Cujo

Cujo Stephen King




Resenhas - Cujo


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Fernando Lafaiete 28/07/2017

Cujo: Um livro muito bom, mas que mostra a hipocrisia de King!

Stephen King é o tipo de escritor que deve ser lido por todo mundo que nutre uma paixão gigantesca por literatura. O cara tem o domínio da escrita e conforme vamos avançando na leitura, fica evidente que ele sabe o que está fazendo.

Depois de ler "Sobre a escrita", me tornei fã de King e pretendo ler muitas outras coisas do famigerado autor. Porém, nem King consegue ser magnânimo ao ponto de eu não ter nenhuma ressalva sobre seu estilo de narrativa. Se você já leu algo do mesmo e não gostou, acredito que você ainda não tenha descoberto a maneira certa de lê-lo.

Por que estou dizendo isso? Simplesmente porque já venho percebendo há algum tempo que se não leio Stephen King de madrugada trancado no quarto apenas com a luz do meu abat-jour acesa, começo a achar os livros enrolados e cansativos. Mas se leio no horário que citei, as coisas acabam sendo bem diferentes. Cujo serviu pra reforçar que King escreve bem pra cacete (desculpem o palavrão), mas ele peca muito no ritmo da estória. Portanto, descubram a maneira mais fácil de ler e imergir nos livros do mestre do terror, pois acredito que é praticamente impossível não ficar surpreso com a escrita (ou quase) impecável deste rei.

Cujo retrata uma história onde os alicerces são as relações entre os personagens. Famílias com arrependimentos, inveja, traições, inseguranças e medo, é que levam toda a narrativa. A história se passa na cidadezinha de Castle Rock, estado do Maine, que foi assombrada por diversos assassinatos cometidos por um serial killer. Anos depois, após tal psicopata já estar morto, um garotinho começa a ver e sentir uma estranha criatura no guarda-roupa de seu quarto. Paralelo a isso, em uma "fazenda" local da cidade, um cachorro da raça São Bernardo durante uma caça a um coelho, acaba caindo em uma toca e sendo mordido por um morcego. Logo em seguida já ficamos sabendo que ele contraiu raiva.

A narrativa é em terceira pessoa e o livro é um único capítulo. Como assim? Simplesmente não existem capítulos, apenas alguns espaços que são inseridos apenas quando há uma mudança de cenário. O autor insere subtramas que vão conduzindo o leitor ao grande momento chave da história; que é quando a tensão predomina. O cachorro é humanizado assim como acontece com a cachorra baleia do clássico Vidas Secas. É muito triste acompanhar todo o processo da doença e como o cachorro vai perdendo o controle de seu próprio corpo. Pra quem ama cachorros, acredito que será normal se um cisco cair nos olhos durante a leitura.

Os personagens e a ambientação são muito bem construídos. Os diálogos são mais do que bem escritos e tudo que é inserido na história tem relevância. Os personagens são muito reais o que acaba tornando o livro ainda mais assustador. Pois a impressão que passa, é que você poderá encontrar qualquer um dos personagens andando na rua. Não existe nada deslocado na escrita e os personagens agem de maneira bastante convincente.

Então qual o problema de Cujo e de muitos outros livros de King?

Não tenho uma bagagem muito grande de leituras do autor, mas o pouco que li já me capacita a dizer que Stephen King peca no ritmo. Alguns leitores poderão ficar com a sensação que King é prolixo (que é exatamente a impressão que eu tinha do mesmo). Em Cujo, em diversos momentos, principalmente nas partes de suspense, as situações se arrastam e chegam a cansar um pouco. Além de ficar meio monótono, pelo fato de dois personagens ficarem por muito tempo em uma mesma situação.

Outra coisa que me incomodou bastante, foi o final. O mesmo não é somente muito triste, mas é também extremamente depressivo. Este tipo de final é fortemente criticado por King em "Sobre a Escrita", e o fato dele ter me entregado o tipo de final que ele mesmo diz que todo escritor precisa evitar pra não frustrar o leitor, fez com que eu o achasse meio hipócrita.

No final desta edição especial da Suma de letras, tem uma entrevista com o autor em que o entrevistador cita o livro Cujo e fala sobre a má impressão que o mesmo poderá passar para o leitor. Segundo o profissional que entrevista King, o livro tem uma carga emocional exagerada e um final pessimista, que provavelmente fez com que muitas pessoas deixassem de ler o autor devido a esse final amargo. Devo concordar com o entrevistador e concluo dizendo que na minha humilde opinião, Cujo não é um bom livro pra se começar a ler Stephen King.

O autor reforça que gosta de finais assim, porque gosta de incomodar o leitor. Se alguém lê algo dele e não termina a leitura incomodado, significa que tem alguma coisa errada com a sua escrita. Mas como ele diz o contrário em "Sobre a Escrita", acabei achando um pouco de hipocrisia. O que resume a escrita e o jeito de desenvolver de King é o seguinte (quando se trata de finais): "Façam o que eu digo, mas não façam o que eu faço!"

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Cujo é um bom livro de suspense, com uma carga psicológica bacana dos personagens e um desenvolvimento muito bom. Mas se comparado com outros livros do autor, cujo acaba sendo no máximo mediano. Mas se comparado com livros de suspense de outros autores, Cujo poderá ser visto facilmente como uma obra prima. Tendo ou não problemas de ritmo, indico Cujo e indico o autor. Pra leitores exigentes que não se agradam facilmente, ler King é um processo muito agradável. Quem precisa de Andrew Pyper quando temos Stephen King? **E sim, isso foi uma alfinetada (rsrs)
Alberto 28/07/2017minha estante
Acho que dá pra dar um desconto pro Stephen (enquanto você lia isso publico mais um livro) King, pelo fato de ele ter escrito cujo há muitos anos atrás, por volta dos anos 80 e o livro Sobre a Escrita ser um pouco mais recente, 2015, se não me engano. Como seres humanos acho que somos um fluxo e 35 anos são muito tempo para mudar a cabeça de alguém, talvez a dica venha até mesmo pelo efeito que esse final causou, que apesar de ser muito triste, gostei, porque não é sempre que as situações em nossas vidas dão certo.


GH 28/07/2017minha estante
Devido a gigantesca quantidade de livros alguns são bem fracos mesmo. Pecam em diversos aspectos e para usar o seu próprio adjetivo: são prolixo. Mas nos livros em que ele acerta, rapaz... Normalmente começam lento, pois ele contextualiza e cria bagagem para os personagens, depois é só devorar que o negócio fica bom... (Novembro de 63, A Torre Negra, O Iluminado...)


Fernando Lafaiete 28/07/2017minha estante
Então Alberto, na verdade Sobre a escrita foi traduzido no Brasil em 2015. Mas o livro foi escrito nos anos 90. E finais do tipo são comuns em outros livros do autor. Sendo assim, fica evidente que King realmente gosta desses tipos de finais e já informou em outras entrevistas que não pretende deixar de escrevê-los. Eu entendi o seu ponto de vista e concordo com você; esse final realmente é muito real e de fato mostra que nem sempre as coisas dão certo. Mas ainda assim, achei meio nada a ver o autor criticar fortemente esses finais e ainda assim escrevê-los. Gostei da leitura, mas não considero Cujo um livro excepcional!


