O problema dos três corpos

O problema dos três corpos Cixin Liu




Resenhas - O Problema dos Três Corpos


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Josiane 13/04/2024

Inteligente
Esse livro é, definitivamente, mais inteligente que eu.
A historia é boa, mas vem mergulhada em Física. Muitos conceitos técnicos, muitas explicações que me deixaram boiando.
Se houvesse menos dessa teoria a leitura seria fluida e o livro seria bem menor.
Além disso eu não consegui me familiarizar com os nomes dos personagens, por isso não tenho certeza de quem é quem na história.
Quero saber como continua a história? Com certeza.
Vou começar o segundo livro? Não agora. Preciso de uma (ou mais) leitura leve pra limpar meus pensamentos.
Helô Kleine 21/04/2024minha estante
Eu não tive problemas com os personagens como você, mas o calhamaço de conceitos e o tanto de explicação realmente me incomodaram e deixou a leitura muito pouco fluida mesmo.
E o final sem fim, dependendo 100% das sequencias é muito frustrante.




Gramatura Alta 06/04/2024

Https://gramaturaalta.com.br/2024/04/06/o-problema-dos-tres-corpos-fascinante/
China, final dos anos 1960. Enquanto o país inteiro está sendo devastado pela violência da Revolução Cultural, um pequeno grupo de astrofísicos, militares e engenheiros começa um projeto ultrassecreto envolvendo ondas sonoras e seres extraterrestres. Uma decisão tomada por um desses cientistas mudará para sempre o destino da humanidade e, cinquenta anos depois, uma civilização alienígena à beira do colapso planeja uma invasão.


O PROBLEMA DOS TRÊS CORPOS inicia-se no contexto da Revolução Cultural na China, cenário onde a personagem Ye Wenjie presencia a morte trágica de seu pai por uma turba irada. Este evento traumático leva Ye a desenvolver um profundo ceticismo em relação à natureza humana. Com o passar dos anos, ela começa a trabalhar em uma estação secreta, destinada a estabelecer comunicação com civilizações extraterrestres. Durante seu trabalho, Ye intercepta um sinal, aconselhando-a a cessar todas as transmissões. A mensagem adverte que qualquer tentativa de resposta atrairá a atenção dessa civilização alienígena avançada, que procura um novo planeta para colonizar, representando uma ameaça potencial à Terra.

Paralelamente, na era contemporânea, o cientista Wang Miao encontra-se com um intrigante jogo de realidade virtual intitulado “Três Corpos”. O jogo revela os complexos desafios enfrentados pelos seres de Trisolaris, um planeta assim denominado devido à instabilidade gravitacional de seu sistema solar triplo. À medida que Wang se aprofunda no jogo, ele percebe que sua natureza é mais profunda e perturbadora, indicando uma iminente ameaça extraterrestre. O jogo serve como uma janela para as realidades científicas e políticas de Trisolaris, e Wang Miao se vê diante da iminente possibilidade de um confronto cataclísmico entre a Terra e os habitantes de Trisolaris.

As primeiras páginas do livro são marcantes e podem ser surpreendentes para quem não está familiarizado com a história da China, especialmente durante a Revolução Cultural. Este período, que se estendeu de 1966 a 1976, foi marcado por intensa turbulência social, política e cultural. Iniciada por Mao Tsé-Tung, líder do Partido Comunista da China, a revolução teve como meta consolidar seu poder e manter a pureza da ideologia comunista, eliminando influências capitalistas e tradicionais na sociedade chinesa.

A campanha empreendida buscava extinguir costumes, cultura, hábitos e ideias vistos como antagônicos aos ideais comunistas. Os Guardas Vermelhos, formados majoritariamente por jovens estudantes, emergiram como promotores fervorosos dessa transformação, frequentemente empregando violência para destituir as chamadas “autoridades burguesas” em escolas, órgãos governamentais e no meio cultural. Nesse processo, muitos intelectuais, funcionários públicos, artistas e outros foram estigmatizados como “inimigos do estado”, enfrentando humilhação pública, prisão, tortura e até a morte.

A veneração a Mao Tsé-Tung intensificou-se durante esse tempo, com a sua figura e palavras, notadamente através do “Livro Vermelho”, permeando todos os aspectos da vida na China. A Revolução Cultural teve repercussões profundas, interrompendo a economia e o sistema educacional e levando à destruição de inúmeras obras de arte e patrimônios culturais. O movimento começou a arrefecer somente após a morte de Mao em 1976 e encerrou-se oficialmente no mesmo ano com a detenção da “Banda dos Quatro”, grupo liderado pela esposa de Mao, Jiang Qing, acusados de serem os arquitetos dos aspectos mais extremos daquele período.

Compreender o cenário da Revolução Cultural é crucial para entender as motivações de Ye Wenjie, que se transformaram profundamente após testemunhar o assassinato de seu pai, um professor de física, pelas mãos dos Guardas Vermelhos. O crime ocorreu em público, motivado pela recusa de seu pai em renunciar aos princípios científicos estabelecidos por Einstein, considerados contrarrevolucionários pelo regime. Este evento traumático, aliado à perda de liberdade pessoal e intelectual que permeou esse período, moldou o caráter e as decisões de Ye Wenjie.

Essa experiência angustiante influencia Ye ao receber uma mensagem extraterrestre, que a aconselha a não responder para proteger a Terra de possíveis ameaças. Essa comunicação intergaláctica coloca-a em um dilema profundo: responder e estabelecer um contato, arriscando a segurança do planeta, ou manter silêncio, evitando potenciais riscos. As memórias de opressão e a perda que sofreu durante a Revolução Cultural são fatores determinantes em sua hesitação e reflexão sobre as consequências de suas ações.

