Sociedade do cansaço

Sociedade do cansaço Han B.C.
Byung-Chul Han




Resenhas - Sociedade do Cansaço


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Gustavo.Romero 09/11/2018

Perspicaz
Para apresentar o livro por seu ponto mais forte, recorro à seguinte citação: "Problemática não é a concorrência entre os indivíduos, mas o fato de se tornarem a si mesmos como referência e se aguçar neles, assim, sua concorrência absoluta. O sujeito de desempenho concorre consigo mesmo e, sob uma coação destrutiva, se vê forçado a superar constantemente a si próprio. Essa autocoação, que se apresenta como liberdade, acaba sendo fatal para ele." (p. 99)
Com essa tônica o peculiar Byung-Chul Han apresenta mais um de seus também inusitados trabalhos de filosofia. Inusitados pela forma de apresentação de seu problema: sempre brevíssima. Temos, nesse sentido, prós e contras: muitos conceitos que o autor coloca em curso ao longo do livro pegam desprevenidos leitores que não tem uma familiaridade mínima com dialética ou com conceitos de Nietzche e da psicanálise - o autor não perde nenhuma linha discutindo como ele se apropria dos conceitos e os apresenta já articulados. Em alguns momentos, inclusive, creio que Han exagera um pouco no movimento dialético considerando sua proposta de filosofia “enxuta”. Entretanto, os “contras” do livro são justamente o que o torna mais interessante. Desafiando o senso comum da filosofia moderna alemã, que se estende interminavelmente em ressifignicações, Han vai direto ao ponto e, fazendo isso, “assume a bronca” sozinho – em nenhum momento identifiquei qualquer tentativa do autor compartilhar sua responsabilidade ao flexionar algum conceito, tentando se “esconder” à sombra de outrem. Isso torna o livro muito autêntico, sendo as fragilidades do livro suas maiores forças; a dialética, por assim dizer, aplica-se à própria forma da obra. O texto que encerra o livro, transcrição de uma palestra do autor (p. 109-128), é essencial para desanuviar essas distorções formais e deixar clara a proposta de intervenção do autor.
É aqui que passo ao mais importante, ao conteúdo do texto. Não há como negar a pertinência do argumento de Han. Mesmo que em alguns (poucos) momentos o autor se atrapalhe com a relação entre negatividade ou positividade e a alteridade (ossos da dialética), e ainda que tenha enrijecido um pouco a concepção de sociedade disciplinar de Foucault (que é um autor mais “instrumental” do que conceitual), ainda sim o principal foi preservado: a ideia de que não estamos presenciando a supressão do indivíduo, mas sim sua extrapolação em oposição à ideia de coletividade. A oposição, saliente-se, em termos dialéticos, não significa a negação de que vivemos em conjunto; pelo contrário, é justamente a presença extenuante da sociedade que torna possível a negação do outro, em forma de excesso de (auto) positividade. Han alimenta essa problemática por três canais distintos: um, a “base” do trabalho, que reforça a tese do último humano ou “super-humano” nietzchiano como “corpo saudável” e como executor do mero trabalho, que Han alicerça na oposição aristotélica da “vida” e “boa vida” (esse ponto é magistralmente exposto às p. 107-109, que encerra com a provocação: “[Os homine sacri] estão por demais vivos, para morrer, e por demais mortos, para viver”.) O segundo, o “mecanismo de movimento” do livro, que muitos até hoje acreditam ser incompatível com a leitura nietzschiana, é a releitura dos conceitos de mercadoria e mais-valia de Marx (intenção discreta e explicitamente apontada apenas na p. 116, mas que percorre todo o texto). Han aproveita o que há de melhor e descarta o que ainda “emperra” a literatura marxista: leva às últimas consequências a ideia de mercadorização, descartando qualquer possibilidade de que a sociedade das mercadorias possa levar, dialeticamente, à “utopia socialista” (leitura, convenhamos, um tanto datada), para isso reforçando o conceito de exploração via trabalho não apenas pela sua significação econômica, mas pelas suas consequências funestas sobre a psique humana. Aqui se encontra o terceiro e “dinâmico” canal do livro: as apropriações que o autor faz da psicanálise enfocando os processos de depressão e hiperatividade que repercutem no esgotamento da capacidade contemplativa humana. O problema da sociedade de desempenho está além das esferas econômica ou sociológica, cujas barreiras já foram há muito superadas pela violenta lógica de reprodutibilidade dos padrões de expropriação; o desempenho (não mais somente o “lucro do capital”) apresenta-se com tal autoridade que um antigo alerta sobre a barbárie iminente de nossa “civilização” nunca pareceu tão próxima.
Deve-se lembrar que discussões de corte psícanílitco-nietzchiano tendem perigosamente à exagerada admiração pela “antiguidade” na figura da polis grega, se esquecendo que ela estava apoiada nas costas do trabalho escravo. Han, todavia, foi suficientemente prudente para salientar o aspecto da lentidão (o que nos remete à belíssima obra homônima de Milan Kundera) da contemplação como defesa à hiperatividade, esta que, incessantemente, assedia o espaço de auto-reflexão (atemporal por natureza) para ocupá-lo com o espaço de desempenho (que não é apenas temporal, mas dura e cronologicamente temporal). A sensação de tempo “livre” oculta a supressão do tempo “suspenso”, o “tempo da arte”, imputando-lhes a qualidade de “tempo perdido”. É nisso que Han insiste: o tempo “produtivo” é considerado preferível ao tempo “ocioso” nessa sociedade de desempenho. Quanto mais persevera essa ideia do tempo dito “perdido”, mais próximos estamos da derradeira conversão daquela que seria a capacidade que nos torna verdadeiramente “sencientes” em capacidade meramente produtiva – o já mencionado super-humano de Nietzche. Em suma, o advento da individualidade em associação ao desempenho representa a possibilidade antitética de supressão da própria individualidade; individualidade não no sentido raso de “unidade componente”, que é a própria síntese dialética da sociedade de desempenho (tão bem registrada pela imagem do “brick in the wall” do Pink Floyd, recentemente difamada pelo “esclarecido” eleitorado brasileiro), mas no sentido de singularidade e autenticidade, a tese dialética do que é, justamente, ser humano em sua mais pura forma.
PS.: cheguei a este livro pelas referências da excelente peça teatral “Os insones”, dirigida pelo também excelente Kiko Marques (de “Sintia” e “Do cais ou a indiferença das embarcações”). Recomendo a leitura do livro junto à audiência da peça.
Ester 16/11/2018minha estante
Comentários tão lúcidos e próprios quanto o próprio livro. Encantadoramente esclarecedor. É como uma re-leitura para os que têm alguma limitação de entendimento, como eu, por exemplo. Obrigada. Gustavo.