Fernando Lafaiete 28/07/2017minha estante
Então GH... eu li O iluminado na adolescência e na época achei um porre, exatamente por achá-lo extremamente lento / prolixo. Pretendo relê-lo muito em breve, agora que tenho uma visão mais madura sobre literatura e escrita criativa. Acredito que aproveitarei muito mais a leitura!


GH 28/07/2017minha estante
Fernando, entendi! Na questão do O Iluminado é bem lento mesmo devido a quantidade de personagens e os poucos locais em que a história é narrada, então a avaliação deve ser feita de uma outra maneira, eu já o li duas vezes e na primeira também achei bem sem graça, anos depois re-li e sei lá, passando a considerar os fatores que salientei com o acréscimo do que era terror pra época, encaro o livro como bom e um dos mais importantes da carreira do autor...


Ari Phanie 28/07/2017minha estante
Ixi, um final amargo e triste, vou procurar evitar esse até ter maturidade suficiente kkkk. Sofro demais com finais depressivos.


Rafa Ferrante 28/07/2017minha estante
Só li um livro do King e minha experiencia foi boa mas tbm achei ritmo lento e na parte da açao peca por muita descriçao.


Fernando Lafaiete 28/07/2017minha estante
Phanie e Rafa... o final é mega triste. Quando cheguei nele, achei que tinha lido errado. Se não gosta desse tipo de final, evite por enquanto Phanie. E concordo com você Rafa, ele é bem descritivo mesmo. E lerei e avaliarei O iluminado de outra maneira mesmo, conforme você informou GH. Espero gostar mais dessa vez!! :)


Alberto 28/07/2017minha estante
Entendi Fernando, ja leu algum da serie a torre negra?


Fernando Lafaiete 28/07/2017minha estante
Tenho muita vontade Alberto. Ainda não comecei a ler esta série... mas pretendo comprar o box na black friday. Escuto muitos elogios!!


Alberto 28/07/2017minha estante
Comprei o box


Alberto 28/07/2017minha estante
Mas so li os dois primeiros, sao mt bons


Fernando Lafaiete 28/07/2017minha estante
Obrigado pela dica Alberto. Com certeza lerei!! ;)


Esdras 28/07/2017minha estante
Ótima resenha, como sempre!=)
Desejo ler Cujo o mais breve possível. ^^


Fernando Lafaiete 28/07/2017minha estante
Obrigado Esdras e leia mesmo... Você provavelmente irá amar!! :)


Lucas.Costa 29/07/2017minha estante
Sou fã incondicional do King. Já li Revival, It, Salem, Escuridão total sem estrelas, cemitério e estou lendo Joyland... Parabéns pela crítica, um livro dele que nao conhecia e está em minha lista agora...


Fernando Lafaiete 29/07/2017minha estante
Muito obrigado Lucas. Lerei It mês que vem, até porque estou desesperado para ver o filme. Muito obrigado pelo comentário!! :)


Lucas.Costa 01/08/2017minha estante
Vale muito a pena! A escrita de King é fantástica!!




Flávia Menezes 06/09/2023

? CUJO: UMA ANALOGIA SOBRE A RAIVA QUE HABITA EM NÓS.
?Cujo? é um romance de terror psicológico que foi publicado primeiramente em 1981 pela Viking Press, e é mais uma obra prima do autor estadunidense (e Mestre do Terror) Stephen King.

Este foi o meu 38º livro lido do King, e apesar de ocupar o 12º lugar no ranking dos meus preferidos do mestre, eu confesso que já fazia tempo que eu não me surpreendia tanto (positivamente, é claro!) com um romance dele.

Foram várias as sensações que eu senti durante a leitura que me lembraram sentimentos parecidos que experimentei lendo outros romances do King, que ocupam o topo da minha lista.

Por exemplo, a forma como o King (brilhantemente) descreve os cenários com uma riqueza de detalhes que nos transporta e nos faz sentir como se estivéssemos lá, me recordou o que eu senti quando iniciei a leitura de ?O Iluminado? (meu eterno top 1!) e como cada descrição me transportava para a cena de um jeito tão mágico, a ponto de até conseguir ouvir uma trilha sonora (sinistra) tocar no exato momento em que a família Torrance se aproximava do Hotel Overlook.

Desta mesma forma, ler sobre os dramas pessoais de cada um dos personagens adultos, me fez recordar em como ?Duma Key?(meu top 4, que nem de perto é adorado por leitores fiéis bem mais aprofundados no mestre do que eu) também me despertou tamanha empatia pelos relatos que o protagonista, Edgar Freemantle, nos conta sobre as suas relações, e todas as suas alegrias e frustrações experimentadas em cada uma delas.

Mas a genialidade dessa obra está exatamente no cão da raça São Bernardo, chamado Cujo, e que dá nome a esse romance, porque nele King imprime e vai dando forma a uma das nossas emoções primárias: a raiva.

Inicialmente, eu cheguei a pensar que o Cujo era apenas um pano de fundo, ou um personagem que foi adicionado apenas para oferecer o elemento de terror que o romance necessitava. Mas ao final, ligando todos os pontos, eu percebo que é através dele que o autor pode fazer uma analogia de como é que nos parecemos quando a raiva se apodera de nós.

Através de um simpático e dócil cachorro, King vai dando forma a raiva, e vai revelando como essa emoção também está fortemente vinculada com o que está acontecendo no interior das personagens femininas.

Quando a história se inicia, temos um Cujo dócil, e que apesar do seu tamanho todo, não passa de um animal manso e amoroso que anseia por um afago de quem dele se aproxima.

Essa é a parte da história onde nos afeiçoamos a ele, e entendo como sua relação tanto com crianças quanto com adultos acontece de forma tão tranquila, e sem qualquer contrariedade. Porém, toda essa harmonia entre animais e humanos muda a partir do momento em que o Cujo é mordido por um morcego-vampiro, e contrai raiva.

Tanto externamente quanto internamente vamos vendo a transformação em Cujo: seus olhos adquirem um tom avermelhado, sua expressão começa a parecer assustadora, e seus latidos vão se transformando em uivos repletos de fúria assassina.

Esse exterior que vai se metamorfoseando em uma velocidade acelerada, é apenas a expressão do que acontece internamente, quando seu lado amoroso e leal vai dando lugar a essa sensação estranha de não ver mais os humanos como fonte de amor e carinho, mas como alvos para quem a sua sede de matança parece não ter mais fim.

A raiva é uma emoção básica que é compartilhada não apenas por nós humanos, mas também pelos animais. De todas as emoções, a raiva talvez seja a que tenha uma das piores reputações, ao lado apenas do ciúmes. E vistas como emoções negativas, acabam por ser incompreendidas e por isso mesmo, desencorajadas.