A título de curiosidade, nesse período, realmente foi identificada uma mensagem vinda do espaço a que deram o nome de WOW!. A mensagem foi um sinal de rádio incomum detectado pelo projeto SETI (Search for Extraterrestrial Intelligence) em 15 de agosto de 1977. Captado pelo radiotelescópio Big Ear da Universidade Estadual de Ohio, o sinal se destacou por sua intensidade e duração, levando o astrônomo Jerry R. Ehman, que analisava os dados, a escrever a expressão “WOW!” ao lado do registro impresso do sinal.

O sinal foi detectado na frequência de aproximadamente 1.420 MHz, que é a frequência natural do hidrogênio, o elemento mais abundante no universo, e por isso é considerada uma frequência potencial para comunicações interestelares. O sinal durou 72 segundos, que é o período em que o radiotelescópio Big Ear, devido à sua construção e ao movimento da Terra, podia observar uma fonte fixa no espaço, e tinha uma intensidade 30 vezes superior ao ruído de fundo, o que o tornava notavelmente distinto e significativo.

Apesar de sua aparência promissora, a origem do sinal “WOW!” nunca foi definitivamente explicada. Ele não foi detectado novamente, apesar de várias tentativas de observação na mesma frequência e região do espaço. Isso levou a diversas especulações sobre sua origem, incluindo a possibilidade de ser uma transmissão de uma civilização extraterrestre, embora outras explicações, como satélites terrestres ou fenômenos astronômicos naturais, também tenham sido consideradas.

Grande parte da narrativa de O PROBLEMA DOS TRÊS CORPOS é exatamente sobre esse problema, que é abordado e discutido no jogo virtual descoberto por Wang Miao. Na física, o problema dos três corpos refere-se ao desafio de prever os movimentos de três objetos celestes, que interagem entre si através da gravitação. Originário da mecânica celeste, este problema busca entender como três corpos, como planetas, estrelas ou satélites, influenciam um ao outro em seus movimentos pelo espaço.

O problema começa com a aplicação das leis de Newton da gravitação e do movimento. Enquanto o movimento de dois corpos, como a Terra e a Lua, pode ser calculado com relativa facilidade usando estas leis (problema dos dois corpos), a adição de um terceiro corpo introduz uma complexidade que torna as equações muito mais difíceis de resolver.

Diferentemente do problema dos dois corpos, que tem soluções precisas e previsíveis, o problema dos três corpos não tem uma solução geral que possa descrever o movimento dos corpos para todas as configurações iniciais possíveis. Isso significa que pequenas variações nas condições iniciais podem levar a grandes diferenças no comportamento a longo prazo, um fenômeno conhecido como sensibilidade às condições iniciais ou efeito borboleta.

No livro, assim como na realidade, o problema dos três corpos não possui uma solução definitiva, o que sugere um enigma de natureza diferente. Esse desafio mais profundo, embora pareça mais simples e óbvio, destaca a importância crítica da Terra para os alienígenas. Revela-se a extrema determinação desses seres extraterrestres em sua missão de conquista, ao mesmo tempo em que sublinha a vulnerabilidade potencial da humanidade diante de tal ameaça. A narrativa usa a complexidade do problema dos três corpos para simbolizar a intrincada relação entre as civilizações humanas e alienígenas, enfatizando a urgência e a gravidade da situação, bem como o desafio iminente que a humanidade enfrenta em compreender e responder à ameaça extraterrestre.

O PROBLEMA DOS TRÊS CORPOS se destaca por suas constantes reviravoltas e revelações surpreendentes, mergulhando no âmago da capacidade humana de enfrentar o desconhecido e na complexidade das relações entre civilizações distintas. Este livro é frequentemente louvado por sua inovação, rigor científico e profundas reflexões filosóficas, consolidando sua posição como uma peça notável na ficção científica moderna. No entanto, não é uma leitura que eu recomendaria para todos indiscriminadamente. Acredito que para apreciar plenamente esta obra, o leitor deve ter uma inclinação para ficção científica de alta qualidade, aquela que é enraizada em complexidade, autenticidade e profundidade, entrelaçada com questões científicas reais. A narrativa, intrincada e cativante, reflete a complexidade da ciência que serve de base para a trama, exigindo um apreço por um estilo de ficção científica que é tanto intelectual quanto imaginativo.

Parafraseando Spock, um dos meus personagens favoritos de ficção científica: “Fascinante!”

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BrunoFF 08/04/2024minha estante
Estou bem ansioso para ler esse




Carolina.Romeo 30/05/2020

Prato cheio pra quem gosta de ficção científica
Inicialmente, um pouco confuso, já que utiliza os nomes em chinês, mas depois que engrena e o leitor se familiariza, é difícil parar.
Rodrigo 04/06/2021minha estante
"Utiliza nomes em chinês " kkk o autor É Chinês,você queria o quê? Que os personagens se chamassem João,Joaquina Manuela??







Isabel 10/05/2024

Achei meio difícil de entender muita coisa nesse livro. Física pura e quântica também. Mas a história em si é muito boa.
Cris 10/05/2024minha estante
Bom saber...




TonyAirtony 22/07/2023

Não é tudo isso
Pessoal da leitura precisa explorar outras palavras e termos pra usar na hora de descrever o quanto gostaram de um livro. Esse aqui é bem ok, nada de especial. Não é tudo isso que tem sido falado por aí não. Não recomendaria pra ninguém.
Jhonatan 13/08/2023minha estante
Cara, eu te entendo, não lia ficção, comecei por uns mais tranquilos, esse eh bem hardcore, quem pega ele logo de cara realmente é difícil de gostar, mas não eh um livro ruim não, merece o hipe q tem




Moya2 27/06/2021

Um ótimo tema desperdiçado de forma pífia.
Resolvi ler este título após a indicação de livros similares aos de ficção que costumo ler.
Dei uma chance ao desconhecido e perdi 10 dias com essa leitura arrastada.
Um ótimo tema, desperdiçado em um enredo confuso, desfocado e sem propósito que se arrastam por capítulos sem nenhum acréscimo substancial à história.
Personagens sem carisma, ou outros que nem mesmo com o autor forçando uma boa impressão conseguem ser razoáveis.
Infelizmente não pretendo finalizar a trilogia.





