que o livro é vazio. Ele usa o sexo e a depravação moral para criticar as instituições, a sociedade e os costumes franceses de seu tempo.

Respire fundo e leia.

P.S.: Escrevo contos e poemas eróticos. Caso se interesse, acesse o link abaixo.

site: http://apenaobscena.blogspot.com.br/
Dennis.Lurm 30/08/2016minha estante
Assisti no último fim de semana o espetáculo " Os 120 Dias de Sodoma" dogrupo Satyros e fiquei perplexo com o texto, não conheço a obra de Sade e com certeza irei ler ! você já viu esse espetáculo? recomendo !




Fernando.Lovato 20/02/2024

Livro pornô com filosofia entrelaçada nas pausas dos coitos
É um livro polêmico e ousado hoje. Na época que foi escrito é compreensível que fez o tanto de inimigos que fez. Se você é um iniciante na leitura filosófica ou é puritano nos costumes, não recomendo o livro. É possível aprender o que o autor propõe de uma maneira mais leve e rápida. Já, se você curte putaria, criticas pesadas à instituições tradicionais, esse livro é para você.

-- Pontos positivos:
. Coragem. Escrever e criticar do jeito que o Sade fez não é para qualquer um.
. Historicamente relevante. É legal ver como a questão sexual na França do século 18 funcionava (o que era considerado moral e imoral).
. A proposta de revolução sexual foi revolucionária para época e talvez tenha contribuído para a liberdade sexual atual. Ex: na época a interdição religiosa sobre o tema era pesada, hoje é fraca o que beneficiou uma grande maioria. Sade contribuiu para tal.
. Putaria

-- Pontos negativos:
. Críticas impertinentes. É fato que as religiões cristãs radicalizaram as relações afetivas para seu interesse (radical para o sagrado); a obra radicaliza para o profano com argumentos tão inválidos como os quais o personagem Domance tanto critica. Ex: o noia criticando o doido.
. Fere os direitos humanos. Estupro, violência, pedofilia são valores exaltados na obra (com embasamento frágil... o personagem Domance usa o conceito de natureza de maneira pilantra várias vezes)
. Muita putaria, pouca filosofia. De filosofia mesmo é no máximo 25%. Para leitores que não querem perder tempo com descrições de coitos, basta a carta que Domance lê para os personagens no terço final do livro.
. Para o mundo contemporâneo, nada que o Sade expõe no livro é novidade. Se você viu pornô na sua vida, entrou no twitter e tem noção que instituições tem interesse próprio para o ato do coito (ex: religiões, Brazzers, anime romanticos, etc..), a obra pouco adiciona.
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André Goeldner 29/01/2009

MUITO INTELIGENTE
É uma ótima idéia usar o sexo como pano-de-fundo para analisar e criticar a política e sua sociedade hipócrita

Mais hipócrita do que isso, só ser tabu pelo sexo e não pela crítica.

Acima da média
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déia mack 06/06/2009

O perversor
Marquês de Sade é um personagem polêmico na história da literatura, e até hoje várias histórias controversas tentam definir quem foi este homem. Mas o que não se pode negar é que ele possuía o dom da oratória, neste livro picante discute filosofia, chegando até mesmo a chocar os leitores mais "moderninhos". Leiam, leiam muito, mas leiam sem preconceitos!!!
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joedson 15/12/2010

FILOSOFIA NA ALCOVA

do ânus pra vagina
o espaço é pouco
mas o tempo tudo ensina
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robertablo 29/12/2011

O horror
Sade tem o dom da escrita, mas o usou para depreciar todos as virtudes e morais que existem na sociedade. Estupro, incesto, assassinatos, tortura, roubo, etc., tudo é correto. Tudo pode. Tudo deve ser difundido e apreciado. Ele usa como principal argumento que se algo está presente na natureza, este algo é correto. E ainda não mede palavras para criticar as boas morais, sentimentos de piedade e sobretudo, religião.

