Brina.nm 29/03/2018Leah, vaca ou vítima? Pra quem leu minhas duas últimas resenhas dos livros da Tarryn sabe que eu gostei muito do seu estilo de escrita. Aqui não tem nada de romance fofinho, casais que se veem e já se amam loucamente, dores que são curadas com amor, pelo contrário, a autora trabalha um estilo de 'romance' diferente, que mostra o lado escuro dos relacionamentos reais, e essa série Amor e Mentiras é incrivelmente fantástica por isso, porque você odeia os personagens pelas coisas que eles fazem, mas consegue se identificar com seus erros facilmente.
No primeiro volume conhecemos a história de Olívia e Caleb pelos olhos da Olívia, e entre capítulos alternando entre passado e presente vamos entendendo como seu relacionamento com ele começou, como terminou e como eles 10 anos depois acabaram tendo uma segunda chance nada convencional, e com uma (ex) noiva a tira-colo.
Se no primeiro livro eu já tinha muita raiva da Leah sem conhecê-la bem, em A Perversa eu consegui chegar no nível supremo de odiar uma personagem, pois aqui é a sua vez de contar a história, tanto do ponto que parou o primeiro livro, quanto seu passado para entendermos como ela se tornou quem é, como conheceu Caleb e como Olívia sempre foi um fantasma bem presente em seu relacionamento nesses anos.
É difícil ter compaixão por essa personagem, sério, mas durante os flashbacks que vemos como ela teve uma infância sem amor do pai, como ela sempre procurou ser diferente para ser aceita entendemos um pouquinho o porque de ela ter se tornado uma vaca sem coração. Seu amor por Caleb é uma coisa doentia, uma obsessão, mas é o único tipo de amor que ela conhece, o único tipo de amor que ela conseguiu com que alguém prestasse atenção nela, que fizesse dela o seu mundo, isso chega a ser um pouco triste, e te faz odiar eternamente Caleb por ficar prendendo essas duas mulheres.
Leah engravidou de Caleb de proposito na intenção de segurar o boy, afinal ela sabia que estava o perdendo para Olívia, mas vocês sabem que barriga não segura macho né? E Leah aprende isso da pior maneira possível, principalmente porque ela nunca quis uma criança, ela nunca teve amor em sua infância e não sabia como dar esse amor, então aquela criaturinha seria só mais uma no seu caminho para ser feliz com Caleb, pois agora teria que dividir seu amor com a criança.
É bizarro acompanhar o seu desprendimento emocional à aquela criança que não tinha nada a ver com as tretas do pai, e mesmo Caleb se esforçando tanto para fazer esse relacionamento dar certo Leah é uma mulher paranoica, pirada e consegue tirar até a pessoa mais calma do sério.
Enquanto ela está lá surtando por um ciúme sem fundamentos de Caleb, Olívia está toda feliz casada com um boy maravilhoso que a ama, é impossível não reparar quando o ciúme pode estragar um relacionamento, pois mesmo Leah tendo uma segunda chance de fazer tudo dar certo com o pai da sua filha, ela desperdiça esses momentos sendo egoísta, mimada e tirando ele do sério.
Essa era, em absoluto, a pior coisa quanto ao amor; não importa com quanto esforço você tente, você nunca consegue esquecer a pessoa que foi dona de seu coração. Até Caleb, eu não sabia o que isso significava.
Mas acho que quanto mais lemos essa história mais ficamos com ódio de Caleb. Porque por mais que Leah seja meio pirada, e Olívia também o ame, ele não consegue escolher, não consegue desapegar de uma delas e fica ali as prendendo, toda vez que uma consegue dar um passo pra longe para tentar viver sua vida essa obsessão dele as puxa de volta para seu mundo, causando paranoia e ciúmes na Leah, e complicando imensamente a vida de Olívia que não quer mais estar nisso.
Mas ainda que algumas cenas sejam mornas (por serem versões diferentes do que aconteceu no livro da Olívia) em um momento do livro várias coisas começam a acontecer, várias bombas são jogadas e vemos que nesse "triângulo amoroso" nenhum dos três joga limpo, nenhum dos três possui sentimentos saudáveis, e nenhum dos três está a fim de desistir tão fácil do que quer. As bombas jogadas no final da história me deixaram desesperada pelo próximo, e eu já estou aqui criando minhas teorias.
A Perversa é um romance sem romance. Um livro que mostra o lado que nenhum outro autor conta dos relacionamentos, o quanto é difícil desapegar de quem já amamos, o quanto uma dor de amor pode interferir pra sempre na sua vida e como relacionamentos nem sempre possuem finais felizes, não é porque aquele casal está tendo uma segunda chance que tudo vai dar certo. Tarryn é rainha quando se trata de personagens verdadeiros, de um bom desafio 'em nome do amor' e mesmo com você odiando esses personagens, você ainda consegue amá-los e consegue se imaginar fazendo as mesmas coisas para conseguir o que quer.
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http://www.stalker-literaria.com/2018/02/resenha-perversa-amor-e-mentiras-2.html