O olho mais azul

O olho mais azul Toni Morrison




Resenhas - O olho mais azul


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Alê | @alexandrejjr 26/03/2021

O trágico ato de existir para resistir

A literatura competente não tem barreiras nem limites para acontecer, além de subverter regras pré-estabelecidas. E aqui temos uma joia que se encaixa perfeitamente nessa linha de definição, pois “O olho mais azul” é uma rara peça de arte.

Toni Morrison é uma figura singular. Primeira e única mulher negra a ganhar o Nobel de Literatura, pelo menos até o momento em que esta resenha vem ao mundo, Morrison, que infelizmente faleceu em 2019, foi “a” intelectual estadunidense dos últimos anos. E fica fácil perceber o porquê depois de ler esse livro.

É importante contextualizar o momento de lançamento de “O olho mais azul”. O ano é 1970. Os Estados Unidos tinham perdido, apenas dois anos antes, o grande ícone do movimento pelos direitos civis, o doutor Martin Luther King Jr.. É nesse contexto em mente, de um país que àquela época estava fervilhando em suas desigualdades sócio-raciais, que o livro cresce, pois ao olhar para trás e contar uma história que se desenrola logo após o fim da Grande Depressão, Morrison faz uma sólida reflexão sobre a condição dos negros estadunidenses.

Em “O olho mais azul”, Toni Morrison oferece a seus leitores uma minuciosa investigação dessa experiência negra na América, em particular da mulher negra e pobre nos Estados Unidos. Com uma narrativa fragmentada extremamente oral e, em momentos chaves, visceral, a autora desnuda a invisibilidade que persiste na mais covarde das violências, o racismo. Não há espaço para inocentes no mundo, irá concluir Morrison. No entanto, é na resistência e dentro da representação literária que ela irá dar voz a experiências e identidades que, antes dela, pertenciam a uma posição marginalizada dentro da literatura.

Durante a leitura, em um ponto chave do romance, eu tive um choque. E nesse choque tive certeza de que eu não estava lendo um livro qualquer. É nesse momento, também, que comecei a fazer associações com outras artes, no caso o cinema, ao comparar o que lia com cenas de dois filmes importantíssimos sobre o tema racismo: “No calor da noite” e “Mississipi em chamas”. Ali, nesse ponto, o jogo de espelhos de Morrison é magistral.

E há uma personagem inesquecível, claro. É através de Pecola, personagem chave do romance, que mora o calcanhar de Aquiles dos leitores. Ela é apenas uma menina negra que deseja olhos azuis, mas por trás desse desejo há muita dor e sofrimento. Ela deseja olhos azuis porque sofre discriminação de raça, gênero e classe. Deseja olhos azuis porque é abusada por negros e brancos, e sofre dos primeiros um abuso físico e psicológico (vejam que escolha dolorosamente interessante!!). É do ódio, portanto, que se constrói a sua personalidade. É no estigma que carrega, de não compreender a complexa realidade e valores de uma ideologia dominante, que Pecola sofre. E nós sofremos juntos através desse sentimento que cabe tão bem à literatura chamado empatia, tão em falta na sociedade ontem, hoje e sempre.

Leia, releia, reflita, discuta e indique “O olho mais azul”. E isso se torna obrigatório se você está situado, quer você queira ou não, no lado opressor da nossa sociedade - como é o meu caso. Somente assim é possível aproveitar ao máximo o livro, pois o mundo - em especial o mundo branco - não terá a oportunidade de experimentar uma obra dessa magnitude outra vez. Ou talvez não seja preciso: livros como esse são definitivos, sobrevivem às imperfeições do tempo e recusam imitações mal formuladas.
Carolina.Gomes 26/03/2021minha estante
Depois dessa resenha, terei q ler. Bravo!


Kamyla.Maciel 26/03/2021minha estante
Resenha impecável. Me fez relembrar tudo que senti ao ler o livro.


Débora 27/03/2021minha estante
Que resenha primorosa, Alê!???


Vitória Marcone 27/03/2021minha estante
Excelente resenha! Sofri muito com a leitura desse livro e ele se tornou um dos meus favoritos ?


Gabi Gomes 27/03/2021minha estante
Gostei tanto da sua resenha que deu vontade de ler dnv esse livro ?


Alê | @alexandrejjr 27/03/2021minha estante
Carolina, Kamyla, Débora, Vitória e Gabriela: obrigado pelos elogios e por perderem tempo lendo essa resenha gigantesca. Achei esse livro fenomenal e fico feliz que outras pessoas pretendam compartilhar - ou já compartilharam - desse sentimento. ?


Brenda.Podanosqui 29/03/2021minha estante
Resenha incrível. Qdo terminar a leitura do livro volto aqui pra reler sua resenha. Perfeita sua análise!!


Alê | @alexandrejjr 29/03/2021minha estante
Agradeço o carinho, Brenda! E fico feliz que esteja lendo o livro.


Valscabral 18/04/2021minha estante
Magnífica resenha. Tenho o livro comprei numa assinatura da TAG mas confesso que ainda não li. Mas depois desse resenha, não posso adiar essa leitura.


Paula 18/04/2021minha estante
Eu amei este livro.


Alê | @alexandrejjr 18/04/2021minha estante
Obrigado, Val, vale a pena dar atenção a esse livro. E Paula, é um livro incrível, né?!


flapicolo 24/04/2021minha estante
Depois dessa resenha, vou antecipar esse livro na minha lista de prioridades!


Alê | @alexandrejjr 24/04/2021minha estante
Não vai se arrepender, Flavia! ?


Kenyafdn 13/10/2021minha estante
Pronto! Me convenceu! Rsrs .. Já baixei no Kindle .. rsrs


Alê | @alexandrejjr 16/10/2021minha estante
Espero que goste, Kenya! Não é uma leitura fácil em vários aspectos, mas é um livro importantíssimo para entendermos questões prementes do nosso tempo.


