Luciano Luíz 24/08/2019
WILLIAN GIBSON é considerado o pai do gênero literário, cyberpunk. Ele não o inventou, mas o tornou mais pop. Sua famosa trilogia é considerada um clássico. Aqui vou colocar minhas impressões (de 19 de setembro de 2016) do primeiro livro, NEUROMANCER. Em seguida o livro dois (com minha opinião formulada hoje, 24 de agosto de 2019), COUNT ZERO. O livro número três (MONA LISA OVERDRIVE) não li...
NEUROMANCER de WILLIAN GIBSON é o queridinho cyberpunk mais pop de todos os tempos. Publicado originalmente em 1984, o romance foi além de todos os demais que já haviam trilhado caminhos (quase) similares. Em 1980, outro autor lançou um conto intitulado Cyber Punk (é, assim mesmo, separado), porém, não obteve o mesmo glamour. Ainda em 80, Gibson publicou numa revista de ficção científica três contos que se passavam no mesmo cenário de Neuromancer. Mas pelo visto, também não emplacou.
Nesse período, Blade Runner (filme baseado em um livro) se tornou cult, e no Japão, o mangá Akira começava a ser publicado (para em 1988 ficar mundialmente conhecido por seu longa-metragem fodástico antes mesmo do mangá ser finalizado). Essas duas mídias estavam indo muito mais longe na questão do gênero cyberpunk.
Em 1995, o animê lançado em OVA (Original Video Animation) Ghost in the Shell (baseado num mangá de mesmo nome) também se tornou um título indispensável para os fãs do gênero cyber que já conheciam (ou não) o texto de Gibson.
No entanto, o romance de Gibson de alguma forma obteve êxito com umas pedalas a mais. Seu enredo não tem nada de interessante. A narrativa é ruim em todos os aspectos. É mal-escrito. Não se trata de ser considerado um romance complexo, mas sim, com falhas absurdas em sua prosa que deixa muito a desejar.
A ambientação (ou seja, o cenário onde se passa a estória) é o que foi a grande novidade que o autor conseguiu fazer se tornar pop. O ciberespaço (ou cyber espaço). Um mundo virtual onde tudo é possível. Adentrar ou criar perfis de pessoas e máquinas onde quando desejar e para levar outras vidas ou mesmo como mera diversão ou ainda burlar a lei e criar crimes obviamente virtuais que acabam incidindo no mundo real.
As pessoas podem se plugar, conectar-se e entrar na matrix. Um mundo onde há uma cópia da Terra e incontáveis outras versões inacabadas ou mesmo completamente diferentes. Aliás, até mesmo cenários onde nada existe.
O grande problema de Neuromancer é justamente a forma como Gibson escreveu. Algumas vezes os personagens upam para a rede e isso não é explícito. E quando saem, ocorre o mesmo.
Outro fato interessante é que as pessoas (quem tiver posses) podem usar todos os tipos de próteses de órgãos externos e internos. Podem melhorar sua força, capacidade de enxergar ou ouvir. E por aí vai.
Neuromancer é muito bom em algumas coisas, mas péssimo em como tenta mostrar o restante delas. Sua narrativa precária é irritante. Já vi comentários de que é preciso ter algum (bom) entendimento de informática para facilitar a leitura. Porém, isso é bobagem.
O livro contém um glossário, mas este pouca ou nenhuma falta faz.
A edição brasileira mais recente tem uma capa muito foda (provavelmente os livros 2 e 3 vão ter também). É, uma trilogia, que se não me engano, cada livro tem um tradutor diferente.
A estória em si, é sobre, Case, um hacker (que em verdade deveria ser chamado de cracker, apesar deste também aparecer no livro) que quer voltar a poder se conectar com a matrix. Mas, é considerado um criminoso e assim mesmo vai se envolvendo com outros do mesmo naipe para poder fazer novas plugagens. Aí onde ele puder, vai entrando e saindo... tem muitos diálogos comuns e nada chamativos. Cenas corriqueiras que não são grande coisa. Daí um pouco de palavreado mais pesado e uma quantidade grande demais de repetições. Tanto por parte do narrador (principalmente) quanto dos personagens...
Enfim, pra mim foi mais um livreco que não compensou. Tem gente que ama. Aliás, essa obra foi uma das inspirações da trilogia cinematográfica Matrix (sem esquecer Os Invisíveis de Grant Morrison) que usa até mesmo alguns nomes iguais sem tirar nem por.
O que mais chama atenção é próximo do final, e claro, o fato de que fica difícil (talvez impossível) de saber se até o mundo real não passa de uma simulação.
Se a narrativa fosse fluente, com um ritmo diferente (as coisas acontecem tão rápido que muitas cenas se mesclam), com toda certeza minha opinião acerca desse clássico seria muito diferente.
Se eu fosse fazer uma resenha menor, seria assim: que bosta.
Nota: 3/10 (enredo)
Nota: 2/10 (narrativa)
Nota: 8/10 (cenário/ambientação)
No Skoob 2 estrelas é o suficiente.
O livro dois, COUNT ZERO é mais evoluído em questão de narrativa, porém, assim mesmo tem deficiências. O enredo não tem nada de inovador ou chamativo. No que diz respeito a tecnologia, sem dúvida é fantástico, ainda mais quando escrito numa época em que internet, realidade virtual e redes sociais eram sonhos insonháveis e distantes. Os personagens são a mesma coisa do primeiro livro. Não se trata de continuação. Apenas uma história dentro da Matrix... Não me senti envolvido com essa segunda aventura e por isso não sei quando vou ler o terceiro volume, MONA LISA OVERDRIVE...
L. L. Santos
site: https://www.facebook.com/lucianoluizsantostextos/