A Argumentação na Comunicação

A Argumentação na Comunicação Philippe Breton




Resenhas - A Argumentação na Comunicação


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Eduardo 19/07/2011

Fichamento
Série de trechos que julguei interessante, extraídos do primeiro capítulo do livro:

“Argumentar é também saber se restringir em nome de uma ética: às vezes é mais fácil convencer seu interlocutor; ao menos a curto prazo, utilizando unicamente figuras de estilo ou raciocínios truncados. Também é mais fácil para aqueles que têm habilidade, manipular psicologicamente a relação com o objetivo de convencer. Mas argumentar é também ser alguém que se recusa a fazer uso de todos os meios a serviço de um só valor: a eficácia a qualquer preço.” (pág. 26)

“Argumentar é também escolher em uma opinião os aspectos que a tornarão aceitável para um dado público. A transformação de uma opinião em argumento em função de um auditório particular é precisamente o objeto da argumentação.” (pág. 32)

“Cada indivíduo tem previamente um ponto de vista próximo da opinião que lhe é proposta, salvo no caso de uma novidade absoluta ou de um campo de conhecimentos especializado (...) De qualquer maneira, esta opinião vai se inscrever em um conjunto de representações, de valores, de crenças que são próprias ao auditório considerado.” (pág. 33)

“Argumentar é, primeiramente, agir sobe a opinião de um auditório de maneira a desenhar um vazio, um lugar para a opinião que o orador lhe propõe. No seu sentido mais forte, argumentar é construir uma intersecção entre os universos mentais nos quais cada indivíduo vive.” (pág. 35)

“O poder da linguagem é tal, as possibilidades de manipulação são tão vastas, a atração pelo conhecimento “objetivo” é tão poderosa que a ética é uma necessidade vital para que a argumentação possa não somente existir, como também possa encontrar seu caminho autônomo no interior de todas essas possibilidades.” (pág. 35)

“A opinião, nesse sentido, é ao mesmo tempo o conjunto das crenças, dos valores, das representações do mundo e da confiança nos outros que um indivíduo forma para ser ele mesmo. Mas a opinião não é tudo, pois ela é móvel, está em perpétua mutação, submetida aos outros e levada por uma corrente de mudanças permanentes. A opinião se distingue da certeza ou da fé, que se situam fora de qualquer discussão (mas não necessariamente fora do espaço da dúvida). Três grandes campos escapam à opinião e estão ligados à certeza: a ciência, a religião e os sentimentos” (pág. 37)

“Certos fatos científicos alimentam nossas crenças mesmo depois de deixarem de serem fatos para os próprios cientistas, devido ao avanço dos conhecimentos”. (pág. 38)

“O que é uma opinião? É um ponto de vista que sempre supõe um outro ponto de vista possível ou que, num debate, por exemplo, se opõe a outros pontos de vista (daí a existência da argumentação).”

“Usar um argumento muito distante da opinião que se defende é igualmente um recurso da demagogia que visa, para garantir a popularidade de um político, dar-lhes virtudes que agradam o auditório. A argumentação supõe uma diferença entre a opinião do orador e a do auditório e, por isso, ela é profundamente um ato de comunicação.” (pág. 46)

“Na realidade, as coisas não são tão simples e se nós tivermos a coragem de questionar nossas práticas cotidianas, veremos que nelas o recurso à retórica é talvez mais freqüente do que o recurso à argumentação. Para isto existe uma explicação muito simples: a retórica é geralmente mais eficaz que a argumentação. Ao menos a curto prazo. Esse fenômeno é reforçado em uma sociedade que privilegia em geral a eficácia como valor e apesar de tudo o que se diz, privilegia a certeza ao invés do risco.” (pág. 49)

“O estudo da argumentação é raramente separável de um interesse pela democracia e, de uma maneira mais geral, de um interesse por tudo o que viria apoiar a ideia que um livre debate entre os homens é possível e desejável. Argumentar é também contribuir para construir, de certa maneira, um mundo no qual, quando se trata de defender uma opinião, a razão prevaleceria sobre as paixões ou a estética sem, no entanto, nega-las.” (pág. 56)

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