Suellen.Carolino 31/03/2022minha estante
Resenha espetacular! Senti tudo isso e um pouco mais ao ler esse livro. Realmente fabuloso, marcante e infelizmente real.


Luana1208 18/05/2023minha estante
Adorei a resenha, incrível sua contextualização e a provocação final! Amo pessoas que escrevem resenhas grandes como as minhas, como faz pra falar pouco sobre livros que causam tanto na gente? kkk Estou começando a ler O olho mais azul e sua resenha me deixou mais animada com a leitura!


Alê | @alexandrejjr 25/05/2023minha estante
Luana, agradeço a leitura e o comentário! E, não respondendo à tua pergunta, não sei dizer como fazer resenhas sucintas. Sinto que quando quero escrever sobre um livro eu preciso deixar que as palavras saiam, sabe? Faz algum sentido? Ainda mais que não é ficção e exige, em algum grau, uma análise ? o que consequentemente pede por mais linhas! Espero que a leitura desse livro tenha te marcado tanto quanto a mim.


Leticia 28/05/2023minha estante
Que bom ler um comentário seu sobre um livro que estou lendo ???




Belos 31/12/2022

Um soco no estômago. Essa foi a reação ao término do livro. A história de uma menina negra que sofreu as últimas consequências do racismo. A história de alguém que se vive sendo objeto desse processo cruel e desumanizador ao ponto de querer ser o outro para poder ser. O final é revoltante e chocante, mas a autora tentou mostrar, em forma de digressão, todo o círculo inescapável da vida das pessoas no romance, transformando em sugestão a bola de neve que o destino está fadado a concretizar. A reflexão a se fazer é: precisa-se de quebrar o círculo.
npriscs 31/12/2022minha estante
Esse livro é incrível, mas de uma realidade tão triste. Como você falou e definiu tão bem, um soco no estômago.


Belos 31/12/2022minha estante
Confesso que há muito tempo eu não me emocionava lendo um livro. O primeiro e único, depois desse, foi O Guarani, que chorei ao terminar de lê-lo em 4 dias para um seminário no ensino fundamental. Rs
Agora tentarei terminar outros livros inconclusos: A cabana do pai Tomás, Ana Karenina (dependendo da tradução) e o box da Jane Austen.


npriscs 31/12/2022minha estante
Também me emocionei com esse, foi meu primeiro contato com Toni Morrison. Outro que me deixou muito impactada foi o Uma vida pequena, achei pesado e por isso quase não recomendo a leitura pra ninguém, tem que ter estômago pra suportar ler certas coisas. Curto livros que me deixam mais pensativa que o normal, nada saudável hahaha Anna Karenina está na minha lista pra o ano que vem, criando coragem pra ler mais um calhamaço. Boa leitura pra nós!


Belos 01/01/2023minha estante
Vou ver se tenho esse da Toni que você falou. Gosto desses livros impactantes, tento ler junto com clássicos e contemporâneos. Eu comecei a Anna no ano passado, mas tive de abandonar a leitura. Vou aproveitar esse mês de janeiro para ver se consigo terminar os três livros de que te falei. Ainda quero ler, nesse ano, Guerra e Paz do Tolstói. Depois eu juro que me dedicarei aos contemporâneos. Sobre essa temática racial norte americana, tem o James Baldwin. Um amigo o leu, ano passado, e se apaixonou. No Brasil, eu gostei muito de Torto Arado. Deve, inclusive, virar série pela HBO. Boa leitura para nós.


npriscs 01/01/2023minha estante
Acabam sendo a melhor leitura, né? Daquelas que a gente volta e meia lembra do que sentiu. Poxa, que pena que abandonou, meu medo de calhamaços é esse, mas acontece. Anna parece ser muito bom, estou bem curiosa. Você estava gostando? Guerra e paz tenho aqui, com vontade mas sem coragem pra ler ainda. Vou pesquisar sobre James Baldwin, nunca li nada dele. Torto arado foi tão elogiado que providenciei um, estou louca com tantas opções pra ler esse ano. Parece que vamos ter algumas leituras em comum em breve.


Belos 01/01/2023minha estante
Eu estava gostando da Anna. Parei bem no começo, dá pra reler tudo em um dia. Esse livro é bem conceituado, então o peguei para ler. Acho que você gostará do James, ele escreve muito bem. O Torto Arado foi uma surpresa pra mim. A escrita é muito gostosa, possui poeticidade, além da própria história que é tocante também.
Pois é. Esses livros impactantes são ótimos. Eu curti ler Serotonina, embora o autor seja apedrejado na França, e entendo o porquê. Como você, eu também estou com muitas leituras por fazer e nem sei por onde começar. Dá uma angústia tremenda. Sinto-me como o Alan, de Two and a half man, quando ele entra em crise na livraria por não ter tempo de ler todos os livros do mundo.


Belos 01/01/2023minha estante
Sim, teremos algumas leituras em comum. Já começamos a ter com esse livro. Vai ser bom para eu pegar algumas dicas contigo.


npriscs 01/01/2023minha estante
Fiz isso com O Conde de Monte Cristo, aí tive que voltar um pouco na história pra pegar o embalo novamente e deu tudo certo. Ah! Adoro essa série. Me sinto exatamente assim haha Serotonina me parece ser interessante, colocando aqui na minha lista. Temos preferências parecidas, vou acompanhar suas impressões sobre Anna quando você retomar.


Belos 01/01/2023minha estante
Eu tenho que ler O Conde também. Vou ver se arrumo tempo para ele. Serotonina é interessante, mas a linguagem não é pudica como a dos clássicos. Bom, talvez você fique super bolada com ele. Conheci uma francesa que não o curtia muito.
Pode deixar que retomarei a leitura de Anna. Tentar ainda em janeiro.
Feliz 2023 para você.


npriscs 01/01/2023minha estante
Leia, é um livro inesquecível. Recomendações anotadas. Feliz 2023!