Porém, o que pouco se fala é que a raiva é uma emoção protetiva, cujo propósito não é destruir a tudo e a todos, mas sim proteger o que é importante (pessoas, valores, pertences...), e ainda nos impede de cair no conformismo.

O problema da raiva está apenas na sua frequência, pois quanto mais ameaçada uma pessoa se sente, mais intensamente ela irá sentir raiva. Isso acontece quando o ego é fraco, o que faz com que a pessoa se sinta ameaçada com mais regularidade.

Essa fragilidade do ego surge quando ignoramos ou desrespeitamos nossos valores internos, e isso faz com que mais facilmente nos sintamos ofendidos. E para resolver esse problema, precisamos trabalhar melhor os nossos valores internos para fortalecermos esse ego e não nos sentirmos assim tão fragilizados, não havendo mais tanta necessidade de usar a raiva como medida protetiva.

Apresento essas questões, porque é exatamente o que vemos nas duas personagens femininas principais dessa história: Donna Trenton e Charity Camber.

Donna é a expressão da ?raiva problemática?, que surge quando uma pessoa se sente facilmente ofendida. Porém, quando mergulhamos em sua mente, vemos uma mulher que viveu recentemente uma mudança de cidade, e que não encontra muita afinidade com as demais mulheres da vizinhança, nem possui uma atividade diária que a preencha.

Muitas dessas frustrações têm raiz nessa crise existencial e descoberta do processo de envelhecimento. Donna já está na casa dos quarenta anos, e suas mudanças externas começam a afetar a forma como vê a si mesma. Tudo isso somada a solidão e ao período em que marido e filho estão fora de casa, dá lugar ao vazio e ao ócio, fazendo com que ela se sinta dominada por sentimentos de protesto e insegurança (que também são parte da expressão da raiva) e acabe apresentando comportamentos destrutivos e egoístas.

Já Charity é aquela que possui uma expressão de raiva protetiva adequada, que aparece diante de uma ameaça real. E por bem saber gerir a sua expressão de raiva, Charity possui mais clareza de como se desvencilhar dessas situações de ameaça, além de ter mais assertividade na hora de planejar uma forma de mudar sua vida e não mais estar diante de constante intimidação.

Uma verdadeira aula sobre raiva e suas diversas expressões, não é mesmo?

Mas outra aula que eu apreciei nessa leitura, foi a forma como o King traz a linguagem organizacional, através da profissão publicitária de Vic Trenton, nos ensinando com bastante propriedade sobre comunicação assertiva, diagnóstico organizacional e persuasão. Eu confesso que eu amo quando o King incorpora esse lado da visão organizacional, que também podemos ver em ?Sob a Redoma?, onde ele nos fala sobre Liderança Eficaz, Trabalho em Equipe e Planejamento Estratégico de forma maestral!

?Cujo? é um livro que o mestre escreveu durante o apogeu do seu período de abuso de drogas e álcool, e ele nem sequer se lembrava de muita coisa do que foi escrito, conforme seu relato em seu livro autobiográfico ?Sobre a Escrita?. Porém, tenho que dizer que esse é um dos romances mais brilhantes do King, e com um final tão emocionante, que nos deixa pensado por longos e longos dias sobre como essa história nos impacta com tamanha intensidade.
NayLyra 06/09/2023minha estante
Excelente nota !
Esse livro vale a fama que tem.
Está presente no meu top 10. ?


Flávia Menezes 06/09/2023minha estante
Nay, não tem como não dar nota máxima pra esse, não é? Que obra prima do Rei! ?
Obs.: meu #12 ???


NayLyra 06/09/2023minha estante
Ele cumpre bem o seu papel e merece destaque ! ??


Fabio 06/09/2023minha estante
Resenha maravilhosa, para um livro maravilhoso!?
Adorei a profundidade com que mergulhou no livro, e a analogias entre o cão, o homem/mulher e a "raiva". Espetacular!!!!???
Parabéns, querida por mais esse texto fabuloso, impregnado de conhecimento técnico e de e da visão aguçada sobre a escrita do mestre!!!
Parabéns!!!!???
Sou seu fã!?


Flávia Menezes 06/09/2023minha estante
Muito obrigada, Fábio querido! Vindo de um resenhista como você é um grande elogio!
Esse livro me surpreendeu demais e a narrativa foi muito gostosa! Mas confesso que quando terminei, o Cujo ficou tão marcado que essa raiva ganhou um grande destaque pra mim!
Obrigada pela paciência e generosidade de sempre ler essas minhas longas resenhas. Sua opinião é muito importante.
Obs.1: eu que sou sua fã ?
Obs2: sempre que eu leio sua frase ?sou seu fã?, me vem essa música: Dennis & Bruno Martini feat Vitin - Sou Teu Fã ???


Flávia Menezes 06/09/2023minha estante
Merece mesmo muito destaque, Nay! ?
E que venham os próximos porque ainda tenho muito King pra ler! ?


Núbia Cortinhas 06/09/2023minha estante
Para tudooo!! Que resenha linda e apaixonada!! E como se não bastasse deu uma aula sobre a raiva!! Aplaudindo de pé!! ?? ?? ?? ?? Obs: mais um pra lista!! ?


Flávia Menezes 06/09/2023minha estante
Aaaah, Núbia! Aquela das resenhas mais doces que eu já vi por aqui! ?
Muito obrigada pelas palavras, minha querida! E você que está nesse universo do King, vai amar esse! E eu vou ficar coladinha esperando pra ver suas impressões e sua resenha! ?


Nilo10 08/09/2023minha estante
Duma Key e Cujo são bons demais! Os personagens e as tramas são excelentes. O final de cujo é pesado demais e me surpreendeu. Muito boa a resenha.


Flávia Menezes 08/09/2023minha estante
Muito obrigada, Nilo! ??
Concordo sobre Duma e Cujo. Tramas marcantes, e ambas com finais bem tristes, mas que fecharam com visão de esperança. Eu confesso que não dava muito pra Cujo não. Mas foi até bom porque foi uma grata surpresa!




Phelipe Guilherme Maciel 22/09/2017

You ain't nothin' but a hound dog, Cryin' all the time... Well, you ain't never caught a rabbit, And you ain't no friend of mine
Cujo não era um cão de caça, como diz a letra de Hound Dog, gravada por Big Mama em 1952 e eternizada na voz de Elvis Presley pouco depois. Cujo era um São Bernardo calmo e tranquilo, de um lar não tão tranquilo assim. Mas depois de pegar raiva pela mordida de um morcego infectado, Cujo virou um caçador.

A história de Cujo, relançado no Brasil após décadas fora das prateleiras numa edição luxuosa da Suma de Letras, é um dos grandes clássicos de Stephen King, do início dos anos 80. A história, que se passa obviamente no Maine, é dividida em 2 núcleos principais, a família Camber, dona de Cujo e a família Trenton, principais vítimas de cujo. Esses dois núcleos se conectam com outros personagens secundários, sem grande importância para a trama geral do livro.

Cujo se conecta diretamente com A Zona Morta, quem ler este livro antes de ler Cujo, entenderá melhor quem é o assassino Frank Dodd, que permeia o livro do início ao fim, como uma sombra agourenta de ódio.

