Helana O'hara 12/04/2020Uma melancoliaA Livraria Mágica de Paris tem uma capa que chama muita atenção. Temos uma foto em sépia, que remete algo bem antigo. Confesso que foi a capa que me conquistou, adoro ela. Li sem ao menos ler a sinopse do livro.
Não é um livro grosso, tem 300 páginas, 44 capítulos e duas coisas curiosas.
O livro trás receitas culinárias do personagem principal e indicações de livros da Farmácia Literária dele.
O Livreiro Jean Perdu, apenas Perdu para a maioria é um homem culto. Gosta de escutas as pessoas, analisa-las e principalmente ele sabe exatamente o livro que cada pessoa precisa para amenizar um pouco as dores da alma. Ele é um homem de meia idade, dono de uma farmácia literária, as margens do Rio Sena – ele gosta de chama-la assim, de Farmácia.
Mas Perdu também esconde dores da alma. A cerca de 21 anos sua amada Manon foi embora. Deixou uma carta na qual ele nunca abriu e por anos Perdu tenta amenizar o sofrimento das pessoas com leituras.. Mas ele não sabe bem como amenizar a dele mesma.
Ele tem rancor, fala pouco, mas tem muito o que dizer.Depois de longos 21 anos ele resolve então abrir a carta que sua amada Manon deixou, e quando ele descobre que todo esse rancor e remorso poderiam ser amenizados, Perdu então decide fazer uma viagem de volta ao seu passado e curar suas feridas que jamais foram cicatrizadas.
A Livraria Mágica de Paris é um livro com uma grande melancolia. Temos um personagem que vive triste, ironicamente ele tenta curar a tristeza de outras pessoas com livros – ato nobre daqueles que também sofrem.
Perdu não sabe lidar com suas dores e acha que as dos clientes são sempre mais importantes.
Desde a primeira página até a última, a narrativa carregada essa dor e melancolia de Perdu, até ele descobrir o mal entendido, querer voltar no tempo, descobrir coisas.
Toda essa tristeza do personagem tem uma beleza muito grande. Na qual me lembra demais Amelie Poualin, com toda dor dela mesma querendo curar a do próximo, isso se chama empatia, a gente tem falado tanto disso.
O protagonista tem uma luta pessoa de perdão grande e se auto conhecimento, apesar dessa luta parecer sutil durante a leitura, ela está ali.
Nina George criou uma história linda, conseguiu escrever um bom personagem, homem de meia idade, interessante. Fiquei surpresa quando comecei a ler e senti uma empatia por ele.
A Livraira Mágica de Paris é um livro de pura poesia, simples, delicado e sensível.