[[[SPOILER ABAIXO]]]







Alguns pontos:
Logo no início, a cena com o professor, seu julgamento e a performance da esposa beiram o ridículo.

O ?jogo? é introduzido de uma forma que levanta um certo enigma, mas infelizmente o autor não aprofunda o tema. Aliás, ele abandona o ?jogo?. Tal qual como apareceu, ele some.

O personagem bilionário é introduzido de uma forma absurda.
- ?Alguém fala algum outro idioma?? - diz o chefe da expedição.
Qual idioma? Retrucam.
Não sei, mas se alguém souber outro idioma vou levar para falar com o estrangeiro.

WTF????

Sim, dessa forma surge um novo personagem ?misterioso?. Mas o mistério não dura muito.
Nos próximos 3 parágrafos ele faz o personagem desembuchar toda sua história. Afinal ele só aparece no capítulo 24 de um total de 35, então não há tempo pra desenvolver o personagem que entra e sai só para bancar financeiramente uma aventura sem pé nem cabeça. Ele consta em 2, talvez 3 capítulos no livro todo. Surge no 24 e depois só lembram dele no finalzinho.


O policial bronco numa reunião estilo ONU, saindo como herói no meio de dezenas de renomados especialistas é um desrespeito à inteligência do leitor.


Enfim, não consegui entender o hype todo em torno do autor. Talvez por conta de outras obras, pois essa é medíocre.
Ricardo 17/09/2022minha estante
Olha, eu tô abismado com o tanto de críticas positivas a esse livro aqui no Skoob. Eu também escrevi uma resenha mostrando a total inabilidade do autor em contar a história, na escrita ridícula, no enredo non sense, mas parece que o nível do leitor brasileiro está baixo demais. Estou pasmo com isso.




Giovanna 12/03/2024

Fui ler o livro por causa da série e foi o mesmo que nada
Seus primeiros capítulos conseguiram me deixa completamente instigado com os questionamentos levantados, os mistérios e os novos conceitos de ficção. Porém foi no meio do livro que eu percebi o problema (que deveria se chamar qual o problema das pessoas, obrigada amiga por inventar isso e me fazer rir).
O personagem principal tem o total de 0 carisma, a personagem que eu gostei só apareceu com flashbacks esporádicos.
A conclusão foi a mesma coisa que nada, não tem um climax ou um "socorro, o que vai acontecer agora?". Como eu digo, totalmente meh.
ANA - @aspaceforbooks 12/03/2024minha estante
De nada ?




Clio0 22/06/2022

Este foi o primeiro livro de ficção científica chinesa que li, sendo assim não tenho uma base de comparação com outras obras que representem a cultura e o estilo. Usando, então, Clarke e Asimov - os clássicos ocidentais - posso afirmar que a obra respeita preceitos básicos do gênero e consegue trazer uma abordagem interessante do já famoso tema de "videogame".

Se você frequenta um pouco o mundo dos games online já ouviu falar de problemas matemáticos, easter-eggs e os Hunters (jogadores da Deep Web que promovem gincanas). Vários desses jogos são enigmas altamente elaborados e Cixin usa um deles, com sua devida licença poética, para criar o mistério da trama.

Essa é narrada em dois frontes: Ye Wenjie que inicia a história e fornece o background cultural e político necessário para criar a conjuntura que favorecerá os atos de Wang Miao - o responsável pela maior parte da especulação tecnológica presente na história.

As discussões filosóficas apresentadas são conectadas as motivações e acontecimentos, fugindo a tendência atual de "muleta" para o desenvolvimento das personagens. Isso pode desagradar alguns leitores não acostumados com ficção científica pura. Contudo, Shi Quiang (um detetive) serve como auto-inserção sem ser uma personalidade neutra.

Apesar de ser o primeiro livro de uma trilogia, é possível lê-lo tranquilamente pois o autor teve o cuidado de criar um final aberto, mas não carregado de suspense.
Lelouch_ph 20/07/2022minha estante
Lê A última transmissão, é de um mestre da ficção científica japonesa. É bem interessante.




Lit.em Pauta 08/08/2016

Literatura em Pauta: seu primeiro portal para críticas e notícias literárias!

"The Three Body Problem (O Problema dos Três Corpos), escrito por Cixin Liu, é uma ficção científica eficiente que traz diversas discussões sobre a capacidade do ser humano de lidar com outros e consigo mesmo. Fascinando o leitor com a criatividade de seu universo, o livro decepciona apenas por possuir um final anticlimático e alguns personagens pouco desenvolvidos."

Prestigie o site, conferindo a crítica completa em:

site: http://literaturaempauta.com.br/Livro-detail/o-problema-dos-tres-corpos-critica/
Gustavo.Martins 08/12/2016minha estante
[SPOILER] Também não gostei da forma que o final se desenrolou, principalmente em relação à tecnologia desenvolvida ser muito pouco crível. E como ela permeia por toda a história do livro, acaba compromentendo bastante. Destaque para o mundo de Trissolaris criado pelo autor, que levanta diversas questões sobre a nossa existência e a nossa posição no universo. Mas lembrando que o anticlimax citado não é o final da história, pois se trata de uma trilogia. O segundo e o terceiro livro ainda não foram traduzidos para o português.