Matheus 11/05/2021minha estante
A melhor resenha que já li no skoob.


Gustavo.Romero 11/05/2021minha estante
Valeu Matheus. Fico honrado. Espero que curta a leitura, é de deixar os cabelos arrepiados.


Hügø 23/05/2021minha estante
Resenha mais que perfeita!! Nossa, o que deveria estudar para conseguir ter tal nível de compreensão??


Gustavo.Romero 30/05/2021minha estante
Eu diria que nada ra. Se seguir seus sentimentos, certamente perceberá que é rotineiramente agredido por essa exigência de ser "produtivo ". É a isso que Han está apelando durante todo o livro.


Hügø 30/05/2021minha estante
Realmente! Ficou bem perceptível esse reconhecimento de produtividade, apesar do vocabulário técnico, a idéia do livro ficou bem clara!
Obrigado obrigado!


stelajanuzzi 16/06/2021minha estante
Muito boa sua resenha! A citada obra de Milan Kundera seria qual?


Gustavo.Romero 16/06/2021minha estante
Oi Stela. O livro do Kundera é "A lentidão " (de 1995, se não me engano). Curtinho e enigmático rs


stelajanuzzi 16/06/2021minha estante
Obrigada!! Só li A insustentável leveza do ser mas fiquei tao apaixonada que pretendo ler outras obras do autor


Flor.Braz 04/10/2021minha estante
Ótima resenha, colocou em palavras muitas das sensações que tive ao ler o livro!

Se me permite, queria trazer para discussão um ponto que me peguei discordando tanto no livro, quando em sua resenha - enquanto o argumento de que a auto-exploração supera a exploração do outro me parece válido em países "de primeiro mundo", países ricos onde as políticas de bem estar social ainda perduram, não consigo enxergar o mesmo recorte aqui, senão para uma pequena fatia mais "privilegiada" que consegue com seu trabalho receber um salário digno, suficiente para todas as necessidade básicas, além de conseguir gerar reservas de emergência.

