Alecs.Folheto 26/09/2021
?hoje foi um dia feliz; só rotina.?
Comecei a ?A Trégua? imaginando um livro entediante, mudei de opinião em poucas páginas. Esse é o tipo de livro que traz um misto de emoções. Ele te faz mudar de ideia em pouquíssimas páginas.
Você começa sentindo nojo do personagem e seu machismo (algo justificável em sua época), mas em algum momento passa a ignorar isso; depois com as análises que ele faz da vida e de todos, com todo aquele controle rotineiro, você sente medo. Se pergunta se em algum momento sua vida ficará assim. Imagina uma existência ou o fim dela dessa forma como algo horrível.
Então, aparece Avellaneda e devagar mas nítida, a história vai mudando. O que começou com ar de tedioso e grotesco, fica interessante.
Existe uma passagem no livro onde os dois acompanham do apartamento uma simples chuva, ali, você consegue sentir o amor intenso entre os dois, e um momento que parece ser simples e irrelevante, se transforma em algo único, pelo menos para um personagem que ansiava por rotinas.
Eu poderia me estender mais e falar sobre o fim do livro, sobre algum ponto chave, ou alguma passagem que foi um ?tapa na cara?, dizer que o fato do livro ter sido escrito em formato de diário só o torna melhor, porque com isso, você vê e sente uma pessoa em sua totalidade, sua nudez, seus pensamentos, aquilo que você (nesse caso ele) não pretende que ninguém saiba em momento algum, poderia dizer que é uma bela crítica a sua época, país ou que é uma história das complexas relações humanas e seus altos e baixos, mas esse livro não precisa disso. A sua história consegue expressar por si só, sem necessidade de apresentações.
?Há uma espécie de reflexo automático nisso de falar da morte e olha o relógio.?