Ingrit 14/01/2015

Primeiro livro que leio da Toni Morrison e estou apaixonada! O livro fala sobre o preconceito racial auto-infligido por uma das personagens. Numa sociedade em que a Shirley Temple, atriz-mirim, loira de olhos azuis, é considerada o modelo de beleza, Cláudia, a narradora, uma menina negra e pobre de Ohio,não consegue compreender o fascínio que a beleza "branca" exerce sobre seus semelhantes. Desconhece os motivos de todos acreditarem que uma boneca branca é o sonho de toda criança. Nesse seu estranhamento, ela desmembra bonecas para compreender o que há por dentro delas, o que causa essa comoção em todos.
Porém, esse livro não foca em Cláudia, o ponto principal, na minha opinião, é Pecola. Uma menina negra, considerada feia até mesmo por sua mãe, que acredita que se tivesse olhos azuis ela seria bonita, seria mais feliz. Fala sobre a negação de características físicas de sua própria "raça", da necessidade de se alcançar um ideal "branco" como caminho de felicidade. Do preconceito racial em sua vertente mais triste: aquele que se sente por si próprio.
Leitura 5 estrelas! Super recomendo!
Heynatsss 21/03/2017minha estante
Legal seu comentário... acredito que não seja de um preconceito por si próprio, mas uma condição muito comum que as pessoas negras se encontraram, da negação para aceitação.


Franciny Celestino 18/01/2018minha estante
Preciso desse livro ! Não encontro em lugar nenhum !!!


Luiz.Antonio 15/03/2018minha estante
Alguém sabe onde encontrar?


Luiz.Santos 15/04/2018minha estante
Também estou procurando este livro e não estou encontrando


Mariel.Werneck 25/04/2018minha estante
Olá, gostaria de saber onde você conseguiu o livro. Já procurei em todo lugar e não acho.


tais.reis1 26/08/2018minha estante
sou do Paraná e preciso muuuuito desse livro para uma pesquisa, alguém sabe onde posso encontrar?


Cibele 18/11/2018minha estante
Queria encontrar esse livro, não acho em lugar nenhum!




Lais Porto (@umaleitoranegra) 27/03/2018

O olho mais azul - Uma história racial
Claudia e Frieda são irmãs, e amigas de Pecola, as únicas amigas dela (até a construção da amiga imaginária). As únicas que a enxergam como uma criança apesar de também sentirem pena e compaixão por ela. Pecola é a filha caçula de uma família tradicionalmente desestruturada. Vamos lá eu explico, a sua mãe Breedlove é empregada doméstica na casa de uma família de brancos, além de ser frequentadora de uma igreja; seu pai realiza trabalhos braçais, é alcoólatra e bate na esposa; seu irmão mais velho é conhecido por sempre estar fugindo de casa.

Essa é a família de Pecola, você já deve ter visto representações de uma família assim em algum filme, em alguma novela ou no seu próprio bairro. O que você não viu foi o que produziu e moldou cada personagem para que resultasse este tipo de família. O que você não viu foi como o sistema trabalhou direitinho para a construção desta família. Mas não pense que é culpa sua não ter visto isso, essa também é uma estratégia do sistema, ressaltando que este sistema é racista-patriarcal-lgbtfóbico-classista.

Este sistema produz um determinado tipo de ódio, um ódio direcionado para a população negra, um ódio que permeia dentro da própria população negra. Deste modo, ele faz você odiar, acusar, apontar, uma mãe que espanca a filha negra e cuida com muito carinho da filha branca da patroa; ele faz você odiar e querer a pena de morte para um pai que é alcoólatra, espanca a mulher e estrupa a filha; ele faz você odiar, chamar de vagabundo e dizer “Bandido bom é bandido morto” para o irmão mais velho que ao invés de ajudar a mãe prefere fugir e se envolver com coisas ‘erradas’.

Claudia, a narradora da história, representa a visão da mulher negra que está quebrando os grilhões imposto por esse sistema, e passa a compreender o funcionamento do mesmo. Claudia é a mulher negra no constante processo de empoderamento. Claudia é a mulher negra que olha pro seu passado e começa a entender tudo que passou, que começa a entender que não teve acasos, mas acertos, acertos sempre pontuando a vitória pro opressor.

O tempo todo Claudia (Toni Morrison) conversa conosco, a população negra, esse é um livro pra gente. Contudo, todavia, entretanto, no entanto, é pra você também Cara Gente Branca e eu espero que você tenha entendido o recado do livro. Aqui uso as palavras de Angela Davis “Em uma sociedade racista, não basta não ser racista, tem que ser antirracista”. E concluo com a própria Toni “Porque eu sei (e o leitor não, pois tem que esperar a segunda sentença) que esta é uma história terrível sobre coisas que se preferia ignorar completamente”.

Trecho do livro, Pecola contando sobre a boneca – o presente de natal:

“Adultos, meninas mais velhas, lojas, revistas, jornais, vitrines – o mundo todo concordava que uma boneca de olhos azuis, cabelo amarelo e pele rosada era o que toda menina mais almejava. “Olha”, diziam, “ela é linda, e se você for ‘boazinha’ pode ganhar uma”. [...] Não conseguia gostar dela. Mas podia examiná-la para ver o que era que todo mundo dizia que era adorável. [...] Se algum adulto com o poder para atender os meus desejos me tivesse levado a sério e perguntado o que eu queria, ficaria sabendo que eu não queria ter nada, possuir nenhum objeto. [...] E eu teria respondido “Quero sentar no banquinho da cozinha da vovó, com o colo cheio de lilases, e ouvir o vovô tocar o violino dele só pra mim”.”

Ao ler o livro parava o tempo todo, não consegui fazer uma leitura sequenciada, precisava parar para me recuperar, refletir e sentir. Esse já é um dos meus livros favoritos, Toni Morrison já é uma das minhas escritoras favoritas e a cada dia leio mais livros dela. Escrever essa resenha foi difícil, mas vejo como necessária. Necessária porque é preciso falar sobre, para poder aliviar o peso que carregamos e também para ajudar no processo de empoderamento de outras meninas negras. Me reconheci em Pecola e em Claudia, ambas distintas, com reações diferentes a ideologia da branquitude, mas ambas ainda oprimidas.