A grande maioria da nossa população sofre com a sombra do desemprego, da fome, que leva a sujeição a salários miseráveis e/ou aos novos mecanismos de super exploração do trabalho (Uberização).

Portanto, enxergo que, ainda que a sociedade do desempenho tenha sim muito impacto social e psicológico na nossa população, o principal mecanismo para a exploração ainda é econômico.

Partindo desta perspectiva, a visão de Marx segue a pleno vapor - é principalmente através do domínio econômico que a classe dominante exerce sua exploração sobre a classe trabalhadora.


Gustavo.Romero 04/10/2021minha estante
Oi Flor!
Ótimas observações, e acrescento: eu tanto concordo que entendo que os mecanismos de exploração e auto-exploração se complementam. Afinal, no momento que a exploração puramente econômica encontra o limite mínimo dda taxa de reprodução da mão de obra, o capital dá um passo além para cooptar o mecanismo psíquico do sujeito a ponto dele crer que o "lazer" ou descanso físico que, a princípio, está no cálculo da taxa de reprodução, é um ato de "preguiça ". O ócio tornou-se aquilo que foi a lepra durante tanto tempo - dispositivo de segregação através de algo alheio à própria vontade da pessoa. A culpa do doente ou da pobreza do trabalhador é do próprio doente (não da bactéria) ou do "luxo" de dormir 6 hs por noite.


Heloisa.Agibert 16/12/2021minha estante
Muito bom e obviamente atual e nos mostrando o efeito e consequências dessa realidade.


Ronney.Reis 14/01/2022minha estante
Excelente resenha. Comentários lúcidos e que nos auxiliam na reflexão do livro.


anapachecoeumsm 07/07/2022minha estante
Resenha maravilhosa, esse livro é um dos primeiros contatos que tive com filosofia e sociologia fora da sala de aula e internet, achei muito legal como você abordou os pontos fortes e fracos do livro!




Emi 09/10/2020

"O excesso da elevação do desempenho leva a um infarto da alma"
Apesar de ser um livro curto, o conteúdo é descomunal. Para mim, positividade sempre foi algo bom...até ouvir sobre esse livro. O equilíbrio é essencial.
Pretendo reler, uma vez que é importante entender sobre conceitos Nietzschianos e de Hannah Arendt para entendê-lo melhor.
Bibs 09/10/2020minha estante
Que resenha chique


Emi 09/10/2020minha estante
só não é mais chique que você


ana julia 09/10/2020minha estante
Chique mesmo, agora to com ainda mais vontade de ler, principalmente sobre oq vc disse sobre positividade já que eu detesto isso hahahaha


Emi 10/10/2020minha estante
kkkkkkkkk leeeeeeee, é muito bom


Bernardo.Bastianello 10/10/2020minha estante
Robert chora de orgulho com uma resenha dessas


Emi 11/10/2020minha estante
acho que ele choraria de vergonha KKKKK




spoiler visualizar
Douglas 01/03/2021minha estante
Mesmo assim só três estrelas? Rs


Shaolin Matador de Porco 01/03/2021minha estante
sim, foi minha avaliação, vc tem alguma reinvindicação em relação a isso?


Douglas 01/03/2021minha estante
Nenhuma. Só achei uma resenha falando muito bem. ;)


Shaolin Matador de Porco 01/03/2021minha estante
sim, não é um livro ruim, achei necessário até mas isso não significa que a leitura foi fácil ou fluída, se eu dei 3 estrelas é pq tive meus próprios motivos referentes a minha experiência com o livro. O livro é bem conceituado mas não só de conceito se vive um leitor kk


Douglas 01/03/2021minha estante
Verdade




B.norte 12/06/2022

Passo...
É um livro que (ainda bem) não tenho ele na versão física. Só li por estar disponivel no kindle unlimited.
Não é que ele seja ruim, não o é, mas sinceramente... pra mim também não foi um bom livro.
8 meses de leitura e pouca coisa entrou na minha cabeça.

A sensação que tive foi a de ler diversos temas dentro do tema geral, mas que nenhum deles foram realmente finalizados. Não gosto dessa sensação. Resumo da obra: não é pra mim, não curti, não seria um livro que recomendaria e não fiquei com vontade de ler outras obras do autor.
Fred 13/06/2022minha estante
8 meses? Caraca!!!
Isso explica o pq do "cansaço" no título do livro ????


