Hannah 23/05/2024
"Trabalhe enquanto eles dormem. Acorde às 5h e vá correr"
Estamos vivendo atualmente a sociedade do cansaço. Diferente da ideia de Foucault sobre uma sociedade do controle, onde todos são vigiados, punidos e controlados por um certo poder que dociliza corpos, Byung Chul Han nos apresenta uma sociedade que o sujeito pós-moderno quer estar nessa condição por imposição da lógica hipercapitalista de que ele tudo pode, de que é capaz de mudar o que quiser em si e no mundo. A era dos coachs, da motivação, da autoajuda, da produtividade, do consumismo, das redes sociais está produzindo um crescente número de mentes adoecidas. O burnout e a depressão surgem como epidemias de quem quer exibir um comportamento com hábitos que estão além das possibilidades humanas. A positividade tóxica adoece, desumaniza, desgasta. Ninguém pode estar cansado e nem se mostrar cansado, pois exige-se que sejamos meras máquinas. Foucault fala da sociedade disciplinar e Byung Chul Han nos mostra que essa ideia foi superada no século XXI com o que ele denomina de "sociedade do desempenho". No entanto, continuamos sim sendo controlados pelo mercado, pelo capitalismo selvagem que vende a ideia de que podemos produzir mais e mais sem limitações, pelas redes sociais que mostram vidas perfeitas, pela nossa própria escravidão em seguir o que é imposto pelos livros de autoajuda e coachs aos quais pagamos fortunas para nos ludibriar e tirar a nossa lucidez, induzindo a uma pretensa "autorreponsabilidade" ilusória sobre aquilo pelo qual não somos totalmente responsáveis e nem teríamos como ser.
Leitura indispensável para entendermos a dinâmica social atual.