Quando Pecola desponta com a ‘’’’loucura’’’’ ao construir uma amiga imaginária, Claudia apresenta uma fala inquietante, uma fala que já passa a condizer com a sua idade na história, pois ela já está mais velha. “Até seus devaneios usamos – para silenciar nossos próprios pesadelos”. Claudia reconhece a omissão e o abuso que os próprios negros praticam contra Pecola. Sua fala faz surgir o questionamento - O que nós estamos fazendo pelos nossos??


site: https://leitoranegra.blogspot.com.br/
Angelica75 11/05/2018minha estante
Adorei sua resenha!! busco esse livro à tanto tempo e não encontro =( onde vc o conseguiu?


Lais Porto (@umaleitoranegra) 17/05/2018minha estante
Angelica eu peguei na Biblioteca Pública do Estado da Bahia que tem aqui em Salvador, tem esse livro sendo vendido na livraria Cultura e Saraiva, mas procura na biblioteca da sua cidade :)


Cibele 18/11/2018minha estante
Onde vc encontrou esse livro? Não encontro em lugar nenhum.


Lais Porto (@umaleitoranegra) 19/11/2018minha estante
Eu peguei na biblioteca pública daqui de Salvador


Bruna 09/03/2019minha estante
A TAG lançou esse mês uma edição exclusiva


Claudia.M 27/02/2020minha estante
Belíssima resenha




Janaina Edwiges 20/03/2020

O olho mais azul é um livro que precisa ser lido!
Toni Morrison foi a primeira escritora negra vencedora do prêmio Nobel de Literatura, em 1993. Seu romance de estreia, O olho mais azul, é simplesmente incrível, vai mexer profundamente com o seu emocional, com seus sentimentos e te deixar pensando sobre cada página lida durante muito tempo. A história traz uma reflexão importante sobre as tensões raciais nos Estados Unidos na década de 40, mostrando o impacto do preconceito na vida de pessoas negras, especialmente de mulheres e crianças.

Em uma época que as características de pessoas brancas são o padrão de beleza dominante, em que a queridinha da América tinha cachinhos dourados, a famosa estrela mirim Shirley Temple, o livro nos apresenta uma de suas personagens principais. Claudia é uma menina negra que destrói bonecas brancas, buscando compreender qual o segredo da magia que a pele clara exerce sobre os outros.

Mas o grande destaque da história é a vida de outra garotinha, Pecola Breedlove. Humilhada pelas outras crianças, por ser considerada muito feia e ter a pele bem escura e sem receber os devidos cuidados dos adultos, Pecola sonha em ter olhos azuis, para ser aceita e amada pelos outros.

Sou muito grata por ter descoberto esta obra maravilhosa, que me trouxe tantas reflexões importantes e grandes ensinamentos. Tenho certeza que esta leitura ficará marcada para sempre em minha vida, além de contribuir para que meu olhar em relação a outras pessoas seja cada vez mais generoso e cheio de afeto.
Alcione13 20/03/2020minha estante
Que resenha linda!!!
Parabéns.
Nunca li nada dela.
Vou começar por esse


Mayara945 21/03/2020minha estante
Amei a premissa desse livro! Vou adicionar as minhas metas também. Parabéns pela resenha!


Janaina Edwiges 21/03/2020minha estante
Muito obrigada, meninas :) Fiquei encantada com a escrita da Toni Morrison! Tenho certeza que vocês irão apreciar muito este livro também.


Alcione13 21/03/2020minha estante
Também vou procurar. Já quero


Janaina Edwiges 21/03/2020minha estante
Quando você ler, Alcione, vou acompanhar seus comentários :)


RafaelM 23/02/2022minha estante
Sou grato a tag/curadoria até hoje por ter selecionado ele na coleção onde tive o privilégio de conhecer..




Taiane.Anhanha 29/08/2021

Um livro desconfortável, mas necessário
No final do livro Toni Morrison diz que " Por que sei (e o leitor não, pois tem que esperar a segunda sentença) que esta é uma história terrível sobre coisas que se preferia ignorar completamente". E eu não poderia concordar mais...diversas partes me deixaram estranhamente desconfortável, me senti mal, com pena, com raiva.

Pecola era só uma criança que passou por diversos tipos de violência, ela era só uma criança que merecia brincar, estudar, aprender, rir, chorar por coisas banais...mas não, Pecola quer muito ter os olhos mais azuis, porque nisso ela vê beleza, somente nisso.
Me deixava desconfortável as pessoas o tempo todo 'reafirmando' a feiura dela. E fiquei pensando o quanto essa criança deveria ter uma beleza particular que todo aquele ideal branco não reconhecia. É violento se olhar no espelho e não encontrar algo de bom e com as pessoas dizendo o mesmo então...esse livro me fez pensar sobre o padrão racista que temos até hoje na sociedade, que faz as pessoas (por pressão) se submeterem a cirurgias caras e perigosas, por qual motivo? Só para se encaixar, para ser aceito...

enfim, essa reflexão foi mais sobre os meus pensamentos do que sobre o livro em si, mas eu indico a leitura. Eu achei que a narrativa ia ser diferente, fiquei bastante surpresa, mas era um livro que há tempos queria ler e curti.
Daniel 27/09/2021minha estante
A única coisa que não gostei muito no livro e que eu confesso me decepcionou muito... foi o final. Quando cheguei na última página eu virei pra continuar lendo e aí eu vi que o livro havia terminado. Eu fiquei com um sentimento muito grande de que faltou algo, de que a história acabou antes do que deveria. Foi bem frustrante pra min... pq eu tinha muita expectativa com esse livro. Mas as questões raciais, de padrão de beleza, de autoaceitação ou não colocadas pela autora são realmente excelentes para se refletir.