Orlando 14/04/2018

O Livro é: “O Problema dos três Corpos” de Cixin Liu
O Problema dos três Corpos começa em plena Revolução Cultural Chinesa que levou o ditador Mao Tsé-Tung ao poder na China da década de 1960, nesse contexto a jovem pesquisadora Ye Wenjie vê seu pai, o proeminente e influente professor universitário Ye Zhentay, ser torturado publicamente por conta de suas aulas que utilizam de conceitos científicos desenvolvidos em países do ocidente em sala de aula.

Considerados subversivos pelo ascendeste regime maoísta, tanto pai quanto filha foram penalizados: o pai com a própria vida, a filha com a supressão de qualquer direito político e claro, da liberdade de ir e vir, o expediente mais forte usado em ditaduras.

Assim começa a longa e árdua trajetória de Ye Wenjie para dentro da base Costa Vermelha, uma base de pesquisa militar chinesa cujos experimentos são um mistério até mesmo para os funcionários da instalação. É na base Costa Vermelha que Ye estará no centro de misteriosos acontecimentos no rumo da ciência humana, mas, acima de tudo, de encontro ao caminho de Wang Miao, pesquisador em nanotecnologia que anos depois da revolução chinesa se envolve com a misteriosa organização Fronteiras da Ciência e o igualmente misterioso e complexo jogo on line Três Corpos.

O Livro: O problema dos Três Corpos

Anote o nome de Cixin Liu e ponha o livro O problema dos Três Corpos em suas prioridades urgentemente (editora Suma de Letras, 320 páginas). Sem nenhum exagero ou falso alarmismo, a obra de Liu é facilmente, ao lado de Guerra do Velho (veja AQUI), uma das melhores Science Fiction dos últimos 10 anos.

O Problema dos três CorposEnquanto a obra de Scalzi ia forte em direção ao que há de melhor na parte Fiction com exageros ao melhor estilo das Sci-Fi de guerra espacial, Liu corre aceleradíssimo na parte Science da coisa.

Se Guerra do Velho nos entregava uma obra divertida e cheia de uma ação frenética que lembra o que há de melhor nos games de guerra, O problema dos Três Corpos investe praticamente página a página em conceitos reais, aplicáveis e conhecidos das áreas da ciência de base, a começar, claro, pelo título da obra que se refere ao complexo problema das órbitas de três corpos levando-se em consideração as leis newtonianas.

Talvez o leitor menos afeito ao estilo da Science Fiction Hard possa se assustar e muito com esse aspecto objetivo de O problema dos Três Corpos, não que haja equações e fórmulas matemáticas ao longo do livro, pelo contrário, o texto de Liu é excelente e dispensa qualquer simbologia científica para se fazer entender, mas é preciso frisar que não há nenhum conceito miraculoso, nenhuma batalha cósmica com espadas laser em punho, nenhuma viagem no tempo… Não, aqui se fala de ciência de base, pesquisa aplicada e tudo de modo direcionado ao que se pode ver em revistas, artigos científicos e até mesmo em trabalhos acadêmicos de ponta.

Mas calma, nem tudo é calcado no real e científico. Quando Liu tira seus coelhos da cartolada a coisa toda muda de figura de forma espetacular. O que quero frisar é que a Sci-fi que guia a obra do escritor é pé no chão em relação ao que se tem em nosso patamar atual de pesquisas em curso e especulações e extrapolações plausíveis.

Na hora oportuna Liu nos presenteia com momentos de assombro ao melhor estilo da tradição dos grandes autores e obras.

É importante frisar que Liu é um artista com um pé no passado histórico de sua pátria e outro no presente científico da raça humana. Aceleradores de partículas, estudo de nanomateriais, pesquisa de sinais oriundos do espaço, física quântica, teoria das cordas, gravitação e jogos on line são aspectos comuns do mundo atual da obra, dando ao livro aspectos extremamente contemporâneos.

Com facilidade podemos dizer que Liu é um autor de ficção científica pé no chão no que se refere ao real e prático deste livro, mas calma, é também um autor extremamente inventivo, criativo e cheio de surpresas em sua narrativa. Liu é, sem sombra de dúvidas um autor que merece o legado de ser herdeiro dos grandes nomes como Isaac Asimov, Arthur C. Clarke, Philip K. Dick, Stanislaw Lem e outros grandes mestres que fundaram as bases da Sci-Fi Hard do século XX.

Tanto em termos de conceito quanto em termos narrativos, o autor chinês está de parabéns. Sua prosa limpa e elegante guia muitíssimo bem seus muitos personagens que, a princípio, até chegam a confundir o leitor em alguns casos devido a similaridades na escrita de seus nomes, como somos pouco familiarizados com o idioma chinês, leva-se algum tempo lendo a obra até fixarmos bem quem é pai, quem é filha, quem é esposo etc. Nada drástico, apenas questão de costume ao padrão de nomenclatura chinesa.
Ye Wenjie, Wang Miao, a Base Costa Vermelha e as Fronteiras da Ciência

Ye Wenjie foi retirada do mundo normal devido ao julgamento de seu pai, executou trabalhos pesados na floresta, pouco tempo depois acusada novamente de subversão contra o regime maoísta, Ye recebe uma proposta inusitada: Yang Weining, que futuramente será seu marido e pai de sua filha, a convida para integrar o corpo de funcionários da Base Costa Vermelha e de lá nunca mais retornar ao mundo exterior sob pena de severo julgamento.

O destino de Ye e de toda a humanidade é marcado por esse momento no espaço e no tempo. As decisões tomadas por uma pessoa cujo coração e apego pela humanidade foram simplesmente destroçados a ponto de não sobrar nada se estendem até décadas depois e tocam a vida do discreto pesquisador em nanomateriais chamado Wang Miao, cuja curiosidade o levará de encontro a uma velha senhora marcada por profundas perdas na histórias da revolução cultura chinesa e de sua longa permanência em uma base secreta militar, já praticamente tratada como uma lenda entre a comunidade científica…

Entrelaçados pelo mesmo problema, Wang e Ye veem o mundo perfeito da ciência, da exatidão, dos conceitos cristalizados por longos séculos, das leis imutáveis do universo simplesmente implodirem diante de seus olhos… os motivos? Ainda são todos incertos… As causas? Imensuráveis… As consequências? Desastrosas para nosso espécie e nosso mundo como um todo.