"Uuuhh uuuhh hum....
Theres a hellhound on my trail
Hellhound on my trail
Hellhound on my trail"

(Robert Johnson - Hellhound on my trail)

Se Donna Trenton pudesse ouvir uma música no radio de seu corcel, enquanto guerreava com Cujo, certamente a trilha sonora poderia ser Hellhound on my trail. Um cão dos infernos queria colher sua alma. Isso é praticamente toda a sinopse do livro.

Stephen King nem lembra como escreveu Cujo. Ele estava no ápice do uso de drogas. Mas ele atingiu o objetivo como um raio. A escrita é impecável. Não há capítulos no livro, apenas pausas que troca o cenário. O livro é contado em 3° Pessoa por um narrador onisciente que não é nenhum personagem. A trama escrita por King é fascinante. Ele é um mestre em criar personalidades fortes, com seus próprios terrores pessoais para lhes assombrar.

Todos os personagens são bem escritos. A pobreza dos Camber, a futilidade da família da irmã de Charity, A luta dos 2 colegas com a pequena empresa na beira do abismo, a loucura de um homem de meia idade que não aceita que envelheceu. O medo da mulher de envelhecer e ficar como sua mãe, o desespero do marido traído. Até a personalidade do cachorro antes da raiva e após a raiva é perfeita. A luxúria dos policiais "forasteiros", a simplicidade do Xerife local. As crianças que parecem ter alguma mediunidade... Tanto Tad como Brett tinham mediunidade. Tad via Frank Dodd em seu armário. Brett tinha uma conexão mental com Cujo.

O final de CUJO é uma pedrada. Destrói o seu ser. Mas eu refleti demais, e acho que para este livro, outro final não teria tanto impacto assim. Stephen King é o mestre do terror psicológico, e não é a primeira vez que ele faz algo tão horrível assim nos livros dele. Porque Stephen sabe que o monstro que te olha de dentro do closet à noite não é tão assustador quanto perder quem você ama. Não é tão assustador quanto PERDER AS ESPERANÇAS.

O filme de 1983 não conseguiu assumir o final do livro. Teve que florear tudo num lindo final.
Posso apenas dizer que Cujo é Stephen King a 250 quilômetros por hora. Não espere piedade.

"She say you don't see why, ooh
that you will dog me 'round
It must-a be that old evil spirit
so deep down in the ground..."

(Robert Johnson - Me And The Devil Blues)
Gustavo 22/09/2017minha estante
Vou querer esse livro emprestado mano. Resenha muito boa, misturando blues com rock e o livro... Acho difícil ler Stephen King porque conheço muito pouco e tem tantas conexões. Já li algumas coisas dele, mas acho que para fazer uma leitura mais séria é melhor eu começar pela Torre Negra, não acha?


Phelipe Guilherme Maciel 22/09/2017minha estante
Cara, pode pegar emprestado sim. Não tem uma ordem certa para ler Stephen King, se você quer ser puritano, seria ler o livro conforme o lançamento deles, ai não teria erro. Ele não conseguiria fazer conexões com livros que ainda não tivessem sido lançados. A Torre Negra para início pode ser um tiro no pé, porque ele lançou durante muitos anos e tem mais de 20 livros conectados a ela. Mas na boa? Eu leio os livros conforme minha vontade mano, Tem muitos livros conectados a outros que já li dele que nem tenho comprados ainda.


Beth 22/09/2017minha estante
Tua resenha é impactante. Perfeita. Profunda. Sim. Lost all hope é o monstro mais cruel. Vou reler Cujo.


Phelipe Guilherme Maciel 23/09/2017minha estante
Beth, obrigado pelo comentário. Eu concordo com você. Perder a esperança é o pior monstro. É o monstro do adulto. Cujo é cruel. Até porque temos dó do veiculo do mal, que e o pobre cão.


Diego | @diiegopaulino 17/10/2017minha estante
Resenha perfeita. Me deixou com mais vontade de ler.


Phelipe Guilherme Maciel 17/10/2017minha estante
Diego, recomendo muito a leitura do livro! Foi um pecado ficar tanto tempo fora das prateleiras brasileiras. Uma edição antiga de Cujo chegava a custar centenas de reais... Isso também atesta que a história é boa.


Priscila 31/01/2018minha estante
Eu realmente não esperava menos do King. Faltava 50 páginas para acabar o livro e me vi lendo tudo no mesmo dia. É disso que gosto nele, dessa intensidade e fazer algo inesperado. O final me impactou, pq lá no fundo tinha esperanças. Muito bom.


Phelipe Guilherme Maciel 11/04/2018minha estante
Oi Priscila, tudo bem? Eu também fiquei impactado no final, principalmente porque tenho um filho pequeno, de 2 anos. Foi complicado para mim ler até o fim. Aliás, estou meio que paralisado nas leituras do Stephen King justamente porque ele costuma ter uma crueldade conhecida com personagens infantis e adolescentes. Para o bem e para o mal. haha


Polyana.Machado 19/05/2020minha estante
Acabei de finalizar... E estou em choque. Ainda absorvendo tudo... Que livro!




Nat 19/06/2021

"As vezes estamos em rota de colisão e apenas não sabemos. Seja por acidente ou por destino, não há mais nada que possamos fazer."
Meu primeiro livro do King!

Eu comecei a leitura esperando algo completamente diferente, principalmente pelo modo como a história é iniciada, mas acabei sendo surpreendida por uma trama distinta e um desfecho um tanto sentimental.

A escrita é bem arrastada em determinados momentos... acredito que o fato do King ser prolixo o leva a diversas vezes prolongar a narrativa além do necessário e apresentar certos pontos de vista que não acrescentam muito à história, o que por vezes deixa a leitura um pouco cansativa.

O mais interessante, na minha opinião, foi como a cadeia de eventos se desenrolou até chegar ao ápice da narrativa e como o autor mostrou a influência que determinadas ações têm de afetar diretamente a vida de pessoas que muitas vezes não estão intimamente ligadas a nós. Gostei bastante desse aspecto.

Fiquei muito triste pelo Cujo, acho que não tem como ler e não ficar triste, em especial pelo seu fim. Achei muito interessante o King narrar da perspectiva dele também, o que gera ainda mais aflição pela situação.

Por fim, posso dizer que é um bom livro, nada extraordinário e não é meu tipo de leitura, mas eu gostei bastante do desfecho e confesso que a trama envolve o leitor nos momentos certos, principalmente por fazer você sentir a angústia dos personagens e se perguntar o que faria na mesma situação. E, apesar de haver muitas atitudes idiotas, acredito que seja justamente para levar o leitor a se perguntar "e se...?", sendo nossas próprias vidas muitas vezes encaradas por essa mesma questão. No final, o monstro era a circunstância.
Joao 19/06/2021minha estante
Também sinto esse lado prolixo dele nos romances. Nos contos, eu acho que ele se sai melhor com isso.


Nat 19/06/2021minha estante
Sim, esse foi o meu primeiro contato de fato com o King, mas já tive a oportunidade de ler algumas passagens das suas narrativas e pude perceber esse lado dele.