A única coisa interessante é você ter praticamente todas as suas morais criticadas e entender o raciocínio por trás destes pensamentos. Como uma pessoa que defende tortura o faz. Mas fora isso, o livro é chocante (no mau sentido), asqueroso.
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Arnold 20/11/2011

Esta não pretende ser uma resenha de fato
Para mim, resenha é um negócio complexo(processo + resultado), mas que ao mesmo tempo tem que ser claro e de preferência sucinto, na exposição do argumento central e das formas de construir este argumento com os sub-argumentos de determinado texto, além de outros detalhes que visam clarear o seu entendimento.

Como aspirante a historiador, eu não li este livro com todos os cuidados e análises que eu faria numa ou noutra leitura. A questão é que, ao meu ver, isto não é uma "necessidade" para com este livro de dimensão literária - na verdade, só há necessidade, em relação a qualquer texto, se alguém se propõe a isso.

Quero dizer com isso que o livro "A filosofia na alcova" não pretende uma "verdade" na medida em que a história acontece na dimensão do absurdo tão cara a Sade e a diversas literaturas. Seja o que for, a história deste livro com o seu diálogo, a estética, a forma, etc., não pretende dar algo fechado dentro de uma disciplina, cientificidade, enfim, algo não necessariamente contrário, mas diferente, por exemplo, das obras historiográficas que(geralmente, vide contexto acadêmico) contém toda uma teoria, metodologia, dentro de uma disciplina aonde possam reconhecer-se como obras historiográficas. Enfim, a "verdade pretendida", ou melhor, a inverdade que se quer denunciar, é feita em grande medida diferentemente em gênero, número, grau, função, dinâmica e dimensão daquela tratada pela historiografia. Considerando que nem a literatura nem a história necessariamente são fechadas ou têm seu conteúdo fechado, ou mesmo que, dizendo secamente, não pretendem uma "verdade", para não cair num buraco que eu mesmo cavei, concluo apenas considerando que são coisas totalmente diferentes, mas que são dinâmicas, mutáveis, convergem-se e divergem-se, enfim, dialogam com as coisas e circunstâncias. A verdade lidada por cada uma destas formas de escrita merece uma abordagem que não incluirei neste momento.

Tratei de todas essas questões porque no livro o autor lida com "fatos históricos", aspectos humanos, sociais e culturais, mas que pela natureza da narrativa não devem ser considerados fora da dimensão do fantástico, do absurdo, da literatura. Antes de perceber completamente esta característica, até mais ou menos dois terços do livro quase me apaixonei a ponto de escrever uma antítese. Mas depois percebi que este projeto é totalmente inútil, e isso o tradutor explica na última consideração em sua "A revolução da palavra libertina", no final do livro, assim como na apresentação da "Coleção pérolas furiosas", no começo:

"(...)[Marquês de Sade]via na literatura uma possibilidade de criar um mundo às avessas onde tudo é levado às últimas consequências. Sade nos faz ver o impossível nas entrelinhas dessa realidade absurda na qual, paradoxalmente, nega-se a vida e os homens para melhor afirmá-los, vale dizer, para glorificá-los."

Percebe-se em "A filosofia da alcova" essa "dimensão do impossível" - profundamente exagerada, alheia à aplicabilidade nas sociedades humanas -, aonde os leitores livremente se relacionarão com uma realidade hipotética e "hipotetizante", contestando e até mesmo transgredindo forças que exercem repressões de diversos tipos aos impulsos humanos na "real realidade" nossa em nossos tempos, o que confere atualidade ao texto, simplesmente pela "atuação/aplicabilidade num mundo possível" - nenhuma realidade é completamente possível, no sentido de alcançável, concebível, nem completamente impossível, enquanto utopia. Realidade esta, a sadiana, cabe ressaltar, convidativa na medida em que nos propomos a "pular as cercas" da moral, dos costumes, da religião, dos governos, do pudor, do que seja.

Para mim basta concluir esta "resenha" com a seguinte reflexão: o mais inocente ou menos óbvio discurso pode esconder um ganancioso poder intencionado*¹(mesmo que coletivo ou impessoal), de forma que a "beleza" suplante o discurso-de-poder e o ouvinte em sua potencialidade consequentemente prejudicada. Sade, em seu tempo, questiona estes aspectos da vida em sociedade - conturbados tempos, aliás, perpassando a Revolução de 1789(e vai muito além dos questionamentos).