A vida de Wang muda para sempre no dia em que oficiais da polícia batem em sua porta com uma convocação excepcional para que o pesquisador integre um conselho de estado de guerra, contra o que ou quem, realmente não se sabe, mas seus recentes contatos com integrantes do famoso e estranho grupo chamado Fronteiras da Ciência tem uma relação estreita com isso tudo.

Wang fará às vezes de ponte entre os altos escalões de defesa da China e o grupo de cientistas que já teve mais de vinte integrantes cometendo suicídio nos últimos meses, dentre eles a jovem Yang Dong, filha de Ye Wenjie, cujos longos anos de reclusão na Base Costa Vermelha escodem segredos e conhecimentos que vão auxiliar Wang em sua investigação, inclusive na interação no ambiente virtual do jogo on line Três Corpos, cuja relação com os estranhos acontecimentos acabam levando Wang para dento das entranhas da Fronteiras da Ciência, uma organização muito maior e mais importante que a mera aparência denota.

Aparência, essa é a palavra que melhor caracteriza a narrativa de Liu… admito que é bem difícil falar muito e detalhadamente sobre a obra sem estragar o prazer da descoberta no processo de leitura, pois mesmo tendo uma estrutura de capítulos organizados de forma invejável e escritos com uma precisão cirúrgica, é na leitura direta da obra que você, leitor, vai se deliciar com uma história complexa e cheia de camadas de tensão e resolução da trama intrincada do livro.

Tudo recheado com um excelente processo de desenvolvimento de personagens que se dá diretamente na ação narrativa, sem perder tempo com textos subjetivos para cumprir número de páginas. Não, aqui Liu só põem em seu texto o que é pertinente e realmente construído no intuito de guiar a história de seu livro.

Liu nos guia em duas linhas de tempo bem delimitadas em sua obra: o passado Ye Wenjie em seu exílio dentro da Base Costa Vermelha e como esse período tem uma complexa relação com o presente, cujo foco narrativo está direcionado para Wang Miao e sua busca por revelações sobre fenômenos e situações cuja compreensão estão além do que nossa ciência pode compreender.

Essas duas linhas se alternam, se cruzam, se entrelaçam constantemente ao longo do texto e dão a tônica instigante da obra ao leitor que se verá constantemente se questionando onde tudo isso irá chegar.

Entre essas idas e vindas no tempo, é no presente que, ao lado do policial de métodos duvidosos chamado Shi Qiang, que Wang Miao percorre dois labirintos em busca de respostas: um real, complicado, mas tangível e capaz de compreender pela experiência e dedução, por mais que nem tudo esteja ali a olhos nus ou aos telescópios, Wang acredita que reside na ciência de nosso mundo as respostas que ele busca; o outro mundo percorrido por Wang é uma árida paisagem inconstante, mutante, familiar e ao mesmo tempo estranha a cada vez que veste seu Traje V e realiza o login nos servidores de Três Corpos e encontra nesse fantástico mundo virtual civilizações tentando sobreviver aos efeitos das misteriosas Eras Estáveis e Eras Caóticas… Nem cá e nem lá as respostas serão de fácil compreensão.

Ainda fazem parte desta equação quase insolúvel o excêntrico casal de cientistas, Shen Yufei e Wei Cheng. Yufei é a pesquisadora à frente das atividades do grupo Fronteiras da Ciência e que mantém um contado curtíssimo com Wang Miao alertando o jovem pesquisador a se manter afastado de coisas que não é capaz de entender, enquanto Cheng, seu marido, é um prodigioso gênio cujo tempo e talento são gastos não se sabe realmente com o que, seu estranho casamento com Yufei esconde um pontos nebulosos nas investigações de Wang sobre a organização Fronteiras da Ciência e o próprio jogo on line Três Corpos, do qual Yufei também é exímia frequentadora.

O problema dos Três Corpos – Um texto limpo, bonito, preciso e poético quando necessário

Como obra de gênero, O problema dos Três Corpos se mostrou extremamente eficaz, não por acaso é vencedor do prêmio HUGO, primeiro por sinal em língua não anglófona a conquistar a premiação. Mas acho que é imprescindível reafirmar que o texto de Liu é ótimo, simples, objetivo e diz sem rodeios o que quer dizer. Econômico em descrições ambientais, Liu se foca no desenvolvimento de seus personagens através de suas ações e das consequências destas para eles e para os que estão ao seu redor.

Em uma obra cheia de cientistas e ciência, seria até bobo se Liu se estendesse em descrições e impressões subjetivas do ambiente, seus personagens cientistas agem como tal e na quase totalidade das situações se recusam a entregar-se ao absurdo e ao desespero ilógico. No entanto, é muito interessante a maneira como o autor se utiliza de metáforas quando é necessário que haja essas impressões de subjetivismo ou de um certo lirismo dentro do fluxo de consciência de seus personagens.

É comum em muitas situações da obra que o escritor recorra a aspectos claramente oriundos dos muitos princípios filosóficos das culturas orientais (budismo, taoismo etc) para transmitir o estado de espírito de seus personagens ou suas motivações com metáforas de uma delicadeza ímpar e de extremo contraste com os aspectos “duros” da ciência e de seus representantes dentro do texto.

A organização da obra em capítulos objetivos e organizados alternando-se entre os vários personagens e focos narrativos espaço-temporais ajuda qualquer leitor que por ventura se perca na labiríntica trama construída por Liu e seus protagonistas, no caso Wang e Ye, cujas ações e pontos de vista nos guiam na quase totalidade do livro.