B.norte 13/06/2022minha estante
Sim... acho que comecei com uma expectativa muito alta e não era o que eu pensei que fosse, aí desanimei.


babeatricce 14/07/2022minha estante
a escrita cansa demais! você entende, mas fica com a sensação de não estar entendendo nada


B.norte 15/07/2022minha estante
Sim, foi essa sensação que eu tive... não é que seja um livro ruim, mas senti que perdi tempo, pq o que consegui absorver foi pouca coisa ?


Pedro Braga 27/07/2023minha estante
A versão do kindle na verdade é um resumo da obra. Cheguei a comprar, mas devolvi quando percebi que era um resumo e não a obra completa.




dehtavi 01/02/2021

Filosófico
Bom, devido ao alto engajamento desse livro entre o leitores, eu esperava que ele trouxesse uma narrativa mais simples. A escrita é bastante "recheada", e o domínio de algumas áreas filosóficasé necessário para o completo entendimento de seu conteúdo. Entretanto, o livro se mostrou fantástico, com uma análise bastante estruturada da sociedade, ese valendo de elementos imprescindíveis da filosofia para nos construir a visão do autor. Recomendo muito, mas para que a leitura seja transformadora e completa, não indicaria para iniciantes da filosofia política e epistemológica!
Ana 01/02/2021minha estante
O livro "No Enxame" desse autor é fenomenal, vale muito a pena.


dehtavi 01/02/2021minha estante
Irei procurar a leitura, obrigado pela indicação Ana!


Douglas 01/03/2021minha estante
Boa observação. Os leitores devem se dar conta que é um livro escrito sobre um FILÓSOFO. Logo... Fará referência a outros pensadores.


dehtavi 13/03/2021minha estante
Obg Douglas Marques, é importante pontuar isso pra evitar decepções


Douglas 13/03/2021minha estante
Livro escrito por* um filósofo, a propósito rs




Hudson 28/02/2021

Excesso de positividade.
Desde 2011, 2012 tenho sido incomodado com os efeitos desse mundo técnico, tecnológico que compartilhamos. Na época li um livro chamado Tempos Hipermodernos de Gilles Lipovetsky, outro chamado Vertigem Digital, além da filosofia de Martin Heidegger que até hoje venho estudado, e que tbm já trazia esses questionamentos, bem antes do advento de todas essa tecnologia a qual temos acesso hoje. Nesse livro, A sociedade do cansaço temos reflexões sobre como o mundo de hoje funciona, como o fato de aparentemente podermos tudo (excesso de positividade), termos tudo à nossa mão, tem produzido um sociedade de pessoas cansadas, vítimas de uma "violência neuronal", onde a depressão e ansiedade são expressões disso tudo. Antes o mundo vivia em privação, hoje impera no mundo, um mundo de possibilidades, e por isso mesmo não sabemos nem o que queremos. Há até mesmo dificuldade para desfrutamos daquele ócio criador e criativo, pois logo nos sentimos entediados. Nos comparamos aos animais selvagens que estão sempre à alerta, não conseguimos "desligar", mas também vivemos nos comparando aos outros, competindo com outros. Seria possível viver de outro modo? Esse livro traz essas e outras reflexões essenciais para nossos dias. E se vc já se sentiu incomodado com alguns desses aspectos , não perca a chance de ler esse livro, que é bem curto, inclusive.
jordanpessanha1 01/03/2021minha estante
Nossa, depois dessa resenha até me interessei! Parece ser muito bom.


Hudson 01/03/2021minha estante
Vale à pena. É um livro denso, profundo mas não complicado.


Douglas 01/03/2021minha estante
Ótima resenha ?


Hudson 01/03/2021minha estante
Valeu amigo! ??




Marta Skoober 20/01/2021

Ano passado eu li "A sociedade da transparência" livro que eu adquiri junto com esse por influência da livreira da Livraria da Vozes. Confesso que não fosse Márcia (a livreira) eu dificilmente compraria qualquer um dos títulos do autor, e provavelmente não os leria. Não sei se o momento ou o livro, mas esse foi bem mais fluído. Me policiei para não ler de uma sentada e sem tempo para refletir, sobretudo tratando-se de um texto que exige/merece reflexão.
Em "A sociedade do cansaço" Byung-Chul Han reflete sobre o contemporâneo com suas constantes e infinitas demandas. Certamente não apreendi tudo, mesmo relendo as diversas anotações e grifos.
Alguma coisa na escrita me incomoda, que eu não sei se é do texto original ou da tradução. Mas excetuando isso foi uma boa experiência de leitura.