*¹: Na minha opinião, não existe um poder não-intencionado, na medida em que as coletividades(terreno máximo do poder sobre os homens) não são naturais, mas concebidas, "arquitetadas" mesmo que num inconsciente-involuntário lado da consciência coletiva(quando o esquecimento, a a-cultura - diferente de anti-cultura -, a alienação, são úteis ao podere voluntários e conscientes. Entretanto, na minha análise, não consigo ver aonde se expressa este último poder... talvez porque estamos atualmente numa política cada vez mais abrangente e efetiva de in-conscientização e "in-voluntariabilização" dos sujeitos singulares.
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Daniel Vieira 26/03/2012

Politicamente Incorreto
Libertinagem e apologia a tudo que é considerado imoral. Mesmo para nós, que julgamos viver numa sociedade "liberal", o livro pode ser chocante, e até causar mal estar. Mas de qualquer forma, é muito bom para perceber alguns ideais que rondavam a mente de franceses liberais pós-revolução. A necessidade desesperada de se afirmar como uma nova sociedade, renascida, e abandonar e rejeitar qualquer coisa que remeta à nobreza francesa.
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Gustavo Augusto 25/04/2012

Emancipador do gênero humano.
Os libertinos franceses do séc XVIII e XIX, sem dúvida deixaram marca indeléveis na historia da literatura e do pensamento humano.
Marques de Sade talvez o maior expoente entre eles, não podia ficar para trás, até hoje a sociedade pode ser divídida entre aqueles que realmente compreenderam a atemporalidade e a genialidade destes grande espiritos emancipadores do gênero humano, de toda forma repressora dos costumes e da moral, e também (por mais que isso possa soar estranho a mentes condicionadas e superficiais) também ao sexismo e ao condicionamento dos gêneros que a sociedade impoê.

A religião tem um papel fundamental neste carater denegridor do que há mais belo na natureza humana, que é a busca constante de todos os seres (sejam homems ou mulheres) por prazer e satisfação (não só por sexo, apesar do sexo ser a marca maior da sensualidade e satisfação do genêro humano).
Imundando o mundo com dogmas, preceitos, fantasmas e quimeras repressoras, a religião, instituições conservadoras e outros mecanismos de poder da sociedade, fizeram que a vida passase a ser algo a ser buscado longe da natureza da imanência terrena que todo ser humano vive, longe do aqui e do agora. O sexo e com ele também os relacionamentos, a coisa mais bela que a evolução "deu" para os seres humanos junto com as fantasias naturais proprías a qualquer ser vivo senciente e orgânico, foi vista como uma aberração, quando na verdade é a coisa mais natural que existe na natureza, nem profano nem sagrado, tão normal qunato um jogo inocente de crianças. Caso contrários não nasceriamos com esses instintos e desejados cultivados desde a mais tenra idade pelo nosso próprio organismo.

A vida foi castrada e no lugar dela se colocaram apenas fantasmas e sombras, mas, a sociedade não sendo capaz de eliminar os seus desejos mais internos, continua vagueando pelo mundo seja com dissimulações ou com a camada hipocríta e denegridora da sociedade, denegrindo o que há de mais natural no ser humano o desejo de vida, do gozar.
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RuLopes 08/02/2013

Inusitado.
Marquês de Sade provou que é sim, a frente de seu tempo.

Para ele, não existem tabus.. O que é Deus? Nada além de um empecilho para os virtuosos se renderem a libertinagem. E eu, devo concordar com muitos, ele é o rei da dissertação. Sua oratória é convincente e plausível. Para ele não existem categorias no sexo, apenas prazer. Orgia? Sodoma? Sadomasoquismo? É apenas prazer, o gozo mais puro e natural que foi concedido pela natureza e que deve ser usufruído por todos.

Ele expressa toda sua opinião devassa e ateísta através de seu personagem Dolmancé. O Marquês é perverso e incrivelmente genial. Amei esse livro, em cada página. Uma obra prima da literatura francesa sem dúvida.

Eugenie se tornou apenas uma arma para mostrar verdadeiramente como a virtude é corrompível. É erótico, depravado e cruel.
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