Radija Praia 15/02/2016
Amantes do livro “Na Natureza Selvagem”, esse era um dos autores amados de Christopher McCandless
Publicado em 1903, “O Chamado Selvagem”, no original “The Call of the Wild”, conta a historia emocionante das aventuras de Buck (narrado sobre seu ponto de vista), um cão leal, resultante do cruzamento de uma cadela Pastor Alemã com um São Bernardo.
Buck é um cão domestico e vive uma vida de grandeza com seus donos que o amam, até que um dia ele é roubado de sua confortável casa de família pelo jardineiro, e é vendido para exploradores de ouro no Ártico onde então, começa o sofrimento em sua vida.
Forçado a entrar na dura vida de um cão de trenó do Alasca, passando de mestre para mestre, reféns dos porretes, Buck embarca em uma jornada onde terá que aprender a se adaptar, mudar hábitos para sobreviver em meio à fúria e a competitividade nesse novo ambiente. Diante das novas circunstâncias, ele começa a vivenciar seus ancestrais primitivos, encontrando a fera oculta dentro do seu corpo, transformando-se em um ser audaz.
Talvez você pense, é só isso?! Uma historia de um cão dócil que fica selvagem e nada mais?! Mas digo a vocês: não!
O romance traz em suas linhas: sobrevivência, adaptação, amizade, fé e barbárie. Seu enredo simbólico é recheado de teoria determinista. Há uma linha tênue entre Buck - um cão- e um homem. London criou uma narrativa carregada de traços naturalistas. O livro ao mesmo tempo em que traz uma história de aventura, traz também uma meditação sobre a civilização versus a barbárie.
Através de um cenário memorável e brutal em determinadas partes, London, delata os terríveis maus tratos que cachorros padecem nas mãos de garimpeiros. E tal como o autor George, em “A Revolução dos Bichos”, também aplica sentimentos humanos a animais, mostrando através dos mesmos, a capacidade do ser humano de ser transformar em diferentes ambientes.
Vide Buck, um cão domesticado, mimado por seus donos, que teve sua vida modificada radicalmente por um novo ambiente - tomado pelo frio e pela violência - onde se tornou um ser portador das características deste novo círculo.
Leitura desde já recomendada! Até então, nunca havia lido nada do autor, mas terminei este como vontade de ler outros de seus livros. O próximo com certeza será Caninos Brancos.
Editora Hedra está de parabéns pela bela capa e revisão.
Quote favorito:
“Existe um êxtase que sinaliza o auge da vida, além do qual a vida não vinga. E é tal o paradoxo da existência que este êxtase sobrevém quando se está mais vivo e ao mesmo tempo quando se esquece completamente que se está vivo. Esse êxtase, esse esquecimento da vida , é o que sobrevêm ao artista, arrebatado por uma centelha viva; é o que sobrevêm ao soldado delirante que, vencido, não se rende.” Pág. 48
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