Grifos:

"Apesar do medo imenso que temos hoje de uma pandemia gripal, não vivemos numa época viral. "[6]
Aqui podemos lembrar daquela rádio que diz que "em 20 minutos tudo pode mudar".

"Apesar de todo o seu desempenho computacional, o computador é burro, na medida em que lhe falta a capacidade para hesitar". [33]

"O neoliberalismo, que gera muitas injustiças, não é algo muito bonito". [73]

"O hipercapitalismo atual dissolve totalmente a existência humana numa rede de relações comerciais." [76]
regifreitas 21/01/2021minha estante
eu gostei bastante desse e do Sociedade da Transparência. os outros que li já não me agradaram tanto.


Marta Skoober 21/01/2021minha estante
Tenho mais um. Mas acho que só vou ler daqui a um tempo.


regifreitas 21/01/2021minha estante
Tenho uns dois ou três ainda. Mas estou espaçando mais as leituras desse autor.


Marta Skoober 21/01/2021minha estante
Vou ler só o outro que já tenho aqui. Mas mais pra frente, embora tenha gostado desse, não me empolgou a ponto de querer toda a coleção.




Stanleyasr 28/09/2021

Reflexões essenciais
Tive uma certa dificuldade de leitura no início e em algumas partes específicas do livro pois o autor trás muitas referências à a uutores e textos de diversos teóricos que eu não cheguei a ler. No entanto, com uma leitura mais atenta a gente consegue acompanhar.
O livro vai trazer excelentes reflexões sobre os problemas do excesso de positividade, a autoexigência exagerada, a superprodutividade, a falta de momentos comtemplativos e de momentos de celebração e como tudo isso pode estar gerando um extremo esgotamento mental trazendo consigo transtornos como o Burnout, depressão e TDAH.

*Diversos aspectos desse livro me remeteram ao mundo 'utópico' de Admirável mundo novo. Indico a leitura dessa distopia para refletir aonde podemos chegar com um mundo onde 'não se pode sofrer' e em que todos tem que ser iguais, pois manter o status 'agradável' da sociedade é mais importante do que nossa individualidade e necessidade de enfrentar diversidades.
Paula 04/10/2021minha estante
Estou no início, e achei que seria mais palatável... Mas ok.


Stanleyasr 05/10/2021minha estante
O primeiro capítulo é realmente o mais difícil. Eu travei nesse capítulo na primeira leitura, passei um tempão e fiz uma segunda tentativa e rolou!!!


Yasmim Blackthorn 16/10/2021minha estante
Eu comprei Admirável mundo novo e Sociedade do cansaço e não fazia a menor ideia que poderia ter algo que "conecta" os dois. Qual você indicaria ler primeiro?


Stanleyasr 16/10/2021minha estante
Acho que a ordem que eu fiz é top. Admirável mundo novo primeiro e, depois, sociedade do cansaço. Pq a discussão que eu percebi a conexão fica bem no final. Daí fica mais fresco na memória.




Fabio.Nunes 13/12/2023

Não se assuste
Sociedade do cansaço - Byung-Chul Han
Editora: Vozes, 2017.

