LT 03/10/2016
E chegamos ao terceiro livro dessa série, e? Já pode liberar o próximo, por favor?!
Kaira Táiran é um membro muito importante na Ordem dos Guardiões, muito mais do que se imagina e da posição que ocupa aos olhos dos demais, ela não é apenas mais uma da linhagem, ela não carrega apenas o sobrenome, ela é filha de alguém que no passado foi muito importante. Alguém que cometeu muitos erros, alguém que fez com que a linhagem de Táiran se erguesse, afinal, é assim que surgem as lendas: em meio as guerras.
Para quem leu os livros anteriores, sabe que a Ordem e os demais povos que vivem em Ionessem tiveram alguns problemas e algumas batalhas contra uma força chamada Coligação. Nesse livro não vai ser diferente, porém, o problema é bem maior, ainda que nossos mocinhos e mocinhas tenham vencido as batalhas anteriores, elas não foram nada se comparado ao que está por vir e é assim que Kaira se vê com vários problemas, muitas decisões a serem tomadas e que somente ela pode decidir, mas e o preço a se pagar por cada escolha? E o peso a se carregar nas costas com as consequências de suas decisões? O peso de mortes sobre seus ombros, o fato de ter que fazer as coisas independente de qualquer outro motivo? Como lidar com tudo isso?
Ela se mantinha envolta em “gelo”, negando-se a sentir a vida, a sentir emoções, bloqueado tudo aquilo para poder manter sua sanidade, mas, do nada, as coisas começam a mudar e Kaira se vê obrigada a aceitar a “proteção” de um assassino Keryl e da irmã dele, devido a uma marca ela vai ser protegida – queira ela ou não – e com isso vai ter que ceder em alguns momentos, abrir mão de estar no comando, dentre outros fatores.
O Keryl é um assassino, mas também é o líder de seu povo e a ele cabem muitas responsabilidades. Ambos, o homem e Kaira já lutaram lado a lado no passado, conciliando seus poderes e com isso proporcionando grandes chances de vitória para o seu lado. Serão eles capazes de repetir o feito? Descobrindo quem é, de fato, Kaira Táiran, o Keryl e sua irmã Surrima, continuarão a protegê-la? Vão apoiar sua luta?
Com bastante ação, Thais Lopes faz muita “sacanagem” nesse livro e quando digo sacanagem, é para conosco, os leitores. Veja bem, ela finaliza o livro de um modo que... você deseja que não acabe, você quer mais, muito mais. Acaba em um momento de falsa calmaria, todavia, com o medo estampado não só nas páginas e nos sentimentos dos personagens, mas em nossas mentes que ficam rodando e criando teorias enquanto ficamos na espera pela continuação que é intitulada Guardiã e está em processo de desenvolvimento. O medo é pelos personagens que tornam-se nossos queridinhos e ela te faz imaginar que vai matar aquele ou aquela que você adora, faz com que a sensação de que “Ela vai matar!”, “Não, não vai!”, “Vai, sim!”, fique ali martelando em seus pensamentos até a última página e ainda acho que ela vai matar um dos meus “Keridos” (apelidinho pra um personagem aí – rs), mas sei que para descobrir tenho de esperar por Guardiã.
Confesso que em alguns momentos, a forma com que Kaira puxa a responsabilidade para ela – a qual, por sua posição, lhe pertence – me irritou, o excesso dela de “ter que fazer, ter que ser” me incomodou, só que sim, está de acordo com a história, eu que desde sempre impliquei com essa personagem mesmo, desde o primeiro contato com ela nos livros anteriores, mas ela me surpreendeu positivamente, tirando o excesso de peso que ela quer carregar sozinha e o fato de querer manter as pessoas “distantes” também. Quanto ao povo Keryl, adorei eles, o melhor povo! :D
Pra quem acompanha o Blog, sabe que adoro essa série e posso dizer que esse livro está sendo difícil de resenhar, portanto, me desculpem caso eu deixe algo vago demais. As Crônicas de Táiran traz para nós uma ficção cientifica leve e muito gostosa de se ler, com problemas que costumam ser resolvidos em cada livro mas que deixam gancho e vão gerando situações maiores para os próximos, a autora costuma “amarrar” muito bem a trama e isso é ótimo e nesse livro em questão ela deixou tudo – essa foi a minha sensação – para o próximo que vai ser o último livro desta era das crônicas.