Marcos 19/06/2021minha estante
Eu tenho muito receio de ler esse livro, mas a sua resenha me deu vontade de ler!!!


Flávia Menezes 19/06/2021minha estante
Então eu penso que Joyland é mesmo perfeito!!! Porque não tem muita enrolação e a história se desenvolve de um jeito bem gostoso. ??


Joao 19/06/2021minha estante
Sim! Joyland é maravilhoso mesmo Flávia, eu adoro. Me tocou bastante porque consegui sentir até um certo lirismo nele (o que é estranho quando se fala em livros de horror). Tem um dele que adoro e é relativamente desconhecido, que é "Love, a história de Lisey". Ele tem essa prolixidade do autor mas achei bem recompensadora pela criatividade da história.


Flávia Menezes 19/06/2021minha estante
João, você disse tudo!!!! Também achei Joyland até poético! E dizer isso do King é realmente estranho (se bem que Misery também tem um pouquinho disso?.só que com mais doses de crueldade ??????). Vou anotar agora a sua dica pra minha próxima leitura do King. ??


Joao 19/06/2021minha estante
Acho que você vai gostar Flávia, mas é como disse, a história por vezes fica presa nessa prolixidade. Contudo mesmo assim eu gostei bastante. Um dos meus preferidos dele.


Flávia Menezes 19/06/2021minha estante
Vou procurar. Obrigada pela dica! ??




Aline MSS 28/10/2023

Horror, angústia e desespero.
[LIVRO 8] Pulei o livro 7(Dança Macabra), pq não é um livro de ficção e traz referências a adaptações e livros clássicos q ainda não li.

Não tenho palavras suficientes pra descrever a angústia gerada por essa leitura. É HORROR puro e simples do começo ao fim.

O livro trata sobre Cujo, um cachorro da raça São-bernardo q ao ser mordido por um morcego infectado desenvolve raiva gerando uma tragédia para os moradores da cidade de Castle Rock.

O livro traz traços sobrenaturais ao fazer referência ao espírito de um serial killer chamado Frank Dodd, q também aparece no livro Zona Morta de Stephen King. Pra quem está lendo na ordem de publicação do autor consegue facilmente pescar a referência.
Já em "Cujo", o espírito desse serial killer estaria assombrando o filho do casal de protagonistas da trama.

Fiquei horrorizada do começo ao fim! O livro é narrado em terceira pessoa e possui apenas 1 capítulo, oq acaba sendo mto angustiante p/o leitor, já q fica difícil achar um momento p/ dar uma pausa na leitura e digerir os acontecimentos desastrosos.
Não teve 1 segundo de paz e 1 personagem em q eu pudesse me apoiar. É desesperador demais! Só não li numa tacada, pq eu tive q ir ao dentista e uma semana corrida. ??

Pra quem gosta de filme de horror clássico, daquele desespero criado degrau por degrau, em q vc SABE q vai dar um problema danado e com um final CORAJOSO, Cujo é uma boa pedida. Só não recomendo p/os amantes mais sensíveis de animais. Durante a leitura fiquei com medo, mas ao assistir à adaptação (filme Cujo de 1983) eu fiquei com PENA e bem triste com oq assisti.
Obs. O filme traz um final diferente do q é retratado no livro.

Oq tem no livro:
- HORROR e angústia;
- 3 plots com poucos personagens (ñ dá pra se confundir, tudo é bem dividido msm o livro só tendo 1 capítulo);
- Traço sobrenatural (referência ao livro Zona Morta);
- Traição;
- Não têm plots twists, mas tem um final bem corajoso(na minha opinião);

Li a edição capa dura (Coleção Biblioteca Stephen King) da Companhia das Letras e recomendo. A capa é linda e o conteúdo extra dessa edição diz respeito a uma entrevista com o próprio King. Nessa entrevista ele relata diversas inspirações para a criação de seus livros. É bem interessante!
Pra quem é fã do autor, a edição vale à pena, mas eu jamais pagaria o valor q hj está sendo cobrado. ?
Fabio 28/10/2023minha estante
Parabéns por mais uma lindíssima, resenha, Aline!?


Pedro 28/10/2023minha estante
Excelente resenha, Aline. ?


Aline MSS 28/10/2023minha estante
Obrigada, Pedro e Fabio. Não sou fã do King, mas esse mereceu uma resenha positiva. ?


Pedro 28/10/2023minha estante
Pra se tornar fã do King, eu recomendo O Iluminado ou O Cemitério.


Nilo10 29/10/2023minha estante
Muito boa resenha!! Eu acho esse livro excelente. Final inesperado demais! A cara do SK.


Aline MSS 29/10/2023minha estante
Pedro, eu estou lendo na ordem de publicação e já li "O Iluminado". Eu gosto do autor, mas não tanto qto a maioria. Acho brilhante, corajoso e tal, mas ainda não consegui me identificar e gostar de 1personagem feminina escrita por ele. Espero mudar de opinião nos próximos livros.?


Aline MSS 29/10/2023minha estante
Sim, Nilo. O cara é corajoso demais e isso eu aplaudo. Não tem como abandonar um livro dele, os finais sempre são inusitados.?


Fabio 30/10/2023minha estante
Parabéns pela resenha, Aline!???




Maria 04/12/2018

Velho, que NERVOSO desse livro! Sério, mesmo! Muito nervoso a partir de certo momento e não alivia.. NUNCA! A gente termina o livro com nervoso... bom demais da conta, excelente história e muito medo! #Cujo #StephenKing #Books #sumadasletras
Filipe 04/12/2018minha estante
Já leu Zona Morta?


Maria 05/12/2018minha estante
Ainda não, porque a minha edição me deixou alérgica hahahah! Mas vou ler!


Filipe 09/12/2018minha estante
Edição de sebo? Hehe Cujo é uma continuação indireta do Zona Morta, vale muito


Filipe 09/12/2018minha estante
A história do assassino Frank Dodd é contada em Zona Morta.


Maria 10/12/2018minha estante
Simmm!! Pois é, estava na minha lista pra ler antes, mas não aguentei a ansiedade de ter essa edição linda e não ler hahahah.. acho que vou baixar um .mobi e ler no kindle, mesmo :D




Gladis 29/09/2022

Memorável.
O livro não tem capítulos, o que fez com que na minha cabeça parecesse um filme. a minha trilha sonora era ''do i wanna know" do artic monkeys.
ja se passou dois anos desde que eu li cujo, mas toda vez que eu escuto essa musica, a historia passa com todos os detalhes na minha cabeça. repetitivamente.
DICA: NAO PULEM A ENTREVISTA NO FINAL, ELA É TAO BOA QUANTO O LIVRO
Lindëndil 06/10/2022minha estante
Moça, me fala que trataram do doguinho. Quero ler esse livro, mas só de imaginar que não deram vacina antirrábica no cachorro já fico com ódio.


