Raquel 21/01/2019Resenha: Uma noite com Audrey HepburnUma noite com Audrey Hepburn foi escrito por Lucy Holliday e publicado pela editora Harper Collins. É o primeiro volume de uma trilogia e conta a história de Libby Lomax, uma mulher de 29 anos que se vê um pouco perdida na vida. Sempre esteve (contra sua vontade) no mundo das produções para TV e cinema à sombra da irmã que era quem realmente nasceu para isso.
A vida de Libby é um completo "me deixei levar, e agora?". Ela não sabe muito bem no que é boa, não teve tempo entre um teste e outro e uma figuração e outra para ter uma carreira diferente da de atriz. Ela é uma eterna figurante. Sua agente, a mãe dela, também não se esforça muito para mudar a situação. A atenção é sempre voltada para sua irmã, Cass, que é uma perfeita Barbie e extremamente fútil, a coitada não sabe de absolutamente mais nada que acontece além da sua bolha de celebridade. Libby acaba sendo a secretária de Cass em muitos momentos buscando vestidos pra premiações, esmaltes, compras e apesar de ser muito maltratada pela mãe e irmã, ela as ama e tem carinho por elas.
Já o pai de Libby é um completo panaca. Ele é um escritor e está há 20 anos escrevendo um livro que conta sobre a vida de algumas estrelas de cinema como Audrey Hepburn e nunca teve tempo para Libby na infância, muito menos agora. A única coisa boa que ele fez para Libby foi apresentá-la aos clássicos do cinema, ela vê e revê os filmes como se fosse a primeira vez, é uma válvula de escape.
Rodeada por gente fútil e babaca, Libby não tem uma vida muito fácil. Apesar disso leva tudo com muita leveza e vê graça em si mesma. Para salvar um pouco o ciclo de relacionamentos de Libby, temos Olly, o melhor amigo dela, um cozinheiro explêndido e como bom amigo está lá pra tudo que ela precisar. A irmã de Olly, Nora, também é muito amiga de Libby, porém mora em outra cidade e é médica, então não tem muito tempo e pouco aparece no livro, o que achei bem ruim. Realmente, na vida adulta as vezes não temos muito tempo para falar a todo momento, mas ela mal fala com Nora, achei a amizade pouco desenvolvida.
O livro começa quando Libby conhece Olly e Nora e logo no capítulo seguinte "pula" para o set de filmagens, anos depois, no qual ela é figurante e tem um papel horroroso. Não achei muito necessário o capítulo inicial, apesar de deixar bem claro como foi a infância e adolescência da Libby, poderia ter sido mostrado durante a história e teria o mesmo impacto. Foi um capítulo um pouco solto na história, assustei quando teve esse "pulo" no tempo.
Libby está tendo um dia particularmente ruim, descobriu que seu novo papel na série que é figurante é péssimo. O set de filmagens está uma loucura, a série terá o astro Dillon O'Hara no elenco e todos estão agitados. Libby não liga muito para isso, ela é um pouco "peixe fora d'água" naquele set, entende do mundo das celebridades mas não é do tipo que se deslumbra ou se importa. Como uma clássica londrina, Libby está furiosa por não começar logo as filmagens pela atraso do astro queridinho e já cria uma antipatia antes mesmo de conhecê-lo.
Como se não bastasse as chatices diárias, Libby acaba colocando fogo na fantasia do seu personagem por acidente, o que causa sua demissão. Ela não se abala muito, apesar de se preocupar ela tem coisas mais importantes e melhores para se apegar. Ela está mudando para um novo apartamento, só dela, e terá sua sonhada liberdade. Acontece que o apartamento não é como ela se lembrava, o dono reduziu ele pela metade! Nesse momento, pensei seriamente que nada podia piorar, mas sempre tem como, né? Depois de um dia de cão, ela só quer ver seu filme favorito em paz e coloca A Bonequinha de Luxo, eis que sua atriz favorita surge na sua sala, em carne e osso. Libby sempre sonhou em ter Audrey Hepburn como melhor amiga e conselheira, agora ela tem.
A autora começou um triângulo amoroso nesse volume, que espero que se desenvolva melhor nos próximos porque nesse início ele só tem um lado! Eu particularmente não gosto do Dillon, não engulo as desculpas que ele dá e se fosse a Libby já teria mandado ele pastar e se quisesse mesmo ter um relacionamento, que prove. Apesar de não gostar dele, dá pra entender o porquê Libby gosta e em alguns momentos me peguei torcendo para os dois ficarem juntos. O que eu acho um ponto positivo da escrita já que sacrifiquei o meu julgamento como leitora pela felicidade de uma personagem que gosto.
O livro é recheado de clichês, mas são bons clichês, não é forçado. Apesar de uma vida bem ruim, Libby resolve sempre ver o melhor lado da situação e deixa o livro bem leve e divertido, ela não é o tipo de personagem que fica se lamentando da vida horrorosa que tem. A autora fez diversas referências a cultura pop, coisa que eu amo nos livros e ver a Audrey nesse mundo novo com internet e twitter é muito divertido.
Um detalhe carinhoso é que a divisão dentro dos capítulos combina com a máscara da capa e os capítulos tem em seu início o famoso sofá Chesterfield de Audrey Hepburn com ela e Libby sentadas. Adoro livro com pequenas ilustrações dentro, torna a leitura menos cansativa e são ótimos pontos para parar.
Se está precisando de um livro leve e divertido ou simplesmente ama bons clichês e bons chick-lits, recomendo a leitura. Se nunca leu um livro do gênero, recomendo começar com esse, é muito rápido de ler, dinâmico e não dá vontade de largar o livro. Meu coração não queria deixar Libby e Audrey!
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