Fabio Shiva 04/04/2018
Genial!
Graças ao P.U.L.A. (Passe Um Livro Adiante) tive acesso a esta obra, publicada pela célebre editora de arte Cosac & Naify. Fiquei bastante curioso e observei mais do que de costume os detalhes de diagramação etc., o que me propiciou uma bela oportunidade de reflexões.
A conclusão a que cheguei, ao menos em termos de design, é que sou uma alma simples e pragmática. Pois admirei vários detalhes “espertos”, como já começar a narrativa na capa, utilizar um único detalhe em lilás em uma capa PB, diagramar o texto do miolo com uma grande margem inferior, de forma a deixar um terço da página em branco, entre outros. Mas diante de cada um desses detalhes, se fosse eu o responsável pelo livro, teria optado por uma solução mais “popular” e econômica, como por exemplo: publicar a capa PB mesmo, ou então aproveitar mais a policromia, e no mínimo aumentar o tamanho da fonte, ou então fazer o livro com menos páginas...
Enfim, um “livro de arte” não se faz pensando no custo final ser o menor possível, mas em proporcionar um deleite estético a mais para o leitor. Não pretendo de forma alguma desmerecer essa prática ou motivação, mas em meu caso particular gosto mesmo é do deleite das palavras bem concatenadas ao contar uma história de atração e impacto, que me possibilite descobrir algo mais sobre mim mesmo e sobre o mundo. Ou seja, guardo meu refinamento mais para o conteúdo e menos para a forma.
E quanto ao conteúdo, só posso dizer que os cuidados e esmeros da Cosac & Naify foram dedicados a uma obra muitíssimo digna deles. Um dos melhores contos de Machado de Assis – o que não é pouca coisa, considerando-se ser ele um dos melhores contistas da língua portuguesa de todos os tempos!
A história é bem sinistra, tanto que chega a evocar uma atmosfera de Allan Poe, sobretudo pelas ilustrações trevosas de Oswaldo Goeldi, essas sim autênticas obras de arte!
Com o Machado de sua ironia afiada de sempre, a proposta é cortar a camada superficial de um gesto socialmente aceito e até louvável, para extrair das profundezas a terrível e inconfessável causa secreta...
Genial!
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“(...) não havia mais que aceitar o coração humano como um poço de mistérios.”
#1livropordia
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