Cami @leiturizar 02/02/2017Maravilhosamente imprevisível!!O livro começa com Ukel, ainda menino, morando na capital do reino de Gor com sua mãe e assim que ele ouve o burburinho de pessoas chegando a capital corre pra fora de casa pra acompanhar o que está acontecendo até que vê os refugiados da guerra chegarem e irem ao encontro do Rei, dentre eles Merienir e seus pais, um família de elfos de cabelos prateados. Enquanto observa não perceber Faren, um órfão que mora na região, se aproximar dele e ambos começam a conversar enquanto observam mais refugiados se aglomerarem em frente ao palácio real. O que eles não esperavam é que surgiria um homem pra matar os pais de Merienir e quando a gora estava encurralada por esse homem misterioso, Ukel não pensa duas vezes e apunhala o cara pelas costas, salvando a pequena elfa que agora passa a ser responsabilidade dele e de Faren de alimentá-la e mantê-la segura.
A situação complica quando os poucos recursos de Faren ficam comprometidos, fazendo com que o menino comece a furtar comida para alimentar a si e a Merienir e então acaba pedindo ajuda para Ukel e conforme a estória avança vemos como os três amigos passam de pequenas crianças indefesas a membros de uma milícia de Gor onde eles recebem propina do povo em troca de manter seus estabelecimentos em ordem.
A fama do trio cresce de maneira torrencial e logo após isso Ukel é preso pelos guardas reais e acaba descobrindo depois que foi a mando de Merienir, sua amiga e cúmplice, apenas com o intuito de convencê-lo a trabalhar para o rei e eis que depois de acalmar os ânimos eles viram cobradores de impostos nas horas vagas e ceifadores de clãs de ladrões a mando do próprio Rei e então conhecem Leiram o espião que lhes fornece a localidade e os costumes exatos desses bandidos que precisam ser exterminados e é a partir desse ponto que verificamos a total transformação de Ukel e podemos acompanhar de perto a escalada dele na vida do crime organizado.
O corvo negro nada mais é do que um caçador de recompensas que trabalha para o povo e não para o rei. Eles não tem qualquer vínculo empregatício com a relaza e, em algumas regiões do continente de Ayrlia, tem livre acesso para entrar e sair. É um grupo de assassinos muito respeitado pelo povo e por alguns reis também.
O livro nos mostra como Ukel chegou a esse ponto e como ficou conhecido por seu apelido Ponto. Mostra também como ele é frio e calculista, egoísta a ponto de só se preocupar em como vai se beneficiar. Tive uma relação de amor e ódio com o personagem muito intensa e confesso que terminei o livro e até agora não sei como me sinto perante ele.
Uma das personagens que mais gostei do livro foi a elfa, Merienir. Ela é uma fofa, linda, sempre pensando no bem dos amigos, zelando pelo cuidado de Faren e Ponto e que também nutria uma secreta paixão por Ukel que foi revelado ao longo do livro.
Leiram é como se fosse um lobo solitário e sempre era subestimado por Ukel até que ambos viram amigos e não se desgrudam mais. Poderia citar vários momentos dos dois em que eu gostei muito mas aí estaria dando spoilers e eu não quero fazer isso, então vocês precisam ler pra acompanhar o desenvolvimento dessa amizade.
Faren também é um personagem em potencial. É um parrudinho que vive dividido entre dar razão ao melhor amigo, Ukel/Ponto ou a mulher que ama mas que não é correspondido, Merienir.
O livro é regado de paixão, mistério e muito suspense sobre o que vai acontecer a seguir. Foi uma história completamente imprevisível pra mim, de maneira que eu não sabia o que esperar ao final da trama e o que foi muito prazeroso.
A estória tem uma pegada medieval mas não com aquela linguagem antiga e que dificulta o entendimento, não, não, nada disso! O autor usa a licença poética e uma linguagem bem atual que nos permite acompanhar perfeitamente o desenrolar dos fatos de maneira que não fiquemos perdidos ou entediados, pelo contrário, a cada virada de página, é repleta de ação e gostei muito dessa imprevisibilidade, o que não me permitiu ficar na zona de conforto e gostei muito de ser surpreendida.
O fato de não ser um total clichê me chamou muita atenção para essa estória mas o que mais despertou meu interesse foi perceber a semelhança da escrita do Lucas com George Martin e ouso dizer que ele pode ser facilmente considerado como filho do criador de Game of Thrones.
Os capítulos em sua maioria são curtos o que facilitou muito o meu envolvimento com a estória de tal maneira que li 150 páginas sem nem sentir cansaço e tive que parar apenas pra fazer as coisas de casa.
Por fim recomendo a leitura para todos os amantes de Martin, ou não amantes, mas que curtam o gênero fantasia e que saibam apreciar uma boa obra de literatura nacional. Ponto é um protagonista totalmente diferente do que estamos habituados a ler e isso é muito bom, pelo menos pra mim, pois me proporcionou conhecer um cara egoísta, sem escrúpulos e que se vinga por um motivo fútil, mas que mesmo assim não perde o seu charme e não se deixa abalar pelos revezes que encontra pelo caminho.