Quando li este livro pela primeira vez fiquei com a impressão de ter sido atropelado por um ônibus em movimento. O texto de Han não se importa em te pegar na mão e te fazer entender tim-tim por tim-tim os inúmeros conceitos que são apresentados. O autor, tampouco, interessa-se em apresentar os limites de seus conceitos, o que dá uma impressão (falsa) de esgarçamento e generalização conceituais.
Portanto, este não foi um livro fácil, ainda que numa releitura. Em alguns momentos parece um texto puramente acadêmico da filosofia ou sociologia ou psicologia; noutros você consegue entender os argumentos sem esforço. Mas, o valor desta curta obra está em fazer você parar para pensar o dobro do tempo que gasta para lê-la.
E, ainda que o entendimento tenha sido incompleto, esta é uma obra que vale ser lida. Pois trata da sociedade em que vivemos agora, a sociedade do desempenho, nas palavras do autor.
Saímos de uma sociedade disciplinar, com regras e posições mais rígidas, e, portanto, dotada de alguma negatividade, previsibilidade e alteridade, para uma sociedade da positividade, da auto-coerção, da vitória dos valores burgueses do trabalho e da produtividade, e do esgotamento. E é esta sociedade de desempenho, em que o indivíduo fala mais alto em seu narcisismo e em sua autoafirmação, que se mostra como uma sociedade das patologias psíquicas, do sofrimento humano. Um mundo de pessoas altamente produtivas que nada mais são do que hamsters correndo numa roda de gaiola.
Critico alguns conceitos, por não entender que se aplicam a todos os países ou a todas as classes sociais, mas afirmo que esta é uma leitura enriquecedora.
Recomendo a leitura.
Flávia Menezes 13/12/2023minha estante
Que resenha incrível, Fábio!
Confesso que não conhecia nada sobre esse livro, mas seus pontos aqui me deixaram bem curiosa sobre ele.


Fabio.Nunes 13/12/2023minha estante
Obrigado Flávia! Essa leitura demanda esforço, mas vale a pena em nome da reflexão.


Vanessa.Castilhos 14/12/2023minha estante
Resenha maravilhosa, Fabio! Muito interessante, fiquei curiosa tbm!


Fabio.Nunes 14/12/2023minha estante
Obrigado Vanessa!




Jônatas Iwata 03/02/2022

Quando o Chul Han finalmente esquece da metáfora besta de sistema imunológico que ele criou pra convivência capitalista, o livro engata. O insight dele sobre doenças mentais é realmente muito bom.
Nalice 05/02/2022minha estante
Toda hora que ele volta com essa história de imunológica eu reviro os olhos, porque "sem tempo irmão"


Jônatas Iwata 06/02/2022minha estante
ele escrevendo:
"acho que os médicos vão gostar ?"


Nalice 06/02/2022minha estante
Eu sou estudante de medicina e achei nada a ver kkkkkkk




Paulo.Sergio 11/09/2020

Entenda seu "cansaço"
O autor lançando mão de Foucault, Hannah Arendt, Agamben e outros filósofos contemporâneos, vai direto ao ponto e aponta a origem do nosso mal estar feito de ansiedade, depressão e cansaço. Saímos da negatividade para a positividade, isso cansa.
Douglas 22/09/2020minha estante
Muito boa resenha, Paulo. Assunto muito importante para os dias atuais.


Paulo.Sergio 22/09/2020minha estante
Oi Douglas penso que você vai gostar da leitura . Pretendo ler os outros títulos dele.


Douglas 23/09/2020minha estante
Comprei essa semana por um preço razoável na Amazon




Andrea 05/01/2022

Texto muito técnico, prolixo e, por vezes, repetitivo. Achei que seria uma leitura tranquila para pessoas leigas, mas eu só consegui terminar porque desisti de processar o que estava lendo.
Quanto ao tema, eu já tinha visto algumas críticas e comentários, e concordo que é um assunto bastante relevante e atual, mas a escrita, infelizmente, não é muito acessível.
RobertaIsabel 05/01/2022minha estante
Excluindo da minha estante em 3,2,1 kkkk


Andrea 05/01/2022minha estante
O Andar do Bêbado parece até mais inteligível agora. ??


Ana Usui 05/01/2022minha estante
Se o autor sabe que estamos cansados, por que escrever de forma dificil? Talvez pra fazer a gente dormir mesmo...




anicca 15/07/2021

O excesso de elevação do desempenho leva ao infarto da alma
Neste livro, Byung-Chul Han, filósofo coreano radicado na Alemanha, argumenta que o século XXI passou por um rompimento de paradigma e que, se antes vivíamos a sociedade do controle, atualmente vivemos "a sociedade do cansaço". Diferencia-se da configuração social anterior, porque enquanto aquela é demarcada por rigidez de valores e horários, controle exercido pela pressão social e imposição explícita de regras, esta camufla seus sórdidos objetivos sob um verniz de prosperidade: o sujeito moderno nada mais é que um hamster na rodinha, perseguindo o inalcançável infinitamente. 