Taiane.Anhanha 24/10/2021minha estante
aaaa não tinha visto teu comentário aqui jaajja mas sim, acho que esse final foi realmente para mostrar que o livro é para ser desconfortável e não ter aquele final feliz que a gente imagina ???? eu esperava algum detalhe a mais também e não veio ?


Daniel 24/10/2021minha estante
Não precisava nem ser um final feliz... só queria algo mais conclusivo... um final poético... qq coisa... mas entendo tb que esse desconforto como você falou também tem um sentido literário.


Taiane.Anhanha 24/10/2021minha estante
isso, isso...eu que sempre quero um final feliz para as coisas hajajaja




Giovanna 10/05/2020

Ela rezava para ter olhos azuis
Um livro extremamente poderoso e, confesso, um pouco incômodo e assustador.
Mas que traz uma realidade extremamente atual e importante
Luana.Abreu 10/05/2020minha estante
Vc tbm assina a tag?


Giovanna 11/05/2020minha estante
Simmm, assino a Curadoria


Luana.Abreu 11/05/2020minha estante
Eu tbm :)


Giovanna 20/05/2020minha estante
Aaaah que legal!! Você assina qual caixinha?




Pedro Sucupira 18/02/2021

2021 LIVRO 11 - O Olho Mais Azul, Toni Morrison.
O Olho mais azul é uma daquelas obras que faz você desejar que todos os seus amigos e conhecidos tenham contato; sintam o mesmo que você sentiu. Você só pensa em falar sobre ela e nada mais. Quando terminei a leitura procurei amigos que já tinham lido para podermos discutir, debater e exaltar um dos livros mais impactantes que já li. Entrou para minha lista de favoritos.

Publicado em 1970, O Olho mais azul foi escrito entre 1965-69 por Toni Morrison, a primeira escritora negra a receber o Nobel de Literatura. A história se passa na década de 1940, porém é como se estivéssemos lendo um relato de 2021. Não importa o ano, esse livro se encaixará perfeitamente a qualquer momento conferindo uma das características mais marcantes das obras de Morrison, a atemporalidade.

A protagonista, Pecola Breedlove, é uma criança negligenciada, agredida e abusada física e psicologicamente pelos adultos, incluindo os pais, e por outras crianças por conta da cor muito escura de sua pele e do cabelo muito crespo. A vida muito maltratada leva Pecola a acreditar que ter os olhos azuis como as mulheres brancas lhe trará a paz que ela tanto anseia.

Esse é um dos romances mais tristes que já li. O caso extremo que é a vida de Pecola, uma criança negra totalmente devastada, gera em nós um sentimento extremo de compaixão. De início é comum o leitor ser induzido ao consolo de sentir pena por Pecola, mas com o discorrer da leitura cada capítulo nos instiga a questionar, refletir sobre os temas abordados. Impossível ler O Olho mais azul e ao final não questionarmos os padrões de beleza imposta às jovens, o racismo estrutural e mais intensamente o lugar que a mulher negra ocupa na escala social, o mais baixo de todos.

O Olho mais azul é um livro intenso, fácil e rápido de ler, mesmo abordando de forma tão profunda temas como raça, gênero e classe social. Não deve ser julgado como relevante somente por causa das questões sociais sobre as quais disserta, reduzido apenas à esfera política, mas deve e muito ser também valorizado por causa de sua estética. A forma como Toni Morrison introduz cada personagem na trama é simplesmente surreal. Em poucas páginas Morrison consegue fazer o leitor compreender e se simpatizar com a história de vida de qualquer personagem antes de nos mostrar o porquê aquele personagem foi incluído ali.

Com uma linguagem clara e objetiva, em momento algum eu me senti entediado ou com a sensação de que a leitura era arrastada. Nada presente nessa obra pode ser considerado irrelevante; cada parágrafo, cada capítulo, cada frase é essencial e ocupa perfeitamente seu lugar na trama.

Publicado originalmente em pedrosucupira.com
Nath 18/02/2021minha estante
É isso!!! O tipo de livro que você pensa ?O MUNDO PRECISA LER?


Pedro Sucupira 18/02/2021minha estante
Isso mesmo Nath. O mundo precisa LER e RELER essa obra MARAVILHOSA.


Vanessa.Cristina 18/02/2021minha estante
Ótima resenha! Já vai para minha lista.


Clarissa 19/02/2021minha estante
Olá, Pedro! Tudo bem? Eu tenho esse livro na edição da TAG. Agora depois de ler tua resenha, será prioridade de leitura. Abraço.




Carlosapmm 02/05/2019

DECEPCIONANTE!
Antes de qualquer coisa, quero deixar claro que eu sei e entendo que o livro foi escrito no ano de 1965 na qual levou-se em conta outro contexto social, do que o atual, mas infelizmente (ou felizmente) tenho que fazer a minha crítica baseado no que li. Vale ressaltar que a própria autora, em 1993, fez uma autocrítica do seu livro (consta como posfácio no livro, p. 215) e confesso que foi o que ?salvou? a minha visão totalmente negativa para a visão negativa.

O livro O olho Mais Azul de Toni Morrison foi o segundo livro da TAG na qual eu coloquei uma grande expectativa, devido aos comentários e li esperando um livro que eu iria reler e amar (talvez seja esse o meu erro, colocar expectativas) porém foi o contrário, não é um livro que eu vou reler (não nos próximos anos) e não indicaria a alguém no que se trata da temática em questão: preconceito racial. O livro apresenta como personagens principais: Pecola, Sra. Breedlove, Cholly, Frieda e Claudia (narradora).