Gladis 06/10/2022minha estante
Então... Maltratado ele não era. Acredito que foi mais um descuido. E acho que "doguinho" é uma expressão muito fora da realidade para esse cachorro?
Mas se vc é muito sensível com esse assunto, leia com um lencinho do lado. Esse livro é uma mistura de raiva e tristeza


Lindëndil 06/10/2022minha estante
Minha gata é surtada, ganhou do vet o apelido de "gatinho do exorcista" porque foi preciso 3 pessoas pra segurar ela pra fazer um ultrassom e ela virava corpo pra um lado e cabeça pro outro. Tomou floral pra agressividade e antistress, só faltei dar água benta. É uma pestinha? Sim. Mas é o meu bebê ??
O doguinho morre? Se não morrer, eu até me animo. ??


Gladis 06/10/2022minha estante
É um baita spoiler, mas ele morre no finalzinho.
Acredite, acontece tanta coisa no livro que no final é um alívio a morte dele ?


Lindëndil 06/10/2022minha estante
Eu gosto de spoiler hahaha
E tadinho do dog :(




spoiler visualizar
belly 30/01/2023minha estante
eu li esse livro e odiei tanto kkkkkk
na minha cabeça eu n aceitava ser só um CACHORRO


jordana109 30/01/2023minha estante
pô, mas um cachorro de 100 kg movido a instintos é foda. Numa realidade em que a tecnologia não é como hoje em dia ficar preso em algo assim é muito agonizante


belly 31/01/2023minha estante
sim, depois que procurei sobre raiva, eu fiquei em choque, infelizmente foi só depois da experiência com o livro.


jordana109 31/01/2023minha estante
Eu procurei antes pq imaginei que ia ficar "isso não faz sentido, como um cachorro pode fazer tudo isso?" e isso ajudou a manter a experiência boa




Fabiana.Rubio 11/08/2023

Achei que seria melhor
Pelo nome do autor, achei que seria melhor.
É uma história meia boca que eu não recomendaria a ninguém.
Não percam o tempo lendo isso.
Mateus 11/08/2023minha estante
meia estrela, deve ser um lixo mesmo


Leiturista 11/08/2023minha estante
É tão ruim assim?


Bianca1465 11/08/2023minha estante
Não é uma das melhores do King, mas eu achei interessante. Temática diferente onde não tem o sobrenatural, só um cachorro raivoso com um poder destrutivo enorme.


Fabiana.Rubio 11/08/2023minha estante
Pra mim foi uma perda de tempo.
Só terminei de ler pq não gosto de deixar um livro lido pela metade




Gabu 16/11/2022

Como é que o monstro do meu closet conseguiu sair?
Aterrorizante, tenso, memorável, complicado e acima de tudo: amargo.

Eu li Cujo por razões muito despretensiosas: 1. a capa é bonita; 2. e ela indicava que era sobre algum animal, então depois de Christine, quis saber o que mais de comum o Stephen King poderia transformar em um monstro, então fui na fé e não estou nenhum pouco arrependida

De primeira, é um livro um pouco esquisito. No começo você não entende para onde a história quer ir (soube que faz mais sentido para quem já leu A Zona Morta, e eu não li. Então quem sabe esse sentimento venha disso, mas vou prosseguir minha resenha como alguém que realmente caiu de paraquedas em Cujo). Você tenta buscar conexão nas relações dos personagens até entender que Cujo é uma daquelas histórias onde a vizinhança, Castle Rock, é um personagem. Depois que a fase de apresentações passou, me senti muito bem ambientada, como se tivesse a sensação de que já estive lá antes.

E por falar em estranhamentos, algo que me chamou muita atenção foi a estrutura. Aqui não tem "parte I; II; III", nem capítulos. O livro inteiro é praticamente uma one-shot, só que longa. Enquanto eu lia "não sabia" a hora de parar, porque Cujo estava sempre indo para algum lugar. Me sentia nauseada e exausta, mas não parava, porque o livro não parava também. Mais tarde, quando concluí a leitura e li a entrevista do King, me deparei com esse trecho:

"Não, Cujo era um livro normal em capítulos quando foi concebido. Mas eu me lembro de pensar que queria que o livro atingisse o leitor como se fosse um tijolo jogado pela janela. Sempre achei que o tipo de livro que eu escrevo devia ser uma espécie de agressão pessoal." E então estava tudo explicado. O que eu senti era intencional da parte dele.

Apesar de ele conseguir realizar seus objetivos nesse quesito, já aviso que Cujo é um suspense de ritmo complicado, necessita de paciência e persistência (principalmente entre os 50% e 60% do livro). Não é novidade para quem já leu King antes. Ele primeiro apresenta o universo, as personagens, e vai criando e criando e criando e criando o resto e quando nos damos conta, toda lentidão e aquela prolixidade haviam sido usadas pra construir as partes do livro que não somos capazes de esquecer depois. É como se fosse uma recompensa por ter passado pelos preparativos: primeiro você se irrita com as descrições exageradas, com situações que parecem desconexas, com os cortes secos de momentos tensos para cenas em que aparentemente nada acontece, e boom, de descrição em descrição e corte em corte, no final tudo se entrelaça, o leitor leva uma rasteira e o King conclui o objetivo dele mais uma vez.

Me senti pessoalmente atacada por Cujo. Ele me levou a exaustão e raiva em muitas partes, e quando tudo acabou me senti esgotada. E isso não é uma reclamação, achei genial que um livro de suspense tenha me atingido dessa forma. Devastador mesmo é quando lemos livros de suspense e eles não são capazes de nos provocar nadinha.

A relação dos personagens é muito bem construída e tudo é crível. O universo, os diálogos, os pensamentos, até o próprio Cujo. Tudo é muito real, as ações, as consequências... Dá a sensação de que tudo o que lemos é algo que pode estar acontecendo agora em algum lugar no mundo, o que faz o livro ter uma carga emocional pesadíssima. Cujo é como se fosse um relato; havia um dia normal em Castle Rock, e então um narrador surgiu e é isso. Além disso, qualquer um que tenha um coração se comoveria, mas em específico quem ama cachorros vai sofrer demais lendo Cujo.

Foi uma leitura árdua e memorável. Me despertou sentimentos parecidos com os que tive quando li Christine. Amargo, cruel e real. Recomendo, mas pelos motivos que comentei acima, recomendo apenas para quem já leu alguma outra obra do King antes. Como leitura introdutória, acredito que não funcionaria.
Flávia Menezes 16/11/2022minha estante
Que curiosidade para ler a sua resenha!! E acabei lendo. Resenha perfeita! Se eu queria ler Cujo, agora que eu queto ler ainda mais. Parabéns! Muito bem escrito.


Gabu 17/11/2022minha estante
Que honra ter a autora das melhores resenhas que leio por aqui elogiando algo que escrevi! Obrigada


Flávia Menezes 17/11/2022minha estante
Aaaah, que gostoso ler isso! Mas olha? foi um elogio mais do que merecido! Você também escreve super bem! ??




