Tete 23/03/2021BDSM ótimo, Romance terrívelFalar em literatura BDSM nos dias de hoje é pensar em 50 tons de cinza e, com isso, desvalorizar esse tipo de literatura. As pessoas se esquecem dos clássicos de Sade, Réage e Masoch e só pensam nos romances água com açúcar que não fazem jus ao BDSM. Mas vamos falar desse livro...
Eu me comprometi a fazer resenhas de livros BDSM sob a visão de uma praticante. Apesar de não ter anos de prática, meus conhecimentos e preferências me dão certa bagagem no momento da leitura desse tipo de livro e, em se tratando da Lena, ela é maravilhosa no contexto BDSM. Dá pra notar que ela fez uma pesquisa ampla sobre o assunto, conversou com praticantes e tomou os cuidados necessários para escrever cenas realistas, apesar de em alguns momentos parecerem impossíveis. MASSSSS para por aí, porque o romance foi uma decepção.
Lion que se mostrou tão determinado, duro e intenso no primeiro livro. Nesse parecia um menino mimado de 15 anos que não consegue lidar com a situação de estar apaixonado. Foi decepcionante ver um suposto "dominador" tomando atitudes tão, nem ouso dizer submissa, pois seria um insulto aos submissos, mas atitudes que me lembram um adolescente.
Enquanto isso Cléo voltou como Ama e, apesar de fazer bem esse papel, nota-se que ela queria estar na posição de submissa (nessa parte eu me identifiquei bem, pois já passei pela mesma situação). Enquanto tentava encontrar sua irmã, sendo obrigada a participar de um jogo que mal conhecia, ainda tinha que lidar com as diversas personalidades de Lion. Confesso que eu queria que ela mandasse o Lion para o inferno e seguisse sua vida sendo submissa de outro, mas não é esse o objetivo da história, infelizmente.
A todo momento Cléo estava disposta a tudo para se manter no jogo e encontrar sua irmã, enquanto Lion parecia estar mais focado em seus ataques de pelanca quando Cléo era obrigada a jogar. Esse livro foi muito mais focado na investigação, nos envolvendo tanto no mundo do torneio, quanto no enigma dos vilões. E dá pra entender que esse livro tivesse mais foco no caso, mas Lena esqueceu de contar ara o Lion que ele é um agente do FBI. Ele toma atitudes que fizeram eu me perguntar se era ele, ou Cléo, o chefe da operação. A todo momento ele estava mais preocupado com a Cléo do que com a amiga sequestrada e o amigo que foi assassinado.
A escrita de Lena é ótima. A pesquisa foi impecável. As cenas me deixaram sem fôlego. Mas o romance me dava sono. TODAS as vezes que eu pegava pra ler, eu dormia. As cenas dos protagonistas, fora do contexto BDSM, eram exaustivas, longas demais, com problemas que não deveriam existir entre 2 adultos bem resolvidos, agentes da lei. TODAS as cenas do Lion eram terríveis.
Em vários momentos eu disse ao meu Mestre que se me deparasse com uma situação dessas, eu bateria na cara do Dominador e mandaria ele virar homem (e olhem que eu nem gosto desse tipo de fala). Mas é decepcionante, para uma submissa, ver um homem Dominador nessa situação. Não estou dizendo que o homem não pode ser romântico, demonstrar amor e tals. Mas para um homem, que se diz dominador, ativo no BDSM, ter as atitudes que ele, é insuportável e decepcionante.
Dei duas estrelas nesse livro por causa das cenas BDSM, mas no geral, esse livro foi a morte de um casal, que, no primeiro livros, apesar de alguns percalços, me deram um pouco de expectativa. Vou continuar a saga por curiosidade. Lena apresentou outros personagens bem interessantes e, mais uma vez, o trabalho BDSM está maravilhoso e isso me prendeu. Só espero que o romance dos outros casais se mostrem melhores que Cléo e Lion.
É isso. Pretendo fazer uma resenha no Youtube. Mas ainda sem data para publicação.