Se um dia houver a oportunidade, gostaria de cumprimentar o autor e ter um autógrafo do mesmo no meu humilde exemplar nacional… definitivamente é um livro que marcou presença entre tantas leituras ao longo dos últimos anos. Não só pela inventividade e ritmo narrativo quase impecável, mas sobretudo pelas ótima ideias e personagens instigantes e interessantes.

E já fica o aviso aos leitores brasileiros: O problema dos Três Corpos é o primeiro livro de uma trilogia cujas duas sequências são The Dark Forest e Death’s End, ambos sem título ainda para o nosso idioma. Vale lembrar que o primeiro livro foi lançado na Chine em 2008 e sua primeira edição americana lançada apenas em 2014. Ah, claro, uma adaptação para o cinema já está em curso com estreia prevista para 2017.

O Problema dos Três Corpos é uma obra que merece muitos olhares atentos pelos próximos anos. O professor de história tem algo a explorar ali, o de filosofia também, o de geopolítica também, os professores de física, química e biologia idem… e os de Literatura então tem em mãos uma arma poderosíssima para suas aulas.

Cixin Liu olhou para um importante marco histórico de seu país e trouxe isso como elemento de peso dentro de sua narrativa fictícia, segurou as mãos de seus leitores e mostrou um pouco do mundo que conheceu ainda muito jovem e também desnudou os impactos da Revolução Cultural Chinesa em momentos oportunos de sua narrativa: regime de exceção, ditadura disfarçada de revolução, violência camuflada de processo de libertação democrática, a figura do ditador vista quase como uma divindade, a remoção dos subversivos de forma covarde…

Consciente do papel que um artista deve exercer, Liu fincou estacas de apoio no passado histórico de seu país e no presente em andamento para cimentar uma obra madura que reflete igualmente a maturidade de seu autor na construção da mesma, cumprindo assim o derradeiro papel da verdadeira Sci-fi: olhar para o mundo real e extrair dele combustível para refletir, repensar e filosofar sobre esse mesmo mundo através de um texto fictício, mas que é completamente ciente de suas responsabilidades para com aqueles que se debruçam sobre essa leitura em busca de algo mais.

E Liu nos entrega esse algo mais o tempo todo.

O Problema dos Três Corpos – Um problema insolúvel

De um distante e nublado enunciado lá das aulas de Física do segundo grau (na minha época ainda não tinha se tornado Ensino Médio), me veio o reconhecimento do título do livro. Admito que não foi no primeiro instante que relembrei do complexo problema que envolve a relação de três corpos celestes no espaço sideral.

Nunca aprendi realmente sobre a questão, a conheci como mera curiosidade apresentada por meus professores, talvez aquilo em algum momento poderia ser abordado numa não tão distante prova de vestibular numa questão discursiva para desarmar alunos de Ciências Exatas pouco afeitos ao ato da escrita.

Curioso novamente com o problema de Física das aulas do segundo grau, fui em busca do conceito em sites pela internet, nada tão profundo, queria apenas rememorar o enunciado e a complexidade do problema e qual a real função dele dentro a narrativa da obra de Liu. Grata surpresa…

Imagine dois corpos girando no imenso vazio do espaço sideral (n=2). Então, é possível estudar ou analisar o movimento desses dois corpos com excelente grau de precisão para esses corpos de massa m1 e massa m2. É possível obter uma expressão ou fórmula para a posição de cada um dos corpos num instante t qualquer em relação as duas massas, suas posições e velocidades num instante inicial chamado t0. Ao estudo desse movimento/ trajetória chamamos de “o problema de N corpos”, onde n, já está claro, é o número de corpos envolvidos.

A coisa toda complica quando o número de corpos aumenta já para n=3. Mesmo tendo um leque de soluções ou modos de soluções para alguns casos específicos ou trajetórias subjetivamente concebida onde os corpos realizam equilibradamente um movimento em forma de “8” (também similar ao formato do símbolo do infinito) ou em forma circular, o problema para três corpos continua sendo considerado em aberto, já que a interação das três massas envolvidas é dada em pares, com a terceira massa gerando em si e sobre as outras, trajetórias completamente indefinidas em decorrência da força gravitacional que esse sistema gera.

Sendo que as interações deveriam ser pareadas duas massas por vez entre si:

a) a relação entre m1 e m2, com m3 interferindo;

b) a relação de m1 e m3, com m2 interferindo e, por fim;

c) m2 e m3 com m1 interferindo.

A menos que se determine arbitrariamente uma posição inicial em um tempo inicial t0 também completamente arbitrário, nada de concreto pode ser feito no sentido de compreender, prever ou traçar com precisão as trajetórias/movimentos desses n corpos no espaço tridimensional.

Claro, oportunamente essa questão da Física irá atormentar o leitor por longos dias e, mesmo quando a leitura for concluída, cada olhara para o céu com absoluta certeza ecoara a complexa relação entre três massas planetárias (ou maiores) em movimentos caóticos no infinito espaço do universo.

P.S.: Desculpem eventuais falhas na enunciação do problema de três corpos, em Física não passei nada além das aulas do segundo grau. Quis apenas compartilhar essa curiosidade com você, leitor. Na ocasião oportuna tudo isso fará tanto sentido…
O Problema dos três Corpos – A Revolução Cultural Chinesa

A Grande Revolução Cultural Proletária (1966-1969), também chamada de Revolução Cultural Chinesa marcou profundamente a história do gigantesco país e de seu povo. Pautada por ser uma intensa manifestação política, ideológica movida pelo Partido Comunista Chinês, tinha na figura do ditador Mao Tsé-tung uma quase divindade na Terra, idolatrado cegamente dentro de seu próprio movimento, tal qual Hitler foi na Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial, Mao cimentou uma base de poder manipulando várias camadas sociais para transfigurar seu movimento ditatorial na forma de revolução popular.

