Fernanda631 05/07/2023
O navio das noivas
O navio das noivas foi escrita por Jojo Moyes e publicada em 6 de junho de 2005.
O navio das noivas é uma narrativa impecável, que foge dos contextos tradicionais e definitivamente apaixonante.
Sempre me interessei muito pela temática da Segunda Guerra Mundial e essa hesitaria me trouxe uma perspectiva completamente diferente, não soldados e combatentes que vivem o horror de perto, mas daquelas mulheres que são obrigadas a verem seus maridos partirem sem a certeza de que poderão vê-los de novo algum dia. E, mais do que isso, nunca havia pensado muito a respeito daquelas que viajam o mundo atrás de seus maridos, do pai de seus filhos ou amantes. É uma época completamente diferente, um contexto quase inimaginável hoje em dia. É extremamente cativante, criativo, emocionante e tocante. É ainda mais impressionante saber que a avó de Jojo serviu de inspiração para essa história; mais de sessenta anos atrás ela fez essa mesma travessia.
A história do livro acontece em Sydney, na Austrália, em 1946, logo após o término oficial da guerra. Jojo nos explica que em 1946, a Marinha Real realizou o repatriamento de esposas do pós-guerra, mulheres que haviam se casado com oficiais ingleses, que estavam em serviço em outros países. E, que sua avó, estava entre as seiscentas e cinquenta e cinco esposas que embarcaram no porta-aviões HMS Victorius. Essas esposas tiveram a companhia de mais mil e cem homens. Isso pode dar muita confusão, né? Portanto, o livro é de ficção, as personagens principais do livro, são fictícias, mas, tudo foi inspirado nessa viagem real.
A história envolve quatro mulheres: Maggie, Avice, Jean e Frances.
Maggie é filha de fazendeiros, amável e muito apaixonada pelo seu marido.
Avice tem uma personalidade egoísta e desagradável, é uma garota um pouco superficial que se preocupa muito com as aparências e status.
Jean é a personagem mais nova, é imatura e isso a deixa em apuros durante a viagem.
Frances é uma enfermeira misteriosa e muito reservada, sua história vai se revelando no decorrer do livro.
Com personalidades próprias, fortes e reais, essas mulheres embarcam nesse navio, com o mesmo objetivo: chegar à Inglaterra. O navio possui regras rígidas, e, no decorrer da leitura, você percebe que a viagem promete mudar para sempre a vida dos tripulantes.
O livro é dividido em três partes e a maior parte da história de passa na travessia do navio Victoria, partindo de Sydney na Austrália até sua chegada ao porto de Plymouth na Inglaterra. Cada capítulo começa com um trecho real de alguma carta, comunicado oficial, recorte de algum jornal da época, documentos oficiais da época. A história toma forma e parece ficar cada vez mais real, cada vez mais crível.
Avice é uma personagem extremamente insuportável e desagradável, sua personalidade forte e mesquinha são difíceis de digerir mas completamente coerentes com o contexto e seu status social. Jean, muito extrovertida e inquietante, é uma personagem que exemplifica perfeitamente como várias mulheres, ainda meninas, embarcaram num navio rumo ao outro lado do mundo sem terem maturidade e preparo o suficiente para enfrentarem tamanha jornada. Margaret é a personagem, a princípio, mais facilmente amável. Humilde, tagarela e dona de um coração gigantesco, parece ser o exemplo mais fiel daquelas mulheres apaixonadas que, com medo e insegurança, foram encontrar promessas e sonhos na Inglaterra. Frances, que era um enigma no começo, acabou se tornando minha personagem favorita. Com um passado difícil, ela navega em direção a uma nova vida, a um recomeço mais que merecido.
Durante essa viagem inesquecível, laços são formados, laços são desfeitos e segredos são revelados. O livro tem uma narrativa maravilhosa, as personagens são singulares, cada uma com a sua peculiaridade, fazendo com que o leitor se envolva de uma forma particular com cada uma. Sem falar que a escrita da Jojo é sempre maravilhosa, a história te prende de uma forma encantadora.
Jojo tem talento para criar personalidades próprias, fortes e caricatas. Suas personagens são reais, humanas. Por vários momentos tive que me lembrar que estava lendo uma ficção, não um relato de alguém que viveu tudo aquilo na pele. A maneira como Jojo escreve faz parecer que estamos diante de uma tela de cinema. Cada cena é detalhada de forma que não exagera nas minúcias nem faz o leitor se sentir perdido nas páginas. Pude praticamente ver um filme se desenrolando em minha mente.
Jojo cria uma narrativa brilhante e comovente. São livros para todos os públicos. Suas histórias fogem do enredo clichê e se aventuram por narrativas perfeitamente humanas e apaixonantes.