Luan.NietzsChe 21/04/2024
Inacreditavelmente bizarro!
Este é o conto mais bizarro do mestre, que eu li. Com certeza, é também um dos melhores. Aqui, o sadismo é muito bem retratado, muito bem detalhado, muito bem escrito, tudo feito na mais incrível perfeição, como é de praxe as obras do autor. Esta, me pegou de surpresa, jamais imaginaria o Machado escrevendo sobre tal perversidade: a tortura de animais, como cachorros, gatos e ratos... Por prazer.
O conto inicia-se na casa de Fortunato, junto a ele, sua esposa, Maria Luísa, e seu amigo, Garcia. Os três em silêncio, mas, Maria Luísa e Garcia, nervosos. Algo aconteceu, algo horrível, e para revelar este mistério, Machado descreve onde tudo começou, detalhadamente, e para você, leitor, descobrir tudo o que aconteceu, leia esta delícia imediatamente!
"Castiga sem raiva [...] pela necessidade de achar uma sensação de prazer, que só a dor alheia lhe pode dar: é o segredo deste homem"
É, para mim, impossível julgar alguém como bom ou mau. Na estória, é julgado como bom o médico-chefe que estava sempre presente em cirurgias, sempre atencioso para com os enfermos. Mal sabia que o seu prazer não estava em ajudar, e sim na satisfação que sentia ao ver os outros sofrendo. Isso me faz refletir que tudo o que fazemos, seja aquilo considerado como bondade ou maldade, tem um porquê próprio, individual, único seu. Por mais que o personagem tenha uma patologia, isto é óbvio na estória, que é o sadismo, bem, vendo por um lado histórico e pessoal, nossas ações muitas vezes são por uma causa própria. Eu mesmo, em meus tempos de crença, após os sucessos de minhas consideradas bondosas ações, pensava na recompensa divina que eu, convicto disso, receberia. Ao analisar, o mesmo vejo nas pessoas ao meu redor, e não só pela recompensa de um deus. Hoje, meus atos são muitos pelo meu próprio prazer, e mesmo não sendo pelo meu próprio regozijo, serão escolhas com um porquê.