Considerei o livro muito confuso e misturando muito as ideias, faltando a autora amarrar as ideias levando em conta que a escritora é negra e tem total propriedade para falar do assunto, devendo assim ser sucinta (como foi o caso) mas viril. Esse foi um dos pontos negativos atrelado aos seguintes fatos: a narradora ser Claudia e não a própria Pecola. Acredito que não seria nada melhor que a própria protagonista e ?centro dos preconceitos? contar a história agregando mais valor ao livro. Confesso, que esse fato me deixou bastante agoniado e acredito que a estória se tornaria menos confusa, mais concisa e mais atrativa se fosse narrada por Pecola; A narrativa não é nada envolvente, a todo momento eu esperava um clímax, um ponto em que eu fosse dizer ?poxa, que tenso? e não aconteceu, até mesmo quando ocorre o abuso sexual, vi que foi tratado de forma muito comum e superficial. Não dá (deu) uma vontade de continuar lendo, e confessor que por duas vezes pensei em abandonar o livro. Tive a sensação de que a qualquer momento o livro ia chegar no fim e pronto, que na próxima página o livra acabaria bem como o pressentimento de que o que estava sendo narrado fosse uma outra estória diferente da anterior e a autora só fez acrescentar Pecola e os personagens no contexto.

Um outro ponto negativo no qual também me incomodou muito foi de Morrison colocar como ?esperança? de não preconceito os olhos azuis, na qual acredito que até poderia usar os olhos azuis, porém de forma conotativa e não denotativa. Acredito que usar outras características daria mais vitalidade ao enredo dado que nem todos os brancos têm olhos azuis, e que esses tão sonhados olhos azuis não é uma coisa comum a todos os brancos. Sem falar que eu, na minha pequena e não apropriação de vivência em uma pele negra, mas como observador e convívio com negros acredito que Eles não sofrem por não ter olhos azuis e sim por outros motivos, físicos e mentais também, achei outro pouco sem amarração ao contexto da temática. Outro ponto foi o de perceber que na maioria dos momentos oportunos da narradora ela colocou os negros todos como feios e eu acredito que isso não é verdade, existem numerosos negros e negras lindas. Então essa seria a oportunidade de destacar o negro não como o feio, o ?macaco?, ?o preto?, ?o fosso? (assim como foi narrado) mas sim como um ser humano de pele linda, escura. Contudo para falar a verdade notei nesta e nas outras leituras dessa temática (como por exemplo, o vendido de Paul Bearty) que eles mesmo se acham feios e não se aceitam e a grande maioria buscam de alguma forma se igualar aos brancos, de modo que eles derivam a fazer de tudo para se tornarem brancos, como por exemplo próprio do livro na qual alguns seguiram a hipótese (absurda, admito) De Gobineau.

Senti que a história ia começar ou pelo menos começar a fluir somente a partir do momento que é contada a história de Cholly (p. 139 ? o que não aconteceu rsrsr) de maneira que subjetivei, em alguns momentos, que essas histórias contadas queriam, de alguma forma, justificar atitudes absurdas (aliciamento, estupro, violência doméstica etc.) tanto do Cholly como o de Church. Notei um outro erro grotesco quanto a escrita da palavra: homossexualidade. De antemão, vejo que foi erro de tradução, pois não tenho como garantir que na obra original a autora usa o termo errado. Entretanto foi usado o termo ?homossexualismo? (p. 173) ao invés de homossexualidade. Sabe-se que o sufixo ?ismo? antigamente, era associado e empregado a ideias médicas e patológicas, tornando assim o homossexual um doente. Assim, acredito que independente da obra original constar o ?ismo? ou não, caberia ao tradutor consertar.

Por fim, faltou realmente mostrar o real preconceito racial e contextualiza-lo. O livro não é nada impactante, pelo menos para mim. A seguir, consta a autocrítica (posfácio) da autora, após 28 anos de ter escrito o livro, na qual justifica essas minhas críticas e o que me fez, de alguma forma, olhar o livro com outros olhos visto que a mesma reconheceu alguns pontos e lacunas existentes:

?[...] quebrar a narrativa em partes a serem reunidas pelo leitor ? pareceu-me uma boa ideia, cuja execução, agora, não me satisfaz. Além disso, não funcionou: muitos leitores se sentem tocados, mas não instigados.? (MORRISON, TONI. 1993)
Natalia Dias 20/07/2019minha estante
Puxa, que pena que se sentiu assim. Pra mim, só o fato de mostrar o próprio preconceito do negro para com o negro já é um soco no estômago.
Veja só, eu, como branca, nunca me senti inferior, feia ou pior que ninguém por ser branca. Nunca olhei pra outro branco e senti isso deles por serem brancos.
Mas o livro mostra como a situação em que os negros foram colocados por tanto tempo constuiu uma visão neles mesmo de ?não merecimento?. Como uma crueldade pode ser tão grande a ponto de causar danos numa sociedade inteira que ainda hoje tenta-se diminuir? Foram decadas sendo subjugados para chegar no ponto do negro acreditar que só quem tem pele mais clara é merecedor de respeito, admiração ou possuidor de ?beleza?.
As quebras na narrativa não me incomodaram, mas com certeza isso é muito questão de gosto pessoal e estilo de leitura de preferência... muita gente não gosta mesmo e acha confuso.
Agora a narrativa pela Claudia eu achei perfeito. Se fosse a própria Pecola, acredito que fosse uma visão limitada somente ao que ela viveu, não em como todos os acontecimentos eram vistos e interpretados pela comunidade.


carolineguerch 24/07/2019minha estante
Sem contar que fica claro ao final do livro o porquê de a narrativa não ser realizada pela própria Pecola. Veja que, desde o começo do livro, vemos que a Claudia está contando uma história que já passou há anos, tanto que ela mesma se apresenta como adulta durante a narrativa. Ou seja, não seria possível a própria Pecola contar a história, pois ela não teria nem mesmo condições para isso, já quem, ao final do livro, mostra claramente que ela não sabe mais distinguir o que é real e o que não é.
Resumindo, a Pecola não poderia ser a narradora porque, primeiramente, não sabemos se ela chegou à vida a adulta e, além disso, mesmo que tenha chegado, ela não teria discernimento para fazer essa narrativa, pois acabou "enlouquecendo".

