Paulo Silas 26/10/2023"Love" é um romance que se pode dizer regular e dificilmente algo a mais do que isso. Não é de todo ruim, mas também é forçoso considerá-lo um bom livro. Não que a história não agrade, pois a trama toda segue o bom estilo de Stephen King com terror e fantasia. O problema aqui é o enredo, a forma pela qual a história é contada. A narrativa é muito desgastante e enfadonha. Faz parte do estilo do autor trabalhar com amplas abordagens sobre questões envoltas à questão principal da história, de modo que não é com surpresa que o leitor se depara com diversos desvios durante a leitura. Em "Love", porém, King parece abusar disso, tornando a leitura bastante cansativa a ponto de por pouco o livro não ser uma obra bastante chata no todo.
Como consta no subtítulo, o livro conta a história de Lisley, a viúva de um famoso escritor que ainda lida ao seu modo com o luto pela partida inesperada do marido. Por mais que diversos fãs e pesquisadores procurem a mulher com insistência visando a autorização para que se tenha acesso ao conteúdo não publicado do escritor, Lisley reluta com veemência mexer nas coisas do falecido, deixando-as praticamente intocadas - isso pelo menos até o surgimento de um sujeito ameaçador que faz com que a viúva tenha que enfrentar os demônios que atormentavam o marido e os seus próprios, tanto os do plano da realidade (como uma irmã internada em uma clínica psiquiátrica) quanto os de outro mundo (que são tão reais quanto aqueles do seu mundo), os quais podem ser bastante úteis no enfrentamento da nova ameaça que surge.
O livro demora para efetivamente prender a atenção do leitor - e quando consegue, já passando da metade da história, ainda assim conta com algumas tantas partes difíceis ao considerar o excesso de idas e vindas na narrativa. Stephen King geralmente faz essas voltas com a propriedade que lhe é inerente - por mais que excessivas em certo ponto, são feitas muitas vezes na medida certa e necessária para o bom desenvolvimento daquilo que é contado. Em "Love", porém, o autor perde a mão, tornando a história demasiadamente arrastada. Tem-se então uma boa história que infelizmente não é muito bem articulada em sua narrativa, daí sendo um livro mediano.