Liz 04/10/2011Desafio literário 2011 - Maio - Livro-reportagem"No processo de fabricação de um espírito nacional, é normal que se inventem tradições, heróis, mitos fundadores e histórias de chorar, que se joguem um brilho a mais em episódios que criam um passado em comum para todos os habitantes e provocam uma sensação de pertencimento. Se esse país quer deixar de ser café com leite, um bom jeito de amadurecer é admitir que alguns dos heróis da nação eram picaretas ou pelo menos pessoas de seu tempo. E que a historia nem sempre é uma fábula: não tem moral edificante no final nem causas, conseqüências, vilões e vítimas facilmente reconhecíveis.”
Eu comprei esse livro há pouco tempo meio que às cegas. Estava na livraria procurando algo que pudesse me ajudar a melhorar minhas notas em história (que estão deploráveis), vi esse título, gostei e levei. Sem ler sinopse nem nada. Imaginei que o livro contasse a história do Brasil de um jeito diferente, mas não. Ele conta outra história.
Leandro Narloch reuniu neste livro diversas informações muito curiosas sobre a história do Brasil e alguns de seus principais personagens.
Durante toda a leitura fatos bem chocantes são reveladas para aqueles que cresceram prestando alguma atenção às aulas na escola – por exemplo, no livro é mostrado o verdadeiro vilão da Guerra do Paraguai e da ditadura militar, a vida dos negros alforriados com seus escravos, ações de Luís Carlos Prestes, dentre muitas outras coisas.
Eu gostei bastante do livro. Ele utiliza uma linguagem bem simples e não fica enrolando muito. Nem tudo que eu li foi surpresa, mas a maior parte do que o livro revela foi como um balde de água fria num inverno siberiano. Algumas coisas eu simplesmente não consigo acreditar até agora. Eu não quero acreditar que passei a minha vida toda ouvindo de professores uma coisa que na verdade era mentira. Se na historia é assim, que dirá as outras matérias? Que dirá o que ouvimos no jornal? Que dirá a vida? Ai, ai, fique assim mesmo quando terminei a leitura. Comecei o livro querendo melhorar minhas notas e terminei-o sem nem saber como estudar, sem saber se quero estudar algo agora para mim tão instável.
Acho que aprendi muito lendo o livro, porém ele não merece uma nota máxima. O autor colocou demais dele mesmo. Para mim um livro desses deveria ser imparcial, pelo menos em sua maioria. Mas Narloch fez vários comentários bem infelizes ao longo das histórias que contava, que não acrescentaram absolutamente nada. Ele muitas vezes me pareceu ser um cara bem arrogante, alguém que não dá muita vontade de conhecer.
Além disso, tem algumas passagens muito desinteressantes. Como a seção sobre o samba e a sobre o Acre, que foi um sacrifício para eu ler. E também tem algumas coisas tão estranhas que são realmente impossíveis de acreditar – por exemplo, não consigo imaginar de jeito nenhum Elizabeth I com um relógio de pulso (sei o que você esta se perguntando. Essa informação aparece no livro sim, meio que à parte).
Mas no geral o que é mostrado é muito legal e, como deu para ver, inacreditável. O livro, além de ter aberto a minha mente para várias coisas, deu-me muito assunto para conversa (eu geralmente não tenho nenhum) e aumentou muito o meu interesse em história do Brasil, que antes era bem perto de zero.
Terminando a resenha, recomendo o livro para qualquer um. Ele é muito fácil de ler e traz muita coisa interessante.