Quanto ao "olho azul" ao invés de "pele branca", me pareceu bem nítido durante todo o livro que essa era uma característica que buscava destacar a ingenuidade de uma criança que simplesmente não entendia porque era considerada feia. A cor da pele não significava ter menos valor para aquelas crianças pelo simples fato de que elas não conheciam e nem entendiam o conjunto social que levou a pele negra a ser desprezada. Então, para a Pecola, ela só era feia, isso não envolvia diretamente a cor da pele dela.
Na mente ingênua daquela criança, ela era tratada mal porque era feia, tanto é que não há menção expressa ao racismo. Na mente dela, para ser bem tratada, precisava ser bonita e, para ser bonita, a saída seria ter um olho azul.
Achei genial essa construção de narrativa e esse cuidado com a ingenuidade das crianças e contraste com a sociedade racista.


Erika 03/07/2020minha estante
Definiu meu sentimento ao ler esse livro. Não é de todo ruim mas ficou muito abaixo da minha expectativa que estava lá em cima. Achei confuso, achei que tudo geraria mais em torno da Pecola, pensei que ia ser mais tocante.
Concordo com tudo que você escreveu aí.


Fabricio.Oliveira 08/08/2020minha estante
Não me desceu também, não sei se estou acostumado a livros com personagens que tenham algum propósito, busca, saga do herói que seja, nesse livro não tive isso, foi só o dia a dia e frustrações de uma família, a história não desenvolve, tem partes tocantes pq vc sente empatia, vontade de estar lá e dizer, "não é assim que se trata uma pessoa" mas foi só isso que o livro me passou.




spoiler visualizar
Rosangela 18/08/2019minha estante
Onde vc conseguiu esse livro eu quero muito


@mulheres.e.literatura 18/08/2019minha estante
eu recebi pela Tag!


Rosangela 26/08/2019minha estante
Vc quer trocar ou vender




Dri 24/10/2021

A dor do olho mais azul
Pense em todos os males que o preconceito racial causa, nos males em que a pobreza extrema causa, agora pense em uma garotinha que sofre tudo isso todos os dias, essa é a história de O olho mais azul, a história da Pecola, uma garotinha que tem a pela mais escura que as outras crianças e o cabelo mais crespo também. Pecola sonha em ter o olho azul para assim poder se encaixar melhor e ser mais querida por todos.
O olho mais azul é um retrato nu e cru sobre a opressão racial, social e de gênero. Essa história não é narrada pela Pecola, talvez para que pudéssemos observar de fora o que ela passava todos os dias, já que a própria, por ser muito nova, não entendia muito bem o que estava acontecendo.
Eu realmente gostei da leitura, por vezes ficava angustiada por tudo o que estava acontecendo, mas ele também causa boas reflexões. A Toni soube mostrar todo o sofrimento que os negros viviam e infelizmente alguns vivem até hoje.
(Alerta de gatilho para estupro).
Pedro 24/10/2021minha estante
Esse livro é um romance ficcional ou é verídico?


Dri 24/10/2021minha estante
até onde sei é ficcional.


Pedro 24/10/2021minha estante
Pareceu real. Se bem que existem várias histórias assim no mundo.




Livia Barini 29/10/2019

Paradoxo
Nenhuma das personagens me cativou. E não consegui me conectar com a história.

Um livro ruim, você deve estar pensando? De forma alguma. A história, apesar de triste, é extremamente bem escrita e te prende do início ao fim. Gostei tanto do jeito que a autora escreve que pretendo ler outros livros dela.

Só que "não deu match", como dizem os jovens kkkk.
Marcia.Silva 05/11/2019minha estante
Vc tem o livro? Aceita troca ? Venda ?


Livia Barini 06/11/2019minha estante
Já doei


Erika 03/07/2020minha estante
Tive a mesma impressão.




Alexandre Kovacs / Mundo de K 04/01/2020

Editora Companhia das Letras - 224 Páginas - Tradução: Manoel Paulo Ferreira - Capa: Alceu Chiesorim Nunes sobre obra de Kara Walker (The Emancipation Approximation) - Data de Lançamento: 16/10/2019 (2ª edição).

Publicado originalmente em 1970, The Bluest Eye é o romance de estreia da escritora norte-americana Toni Morrison (1931-2019), Prêmio Nobel de Literatura de 1993, em relançamento pela Editora Companhia das Letras. É uma ótima oportunidade para conhecer a obra que se tornou um importante símbolo sobre a crueldade dos padrões de beleza impostos que influenciam a vida de meninas e mulheres negras, assim como as consequências do racismo associado às questões de gênero em uma sociedade patriarcal, um tema muito próximo à nossa realidade.

Ao escolher como protagonista uma menina negra de onze anos chamada Pecola Breedlove, a autora evidencia a brutalidade do preconceito racial tanto por parte da sociedade quanto do próprio núcleo familiar. Ao ser ridicularizada na escola, até mesmo por outras crianças negras, por ter a pele mais escura e passar por todo tipo de agressões domésticas, Pecola reza todas as noites para ter olhos azuis como as bonecas que imitavam Shirley Temple. Quando completa doze anos ela engravida, assediada pelo pai alcoólatra, e é forçada a deixar a escola e morar com outra família, os MacTeers. A narrativa é conduzida por outra criança, Claudia McTeer de nove anos que vive com a irmã, Frieda, de dez anos, e os pais no final da Grande Depressão.