A hiperprodutividade, uma das características principais da sociedade do desempenho, se veste com uma máscara de liberdade e convida o sujeito moderno a assumir-se senhor de si, a se desvincular de vínculos empregatícios formais e a conduzir seus horários e projetos por conta própria. Contudo, na verdade, o indivíduo age sob a influência escamoteada da exigência contínua, mantendo-se constantemente em atividade sob o pretexto de "ser útil". Assim, acaba cedendo à exigente demanda por produção e se convertendo em um escravo, mas como as cobranças agora partem de si mesmo, já que acredita estar sendo guiado pelos próprios interesses, torna-se o próprio algoz. É vítima e agressor ao mesmo tempo. 

A palavra-chave que define a sociedade do cansaço é: positividade. Corrompe a mentalidade do indivíduo e o aliena quanto às suas necessidades ao convencê-lo, por meio de apelos midiáticos ou de pares já mimetizados pelo modelo, de que precisa daquele aparelho eletrônico para ser feliz, ou de outro ser humano para ficar completo, ou de iniciar/cumprir mais uma meta e mais um projeto para se satisfazer. Oferecer tantos estímulos quanto for possível, mantendo-o ativo e alerta, é uma forma sutil de violência, pois satura e exaure, mas ele sussurra para si que faz parte do processo natural da evolução humana e tecnológica e segue em frente. E o ciclo se retroalimenta: o ambiente disfuncional promove carências infundadas, desmantela o vigor das pessoas envolvidas e, ao mesmo tempo, sugere que é algo típico e natural.

Com isso, as nuances entre trabalho e diversão se diluem a ponto de o segundo momento perder o sentido e ser subjugado em prol do primeiro, afinal, se você não gerar lucro como deveria, poderá ser instantaneamente substituído. E por que não estudar em vez de ver o filme? Como encaixar aquele curso de aperfeiçoamento na rotina? Então, uma onda de pessoas é induzida a perseguir metas cada vez maiores sem que o devido acompanhamento psicológico seja fornecido, daí surge o esgotamento, as síndromes nervosas e a insistente noção de fracasso por não entregue "tanto quanto poderia". E é esse o maior êxito da sociedade do desempenho: adestrar o indivíduo para querer consumir e produzir sempre mais, mesmo quando seu organismo dá sinais de falência.

Para Han, TDAH (transtorno de déficit de atenção e hiperatividade), depressão e a síndrome de burnout são consequências diretas dessa configuração social e econômica, pois que ela impõe um estilo de vida descaracterizado aos indivíduos, e estes, ameaçados pelo fantasma do desemprego, têm sentido necessidade de desenvolver "habilidades paralelas", de se preparar para suprir eventuais necessidades mesmo sem haver recompensa financeira. Além disso, devido à absorção do tempo que poderia destinar ao autocuidado pelo mercado, as pessoas tendem a se sentir deslocadas e incompreendidas e, por conseguinte, a se isolar, a ter menos resiliência e a se cansar mais rápido do contato humano, gerando assim um ciclo vicioso. 

E como se as chagas psíquicas e a fratura das relações humanas não bastassem, a sociedade do cansaço compromete a atenção plena, profunda. Submete o sujeito do desempenho a adotar  o formato disperso e fragmentado, denominado multitasking. Com ele, depositamos atenção em várias tarefas ao mesmo tempo, o que, em tese, acelera nossos processos mentais e práticos e mantém nosso tempo rentável. Mas, a longo prazo, mina nossa capacidade de resiliência, de determinação e de perseverança, nos tornando sensíveis em excesso (ou até inaptos) ao tédio, a concentrar o foco somente em um objetivo, a destinar atenção prolongada a algo, entre outros. Byung-Chul o compara ao comportamento animal, que se divide entre buscar alimento, manter-se vivo e proteger a prole, isto é, não passa de um mecanismo de sobrevivência, e seres humanos são dotados de criatividade, pensamento elevado e cultura complexa para se resumirem a subsistir. 

Para superar a sociedade do cansaço, ele sugere a assunção de uma vida contemplativa, que é caracterizada pela autonomia do sujeito em relação ao meio em que vive, isto é, administrar os próprios planos e metas com base em suas necessidades pessoais, não em relação ao que o externo impõe. Consiste em deixar de realizar diversas tarefas ao mesmo tempo sob a pressão extenuante da produtividade, em desenvolver a capacidade de contemplar seu entorno, em dialogar com o tédio e dele extrair epifanias, em reeducar sua forma de perceber e de lidar com o mundo e em assumir sua individualidade autêntica, intransferível. 