Pautada por situações de extrema violência e confrontos da chamada Guarda Vermelha contra os ditos “opositores da revolução”, que eram o braço forte da ideologia maoísta e estavam sempre a frente dos chamados comitês revolucionários e suas sessões públicas de tortura e humilhação contra intelectuais, artistas, livres pensadores, políticos de posições diferentes e estudantes cuja postura era considerada subversiva diante do novo regime.

Ciente da importância de sua própria história e origem, Cixin Liu nos convida a conhecer por uma ótica interna os horrores de um período negro de seu povo, sua cultura e sua própria história de vida pessoal.

Como disse acima, o escritor é ciente da importância de sua obra e da função da Literatura no mundo contemporâneo, o autor nos brinda com momentos de profundo intimismo e não são poucas as ocasiões em que críticas ditas por seus personagens ecoam, sem dúvida alguma, as críticas de seu criador ao passado histórico de abusos, excessos e crimes de guerra cometidos contra seus semelhantes.

Uma salva de palmas ao autor que sabe nos presentear com diversão, reflexão e questionamentos na mesma obra.
O problema dos Três Corpos

O problema dos Três Corpos foi originalmente lançado na China em 2008. Em 2014 a obra ganhou sua primeira edição em língua inglesa e agora, em 2016, o excelente livro foi lançado em nosso país pelo selo Suma de Letras que atualmente é parte integrante da editora Companhia das Letras.

Até onde você iria para entrar em contato com seres extraterrestres?

China, final dos anos 1960. Enquanto o país inteiro está sendo devastado pela violência da Revolução Cultural, um pequeno grupo de astrofísicos, militares e engenheiros começa um projeto ultrassecreto envolvendo ondas sonoras e seres extraterrestres.

Uma decisão tomada por um desses cientistas mudará para sempre o destino da humanidade e, cinquenta anos depois, uma civilização alienígena a beira do colapso planeja uma invasão.

O problema dos três corpos é uma crônica da marcha humana em direção aos confins do universo. Uma clássica história de ficção científica, no melhor estilo de Arthur C. Clarke.

Um jogo envolvente em que a humanidade tem tudo a perder.

Autor: Cixin Liu
Gênero: Ficção Científica
ISBN: 9788556510204
Data de Lançamento: 24/08/2016
Páginas: 320
Preço: R$ 49,90


site: http://www.pontozero.net.br/2016/10/26/o-livro-e-o-problema-dos-tres-corpos-de-cixin-liu/
Simone 01/05/2018minha estante
Obrigada!




Sheila 28/02/2018

Resenha: "O Problema dos três corpos" (Cixin Liu)
Tradução: Leonardo Alves

Por Sheila: Oi Pessoas! Trago a vocês hoje a resenha do primeiro livro de uma trilogia - e que trilogia! - escrita por Cixin Liu e lançado aqui nas terras tupiniquins pela Suma de Letras. Como eu não conhecia o autor, resolvi dar um google e descobrir um pouco mais sobre esse escritor chinês.

Ganhador de vários prêmios na China pelos seus escritos, Cixin vem alcançando notoriedade ao vencer o prêmio Hugo Awards na categoria de Melhor Romance em 2015, e tornando-se um dos grandes nomes da ficção científica ocidental. Legal mesmo foi saber que esse prêmio, que já tem 62 anos de existência, nunca havia sido entregue para um livro que não tivesse sido escrito em inglês - ou seja, Cixin é bom mesmo.

Além disso, parece que tinha uma treta maligna rolando nos bastidores da premiação, com alguns autores proclamando que o melhor seria restringir o acesso da premiação, pois Negros, latinos, mulheres estariam "acabando com a literatura" (!!!!). Que bom que a galerinha do mal não ganhou essa né? Mas vamos à resenha.

Na década de 60 houve a Revolução Cultural chinesa. Ye Zethai, um professor considerado subversivo por ensinar física e a teoria da Relatividade, é preso e obrigado, diante de uma turba ensandecida, a confessar seus "crimes": ensinar às jovens mentes do pais a verdade. Submetido a um instrumento de tortura em muito superior às sus forças, foi mais uma vez levado para interrogatório.

- Ye Zethai, você é especialista em mecânica. Deve saber que esta resistindo a uma força intensa demais. Insistir nessa teimosia conduzirá apenas à sua morte. Hoje, retomamos o assunto da ultima sessão. Nem perca tempo desperdiçando palavras. Responda à seguinte pergunta sem a malícia habitual: entre os anos de 1962 e 1965, você não decidiu acrescentar por conta própria a relatividade à disciplina de introdução à física?

- A relatividade faz parte das teorias fundamentais da física - respondeu Ye - Como uma disciplina introdutória poderia não ensinar o tema?

- Você esta mentindo!
Ye Wenjie, filha de Ye Zethai, é obrigada a assistir, impotente, a seu pai sendo punido e torturado até a morte por defender seus ideais até o fim. Pior, assiste à sua própria mãe traí-lo, o que a mesma parece fazer não por compactuar com o pensamento dos revolucionários, mas para defender-se e poder fazer parte do Poder imperante no momento. Isso atinge profundamente Ye Wenjie e será importante para acontecimentos futuros narrados no livro.

Alguns anos se passam, e somos apresentados ao especialista em nanomateriais Wang Miao. Este estudioso se vê trabalhando junto com o policial Da Shi, sua antítese total, no Problema dos três Corpos. Tudo começa quando renomados cientistas começam a cometer suicídio e deixar cartas e bilhetes enigmáticos.
Havia uma única linha de caracteres escritos em uma caligrafia elegante:

Todas as provas apontam para uma única conclusão: a física nunca existiu nem jamais existirá. Sei que o que estou fazendo é irresponsável. Mas não tenho escolha.