No posfácio, Toni Morrison explica a opção pela escolha da personagem: "Ao tentar dramatizar a devastação que o desprezo racial, mesmo casual, pode causar, escolhi uma situação única, não uma situação representativa. O caso extremo de Pecola decorreu, em larga medida, de uma família devastada e devastadora – diferente da família negra média e da família da narradora. Mas, por mais singular que fosse a vida de Pecola, achei que em todas as meninas se encontravam alguns aspectos de sua vulnerabilidade. Explorando a agressão social e doméstica que podia levar uma criança a literalmente se desintegrar, criei uma série de rejeições, algumas rotineiras, algumas excepcionais, outras monstruosas, enquanto me empenhava no sentido de evitar cumplicidade no processo de demonização a que Pecola era submetida. Ou seja, eu não queria desumanizar as personagens que destruíram Pecola e contribuíram para o seu colapso." No trecho em destaque abaixo, a descrição da relação violenta dos pais de Pecola, Cholly e Polly Breedlove, na visão dos próprios personagens.

"[...] Os dias diminutos e idênticos que a sra. Breedlove vivia eram identificados, agrupados e classificados por essas brigas. Davam substância aos minutos e horas que sem elas seriam indistintos e esquecidos. Aliviavam o enfado da pobreza, conferiam dignidade aos cômodos mortos. Nessas rupturas violentas da rotina, que também eram rotina, ela podia exibir o estilo e a imaginação do que acreditava ser o seu verdadeiro eu. Privá-la dessas brigas era privá-la de todo o entusiasmo e razoabilidade da vida. Cholly, com sua embriaguez e vileza habituais, fornecia a ambos o material de que necessitavam para tornar a vida tolerável. A sra. Breedlove se considerava uma mulher íntegra e cristã, cujo fardo era um homem inútil a quem Deus queria que ela punisse (Cholly estava fora do alcance da salvação, claro, e salvação não era a questão – a sra. Breedlove não estava interessada no Cristo redentor, mas, sim, no Cristo juiz.)" [...] Não era menor a necessidade que Cholly tinha da mulher. Ela era uma das poucas coisas que lhe repugnavam que ele podia tocar e, portanto, machucar. Despejava sobre ela a soma de toda a sua fúria inarticulada e desejos frustrados. Odiando-a, podia deixar-se intacto." (pp. 45-6)

Claudia e sua irmã Frieda, descobrem que Pecola foi engravidada pelo pai e, ao contrário do restante das pessoas do bairro, elas querem que o bebê sobreviva. "[...] nossa pena era mais intensa pelo fato de mais ninguém parecer compartilhá-la. Estava todo mundo revoltado, chocado, indignado, achando a história divertida, ou até excitado com ela. Ficávamos atentas a alguém que dissesse 'Coitadinha dessa menina' ou 'Pobrezinha', mas havia apenas um balançar de cabeça no lugar onde essas palavras deveriam estar. Procurávamos olhos vincados de preocupação, mas víamos somente olhos velados." (p. 190)

As duas meninas decidem enterrar o dinheiro que estavam economizando para comprar uma bicicleta e plantam sementes em uma espécie de ritual mágico infantil. Elas acreditam que, se as flores brotarem, o bebê de Pecola também viverá. No entanto, as flores se recusam a florescer e o bebê morre ao nascer prematuramente. Pecola acaba enlouquecendo e acredita que seu desejo foi realizado, ou seja, que ela tem os olhos mais azuis.

"Eu pensava no bebê que que todo mundo queria que morresse e o via com muita clareza. Estava num lugar escuro, úmido, a cabeça coberta de rodelas de carapinha, o rosto negro com dois límpidos olhos negros, redondinhos como moedas de cinco centavos, narinas abertas, grossos labios de beijo, e a pele negra sedosa, viva respirando. Não havia cabelo loiro sintético suspenso acima de olhos azuis de bola de gude, não havia nariz afilado nem boca em arco. Mais do que afeto por Pecola, eu sentia intensamente a necessidade de que alguém quisesse que o bebê negro vivesse – só para contrabalançar o amor universal por Baby Dolls brancas, Shirley Temples e Maureen Peals. E Frieda devia sentir a mesma coisa. Não pensávamos no fato de Pecola não ser casada; muitas garotas tinham bebês e não eram casadas. E também não nos detínhamos no fato de o pai do bebê ser o pai de Pecola. Não compreendíamos o processo de se ter um bebê de um homem – ela, pelo menos, conhecia seu pai. Pensávamos apenas naquele ódio esmagador ao bebê não nascido. [...]" (pp. 190-1)
Manuella_3 07/01/2020minha estante
Oi, Alexandre! Sempre leio suas ótimas resenhas, decisivas muitas vezes quando escolho um livro.
Na resenha de Irisz, de Noemi Jaffe, vc cita sua ascendência húngara. Como gostei muito do texto de Sandor Marai, gostaria de saber se vc indica outros autores húngaros.


Alexandre Kovacs / Mundo de K 07/01/2020minha estante
Oi Manuella, muito grato pela mensagem, fico feliz de que acompanhe as minhas resenhas! Sandor Marai é uma ótima dica. Imre Kertész (Nobel de Literatura 2002) também é muito elogiado pela crítica.


Manuella_3 07/01/2020minha estante
Não conhecia, mas já vou pesquisar. Grata!




Beto | @beto_anderson 13/08/2020

O olho mais azul
Não sei. Faltou algo na história. Essa fragmentação das histórias das personagens foi um pouco estranha para mim. Faltou desenvolver melhor a trama das personagens. Algumas situações me deixaram dúvidas. Um livro regular.
Évelin Noah 31/08/2020minha estante
Concordo plenamente!
A impressão que tive é que a autora se empolgou demais com a história dos personagens secundários ( que não era nem necessário esmiuçar tanto) e acabou negligenciando a história central.
Me decepcionou bastante!!


Beto | @beto_anderson 31/08/2020minha estante
Quero ler o Amada pata tirar essa má impressão da autora.


Évelin Noah 31/08/2020minha estante
Eu também quero ler Amada, mas confesso que estou com receio. Fiquei meio traumatizada.
O olho mais azul foi o meu primeiro livro da Toni, eu realmente estava com as expectativas lá em cima.
Vou esperar um tempinho antes de ler Amada.




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