Marlonbsan 26/05/2020

Cujo
Tad Trenton é um garoto de 4 anos e à noite em seu quarto ele vê algo no closet, pois a porta volta a ficar entreaberta sempre que é fechada, além de aparecer um cheiro diferente. Já nos limites da cidade na propriedade dos Camber, temos Cujo, um São Bernardo de 90 quilos que, ao perseguir um coelho, acaba com o focinho dentro de um buraco onde é mordido por um morcego com raiva.

O livro é narrado em terceira pessoa e acompanhamos o que acontece com os personagens principais, a linguagem é simples e se mostra um livro bem fluido, ainda mais considerando que seja algo do King que tem uma tendência à prolixidade. O começo é meio travado enquanto apresenta o contexto, mas depois, quando já estava habituado, flui muito melhor.

O conceito desse livro, apesar de ter um ar sobrenatural, tende muito mais para os perigos reais e a aflição que os personagens sentem, ao lidar com Cujo, na condição que se encontram. Ficamos apreensivos e até irritados com determinadas ações e quase gritando “vai logo lá”, mas para quem está de fora é fácil perceber. É ótimo quando o livro consegue trazer você pra dentro dele e capaz de nos colocar no lugar dos personagens.

King tem o costume de mostrar o caminho de seus personagens como traçados por um destino. Alguns deles chegam a questionar os “ses” de seus atos, como: “se não tivesse dormido tanto, teria sido diferente”. O fato de soar como destino predefinido traz também as coincidências, o diferencial é que isso também é questionado pelos personagens, como as coisas são convenientes para chegar ao ponto que chegou. Mas depois que algo acontece, não é exatamente isso que fazemos? Buscamos as coincidências que levaram até ali?

O livro traz a apreensão esperada e foi bem divertida a leitura, além de trazer subtramas interessantes tudo é muito bem construído. Com certeza preferiria encontrar o Beethoven (alguém entendeu a referência?) e ainda tem entrevista do King no final dessa edição.

Foto e resenha no meu IG @marlonbsan, quem puder segue lá...
Sérgio 22/08/2022minha estante
Um ótimo livro e com um final sinistro demais!!


Marlene Koch 31/12/2022minha estante
Li o livro e assisti o filme, ah que peninha do cachorro snif snif.


Taciano.Pereira 21/03/2024minha estante
Ótimo livro
Ótimo livro mas fiquei com pena de alguns personagens




Eddie.Erikson 09/05/2017

Um livro bem escrito, como é de se esperar de king. História cativante, uma leitura agradável. Entretanto personagens menos interessantes se comparado a outros criados pelo escritor. Desfecho da história deixa a desejar.
Asbel 17/09/2017minha estante
Passei da metade do livro e realmente, já li personagens mais elaborados.


Eddie.Erikson 18/09/2017minha estante
Concordo Asbel. Comprei sabendo que era um dos livros famosos do Stephen. Mas no fim, foi um dos que menos me interessou. Dos que mais gostei: "mr. Mercedes" e "achados e perdidos". Se não leu, recomendo demais!


Asbel 22/11/2017minha estante
Opa, valeu a dica camarada!!




Geórgea 27/03/2017

Cujo
Durante cinco anos um monstro assombrou a cidade de Castle Rock no estado do Maine. Ele assassinou brutalmente seis mulheres. Muitos se perguntavam que tipo de criatura seria capaz de tantas atrocidades que iam além da compreensão humana. O que assombrou muitas pessoas foi que esse monstro tinha nome e sobrenome: Frank Dodd. O policial lunático que passou a ser uma lenda urbana e forma de assustar as crianças que insistiam em teimar com os seus pais. Na época ele cometeu suicídio e isso trouxe paz e alívio para todos os habitantes, mas, em 1980, ele retornou à cidade.

“Não era lobisomem, vampiro ou carniçal, nem tampouco uma criatura sem nome de uma floresta encantada ou de uma região glacial. Era só um policial chamado Frank Dodd, que tinha distúrbios mentais e sexuais.”

Tad Trenton tem 4 anos e mora com os pais em uma casa que deveria ser só aconchego e felicidade, exceto pelo monstro que vive no seu armário. A coisa que espreita à noite quando as luzes se apagam não deixa dúvidas: é o espírito de Frank que voltou para assombrar a todos. Com promessas terríveis e uma maldade no olhar, ele atormenta as noites do garoto que pensa estar enlouquecendo. Paralelo a isso, seu pai vem passando por problemas com o trabalho e pensa estar enlouquecendo também, só que diferente do filho a dúvida que o assola é sobre a fidelidade da sua esposa.

Nessa pequena cidade residem habitantes com as suas mais diversas naturezas e peculiaridades. Na casa de Joe e Charity Camber ele é a lei. No grande celeiro vermelho que ele faz de oficina o filho, Brett, com apenas 10 anos, o ajuda e a constante presença do grande cão da família da raça são-bernardo, chamado Cujo, é algo corriqueiro para todos que vivem em Castle Rock. O cachorro tem apenas tamanho, pois é muito dócil e querido por todos da região. Até ser mordido por morcegos e passar a ter um comportamento estranho e agressivo.

Todas as engrenagens do destino parecem conspirar para que várias viagens aconteçam ao mesmo tempo e apenas uma mãe e o seu filho ficam em casa com um carro defeituoso. Ao invés de esperar a volta do marido, ela mesma decide resolver esse problema com o mecânico mais próximo. O que ela não sabe, é que ao chegar ao seu destino ela encontrará um anfitrião nada amistoso e a partir daí todos os seus pesadelos serão reais.

Minha Opinião

“Era uma vez…”. É assim que adentramos nessa história eletrizante, narrada em apenas um capítulo e cheia de tensão do início ao fim. King consegue transformar algo surreal e que, em um primeiro momento, seria considerado terror bobo em algo genial e que nos deixa fixados e de orelhas em pé. Um cão consegue se transformar num grande vilão e vira um monstro aos nossos olhos. A história, que é narrada na sua maior parte, por um observador externo, vai ser moldada e tramada conforme cada página virada.

Além disso, em determinadas partes, a narrativa é vista do ponto de vista do próprio Cujo. Ele não entende de onde vem toda essa raiva e não consegue controlar tudo que está sentindo e passando pela sua cabeça. O cachorro não sabe nomes, identifica as pessoas ao seu redor apenas como O HOMEM ou O MENINO e de uma forma toda simples, como deve ser a de um cachorro, e fica frustrado ao não entender porque sente tanto ódio de quem ele gostava tanto. A dor que ele sente, a raiva, tudo isso misturado deixa Cujo fora de si e sem noção dos seus próprios atos. Tudo torna-se diferente e aterrorizante aos seus olhos.

“Aqueles olhos da coisa no closet eram olhos insanos, gargalhavam e prometiam uma morte horrível e uma sinfonia de gritos ainda não executada.”

Senti no livro aquela velha comparação que é motivo de debates diversas vezes ao longo da vida: o verdadeiro monstro é aquele das histórias ou o próprio ser humano? King diz que “monstro que é monstro nunca morre”, e de certa forma isso é verdade. Todo o monstro deixa a sua marca. Aquele que assassinou, abusou, fez um mal a alguém, pode até morrer, mas sempre vai deixar a sua marca em quem sofreu com ele. Um monstro nunca morre com a sua morte, ele deixa a sua história incrustada naqueles que sofreram seu mal.