Dito isso, enquanto o lia, muito pensei em um poema compartilhado por Guilherme Terreri em seu canal no YouTube, o Tempero Drag. Reproduzirei-o a seguir: 

mundo insano (1991)

teu saber são farrapos cobrindo a humilhação 
de uma vida à tua frente sem nenhuma condição 
ainda andas e falas, espantalho tão real
és a imagem perfeita da situação atual
foste outrora um elo da corrente que partiu
para trás ficou um todo e à frente um grande vazio
foi tentando aparar as arestas do teu meio 
que vieste a descobrir que o certo é o mais feio
partiste sem rumo e sem fé, te tornaste um desumano 
para poder suportar e partilhar um mundo insano

Ainda no YouTube, há um documentário em que o próprio autor retrabalha os conceitos abordados no livro: https://youtu.be/VbPvH515KoY.

E, por fim, sua leitura envolve camadas elaboradas por outros pensadores, nos quais o autor pauta sua análise acerca da sociedade ocidental contemporânea. Os principais são:
> Vigiar e punir, de Michel Foucault 
> A condição humana, de Hannah Arendt 
> Ensaio sobre o cansaço, de Peter Handke
> Bartleby, o escrivão, de Herman Melville
> Homo sacer, de Giorgio Agamben 
> Humano, demasiado humano, de Friedrich Nietzsche 
> O eu e o id, de Sigmund Freud
Hügø 15/07/2021minha estante
"Sem palavras"(?o?;), necessitarei entender melhor os conceitos utilizados antes de lê-lo... Não sei realmente como dizer mas ótima resenha!


anicca 20/07/2021minha estante
https://youtu.be/Y-nI5VZaU_k aqui um dos conceitos, ó. Acabei de ver.


Hügø 20/07/2021minha estante
Ócio ?
Realmente estou precisando de um tempo somente para isso... Obrigado por me trazer o vídeo!




@PinkLemonade 27/02/2021

Não gostei, não recomendo
Há tempos tinha essa livro na minha lista de leituras que desejava fazer.

Achei a tese do autor bastante rasa referente a explicação que o mesmo dá para as razões pelas quais nos tornamos a "sociedade do cansaço ".

Concordo que a humanidade tem se dirigido cada vez mais a estupidez coletiva e ausência de pensamento, mas não consigo concordar com a explicação do autor para a origem do fato.

Basciamente ele culpa o que chama de "hiper capitalismo" como a causa do problema dando sutis dicas de que se talvez fôssemos uma sociedade mais "filosofa" não teríamos esse problema.

No "quest" dele para apunhalar o "mostro do capital", sinto que a analise fica extremamente parcial e as "soluções" para o problema, extremamente infantis.

Não recomendo a leitura, mas se vc quiser tirar a "prova dos 9", be my guest.
Enzo Lopes Amaral 27/02/2021minha estante
Eu lembro que vc tinha me convidado a fazer resenha, mas acabei não fazendo. Aproveito a sua como deixa para a minha xD.

Eu gostei do livro, achei que trouxe "insights" interessantes. Eu pessoalmente destaquei várias frases que gostei e me fez ter umas 2/3 reflexões das quais apreciei: não daquelas inteiramente inusitadas que te impressionam por nunca ter pensado antes, mas daquelas que adicionam novas nuances nas suas perspectivas pré existentes. Pelo alvoroço que ele havia causado no meu meio eu esperava mais tbm. Como você disse, ele não trás ideias com muita solidez e a ideia principal fica meio vaga, mas me contentei com sua simplicidade e seu modesto acréscimo que ele trouxe. Afinal, ele é curtinho e acabei por sentir que meu tempo investido nele foi válido ^^

Eu recomendaria, mas faria a ressalva para o leitor não ter grandes expectativas.


@PinkLemonade 27/02/2021minha estante
Sim,vc foi mais bondoso que eu na análise. Hahaha. Pra mim o cara só pareceu mais "vomitar" outros autores como a Arendt.


Douglas 01/03/2021minha estante
Pink, talvez não haja uma solução " mágica ". Porém, simples provocações como essas podem levar muitas pessoas a conscientização, levando a amenizar os efeitos destas tendências sociais de auto exploração.




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