Wang é um dos cientistas escolhidos pelo general Chang para tentar desvendar esse mistério, que parece envolver um jogo on-line de realidade virtual chamado "Três corpos" e envolve o problema de um outro mundo chamado Trissolaris. O enigma seria: como viver em um sistema solar triplo? No meio desta busca por respostas, há questões pessoais de Wang envolvidas, que o faz querer encontrar respostas mais do que os outros.

- Todos os físicos nessa lista cometeram suicídio nos últimos dois meses - disse o general Chang.

Wang ficou chocado. Aos poucos, as paisagens em preto e branco se desvaneceram em sua mente. As fotografias já não possuíam a figura dela no primeiro plano, e seus olhos foram riscados do firmamento. Aqueles mundos estavam todos mortos.

- Quando... isso aconteceuu? - perguntou Wang em tom mecânico.
- Nos dois últimos meses - repetiu Chang. - Nossa única certeza é a seguinte: todos cometeram suicídio pelo mesmo motivo. Mas é difícil levantar hipóteses.
Não querendo dar spoiler do livro, mas simplesmente dizendo o que encontraremos nas sinopses de divulgação, este é um livro de ficção científica que irá falar sobre as consequências de se tentar realizar contato com seres alienígenas. Afial, quem são esses seres e o que querem de nós?

A narrativa é extremamente empolgante e envolvente, a trama é simplesmente maravilhosa, todas as pontas vão se juntando e, aquelas que não o são, fica claro que devemos esperar muita ação a se desenrolar nos próximos dois livros, ainda sem data de lançamento aqui no Brasil.

Só me perdi um pouquinho em relação aos personagens em função dos nomes serem todos chineses. Além disso, as explicações tecnológicas são bem precisas e é necessário pensar um pouquinho para poder seguir a linha de raciocínio do autor, mas nada que interfira na leitura.

Ah, e a adaptação para as telonas deve sair agora em 2017, vale conferir! Abraços e até a próxima!

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site: http://www.dear-book.net/2017/05/resenha-o-problema-dos-tres-corpos.html
Anderson 17/10/2018minha estante
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Saava 19/05/2024

A sinopse não deve ser lida.
Primeiro eu preciso dizer que tive duas experiências de leitura com esse livro. Uma crua, e outra depois de entender os conceitos científicos, na medida do possível né, uma leitura em português e outra em inglês. Foram experiência muito diferente mas no final eu sai delas com o mesmo sentimento:

É um livro com mais conteúdo que propósito.

O livro é quase um suspense e a maior parte das resoluções dos mistérios esta na sinopse do livro?

Em inglês o livro é muito mais fluido e parece mais dinâmico, a tradução em português está muito maçante. As explicações dos conceitos técnicos são feitos da forma mais complicada possível, por algum motivo que eu não entendi. E a maior parte das explicações vem através de pausas no enredo, nas são pensamentos ou ações dos personagens. Não soam natural.

O anti comunismo é pesadíssimo aqui, o que até soam engraçado (?) em alguns momentos.

O livro vale a leitura apesar de todos os defeitos.
alyssoncrv 22/05/2024minha estante
Da pra prever que rola anticomunismo pesado já na sinopse, tive esse sentimento de cara kkkk




Pedro Sucupira 19/12/2023

2023 LIVRO 17 ¬– O Problema dos Três Corpos, por Cixin Liu.
Uma das ficções científicas mais complexas e intrigantes que já tive a oportunidade de ler. Que universo fantástico que o Cixin Liu foi capaz de criar. Uma verdadeira obra de arte. Li algumas críticas ao fato de o autor se aprofundar muito em questões de astrofísica/física o que discordo veemente. Essa é uma das maravilhas dessa obra, quando você se dá conta está tendo uma aula de astrofísica e nem percebe de tão leve, preciso e bem concatenado que o autor encaixa esses temas mais “espinhosos” ao longo da trama. Sou suspeito, pois sou fã do didatismo. Os amantes de astrofísica que vão se deleitar.

Comecei a ler essa trilogia depois de ver o trailer de divulgação da Netflix que vai lançar a séria desse universo em 21 de março de 2024. Impressionou-me tanto que não consegui aguardar. Torço muito para que a Netflix não faça cagada (expectativas foram criadas).

"Mas não posso fugir e abandonar a realidade, do mesmo modo como não posso abandonar a minha sombra. A realidade impõe sobre cada um de nós sua marca indelével. Cada era prende grilhões invisíveis nas pessoas que as viveram, e eu só posso dançar com minhas correntes."
Maycee0 19/12/2023minha estante
Fiquei curiosa pra lerr




Paula.Morais 07/06/2020

Hahaha surpreendente!
Fui me apegar a história já no meio do livro para o final, quando as peças começam a se juntar e tudo faz sentido (ou não) hahaha. Recomendo demais!
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Homero 06/06/2024

Uma aula de Física que se transforma numa de Filosofia.
"O Problema dos Três Corpos" impressiona pelas suas ideias e proposições científicas, são verdadeiramente incríveis. Liu Cixin consegue tecer conceitos científicos complexos (e que nunca tinha ouvido falar) de maneira que desafiam a imaginação, tanto que pelo menos a minha, por vezes foi superada... apenas segui! ?

Além disso, o livro frequentemente adota um tom filosófico, o que me levou a refletir sobre a natureza da humanidade e a nossa posição neste mundo. Essa abordagem quase antropológica adiciona profundidade à narrativa, tornando-a rica, estimulante e pessoalmente proporcionando debates internos.

No entanto, considero a linguagem altamente científica do livro um ponto negativo. A sensação constante de estar recebendo uma aula, tornar por vezes a leitura um pouco cansativa. Apesar disso, "O Problema dos Três Corpos" é incrível e recompensa muito bem aqueles que se dispõem a mergulhar em seu complexo universo.
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