O livro também discorre sobre diversos problemas conjugais e familiares, resquícios de uma infância sofrida do pequeno Stephen King. Famílias desestruturadas, maridos abusivos, problemas com a bebida, mulheres que apanham caladas, filhos que vivem com medo, tudo isso é abordado com todo aquele toque clássico do autor. Mas, algo é certo, no fim sempre temos mães guerreiras que fazem tudo para defender a sua prole, apesar de todas as adversidades encontradas na caminhada. Tudo isso é retratado mais uma vez, com toda a propriedade que ele tem no assunto.

“Cujo olhava para O MENINO e não o reconhecia mais: não reconhecia o rosto, nem os tons das roupas […] nem o cheiro. O que via era um monstro de duas pernas. Cujo estava doente e agora tudo parecia monstruoso. A cabeça ribombava pesadamente, pedindo morte. Queria morder, rasgar e dilacerar.”

Outro ponto que existe no livro e que me chamou a atenção é aquele de que de noite tudo fica mais apavorante. À noite qualquer cadeira vira monstro, qualquer sombra dá medo, qualquer barulho são fantasmas. Por mais crescidos que sejamos, sempre tememos o sobrenatural como ponto de terror. Quem diz o contrário, está mentindo. É claro que com o tempo abandonamos esses medos infantis e vamos dando mais ênfase aos medos adultos. O medo de outros adultos. Mas sempre resta, por menor que seja, aquela sensação de frio na espinha quando alguma luz apaga sozinha.

Sempre cheio dos mais mínimos detalhes, King, faz você entrar na história querendo ou não. Ele é um autor completamente detalhista e quem já leu algum livro seu, qualquer um, vai perceber o quanto é fácil criar na nossa cabeça imagens sobre os locais, pessoas (apesar dele não dar muitas características físicas, mas pense nas personalidades que são tão bem desenvolvidas), monstros e situações que ocorrem conforme o seu texto avança. Você se pega completamente envolvido com essa pequena cidade e com as pessoas que nela residem.

Essa edição está impecável. Capa dura, toda linda e com detalhes que enchem os olhos de todos os fãs de livros. E no final temos uma entrevista com o autor onde o seu bom humor aflora e entendemos porque ele é tão querido e possui tantos fãs. Acho até difícil acreditar que ele não lembra de ter escrito esse livro, que foi em uma época conturbada da sua vida com drogas e álcool, pois sentimos a presença dele durante toda a trama. Mesmo sob efeito de substâncias ele não perde a sua essência. A escrita de King é inconfundível.

“Uma máquina de matar coberta de sangue, com fios grossos de espuma voando das mandíbulas. E que exalava um fedor esverdeado e pantanoso.”

King nos conduz com maestria. O terror psicológico empregado por um cão, um são-bernardo, conhecido por ser dócil, é de arrepiar. Apesar de boa parte da narrativa se passar em um lugar fechado, onde um sentinela fica aguardando o primeiro passo em falso de uma mãe desesperada, o livro não se torna monótono. Queremos saber o que acontece, estamos temerosos pelo o que pode acontecer. Podemos esperar tudo, inclusive o final chocante que temos e que nos deixa com aquela pontada de tristeza e com a pergunta do “E se?”.

Sentimos a sensação de estarmos enclausurados dentro do carro como eles, pensamos na necessidade de sobrevivência, nos conflitos vivenciados pela mãe, no medo que o filho sente, na falta de água e comida, no isolamento, na impotência, toda a natureza humana aflorando em uma situação que pode sim acontecer conosco, e nos perguntamos “o que eu faria no lugar dessa mãe?”. Se correr o bicho pega, se ficar…

site: http://resenhandosonhos.com/cujo-stephen-king/
Antony 03/04/2017minha estante
Está na minha lista!!!


Carol Nery 12/04/2017minha estante
Das resenhas que li, essa foi a melhor descrita. Quanto sentimento. Parabéns! Quando eu for reler Cujo, pegarei essa nova e linda edição que agora, eu também possuo!


Geórgea 12/04/2017minha estante
Fico feliz em saber que você gostou. Muito obrigada!




Bianca 01/12/2020

Excelente
Confesso que quando li a sinopse fiquei bastante receosa com a premissa do livro. Como pode um livro sobre um cachorro assassino ser alguma coisa senão um trashzão sem sentido? Masss como King é King, tive uma grande e positiva surpresa.
Os personagens são extremamente bem construídos (ponto forte do autor) e, sendo assim, fazem com que nós, leitores, nos apeguemos e soframos imersos na história junto com eles.
Tive pena do policial que apareceu brevemente, dos protagonistas, do cachorrinho e dos donos dele. Não tenho nem palavras pra esse final, triste e impactante. King sempre escreve para nos impactar, extasiar, dar um tapa na cara. E o faz bem.

A edição está belíssima e eu amei demais a entrevista no final. Suma está de parabéns!
Allan Tancredo 01/12/2020minha estante
Nossa me deu até vontade de ler! ??


Bianca 01/12/2020minha estante
Recomendo! ??


Vitor 09/12/2020minha estante
?




Luiza.Cruz 22/07/2021

Leitura indicada para quem já está acostumado com o King
É uma obra tensa e mais no estilo King possível, ou seja, pra quem espera terror, monstros, sustos, ou sentir medo, pode se decepcionar.
O King aqui nos faz olhar com olhos dos seus personagens, sentir suas sensações, medos, angustia, culpas.. Cujo se trata de um trama psicólogico, onde a ação não é primeiro plano.
Prolixo? Sim, porém quem gosta, já está habituado com a escrita detalhada, para nos fazer sentir dentro do livro, não é atoa que quando me recordo das obras que li do autor, me recordo de imagens como se estivesse visto mesmo um filme, até marcas são citadas fazendo nos familiarizar ainda mais e trazendo a sensação de realidade mais evidente.
O final é no estilo King também, não tem desfechos óbvios, finais felizes, ou muita fantasia além do que acontece na vida real.
É um bom livro, mas é preciso ler sem prentesões extraordinárias e mirabolantes.
O medo está lá, mas não como um bicho papão, ele está no medo de ser traído pela esposa, medo de perder o filho, medo de lidar com o luto, medo de perder o emprego, medo de não ser perdoada, medo de envelhecer, medo de herdar traços géneticos não desejáveis.
A raiva além da doença causada no cão ela também está presente durante todo livro, a raiva por descoberta de infidelidade, a raiva de ser trocado, a raiva do marido alcoolatra, a raiva da mulher que não suporta a própria irmã, e a raiva da própria doença raiva.
Carina Oliveira 22/07/2021minha estante
Qual você indica quando a pessoa quer iniciar a leitura dos livros dele?


Luiza.Cruz 22/07/2021minha estante
Joyland, Novembro de 63( meu favorito, porém não é nada terror.), O iluminado..


Carina Oliveira 23/07/2021minha estante
Obg!!!




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