Vanessa Vieira 20/01/2018
As Cores da Vida - Kristin Hannah
O livro As Cores da Vida, da autora Kristin Hannah - best-seller com 12 milhões de livros vendidos -, nos traz um romance tocante e sensível envolvendo três irmãs e o profundo laço de afeto que as une. Como é previsível de se esperar de todo relacionamento humano, Winona, Vivi Ann e Aurora cometem a sua cota de erros e acertos, mas sempre acabam interligadas pelo amor e pela cumplicidade, culminando em uma história intensa e comovente.
As irmãs Aurora, Vivi Ann e Winona perderam a mãe muito cedo e foram criadas pelo pai, um homem sempre distante e frio. Todo o amor que elas conhecem vem do profundo laço que criaram entre si e, embora as três tenham personalidades bastante distintas, são intrinsecamente inseparáveis e unidas.
Winona é a irmã mais velha e o porto seguro entre elas. Ela nunca se sentiu confortável no rancho em que a família vive há gerações e sabe que não possui as qualidades que o pai admira. Mesmo sendo a melhor advogada da região, ela sempre está procurando por mais e tentando a todo custo provar o seu verdadeiro valor. Já Aurora, a irmã do meio, é a conciliadora das três. Ela faz de tudo para contornar os problemas familiares e se dedica em prol da felicidade dos outros, mesmo que para isso tenha que ocultar suas próprias tristezas. Vivi Ann é a estrela da família. Linda, romântica e sonhadora, ela tem um espírito indomável e é dona de um generoso coração, o que lhe faz ser amada por todos ao seu redor. A vida de Vivi Ann é praticamente perfeita até que um forasteiro chega à cidade e a transforma em um verdadeiro turbilhão de acontecimentos e sentimentos. De uma hora para outra, tudo muda entre as irmãs e a lealdade que elas sempre nutriram acaba sendo colocada à prova. Segredos dolorosos vêm à tona, ao mesmo tempo em que a cidade se choca com um terrível crime e as irmãs, sempre tão unidas, acabam sendo colocadas em lados opostos de uma mesma verdade.
As Cores da Vida nos trouxe um romance belo e cativante sobre amizade, amor, família e rivalidade, tecido de forma natural e resultando em uma história intensa e comovente. Amo a escrita da Kristin Hannah e a forma doce e mágica da autora de arquitetar e desenvolver suas histórias e com esse livro isso não foi diferente. Acompanhamos a trajetória de três irmãs extremamente diferentes entre si, entretanto irrevogavelmente unidas pelo amor e pela lealdade, que acabam sendo testadas friamente por sentimentos e pontos de vista contraditórios. O desenrolar dos fatos foi muito bem conduzido e nos apresenta as personagens minuciosamente, tanto no que concerne às suas principais características como aos argumentos responsáveis por formarem suas próprias opiniões e convicções. Narrado em terceira pessoa de modo fluído e bastante envolvente, o livro me proporcionou uma leitura maravilhosa, emocionante e completamente cativante.
Winona é a mais responsável das irmãs e desde cedo convive com a indiferença e a frieza do pai. Ele faz de tudo para alfinetá-la e humilhá-la e não esconde de ninguém que a sua favorita é a caçula da família, Vivi Ann. Escondendo um profundo amargor na alma, Winona luta dia após dia para provar o seu valor e se sagra uma mulher inteligente, perspicaz e independente. É possível notar que devido ao menosprezo do pai, ela sempre enxergou Vivi Ann com uma certa rivalidade - por mais que ame profundamente a irmã - e não consegue entender muitas de suas atitudes. Ela acredita que a irmã não valoriza o amor como deveria valorizar e isso acaba fazendo com que Winona tome uma atitude impensada, que por muitos anos ainda ressoe em sua alma. Gostei de acompanhar o amadurecimento da personagem, sobretudo a forma como ela tenta lidar com os seus próprios erros, além de admitir seus pecados e tentar repará-los. Mesmo surgindo na história como uma mulher amargurada e com muito complexo de inferioridade, ela conseguiu se desenvolver de uma forma arrebatadora e se tornou uma das melhores personagens do livro.
Aurora é a cola que liga as irmãs. Mesmo tendo tomado o partido de Vivi Ann no desentendimento que abalou a família, ela tem um espírito extremamente pacificador e luta incansavelmente para restaurar o equilíbrio entre as irmãs. Ela passa por muitos problemas, sobretudo conjugais, e mesmo assim os sufoca na ânsia de arquitetar a felicidade daqueles que ama, mostrando toda a beleza e grandiosidade de seu espírito.
Vivi Ann é uma mulher belíssima, destemida e sempre foi a favorita do pai. Tudo em sua vida sempre correu dentro dos trilhos, até que ela se envolveu com o misterioso forasteiro Dallas. Mestiço de índio, ele é um homem profundamente sedutor e repleto de cicatrizes na alma, que atrai Vivi Ann tal como uma abelha é atraída pelo néctar das flores. Os dois vivem uma paixão profunda e arrebatadora até que são dolorosamente separados pelas circunstâncias de um terrível e assombrador crime. Vivi Ann sempre foi a estrela da família e o tipo de mulher que sempre teve tudo à seu bel-prazer - desde o amor dos rapazes da região à afeição e a simpatia de quase todos os habitantes da cidade - mas o que realmente acalenta e satisfaz a sua alma é o profundo sentimento que nutre por Dallas. Ele a enxerga como ninguém foi capaz de enxergá-la e toca as cordas de seu coração como se estivesse dedilhando o mais exímio instrumento, mostrando em pouco tempo que os dois são metades de uma mesma alma. E mesmo quando tudo desaba entre o casal, o amor entre eles se mostra forte e poderoso, capaz dos maiores sacrifícios e abnegações para sacramentar sua existência.
Em suma, As Cores da Vida é um livro arrebatador e deliciosamente romântico, que nos traz uma linda história sobre família, redenção, perdão e amor. Kristin Hannah explora as nuances do pertencimento, bem como os sentimentos de seus personagens e a complexidade das tensões familiares, construindo um romance incrível, envolvente e profundamente cativante, que poderia facilmente ser transformado em uma adaptação cinematográfica de sucesso. A capa do livro é lindíssima e nos traz três buquês de flores distintas entre si - representando as irmãs da história - e uma ferradura enferrujada - sinalizando o peão misterioso da trama, Dallas - e a diagramação está ótima, com fonte em bom tamanho e revisão de qualidade. Recomendo, com certeza!
site: http://www.newsnessa.com/2018/01/resenha-as-cores-da-vida-kristin-hannah.html