Quanto a escrita da autora, preciso dizer que gosto bastante, desde o primeiro contato com a escrita da Thais ela me ganhou e por isso continuo almejando seus livros (Libera Guardiã logo, Thais!), entretanto, dessa vez, preciso dizer que aconteceu algo que não notei nos anteriores, a autora repetiu em alguns momentos a escrita (Não que as cenas sejam repetidas, longe disso, é que a forma de descrição lhe causa uma sensação, sabem? Espero ter conseguido explicar.), é as expressões, mas isso não atrapalha a leitura mas pode deixar ela um pouquinho mais lenta do que o normal. Sim, a escrita da Thais flui facilmente para o leitor e tenho certeza que a maioria dos leitores não nota ou não se incomoda com isso, eu que tenho essa mania e me incomoda levemente – rs. As histórias criadas pela autora costumam ter reviravoltas, muitos problemas (ou tretas – como preferir chamar), mas as personagens, principalmente as femininas costumam ser muito fortes, marrentas até, e seus “mimimis” não são chatos, na verdade, não são bem “mimimis”. Algo que gosto muito nas obras da autora é que ela não enrola, ela vai e faz acontecer e ponto final.
Sobre a edição não posso falar, afinal, li na versão e-book que a autora forneceu para nós, parceiros dela. Alguns errinhos de digitação – que a autora está sempre verificando e aos poucos são arrumados –, nada que atrapalhe a leitura ou a compreensão, compreensão essa que é super fácil, para quem tem medo de ler ficção por ser mais “complexo”, acredite, você vai entender com tranquilidade as crônicas, a forma com que são contadas, facilita muito.
É isso, sim, indico para quem quer ler um Sci-fi e tem receio, para quem curte aventura, para quem gosta de um romance sem ser meloso; enfim: indico para quem quer ler uma boa série nacional!
[QUOTES]
“Você vai gritar, Guardiã. E vai me contar o que quero saber.” A voz do homem soava enganadoramente suave, e uma mulher ria de leve por trás dele, enquanto eu me concentrava em ignorar a dor. “Temos muito tempo, não se preocupe. Temos todo o tempo até alguém vir te resgatar. Ah, espere. Me esqueci que os soldados de Táiran nunca voltam para buscar um dos seus...”
Programada para sobreviver a qualquer custo. Como uma máquina.
Entender nuances emocionais é para quem pode se dar ao luxo de se aproximar das pessoas.
“Você viveu muito tempo, e muita coisa aconteceu.” Ela começou, sua voz refletindo a seriedade na sua expressão. “Mas isso não te obriga a ficar atrás de uma parede de gelo. O que você faz... Você apenas se esconde do passado.
“Você é uma parede de gelo.” O homem deu de ombros, tirando a camisa. “Onde ou com quem dorme não deveria fazer a menor diferença.”
Porque sou Krisla Táiran, e todos aos meu redor morrem. Não se apegue, não se aproxime das pessoas.
Era a primeira vez que eu via Kara Táiran com medo, e achava que entendia o motivo. Uma mãe nunca deveria pedir aquilo para a própria filha.
“Não existe glória, não existe honra, não existe superação. Dizem que é a esperança que vence uma guerra. Que todos devem se lembrar de casa, daqueles por quem lutam e que te esperam. Mas na verdade você luta até a esperança acabar, até o medo deixar de importar, até que reste apenas o desespero. O vazio. E ainda assim você luta. Você olha ao redor e vê que aqueles que estavam ao seu lado já caíram e que você está pisando no sangue deles.
“Não existe honra em uma batalha. Não existe beleza, não existe heroísmo. Existe apenas o desespero e o lado mais negro de cada um de nós. Aquele lado que está disposto a se tornar um pesadelo vivo para sobreviver.”
Resenhista: Ana Luz.
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