Gabriel Dayan 16/01/2017
Existe uma categoria de livros “manuais” que tem por finalidade situar uma pessoa no microuniverso daquele determinado assunto, trazendo roteiros de estudo, indicações de autores e livros, problematizações como também explicar e simplificar a linguagem daquele nicho teórico.
Este manual de Goheen e Bartholomew é um excelente manual para todos aqueles desejosos de irem além na Interpretação Bíblica e Cultural, identificando com profundidade o inimigo antes de lançar uma ofensiva (ou neste caso uma robusta defesa) do Evangelho. A pretensão do livro é, nos próprios termos, ensinar a compreender tanto o livro da Bíblia como o livro da Cultura para que os cristãos possam apresentar o evangelho como uma opção viável, profunda, lógica e real para uma sociedade plural tão preconceituosa contra o Cristianismo.
No seu início, o livro explica o que é uma cosmovisão efetuando uma investigação histórica brilhante (passando por Kant e Freud), seguindo com uma magistral exposição da cosmovisão Bíblica Criação-Queda-Redenção, que é o substrato da fé no qual precisa estar abaixo de qualquer outra forma de ver o mundo. É este substrato de identifica todos os seus signatários como Cristãos independente de placa de Igreja, posição política ou econômica. Nos capítulos que seguem, o livro revela o espírito da época que governa a mentalidade das sociedades, como o humanismo Iluminista e seus dois filhos: O Liberalismo e o Marxismo culminando naquilo que pode ser chamado de pós-modernidade, retendo o que é bom e criticando severamente todos eles.
O livro relaciona estas cosmovisões, indicando pontos de contato para uma abordagem evangelística e de tensão que serão encontrados no meio do caminho. Instrui como construir pontes e fornece o material necessário seja com autores da fé ou seculares, seja com exemplos práticos e até bem humorados.
A parte final do livro é prático e pastoral. Prático pois coloca o Cristão em algumas situações éticas complicadas no âmbito comercial, esportivo, educacional e acadêmico, na esperança que por meio da ação do espírito santo o Cristão possa ser um dispenseiro da Graça por onde quer que passe. É pastoral por demonstrar os perigos, as tentações como também uma preocupação com o “martyrion” ou testemunho acerca da santidade, o testemunho do Espírito Santo, uma vida de oração e a confiança em um Deus que intervém são cruciais e não podem ser deixados de lado para o estabelecimento do Reino de Glória que já habita naquele que confessa Jesus como Senhor.
O livro acaba sendo muito otimista e apaixonado pela causa de Cristo. É um exemplo de manual, pois aponta para o maior manual de todos: A Bíblia, que foi escrita por um Deus que ama tanto a sua criação que deseja ver toda esta realidade redimida, atingindo o conceito de Shalom, por meio de uma Igreja que enxerga o mundo com lentes corretas.